História 57 - 4

Depois da escola, Sam foi à sua casa. Os dois tinham que terminar um trabalho de matemática, mas não foi realmente uma surpresa quando resolveram apenas duas questões e disseram que terminariam o resto no dia seguinte.

Naquela noite a mãe de Steve trabalhava, mas convidou Sam para dormir ali. O moreno resolveu aceitar, até porque sua própria mãe adorava Steve — para quem não o conhecesse, parecia um perfeito cavalheiro — e não se importava tanto quando ele dormia fora. Desde que fosse na casa de conhecidos.

Steve estava atirado na sua cama trocando os canais da TV enquanto Sam estava sentado no chão com as costas escoradas na cama, concentrado na tela do seu 3DS.

"Como vai o trabalho de você e Bruce?" Steve questionou.

"Bom. Provavelmente vamos ganhar. Mesmo que Tony esteja convencido que o software que está bolando vai ser melhor que o nosso projeto," resmungou algo para o jogo. "Não me importo realmente. Acho que vai ser o melhor trabalho que farei. Mas me sinto inútil, não ajudo em quase nada."

"Ele não teria te convidado para fazer o trabalho se você fosse tão inútil," apontou. Achou um canal que passava South Park e deixou por ali.

"Ah, sei lá." Deu de ombros. "Nossa, não acredito que você vai ver essa merda."

"Fica na sua."

Steve jogou um travesseiro no amigo, que roubou-o e voltou a prestar atenção no jogo.

Steve tentava se concentrar no episódio, mas não conseguia. Ficava se revirando na cama, e Sam suspirou alto.

"É Bucky, não é?"

"Hã?"

Sam pausou o jogo e olhou para ele.

"Conheço você. Fale. E se não for ele, só pode ser Peggy. Então fale igual."

Steve franziu o cenho.

"Ultimamente não tenho pensado tanto em Peggy," admitiu. "Isso é muito estranho."

Sam soltou uma risada estranha.

"Verdade. Eu ainda me lembro quando..."

"Não fala! Só... não fala."

Sam riu enquanto Steve suspirava.

"Eu só... Só tive mais uma má ideia." Murmurou voltando ao assunto, com os olhos vidrados na televisão.

"Todas suas ideias são. Não deve ser tão ruim."

"Fiquei curioso com toda essa história dele, é só. Bucky costumava ser bem popular."

Sam pareceu refletir.

"É verdade. As pessoas continuam a falar sobre o que aconteceu com ele. Tem vários boatos."

"É? Tipo o quê?"

"Só besteiras. Tem gente que diz que ele está se drogando e Natasha é traficante. Ela dá medo, sim, mas..."

Steve concordou. Era ridículo.

"Eu estava pensando em falar com Clint e Natasha." Confessou.

Sam encarou-o surpreso.

"Sério?"

Steve desviou o olhar.

"Huh. Boa sorte."

"Para você também, porque não vou sozinho."

Sam gemeu.

"Mas eles me assustam. Natasha e Bucky têm a maior vibe de assassinos russos. E eu sei disso porque já falei com eles antes."

"Você está exagerando. Clint é simpático."

"É, mas ele namora Natasha e mesmo assim continua sendo intimidado por ela." Apontou.

"Por favor." Olhou para Sam com os olhos brilhando.

"Você acha que vou cair nessa?"

"Por favor!" Pediu de novo, e Sam fez uma careta.

"Tá. Mas saiba que odeio você."

Steve sorriu vitorioso.

Sam despausou seu jogo. Steve já não se mexia tanto na cama.

"Acho que vou chamar Darcy para sair." Comentou ele sem desviar o olhar da partida.

Steve mordeu o lábio inferior.

"Ela não estava saindo com Loki?"

"Estava. Mas ouvi dizer que Thor e Loki estão meio que ficando."

Steve se engasgou e fez uma careta.

"Mas eles não são irmãos que se odeiam?! Ew."

"Adotivos," ressaltou. "Mas são boatos."

Comentaram sobre mais alguns boatos que rolavam na escola. Steve notou que sentia falta do tempo que passava com Sam.

***

No outro dia de aula, Steve estava nervoso.

Sam disse que as coisas iriam bem, mas isso era porque ele estava de bom humor. O garoto tinha conversado com Darcy por mensagens quase a noite inteira, e por mais que os dois tivessem com olheiras, dava para notar que não ligavam para isso quando sorriam um para o outro.

Steve achava fofo, mas ainda queria vomitar. Até porque, se acordou várias vezes com as notificações de Sam.

Até então, seu dia estava indo como qualquer outro. Porém, as coisas mudaram um pouco quando bateu para a hora do intervalo: Sam segurou seu braço e falou que estava na hora de terminarem com aquilo.

Steve sabia que depois da aula o moreno não poderia falar com ninguém porque iria tomar sorvete com Darcy. Mas mesmo assim, o loiro não estava preparado. E quanto mais os dois andavam pelos corredores, menos confiante o loiro se sentia. Só esperava que Sam estivesse se divertindo as suas custas, porque Steve não estava.

Para a sorte dos dois, o trio estava no corredor. Sam e Steve decidiram esperar um momento que Bucky se afastasse dos amigos. Infelizmente, principalmente para o loiro, não demorou a acontecer. Bucky foi à biblioteca ou algo assim e quando passou por eles, Steve prendeu a respiração. Porém, para seu alívio, Bucky nem se deu o trabalho de olhar em sua direção. Clint e Natasha ficaram escorados no armário 70, conversando.

"Vamos lá. É o momento perfeito," Sam sussurrou.

"Sam, não. Não vamos fazer isso. Vá falar com Darcy ou sei lá porque lembrei que Phil queria falar comigo sobre meu trabalho e..."

Sam segurou seu braço.

"Apenas vamos lá."

Steve olhou para o lado enquanto Sam o esperava. A ideia foi do loiro, sim, mas sabia que seu amigo nunca o obrigaria a fazer qualquer coisa.

Mas eles já tinham ido até ali, então Steve resolveu que é, apenas ir lá parecia um bom plano.

Quando viu os garotos se aproximando, Clint cutucou a namorada. Ela começou a os observar, guardando um cigarro no bolso.

Natasha de perto era ainda mais bonita. Mas tinha algo nos seus cabelos ruivos junto com os olhos verdes que era quase irreal. Intimidante.

"Hey." Sam os cumprimentou, sorrindo, enquanto Steve murmurou um "oi".

Os dois responderam em uníssono, quase monótonos.

"Conseguiu terminar a tradução do texto?" Natasha perguntou a Sam educadamente.

"É, mais ou menos. Obrigado por ter me ajudado na aula. Não entendi nada. Queria ter agradecido Bucky também, mas..."

Steve e Clint encararam os dois sem entender.

"Temos aula de francês juntos," Sam justificou. "Sam e Steve." Apresentou-se para Clint.

"Prazer. Sou Clint." Acenou.

Pelo menos dessa vez Steve não falou "eu sei".

"Vocês precisam de alguma coisa em especial?" A garota perguntou.

Sam olhou para Steve, que olhou para seus pés.

"Bucky." O loiro basicamente vomitou o nome, se arrependendo logo em seguida. "Quero dizer..."

"O que ele quer dizer," Sam interrompeu antes que seu amigo falasse alguma outra coisa. "É que Bucky era uma pessoa bem diferente. Estávamos curiosos para saber o que aconteceu."

Natasha cruzou os braços e Clint arqueou uma sobrancelha.

"Huh. Pelo menos vocês foram direto ao ponto." Clint comentou. O loiro parecia estar se divertindo, enquanto Natasha olhava para ele com reprovação.

"Olha, desculpa se isso é pessoal..." Steve tentou, mas Natasha o cortou.

"Tudo bem. Não é como se fossem a primeira pessoa a nos perguntar isso," comentou. "Mas, a pergunta é estranha vinda de vocês."

Por um momento, houve silêncio. Natasha parecia analisá-los e Sam começou a olhar para seus pés, distraído. Steve tentou achar algo para falar, qualquer coisa, mas só o que vinha em sua mente era a verdade. E Steve não falaria sobre os bilhetes para eles, de todas as outras pessoas, nem em sonhos.

Clint, para sua sorte, pareceu cansado do silêncio desconfortável.

"Bem, digamos que teve um acidente." Ele limpou a garganta, ignorando o olhar afiado da namorada. "O resto você deve perguntar a ele, cara."

Steve concordou.

Sam logo puxou outro assunto, quebrando o clima tenso. Passaram o resto do intervalo ali, mas o loiro sentia o olhar de Natasha. Ela não esqueceria daquilo.

Um acidente? Engraçado como isso ajudava em nada.