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História 53 Edição dos Jogos Vorazes - Lenna


Escrita por: AimeeBoo

Notas do Autor


Oi povo lindo!!!

Essa história é um presente meu para umas amigas minhas.
A ideia surgiu de uma brincadeira nossa com um simulador de Jogos Vorazes (que é simplesmente maravilhoso pra rir, acreditem). Então eu decidi criar uma história ao redor daquilo, e aqui estamos.

Alguns avisos que eu considero importantes:
* Eu sei que não são os campeões do distrito que fazem o sorteio da Colheita, mas para diminuir o número de personagens e facilitar pra mim, eu deixei assim.
* Eu acabei mudando bastante a cronologia de campeões dos distritos, principalmente do 4 e do 3. Espero que não se importem.

Espero que gostem!

Capítulo 1 - Lenna


Fanfic / Fanfiction 53 Edição dos Jogos Vorazes - Lenna

O sol da manhã entrou pelas frestas da persiana, batendo em meu rosto e me acordando. Resmungo em reprovação, puxando meu travesseiro para cima da cabeça e me sufocando um pouco, abafando o mundo lá fora.

Eu até poderia ter voltado a dormir, se não fosse minha mãe, que entrou no quarto puxando as cobertas e acabando com a minha atmosfera de paz e tranquilidade. Tento fingir que não acordei, mas por melhor atriz que eu seja, minha mãe sempre conseguia ver através de minhas encenações.

- Levanta essa sua bunda daí agora Helenna! Não tenho o dia todo pra ficar esperando você levantar.

Eu não me mexo. Ela suspira.

- A Colheita é em duas horas.

- UKE?! – Eu pulo da cama, procurando a roupa que havia separado faziam semanas para o dia de hoje. – Mas a Colheita era pra ser às cinco da tarde, e não às oito da manhã!

- Eu sei disso, mas parece que eles acharam que seria divertido fazer todos do distrito de tontos.

Eu grunho em frustração, já vestida com a minha roupa especial. Eu usava uma calça preta justa, coturnos marrons, uma blusa branca e justa e uma jaqueta de sarja. Estava digna de ir à Colheita.

- Ramiro já está pronto? – Pergunto, terminando de ajustar a jaqueta em meu corpo magro e atlético.

- Ele ainda está dormindo. Achei que você fosse querer acordá-lo.

- É, hoje é a primeira Colheita dele. Tem que ser perfeito!

- Helenna, não é como se ele fosse ser sorteado. Ele só tem doze anos!

- Sei disso. Mas a primeira vez é importante de qualquer maneira. Além disso, esse é o meu ano!

Minha mãe soltou um suspiro cansado, mas eu não liguei. Meu entusiasmo era demais para ser contido.

Entrei no quarto de meu irmão, me jogando em cima dele.

- Hora de acordar! – Gritei.

Ele resmungou e tentou se livrar de mim, mas eu era mais forte.

- Vamos! Levanta daí e vai se arrumar! Temos menos de duas horas até a Colheita.

- Já é tão tarde assim? – Pergunta com a voz sonolenta. Eu rio.

- Não. Eles adiantaram a cerimônia.

- Ah...

Ele não parecia muito entusiasmado. Foi se arrastando até o banheiro, e se trancou lá dentro. Que ele demorasse o tempo que quisesse, desde que estivesse de bom humor quando saísse.

Encontro minha mãe na cozinha, sentada na mesa com uma xícara de café nas mãos. Sento-me a sua frente, e me sirvo de um pedaço de bolo. Ficamos em meio à um silêncio constrangedor, até que ela o quebra.

- Você fica bonita sem o cabelo no rosto.

É a única coisa que ela diz, e me permito corar de leve. Não havia percebido que não tinha arrumado o cabelo. Não que deixa-lo solto fosse prático, e muito menos quando estava embaraçado. Por mais tentador que fosse, ele voltaria para o rabo de cavalo com franja onde pertencia, tão logo Ramiro saísse do banheiro.

Já estava no final da segunda fatia de bolo quando isso aconteceu. Ele se senta a meu lado, e começa a comer sem dizer uma palavra. O clima estava pesado, tenso. Ninguém falava nada, como se houvesse algo que os impedisse.

- Então Ramiro, animado pra hoje? – Pergunto.

Antes que meu irmão pudesse responder, minha mãe se adiantou.

- Por que você não desiste esse ano?

- O quê? – Eu não podia acreditar nisso.

- Você tem mais dois anos. O que custa usá-los para se prepara melhor?

- Você não está me dizendo isso.

- A Arena não é como a sua sala de treinamento, Helenna! Lá, quando você perde, você morre!

- E eu pareço não saber disso? Não sou mais uma criancinha que não sabe o que faz! – Eu já havia me descontrolado. – Esse é o meu ano, e eu vou me voluntariar e mostrar pra você que eu posso fazer isso!

Levantei com raiva e saí de casa, batendo a porta atrás de mim.

Quando me vi na rua, percebi que não tinha para onde ir. Ainda faltava muito tempo para a Colheita, e eu nem estava arrumada direito. Eu detestava ter que pedir ajuda, mesmo que a pessoa fosse minha amiga, mas eu não tinha muita escolha.

Por sorte, Henrique morava a apenas algumas quadras.

Fui correndo até a casa dele, torcendo para que ele estivesse acordado. Eu detestaria ter que lidar com a família dele.

Dou a volta em sua casa, indo até sua janela. Ele estava de costas para mim, procurando algo em seu armário. Dei umas batidinhas de leve no vidro, e ele se virou, assustado. Quando me reconheceu, ele prontamente abriu a janela, me deixando entrar.

- O que aconteceu? – Ele perguntou. – Achei que você quisesse que o dia fosse perfeito para o seu irmão.

- Não importa mais. – Digo simplesmente.

Ele me olha sem entender nada.

- Como assim não importa mais? Os Jogos são sua paixão desde que os viu pela primeira vez! Você passou todos os anos seguintes treinando até a exaustão, e agora simplesmente não importa mais?

Não respondi. Ele estava certo e sabia disso. Desabo em sua cama, e ele senta ao meu lado.

- Quer falar o que aconteceu?

E eu falo. Falo de quando acordei meu irmão, e como ele não pareceu animado. Falo sobre minha mãe e sua descrença em mim. Ele me escuta sem dizer uma palavra, e quando eu termino, ele me abraça forte, e espera até que eu me recupere antes de dizer alguma coisa.

- Sabe Lenna, por mais que eu entenda que esse é o seu sonho, tenho que admitir que sua mãe tem um pouco de razão. Quero dizer, é perigoso, não é? Existe uma chance, mesmo que pequena, de você não voltar! É normal que ela se preocupe.

Diferente de mim, Henrique nunca quis participar dos Jogos. Tudo o que ele queria era uma vida confortável em nosso distrito, longe de qualquer tipo de problemas. Bem, o plano dele já apresentava algumas falhas, porque eu sempre fui um problema ambulante.

- Está dizendo que eu não consigo?

- Estou dizendo que há chances de não conseguir. Seja realista Lenna, você pode ser excelente, mas nós não conhecemos os candidatos dos outros distritos. Não temos como saber se são melhores do que você.

- Eu vou me voluntariar esse ano, queiram vocês ou não.

- A escolha é sua no final das contas.

Ele levanta da cama e volta até seu armário.

- Termine de se arrumar em meu banheiro. – Ele aponta para a porta, mesmo que eu conheça o lugar com a palma da mão. – Está quase na hora.

Assinto, indo até a pequena porta e fechando-a atrás de mim.

Paro na frente do pequeno espelho, olhando desapontada para o meu estado. Meu cabelo estava completamente embaraçado, mas pelo menos não estava armado, o que já era uma vitória. Peguei uma escova de cabelo, penteando-o cuidadosamente, e depois pegando uma das borrachinhas que sempre carregava no pulso e prendendo-o em um rabo de cavalo alto, deixando apenas minha franja de fora. Minha franja não era muito comprida, mas sua maior ponta era grande o suficiente para tapar a cicatriz que eu tinha embaixo do olho esquerdo.

Eu não escondia minha cicatriz por vaidade. Mas sim por orgulho. Essa cicatriz era a prova que eu nunca poderia apagar da única vez em que perdi na vida.

Foi em um duelo na sala de treinamento, uns dois anos atrás. Eu era a líder da minha turma, muito mais rápida e mais forte do que todos os outros. A maioria dos meus colegas gostava de mim, e se não gostavam, pelo menos não eram desagradáveis. Mas como sempre, havia alguns que me odiavam, com toda a força que seus corações de catorze anos permitia.

A minha luta daquele dia foi contra uma dessas pessoas. Por mais que lutássemos para os Jogos, haviam regras sobre não machucar um ao outro deliberadamente, afinal ainda não estávamos nem perto de estarmos prontos para competir de verdade.

Ignorando a instrutora, meu oponente avançou para cima de mim, antes de receber o pronto. Eu estava com a guarda baixa, e ele aproveitou isso para fincar a lança que carregava em meu olho. Para minha sorte, a instrutora conseguiu derrubá-lo no chão antes que meu olho virasse espeto, mas não foi rápida o suficiente para evitar que a minha pele ganhasse uma extensa cicatriz.

Eu escondia o rosto desde aquele dia. Depois de tanto tempo, chegava a ser esquisito me ver com a franja pro lado. Acho que as pessoas pensavam assim também, embora não falassem.

Quando saio do banheiro, Henrique não está mais no quarto. Decido sair pela janela e espera-lo na frente da casa. Não demora muito e ele aparece. Não dizemos nada, apenas andamos um ao lado do outro, aproveitando nossa amizade enquanto podemos.

Seguimos pelas ruas. Algumas tortas e esburacadas, outras asfaltadas e milimetricamente retas. No fim das contas, não importava que ruas pegássemos. Todas elas levavam para a prefeitura, de um jeito ou de outro. Conforme nos aproximávamos da prefeitura, mais e mais pessoas se juntavam a nós, e passamos a ouvir conversas, e até mesmo risadas.

Não tinham com o que se preocupar. Eram os carreiristas como eu que enfrentariam os perigos da Arena.

O palco para a colheita já estava montado faziam dias, mas eu ainda não o tinha visto. Os mesmos telões, o mesmo palco, mesma grade de separação, e os mesmos pacificadores nos catalogando como animais.

Despeço-me de Henrique com um aceno de cabeça, e entramos cada um em uma fila. Entro no piloto automático, andando pela fila lentamente, mal sentindo quando o pacificador perfura meu dedo e mancha um papel com meu sangue. Vou até as garotas da minha idade, me colocando no meio delas. Os minutos vão passando, e cada vez mais jovens estão dentro do cerco, até que todos tivessem chegado.

Não vi quando a cerimônia começou. Quando dei por mim, Giovanni Eteoc, nosso último campeão, já estava prestes a sortear os nomes. Como dizia a tradição, ele para do lado do pote com os nomes das garotas. Antes de pegar um nome, ele pergunta com a voz séria:

- Temos alguma voluntária?

Era a minha hora. Respiro fundo e dou um passo a frente, gritando:

- Eu sou voluntária!

Ninguém se surpreende. Giovanni me chama com a mão, e vou até o palanque, parando a seu lado.

- Qual o seu nome? – Ele pergunta baixinho.

- Helenna Marthae – Respondo com a voz tremendo.

- A campeã do Distrito Um: Helenna Marthae! – Diz ele levantando meu braço.

Dali de cima eu podia ver todos que estavam na praça. Eu rapidamente achei meu irmão e sorri pra ele, mas ele não pareceu notar. Tentei forçar a memória para lembrar quem era o nosso voluntário masculino, mas nenhum nome ou rosto aparecia em minha cabeça.

- Algum voluntário? – A pergunta de Giovanni atrapalhou meus pensamentos, mas a compreensão veio quando ninguém se voluntariou.

Todos os melhores alunos da turma avançada eram garotas.

Giovanni foi até o pote dos garotos e retirou um nome.

- Henrique Willians – Ele chamou.

Em pânico, vejo meu amigo se aproximar e subir no palanque, tremendo.

- Que a sorte esteja sempre a seu favor. – Ele nos disse, mas vi que nem ele acreditava nisso.

E se algum dia eu tinha acreditado, não acreditava mais.


Notas Finais


Bjins no core e até a próxima!!!


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