— Você não entende, é só um pirralho..— interrompido.
— Não ouse terminar essa frase, Hatake Kakashi!
O professor suspirou.
— Você quer acabar com tudo isso? Tudo bem. Faça o que quiser. — disse, se voltando em direção a porta. — Tenha uma boa tarde, professor covarde.
×××
— Não me chame assim. — respondeu o mais velho, com tom de indignação.
— Você me chamou de pirralho, Hatake. — rebateu. — Pi-rra-lho.
Kakashi ficou quieto por alguns segundos. Olhou para o loiro confuso.
Tinha feito uma enorme merda.
— Me desculpe. — pediu, com sinceridade. — Eu não confiei em você, devia ter te escutado primeiro. É que vocês dois pareciam tão... tão..
— Íntimos? — completou.
— Sim. — saiu atrás da mesa aonde estava para chegar um pouco mais perto do Uzumaki. — Eu não sei bem como lidar com isso ainda, me entende? Digo, eu quero dizer a todo mundo sobre você. O tempo todo, mas eu simplesmente não posso porque eu dou aula pra você e posso perder a minha outra paixão que é lecionar.
— Eu não quero que se sinta preso a mim, Hatake.
E outra vez o silêncio naquela sala surgiu.
Naruto estava aflito com tudo aquilo, suas mãos estavam suadas, seu coração batendo forte, seus olhos vidrados no rosto do mais velho esperando alguma resposta, qualquer uma que fosse.
— Já que esse é o caso, é melhor isso acabar por aqui. — disse o mais novo.
Não tinha o que fazer.
— Você não vai me dizer nada? — perguntou, irritado.
Kakashi seguiu em direção ao mais novo e olhou profundamente em seus olhos, se lembrou da primeira vez que o viu, oh, sim. O garoto de olhos brilhantes, o professor havia se encantado com o estudante. Havia se apaixonado por ele.
Mas havia estragado tudo.
Levou suas mãos até o rosto do mais novo, seguiu com o rosto em sua direção e lhe deu um selar nos lábios. Pediu paisagem com a língua, imediatamente concedida e tornou aquele beijo um pouco mais terno antes de se afastar e dizer o que seria a decisão final.
— Não vou tornar as coisas ainda mais difíceis, Naruto. — disse por fim. — Espero que seja feliz.. Sem toda essa confusão.
×××
Naruto estava arrasado.
Duas semanas haviam se passado desde que o término havia acontecido. Estava sendo complicado ver o professor todos os dias e não poder sentir o calor do beijo.
E o pior, não tinha como escapar dele.
Agora, o loiro se encontrava em seu dormitório, estudando, era o que ele mais fazia. Apenas uma desculpa para não sair do quarto.
Escutou o som da porta se abrindo mas não se virou para saber de quem se tratava, obviamente era Gaara então não tinha porque se virar.
— Quer conversar? — perguntou o estudante de engenharia.
— Não. — rebateu na mesma hora, dando de ombros como quem não queria nada.
Naruto estava pilhado demais.
— Oh, mesmo? Já fazem duas semanas que você só sai daqui para comer e assistir aulas.
O loiro franziu o cenho.
— Não é isso que estudantes fazem?
— Não, é coisa que estudante de medicina faz. — disse, por fim fazendo o loirinho rir. — Seu primeiro sorriso do dia? Vamos Naru. Que bicho de mordeu?
— Eu só estou cansado, Gaara. — bocejou.
— Tudo bem. Sei de algo que pode te animar.
— Eu não quero sair. — fez birra.
— Hoje tem uma confraternização dos alunos de Biologia. — disse, ignorando o drama do amigo. — A maioria do pessoal de outros cursos vão também e vai ser legal você sair um pouco e tirar essa sua aura de gente morta.
— Eu estou bem aqui.
— E eu soube de alguém que está interessado em você que vai estar na festa também. — falou em tom de diversão.
De qualquer maneira isso não importava.
Com certeza não era quem ele queria.
Mas Gaara parecia bem animado para aquele evento e o Uzumaki nunca o via assim por nada.
O loiro suspirou, vencido pelo entusiasmo do ruivo.
— Tudo bem, mas se você me largar lá sozinho igual você sempre faz eu caio fora.
Gaara assentiu.
— Pode deixar.
×××
Naruto estava grudado em Gaara desde que haviam chegado e só assim teria certeza de que não iria ser abandonado naquele multiram de gente.
Sentaram no balcão onde o barman servia as pedidas e pediram duas caipirinhas.
— Já disse que não vou te largar. — Gaara revirou os olhos.
— Seja como for... Você ta cheiroso não vou me importar de ficar assim a noite toda com você. — provocou.
Gaara revirou os olhos.
— Eu não reclamaria se ficasse assim comigo. — indagou o moreno de olhos perolados, se encostando no balcão ao lado do Uzumaki e Gaara. — Quero o mesmo que eles.
Naruto engasgou com o comentário feito pelo Hyuuga.
— Estou brincando.
— E eu to caindo fora. — indagou o ruivo.
Naruto agarrou o mais alto pelos braços.
— Você disse que não vai me deixar sozinho. — indagou, desesperado. A última coisa de que precisava era outro problema na sua frustrada vida amorosa.
— Você não parece sozinho. — olhou para o garoto atrás do loiro. — Flerta ai com o bonitão. Eu vou procurar o Ichigo.
Neji riu.
— Ah, finalmente resolver dar bola 'pro moranguinho? — provocou.
— Não me teste, Uzumaki. Você não vai me querer ver com raiva. — disse, dando de costas e sumindo da visão do mais baixo.
— Eu vejo todo dia! — gritou para o ruivo que já estava longe.
Naruto bufou, estava sozinho.
— Ainda estou aqui.
Ou quase sozinho.
— Oi... — indagou o mais baixo, se sentando novamente na cadeira.
— É impressão minha ou você me detesta?
Naruto olhou para o moreno sem entender.
— É que sei lá, desde que eu te conheço você me ignora ou simplesmente esquece da minha existência.
— Só não tivemos muito contato.
— Não? Caímos na mesma sala por dois anos seguidos. Primeiro e segundo ano e você continuou fingindo que eu não existia.
— Oh, eu não presto muita atenção nas coisas.
— Pelo o que eu percebi não presta atenção no que não te interessa.
— Não sei por que isso te importa tanto.
Neji riu, mas foi mais para sí mesmo.
Naruto se levantou mas antes que pudesse sair foi segurado pelo pulso.
— Quer tomar um pouco de ar?
Naruto pensou durante alguns segundos. Não havia problema, não é?
Assentiu e seguiu o moreno até a saída daquela casa. Sentaram na calçada e começaram a conversar, curtindo a vibe daquele lugar.
— Sabe... Quando você me perguntou por que eu me importava?
Naruto assentiu.
— É porque.. Talvez eu.. — Interrompido.
— Eu estive te procurando por todo o canto desde que Gaara me disse que você veio junto.
— Sasuke! — o loiro se levantou de imediato e correu para abraçar o amigo.
Neji também se levantou para cumprimentar o recém chegado.
— Oh, Sasuke, esse é Hyuuga Neji. Ele é primo da Hinata! — disse, Naruto.
Nei estendeu a mão para cumprimentá-lo. O mesmo teve a mão apertada com força pelo Uchiha.
— Obrigado por cuidar dele mas acho que agora não vai precisar. Ele está comigo. — indagou, Sasuke.
— Ele não chegou com você. — rebateu, Neji.
— Por que não podemos beber juntos? — Naruto sugeriu, mas foi ignorado.
— Mas agora ele está. — respondeu, Sasuke sem paciência alguma.
— É, ele está comigo também, Uchiha.
E aquela discussão não acabaria tão cedo. Sasuke não tinha por que ser tão possessivo assim com o melhor amigo.
E Naruto já não sabia o que dizer sobre o Hyuuga.
Em passos sorrateiros se afastou dos dois briguentos e entrou no meio dos estudantes, arrumou um lugar mais afastado para encher a cara e com sorte ficaria com uma dor de cabeça insuportável para ir a aula amanhã e descansaria deitado em seu dormitório.
Uma, duas, três, quatro, cinco, seis doses já haviam ido, pelo menos as que o loiro havia contado.
Só queria beber para esquecer de toda aquela bagunça em que havia se enfiado.
×××
Quando acordou estava com os olhos pesados, uma dor de cabeça dos infernos, o corpo mole e uma preguiça absurda. Quando finalmente conseguiu abrir os olhos se deu conta de que não estava em seu dormitório, ficou ainda mais assustado por reconhecer aonde estava.
De novo não.
A vida só podia estar querendo zombar da sua cara.
Olhou em volta e não viu indivíduo no quarto, com sorte ele já havia saido do apartamento.
Pegou seus pertences no criado mudo e abriu a porta do quarto com cuidado. Não havia ninguém na sala, suspirou aliviado.
— As pessoas equilibradas geralmente tomam café antes de sair de casa, sabia?
Era uma piada?
— Que horas são? — perguntou o loiro ignorando a piadinha de mal gosto.
— Quase dez.
MERDA!
Naruto olhou para a porta e viu que a chave não estava lá, virou sua atenção para o mais velho e se pronunciou novamente.
— Quero sair. Me dê a chave.
— Não te tranquei aqui, é só procurar a chave. — deu de costas e foi em direção a cozinha.
— Aliás, como eu fui parar aqui? Vai me dizer que eu te procurei ontem a noite também? — Kakashi parou de andar.
Se virou em direção ao mais novo.
— Não... Eu te procurei. — disse, um tanto envergonhado. — Queria tentar te pedir desculpas mas você estava bêbado demais e professores não podem entrar nos dormitórios dos alunos... — interrompido.
— E você como um professor muito preocupado me trouxe pra cá.
— Não zombe de mim. — disse, irritado.
— Eu quero ir embora.
— Por favor me escuta, Naruto. Eu estava fora de mim naquele dia e disse coisas que eu me arrependo muito. Não quero que vá embora. — falou, se aproximando do mais baixo. — Eu quero que fique comigo.
— O que você acha que eu sou? Uma marionete? Você pode por favor parar de fazer isso comigo? — falou, indignado. — A duas semanas atrás você me mandou embora por que você quis! Agora me vêm com esse discurso e tenta me fazer voltar como se eu fosse algum tipo de brinquedo. Eu tenho sentimentos, Kakashi! Você não percebeu isso antes? O problema é seu, não tente me puxar de volta pra você, isso não vai acontecer.
Naruto voltou a procurar as chaves e foi ai que se lembrou da chave que ficava em baixo de um vaso de flores ao lado da televisão.
Destrancou a porta e se foi.
Iria superar Kakashi.
Tinha que fazer isso.
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