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História 60 Days to burn - Palavras vazias regadas à mentiras e lembranças crueis


Escrita por: Vert_

Capítulo 3 - Palavras vazias regadas à mentiras e lembranças crueis


Amber me guiava correndo pela casa, eu não tinha saído da cama desde que cheguei lá, então não sabia ao certo para onde fugir e enquanto nós corríamos eu ouvia tiros que vinham da frente da casa, pude ver Nicholas, Julia e Sam correndo bem atrás de nós com mochilas nas costas.
Amber abre a porta dos fundos, e quando finalmente eu ia passar por ela sou surpreendido por um homem segurando um rifle, ele bate com a arma na minha testa e eu caio sentado no chão.

 – Caraaaalho, duas menininhas, então a gente veio atrás de uma puta e ganhamos mais duas de brinde! Isso só pode ser sorte, se não for eu não sei o que é. – Zombava.
 – Se todos do seu grupinho forem como você, acho que vocês já possuem putas suficientes. – Disse Sam.
 – Que droga heim, tu fala igual um puta viadinho. – Dizia enquanto apontava o rifle para a cara de Sam. – VAMO LÁ VIADINHO! ME MOSTRA O QUE TU TEM NO MEIO DAS PERNAS! – Gritou.

O cara parecia tão drogado, que talvez não tinha percebido que Julia aos poucos ia andando para suas costas! Ela sacou uma faca e apoiou no pescoço do babaca.

– Abaixa a arma. – Disse Julia.

O homem baixou a arma até o peito de Sam.

 – Entrega a porra da arma pro meu amigo ali do lado. – Dizia Julia se referindo a Nicholas.
 – Quem disse que tu manda em alguma coisa por aqui? – Perguntou o homem enquanto empurrava o rifle contra o peito de Sam.

Sam segura o cano do rifle e comete o maior erro da vida dele abrindo a boca:
 – Olha cara, você não ta em condição de falar nada não, só entrega a arma e deixa a gente ir embora. – Disse.

Enquanto isso eram frenéticos os tiros na porta da frente, parecia que Earl só queria mostrar seu poder de fogo e derrubar a porta apenas com tiros.

O homem sussurra alguma coisa.
 – O que disse? – Sam pergunta.
 – EARL É O ÚNICO QUE MANDA NESSA CIDADE! – Gritou.

O homem puxou o gatilho.

Sam ajoelha aos poucos, e segurando forte o cano do rifle ele diz suas últimas palavras olhando os olhos de Julia que molhavam o ombro de seu assassino:
 – Corre...

Depois do último pedido de Sam, Julia corta profundamente a garganta do homem jorrando seu sangue encima de Sam que já se encontrava morto.

Nós corremos até o quintal da casa de Nicholas, pulamos uma cerca e entramos no carro de Nicholas que estava do outro lado da rua. Pelo que eu percebi, aquela situação já estava bem planejada, era como se já existisse um plano de fuga daquela casa.
Ficamos umas duas horas naquele carro, Nicholas dirigia com Amber ao seu lado, e eu fiquei no banco de trás com Julia que não disse uma palavra o caminho inteiro.
Chegamos na frente de um supermercado e Nicholas nos mandou descer do carro. Nos dirigimos até a parte de trás do supermercado e percebemos que a saída dos fundos já está arrombada. Nicholas coloca a mochila no chão e tira de dentro dela um revolver, carrega, e abre devagar a porta e começa a andar na frente apontando a arma.
Parecia estar tudo vazio, mas de repente aparece uma garota com as mãos para cima.
 
– Calma ae tiozão! Tem espaço e comida pra todo mundo aqui. – Dizia a garota. – Você ta sozinha aqui? – Nicholas perguntou.
– Sim. A propósito, eu sou Natasha, e você, como se chama? – Perguntou.

Nicholas continuou apontando a Arma e não respondeu. Então Natasha estendeu a mão para mim e perguntou a mesma coisa.
 – Meu nome é Ezra. – Respondi e apertei sua mão.
 – É um prazer descobrir  que tem alguém educado entre vocês idiotas. OPA! Desculpa, acho que não deveria falar assim com alguém que está apontando uma arma pra a minha cabeça, e olha que eu nem tô armada. – Disse Natasha.

Nicholas guardou a Arma.

– Então docinhos, o que os trouxe até aqui? – Natasha perguntou.
– Gente doida. E você? – Perguntei.
– O mesmo. – Respondeu.
– Ficaria feliz em saber de onde você saiu. – Disse Nicholas.
– Porra, acho que não tem jeito né, você ta armado e tudo mais. – Disse Natasha.

Quando Natasha começou a falar, Julia foi andando pelo supermercado, e eu fui seguindo de longe. Ela foi até um dos caixas, pegou um maço de cigarros, tirou um e acendeu com um isqueiro que tirou de seu bolso, ela sentou no balcão do caixa e começou a fumar.
– Quantos anos? – Cheguei Perguntando.
– Vou fazer 17 semana que vem. – Respondeu curta e fria.
 – Desde quando você fuma? – Perguntei.
 – O Sam fumava. O isqueiro é dele. – Respondeu.

Sentei do lado dela no balcão.

 – Eu sei o que você ta tentando fazer. Acha que por ter perdido o Sam daquela forma tem que acabar com a própria vida. – Me atrevi a falar.
 – Eu não teria perdido o Sam se tivesse cortado a garganta daquele babaca sem aviso. – Disse.
 – Realmente... Você perdeu o Sam por que foi fraca. Mas você não acha que viver sem ligar pra a sua vida não é injusto com o Sam? – Perguntei.
 – De que merda você ta falando? – Perguntou.
 – Você já parou pra pensar q eu se o Sam não tivesse morrido ali, seria qualquer um de nós ou todos nós que estaríamos mortos? Não, você não deve ter pensado nisso, por isso que você ta aí desperdiçando a vida que o Sam te deu... A vida que o Sam te confiou, você ta só encurtando isso. Então é assim que você ama ele? – Depois que falei isso, Julia apagou o cigarro e apenas ficou olhando para o isqueiro durante uns 5 minutos até eu quebrar o silêncio de novo.

 – Sabe, pessoas importantes fizeram por mim o mesmo que o Sam fez por você. Não sei se foi proposital como o Sam, mas se eles não tivessem morrido ali, talvez nós não estivéssemos tendo essa conversa. O único jeito de retribuir o sacrifício deles é viver por eles, e se eles estiverem vendo isso de alguma forma vão saber que não me deram a vida em vão. É isso que você deve fazer, viver pelo Sam. – Depois de ouvir, Julia saiu de cima do balcão, deu as costas para mim e voltou para onde os outros estavam.

Eu apenas continuei lá, sentado no balcão olhando para o nada e pensando sobre como eu acabara de enganar Julia com frases sem sentido.
Meus amigos morreram por que eu não os convenci a parar com aquela coisa de se drogar na floresta. Se eu tomasse a atitude de simplesmente dizer que devíamos parar com aquela idiotice, estaríamos todos fora da cidade naquela hora, Earl não teria seguido Nicholas por minha causa e Sam estaria vivo.
Sam estava morto por que faltou coragem em Julia. John, Elliot e Danny estavam mortos por que faltou bom senso em mim.


Meus pensamentos sobre como eu me sentia um lixo humano foram interrompidos por aquela voz.
 

– Ta frio pra porra né? – Amber perguntava enquanto me enrolava com um cobertor.

Depois de me colocar o cobertor, Amber ficou andando pelo supermercado por um bom tempo, enquanto eu continuava sentado no balcão sem dizer uma única palavra.
Depois de muito tempo andando, Amber vem por trás de mim e me abraça com força.

 – Fico feliz que você esteja bem. – Disse.

Continuei calado por um tempo, enquanto Amber não me soltava.

  – Quer conversar, né? – Perguntei.

Depois da pergunta, Amber me abraçou mais forte, e eu entendi que aquilo era um “sim”.

Conversamos por horas àquela noite, e depois disso, nos arrumamos com os outros e dormimos todos juntos no chão do supermercado.
Ao olhar para Julia dormindo junto aos outros, eu conseguia pensar que apesar do que aconteceu com Elliot, Danny e John eu tinha conseguido mais uma vez a chance de ter pessoas importantes por perto, e eu sabia que não podia falhar com elas do mesmo jeito que falhei com os eles, e quando conseguíssemos sair da cidade eu poderia ter algo como “família” de novo.
 Pela primeira vez depois do que aconteceu, eu pude me sentir feliz por estar vivo.
 Mas, na verdade ainda era muito cedo pra ter pensado aquilo... O inferno vem quando menos acreditamos nele.
 



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