Naquele domingo de pleno inverno, Sebastian sentia o peso em seu corpo, era como um daqueles sonhos em que não consegue se levantar e que algo lhe prende sobre a cama, o breu de seu quarto não o deixava enxergar nada além da escuridão. Sem dificuldades movia os pés e as mãos, mas o tronco havia o peso total nele, lentamente foi sentindo carícias no meio de suas pernas até chegar a sua virilha.
Levado completamente pelo susto, Sebastian não pensou duas vezes em jogar a pessoa para o chão, logo pode ouvir o resmungo e um gemido baixo ao pé da cama. O moreno esticou o braço para o seu lado acendendo o abajur logo poder ver o menor sentado no chão com uma careta de dor.
— O que pensa estar fazendo? – Sebastian tentava controlar a sua voz.
— Exatamente o que parece ser! – novamente o moreno notava o mesmo olhar de antes, olhar de quem não estava ligando para nada, o que incomodava Sebastian. – Quero meu beijo!
Sebastian riu baixo controlando a sua vontade de rir escandalosamente da cara do menor. — Enquanto você dormia profundamente como uma criança, eu lhe dei os seis beijos que faltavam! – disse Sebastian inocentemente.
— Eu não estava acordado para isso, então não está valendo. – mais uma vez a indiferença de Ciel irritava o moreno. – Terá que me beijar de novo!
— Tsc, e porque você acha que eu irei te beijar de novo?
Ciel pegou o celular que estava no acolchoado e mostrou ao moreno. – É sempre bom se lembrar de que eu ainda posso enviar para quem eu quiser! – finalmente o menor deu o seu sorriso de vitória. – Não se esqueça disso, deveria ter apagado as fotos por segurança e para se livrar de mim, mas devo pensar que você quer me beijar...
— Não diga besteiras! – Sebastian bufou irritado, olhou para Ciel que se mantinha a poucos palmos de si. Não tinha jeito, teria que fazer novamente, esticou o braço e segurou firme a gola da camisa do menor puxando para si. – Eu não quero ver essas fotos no celular de ninguém, então cumpra a sua palavra! – Sebastian soltou o outro e foi ao seu guarda roupa separando algumas peças.
Sebastian sentia a água quente cair em sua costa por ele ficaria ali por um bom tempo, mas para a sua infelicidade tinha mais duas pessoas aguardando para usar o banheiro também. Enquanto se secava podia ouvir seu irmão mandando sair do banheiro e a batida na porta, como sempre o ignorou e continuou o que fazia, com o vapor do banho, foi obrigado a passar a mão no espelho gélido sentindo seu corpo arrepiar, tocou em seu cabelo e puxou uma longa mecha.
— Preciso cortar meu cabelo. – virou a cabeça de um lado para o outro mantendo o olhar fixo no espelho e franziu o cenho. – Talvez faça isso antes de ir embora. – vestiu suas roupas e saiu do banheiro trombando-se com seu irmão, não antes de dar um tapa no menor. – Você irá sentir falta disso nos próximos anos, então aproveite que estou dando de graça!
— Estou rezando para que vá logo, assim posso ficar com seu quarto! – o mais novo sorriu com a ideia de ficar com o quarto maior para si.
— Não sonha alto pivete, quando voltar nas férias irei ficar em meu quarto, nem que tenha de trancá-lo! – Sebastian sorriu ao ver seu irmão fechar a cara.
Muito bem agasalhado Sebastian estava pronto cair na cama e voltar a dormir... Ou talvez, continuar o serviço de arrumar suas coisas. Passava pela sala, mas novamente a conversa entre sua mãe e Ciel não o agradava, poderia até ser considerado como ciúme de filho, seria se ele fosse apegado mulher. No mínimo estava curioso.
— Ciel é tão amável... – a mulher apertava a bochecha do menor. – Gostaria de ter um filho como você, Rachel tem tanta sorte!
— Ah claro, como se eu fosse um péssimo filho! – Sebastian encostou-se ao batente, cruzou os braços e fitou os dois. – Não sei por que você ficar mimando ele deveria fazer isso com seus filhos! – deu à costa e ainda assim pode ouvir a risada de ambos. – Isso é ridículo!
"Ela não vê que tipo de garoto ele é?”
Inesperadamente uma nevasca atingiu a cidade, impedindo qualquer pessoa de sair de suas casas, obrigando Sebastian a ficar mais na companhia de Ciel, já que seus pais estavam presos em outra cidade e o menor em sua casa, começava a entrar em colapso se ele ficasse mais um dia. Poderia facilmente trocar de lugar com seu irmão, se não fosse tão egoísta a ponto de não sair do seu quarto por conta de um desgosto e se a cama dele não fosse tão pequena para deixar parte de suas pernas para fora. As horas foram passando e a nevasca diminuindo, mas para a felicidade de uns era a tristeza para outros.
— Sebastian vá tirar a neve da entrada! – seu irmão veio lhe importunar. – Foi o que a mamãe disse!
"Foi o que a mamãe disse!" Repetiu mentalmente.
Obrigado a vestir um conjunto de roupas impermeável, cachecol e luvas, e quase se comparando a um pinguim prestes a ter seu ovo, Sebastian saiu de casa sendo engolido pela quantidade considerável de neve. Era a cada pá que tirava da entrada era um resmungo de irritação, todo ano era isso, e nunca iria se acostumar e a única coisa que ele agradecia era o fato da calçada não ser longa e que muito em breve Ciel iria embora. Alguns minutos gastos e esforço feito e poderia voltar para o calor de sua casa e quem sabe tomar uma xícara de chá bem quente.
— Estou indo embora! – Ciel apareceu ao lado do moreno. – Meus pais acabaram de chegar... – o menor mostrou o celular no qual aparecia a chamada finalizada.
— E? – Sebastian tombou a cabeça para o lado, não era algo que ele estava se importando no momento.
— E que Sebastian está esquecendo-se das coisas, devo lembrar...
— Você está se achando muito, não é mesmo? Falando assim só me faz ficar com mais raiva e se é isso o que você queria está conseguindo!
— Quero meu beijo!
Sebastian controlou a sua vontade de ignorar Ciel e ir para o aconchego de sua cama, mas também não poderia ignorar que a foto iria parar no celular de seus pais, começava a ficar cansado desses joguinhos idiotas que Ciel estava fazendo e que ele era obrigado a participar.
"Se eu for para o inferno, ele vai comigo!" Sebastian fitou aqueles olhos azuis.
Com um suspiro pesado, Sebastian puxou o menor para mais perto de si selando os lábios, Ciel aproveitando o momento segurou na roupa de Sebastian prolongando o contato entre eles. O moreno começava a sentir seu corpo arrepiar com a boca gelada do menor tocando na sua, queria afastar essa sensação de si, nem que tenha de se bater. Bruscamente Sebastian soltou-se do menor, e deu um passo para trás.
"Ainda não sei o que ele ganha com isso!" Sebastian mirou Ciel.
— Vá para casa logo, está frio aqui fora! – disse somente isso e rumou para a entrada. – Esse garoto... – olhou disfarçadamente para trás onde Ciel seguia para a sua casa do outro lado da rua. – Preciso encontrar um jeito de apagar essas malditas fotos.
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