História 50 Shades Of Jungkook - Imagine - White

Eu caminhava pelo extenso e frio corredor, meu olhar estava fixado na porta de metal no fim do mesmo.

Haviam me alertado dele, haviam dito que se eu não aguentasse eu poderia sair, mas eu quero descobrir o porquê de Jeon Jungkook ter sido o motivo de quase 50 demissões do consultório psiquiátrico nesse hospital.
Ouvi boatos que alguns pisiquiatras depois de terem como cliente Jeon Jungkook, até desistiram da carreira, e outros ficaram loucos. Sinto um arrepio só de pensar.

Em sua ficha, há poucas coisas: tinha 20 anos, pais mortos, tipo sanguíneo, nome, e incrivelmente, em sua lista de "observações", havia "doido e brinca com sua mente" apenas.

Ri de leve, e logo coloquei meu dedão no leitor perto da porta. Ouvi a tranca se abrir e empurrei a porta de ferro, entrando na sala.

Era pequena, escura e suja; Suas paredes eram brancas mas agora jaziam amarelas, e o local tinha cheiro de mofo. No centro havia uma luz fraca, e só não estava mais escuro por causa das janelas com grades de ferro grossas, as quais permitiam a entrada de alguma luz.

Me aproximei da mesa de metal longa, e então meu olhar foi para Jeon Junkook, que estava sentado, observando a luz, imóvel e concentrado. Me sentei na cadeira na outra ponta da mesa, arrumando a ficha. Ligo o gravador que iria registrar nossa conversa, para que depois eu o desse para a polícia e eles usassem a gravação para o que quer que seja.

O observei por um tempo. Seu cabelo era negro e sua franja caia tranquilamente por seus olhos, também negros, mas enquanto ele olhava para a luz, ficavam cinza. Sua postura era relaxada, e seus pulsos estavam com fortes algemas de metal ligadas ao chão.

Me pergunto o que ele já fez para estar em condições assim. O contrato dizia que eu viria nesse hospital que mais parecia uma prisão durante 50 dias, e então acabavam as consultas.

Não sabia se isso queria dizer que eu tinha 50 dias para curar ele ou 50 dias para tirar informações dele.

Enquanto eu pensava, percebi que seus lábios começaram a se curvar em um sorriso. Seu olhar foi bruscamente para mim, e percebi a profundidade nele, a loucura. Pigareei, começando:

- Sou sua nova pisiquiatra, podemos começar a consulta?

Ele riu baixo, e me senti arrepiar. Se ajeitou na cadeira, a afastando da mesa o máximo que as algemas permitiam, e então colocou os pés encima da mesa. Nunnca desviava o olhar de mim.

- Já começamos, querida.

Assenti, e mantivemos o olhar até ele rir, e eu então me apressar em pegar a caneta para começar a anotar.

Algo nele estava me incomodando. Eu já havia cuidado de loucos, mas algo nele era mortal, suicida. Falei enquanto anotava a primeira pergunta:

- Quantas pessoas já matou? - hesito. Eu devia ter pensado melhor nessas perguntas. Mas admito que não esperava um caso tão... diferente, então nem me ocupei com isso. Acho que subestimei Jeon Jungkook.

- Nunca fui de contar. Dizem que quanto mais você conta, mais fica doido - ele disse e então eu o olhei, e o vi aproximar seu corpo da mesa - deve ser por isso que está aqui.

- O que está insinuando? - levantei uma sobrancelha.

- tic tac tic tac, o tempo está passando, querida. - ele alargou o sorriso lambendo os lábios - e eu acho que essa consulta é sobre mim, mas eu ficaria lisonjeado em falar sobre você, hm... - ele pareceu ler o meu crachá - senhorita _____.

Ele está brincando com sua mente, não caia nessa... Manti minha postura firme, anotando a próxima pergunta:

- O que você pensa?

- Seja mais específica. - ele rebateu rápido, de repente estranhamente interessado em me ouvir.

- O que passa por sua mente quando você... age dessa forma.

- Que forma?

- Assim - o olhei, escolhendo as palavras com cuidado - como se tudo não passasse de um jogo.

- Está insegura.

- isso não é sobre mim. Responda a pergunta.

Sua postura voltou a ser relaxada, e vi um sorriso vitorioso surgir em seus lábios. Ele então apontou para mim:

- Sempre foi sobre você.

Não caia na dele, _____. É tudo um jogo. Vamos jogar também. Me arrumei na cadeira:

- Já matou crianças?

- Várias.

- Sentiu remorso?

- Remorso? - ele riu, me tratando como se eu fosse ingênua - não.

- O que pensa enquanto está... - engoli em seco ao ler o modo que suas vítimas morreram, escritas em sua ficha - Esfaqueando uma criança?

- Não penso em nada. Você costuma ser assim?

- Não desvie do foco.

- Não desviei, apenas estou falando sobre o meu foco.

- Mantenha o foco nas perguntas, Jeon Jungkook - falei firme, o olhando no fundo dos olhos.

- Me chame de Jungkook, por favor.

Suspirei, olhando em volta. Perto de sua "cama", haviam desenhos nas paredes. O lápis era vermelho, e o observei por um tempo para ver que aquilo não era grafite. Quando voltei a encarar Jungkook, ele me olhava sorrindo maléfico.

- Algo... familiar? - ele perguntou baixo.

- O que é felicidade pra você? - Suspiro pesado, tentando manter o controle.

- Que tipo de perguntas são essas?

O olhei, mortal:

- aMe responda.

Então ele sorriu, maliciosamente. Nunca me senti tão sem armas, nenhum cliente nunca me havia deixado tão sem cartas. Seu olhar era mortal, e suas palavras cortavam meu raciocínio. Ele era mortal.

- Quer saber o motivo de tudo que eu fiz? - assenti - se aproxime.

Mesmo hesitante, me levantei ao ver que isso era tudo que eu precisava fazer para a verdade, mesmo que fosse perigoso. Fui até ele, e ele me analisou dos pés a cabeça. Me aproximei ainda mais e ele fez um gesto para que eu ficasse perto de seu rosto.

Desconfiei, mas me aproximei, e eu estava perto quando sua mão agarrou meu pulso forte. Me segurei para não pular ou tremer, pelo contrário, o encarei com o mesmo olhar dele. E então ele alargou o sorriso.

- Não pode querer saber sobre alguem quando  sabe sobre si mesma - seus lábios sussurraram lentamente.

Eu estava a responder, quando o relógio do gravador apitou, indicando o fim da consulta. Mas eu permaneci imóvel, não conseguia me mover sobre o olhar dele.

Não sei quando tempo passou, só sei que me perdi no olhar negro dele. Ouvi o barulho de portas abrindo bruscamente, e no mesmo instante Jungkook me soltou.

Me afastei e vi na porta, policiais, prontos para o ataque ou qualquer coisa que fosse preciso caso Jungkook demonstrasse o menor sinal de violência.

- Está tudo bem aqui? - um deles se aproximou. Encarava Jungkook com um nojo forte.

Respirei fundo, e assenti:

- Só estava... - Quer saber? Não vale a pena explicar. Me afasto dos dois, pegando minhas coisas - acabei a consulta.

Eu estava saindo, junto com os policiais, quando ouvi a voz de Jungkook me perseguir por trás:

- Até a próxima consulta, _____. Tenha certeza que contarei os segundos para ela - sua risada louca ecoou pelas paredes.

Não sei se isso foi uma ameaça, mas sei que estranhamente eu sinto que quero conhecer Jeon Jungkook, o louco suicida mais mortal que já conheci.