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História A acompanhante - Sakura e Sasuke (Sasusaku) - Só um pouco


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???


Sei que tenho demorado mais o que o habitual para atualizar minhas histórias, mas estou resolvendo alguns probelams que estão me deixando maluca!
Espero que vocês entendam, e tenham um pouco de paciência! Prometo que logo eu normalizo minhas postagens, colocando novos capítulos a cada sete dias, no máximo!

Obrigada por tudo gente!
Bjnn

Capítulo 16 - Só um pouco


Já estava começando a ficar irritada comigo mesma. Não conseguia tirar Susanoo de minha cabeça, era como se ele estivesse me dominando aos poucos. Ficava o tempo todo me recordando do timbre de sua voz, de seu corpo, imaginando de diversas maneiras o rosto dele. Sabia que isso parecia uma obsessão, e talvez fosse, mas não estava me importando muito quando a isso, só queria poder vê-lo de uma vez por todas. Quero dizer, já estávamos nos falando há quase três meses, e nada!

   Só que não importava o quanto eu pedisse, ele nunca se mostrava para mim. Não sabia se isso era por medo de se expor ou se ele realmente queria me deixar curiosa. Mas acreditava que em algum momento ele mesmo acabaria se cansando desse joguinho e iria acabar revelando sua identidade, seja mostrando seu rosto, ou me chamando para sair.

 

   Como se ter apenas isso em minha mente já não fosse o suficiente, ainda tinha que me preocupar com minha amiga, que se mudaria de volta para sua casa em apenas dois dias, já que o contrato da inquilina que morava em sua casa expirou. Liguei para Hinata, pedindo que ela tentasse convencer Ino de continuar morando comigo, mas ela também não obteve sucesso algum com isso.

 

   De certa forma eu a entendia, ter sua privacidade de volta era uma coisa importante para ela. E mesmo querendo que ela continuasse comigo, também sentia falta de estar sozinha e poder fazer tudo do meu jeito sem ter que ouvir ela gritando pelos cantos da casa, sem contar com o fato de que com a saída dela ia poder saber onde meus pentes estão, já que ela sempre os pegava e espalhava pela casa a fora, ao invés de devolver ao local de origem.

 

Eu só esperava que ela estivesse mais esperta agora, e que parasse de achar que todo cliente era bonzinho, porque isso era mentira. Eles só querem que cumpramos nosso trabalho com destreza, para poderem se sentir satisfeitos e mais nada. Assim como qualquer patrão!

 

   Mas já que temos o direito de escolher com quem ficaremos, então devemos fazer isso da melhor forma possível. E hoje, durante nosso café da manhã, acabei por ter uma séria conversa com Ino, dizendo para ela tomar cuidado com quem se envolve. É claro que não podemos prever quando um "Orochimaru" vai aparecer em nossas vidas, mas ao primeiro sinal disso tínhamos que estar prontas para sair fora. Ela, teimosa como sempre, disse que já sabia de tudo isso há muito mais tempo que eu, e só arqueei uma sobrancelha acusadora para ela, até porque ela caiu em uma situação ainda pior do que a que eu tive que enfrentar, só por ter acreditado demais em um cliente.

 

   Enfiei minha mão direita dentro de minha bolsa, pegando minha carteira para pagar o taxista. Gaara disse que queria muito me trazer até o restaurante, mas teve que cuidar de algumas coisas de sua empresa, então ficamos de nos encontrarmos a noite, já que combinávamos sempre, só que nunca conseguíamos, ou ele tinha um imprevisto, ou eu, e com isso acabamos nos acostumando com alguns amassos no carro, quando nos víamos.

 

Passei a mão pelo meu vestido, vendo o carro branco indo embora, enquanto eu tentava parecer o mais firme e sofisticada possível. Essa reunião acabou demorando bem mais do que eu esperava, nunca imaginei que as coisas eram tão complicadas, mas tudo parecia estar se ajeitando.

 

   — Será que eles já chegaram?

 

   — Não sei, Ino! Espero que sim! — Minha amiga não queria vir comigo, mas depois de eu ter insistido muito, por me sentir insegura de ter que ficar em uma mesa com dois advogados, ela acabou aceitando.

 

 — Você sabe como eles são pelo menos? — Ela cruzou os braços, intrigada.

 

   — Não, né! Eles são advogados, não clientes que Mei manda as fotos para podermos identifica-los!

   

— Nossa... Que patada! — Abri um sorrisinho de canto, enquanto entravamos no restaurante, e ainda de longe pude ver dois homens de terno e gravata, sentados na mesa sete, a que havíamos combinado de nos encontrar.

 

 — Que nervoso! — falei por entre os dentes, para que apenas minha amiga pudesse saber que eu tinha dito algo.

 

 — Vai dar tudo certo! — ela falou confiante, virando seu rosto como se estivesse olhando por cima de seu ombro, também para que não vissem que ela estava cochichando comigo. Os dois homens se levantaram de suas cadeiras, assim que paramos em frente à mesa.

 

 — Boa tarde! — Ele estendeu a mão, e nós duas fizemos o mesmo, criando uma situação um pouco constrangedora, mas recuei, deixando que Ino o cumprimentasse primeiro enquanto eu ria sem graça. Demos, cada uma de nós, um aperto de mão no outro também, nos sentando em seguida.

 

  — Imagino que você seja a Sakura! — Sai falou, com um olhar nada discreto para minha amiga.

 

   — Não! — Iniciou meu advogado, olhando o outro de canto de olho. — Esta é a Sakura! — Sorri sem graça para ele, e por um motivo ainda desconhecido, Ino me deu um beliscão. Ela sempre fazia isso quando queria me chamar minha atenção para alguma coisa, mas nesse momento não via nada que me parecesse estranho ou suspeito, além do fato de estarmos todos atrapalhados.

   

— Como poderemos resolver isso? — questionei por fim, tentando puxar todos para o motivo de estarmos ali.

 

   — Ontem Sai e eu nos encontramos para trocarmos informações. No início achei que por você ser... — Shikamaru olhou para mim com mais seriedade ainda, e me senti extremamente desconfortável com isso. — ... por você ser uma acompanhante, receber essa herança poderia ser complicado.

 

   — É, mas para sua sorte, meu cliente nunca foi casado, não tem filhos e nem parentes próximos, portanto não tem ninguém para protestar o seu direito sobre o bem deixado para você. — Ino e eu nos olhamos, minha amiga estava com um largo sorriso no rosto, mas eu estava séria. Não sabia, na verdade, se estava realmente feliz com o que Sai disse. Fiquei pensando no enterro de Jiraya, o qual não compareci, e por esse motivo me senti muito mal, imaginando se a capela em que ele foi velado estaria vazia, ou se teria alguns pingados de gente, ou se...

 

   — Alguém foi no enterro? — Quando percebi já tinha perguntado, olhei para Sai, me sentindo inconveniente, mas ele não pareceu se incomodar. Já fazia tempo desde que Jiraya havia falecido, mais de três meses na verdade, só que nunca tive a oportunidade de falar com ninguém sobre isso.

 

   — Tinham muitas pessoas, tanto ex-alunos, colegas de trabalho e alguns amigos. — Relaxei minha face, percebendo só agora o quão rija estava.

 

   — Pelo que entendi, você não foi ao enterro. E talvez isso seja algo bom! — Olhei nos olhos de Shikamaru, tentando desvendar o que suas palavras realmente significavam.

 

   — Como assim isso foi bom? — Ino perguntou confusa, e ele a olhou, a fim de explicar:

 

   — Talvez se algum amigo do Jiraya não ficasse contente em a ver por lá, poderia entrar com um processo para congelar o bem que ela recebeu, alegando que ele não estava bem quando tomou a decisão de deixar o Iate para você.

 

 — Que absurdo! — Minha amiga sussurrou. — Mas é viável para ela manter esse bem?

 

    — O meu cliente manteve todos os impostos sobre o Iate em dia, ele era muito cuidadoso com suas coisas. Mas devo te dizer que manter um bem material como esse requer um pouco... de dinheiro. — Eu já imaginava isso. Pensei sobre o quanto ele deveria gastar com manutenções, no dia que ele me levou para ir passear no Iate com ele, e Sai só me confirmou o que eu já sabia.

   

— O que acha que devo fazer? — perguntei olhando para o meu advogado.

 

   — A documentação do Iate está em dia, assim como todos os impostos, o conselho que tenho a te dar; é que você o mantenha. — Arregalei os olhos para Shikamaru, me sentindo insegura. — Mas faça isso por um curto período, para ao menos você se familiarizar com o bem, saber seu real valor no mercado, e descobrir sobre potenciais compradores. Dessa forma você não tem risco de fazer um negócio errado, ou mal pensado. — Nesse momento me senti feliz por estar pagando um advogado tão bom quanto ele. — Se estiver tudo bem para você, já iremos iniciar a transferência do bem para o seu nome. — Acenei positivamente para ele, contendo um sorriso de satisfação em meus lábios, simplesmente por não achar apropriado dada as circunstâncias.

  

 Fizemos um pedido ao garçom, para almoçarmos todos juntos, comemorando assim o sucesso a transação do bem, agora era só esperar que toda a documentação ficasse pronta para eu poder assinar. Mas Sai advertiu que isso poderia levar um bom tempo, já que estava fazendo o levantamento dos bens de Jiraya que tinha deixado algumas outras coisas em nome de seus amigos.

  

Enquanto comíamos, Shikamaru me falava sobre todo o processo, me explicando o porquê e para quê de todo esse cuidado. Enquanto isso, Ino e Sai discutiam algo ao nosso lado, minha amiga parecia empolgada demais, e isso gerou suspeitas em minha mente, já que ela só costumava ser animada quando estava comigo e Hinata.

 

   Assim que terminamos nossa refeição, a qual fiz questão de pagar, nos levantamos da mesa, e Sai entregou um cartão com seu nome nas mãos de minha amiga, que de uma forma engraçada acabou ficando toda vermelha de vergonha. Na verdade, gostei muito de ter visto isso, pois o único homem que a deixava desse jeito era seu ex-namorado, Kiba.

 

Nos despedimos, e ficamos na frente do restaurante esperando o táxi, logo ao lado dos dois advogados que insistiram em aguardar conosco. Quando o carro chegou, agradeci várias vezes por tudo o que eles tinham feito, e entrei no veículo.

 

   — O que foi aquilo? — falei empolgada, logo após fechar a porta do carro.

 

   — Aquilo o quê?

 

   — Ah... você sabe! — Dei um cutucão em seu braço, e ela olhou para mim com o rosto corado, e um sorriso que não conseguiu mais conter.

 

 

 — Amiga, ele é um fofo! — Ela abraçou sua bolsa cor da pele, como se estivesse segurando um urso de pelúcia em suas mãos, e em sua voz havia uma empolgação contagiante, como a de uma criança.

 

   — Sobre o que vocês ficaram falando? Confesso que tentei ouvir, mas não estava entendendo nada com o Shikamaru me explicando sobre os documentos!

 

— Sobre várias coisas! — Ela mordeu os lábios, parecendo se perder em seus pensamentos.

 

— Vê se não vai fazer besteira! — Ela era uma mestre em cair nas armadilhas do coração, e eu sabia que minha advertência não teria muita serventia, mas mesmo assim tive que falar.

 

   Enquanto seguíamos para casa, ela ia me passando um detalhado relatório sobre sua conversa com o homem, e eles realmente tinham pontos em comum. — Dois cabeças de vento! — brinquei, quando ela disse que ele comentou ser azarado no amor, e já ter sido abandonado no altar por sua ex-noiva. E enquanto ela falava eu ficava me perguntando por quanto tempo tínhamos ficado realmente naquele restaurante, já que ela parecia ter tido uma conversa de uma vida com Sai.

 

   Descemos do táxi e peguei meu celular para ver que horas eram, minhas mãos chegaram a suar, pois já estava quase dando duas e meia da tarde, o horário que havia combinado com Susanoo para nos vermos hoje. Fiquei inquieta, e enquanto subíamos o elevador eu ia batendo meu pé direito, como se contasse os segundos com isso. Ino percebeu minha agitação, mas não falou nada, provavelmente ainda pensando na conversa que teve com o advogado.

 

   Eu só esperava que minha amiga não tivesse seu coração machucado mais uma vez, e que ela também não o fizesse sofrer. Pensei, inclusive, em perguntar se ela havia contado para ele o que ela faz para sobreviver, mas resolvi não fazer isso e iniciar uma conversa sobre moralidade desnecessariamente, sem contar com o fato de que estaria me jogando na berlinda se fizesse isso, já que seguimos a mesma profissão.

 

   — Calma! — ela falou, tomando a chave do apartamento da minha mão trêmula, para abrir a porta em meu lugar, e eu apenas sorri sem graça. — Vai encontrar aquele cliente da internet, né? — Senti minhas bochechas queimarem ao ouvir isso, entrei calada no apartamento, fechando a porta atrás de mim.

 

 — Acho que vou me atrasar, tenho que tomar um banho ainda! — Joguei minha bolsa em cima do sofá, e comecei a ir em direção ao meu quarto, já arrancando minha blusa do meu corpo.

 

  — Já estou começando a pensar que você está viciada em internet! Depois que você começou com esse serviço, não sai mais do computador! — ela falou me seguindo, enquanto eu lutava contra o jeans lavado que insistia em não querer sair das minhas pernas.

 

   — Não estou viciada! Eu só não gosto de atrasos!

 

   — Até aparece! — Sua voz saiu em um tom irônico e baixo, enquanto eu tirava minhas peças íntimas dentro do banheiro, que deixei com a porta aberta para terminar aquela discussão.

 

 — É sério Ino!

 

   — Sakura, você ficou a madrugada toda no computador, por isso acordou com uma cara de sono daquelas! Aposto que era com aquele tal de Susanoo que estava, aliás, acho que você só tem ele como cliente virtual, não é? — A voz dela estava sendo cortada pelo barulho do chuveiro, mas não o suficiente para que eu não pudesse ouvir o que ela tinha dito.

 

   — Sim! Só tenho ele como cliente, mas o que isso tem a ver? Ele que paga minhas contas! — disse por fim, desligando o chuveiro, após terminar meu banho de gato.

 

   — Eu sei! Mas ele não é seu único cliente, você tem clientes que se encontram pessoalmente com você, te pagam mais, mas mesmo assim você parece dar preferência para ele. — Saí de dentro do banheiro, ouvindo suas palavras finais acompanhadas de um olhar desconfiado dela, e respirei fundo, enquanto tentava contabilizar quanto Susanoo já tinha gastado comigo nesses últimos dois meses e meio, nos víamos quase todos os dias, quase sempre duas vezes por dia, sendo que o programa pela internet saia a quinhentos reais.

 

 — Isso é coisa da sua cabeça! — Joguei minha toalha em cima da cama, indo em direção ao meu guarda-roupas a procura de uma lingerie bem sexy. — E se não quiser presenciar tudo o que está para acontecer é melhor ir arranjar alguma coisa para fazer! — Levantei em minhas mãos uma camisola vermelha rendada, com uma fenda nas costas e dei uma piscadinha para ela, que apenas sorriu de volta.

 

 — Você é chata, Sakura! — ela falou brincando, fechando a porta do meu quarto logo após sua retirada.

 

   Olhei as horas em meu celular, e já eram duas e trinta e três, vesti a camisola rapidamente, e por um motivo estranho corri até a penteadeira e passei um perfume. Depois fiquei me achando uma tola, enquanto ligava o notebook, já que ele não teria como sentir meu cheiro.

  

 Por saber que estava alguns minutos atrasada, tudo pareceu ficar mais lento. Meu computador pareceu demorar um século para ligar, atualizar e abrir meu navegador, e quando entrei no site de acompanhantes não estava conseguindo realizar meu loguin, coloquei a senha errada duas vezes, quase bloqueando meu acesso. Respirei fundo e tentei mais uma vez, conseguindo visualizar minha conta com sucesso agora.

 

   Assim que a página atualizou, um barulho de alerta tocou. Era uma mensagem que tinha recebido de Susanoo. Senti como se uma corrente elétrica estivesse passando pelo meu corpo, e, eufórica, abri a caixa de mensagens, ajustando minha tela antes de lê-la. Mas quando voltei a encarar para o bate-papo fiquei intrigada ao ver que ele não estava online.


    Nossas noites juntos têm sido ótimas, assim como tenho gostado de passar uma parte da tarde com você, mas infelizmente hoje terei um compromisso que não posso faltar. Ainda assim, já realizei seu depósito, já que tínhamos um encontro agendado, e seu tempo foi perdido. Até amanhã.

 

— Até amanhã? — Joguei meu corpo sobre a cama, franzindo minha testa por conta da decepção que tive ao ler aquilo. — Até amanhã — repeti em um sussurro novamente.

 

  Desde a segunda vez que ficamos estávamos nos vendo duas vezes por dia, uma a tarde, outra no findar da noite, e ele além de faltar comigo hoje à tarde, pelo jeito também não ia poder me ver antes de eu ir dormir. Isso me incomodou de uma maneira terrível, deixando um aperto em meu coração, era como se eu estivesse vazia e solitária mesmo com várias outras pessoas ao meu redor. Já tive essa sensação antes, durante os primeiros meses quando cheguei em São Paulo, mas depois de tudo que fiz para me tornar mais forte, não imaginava que esse sentimento voltaria a tomar conta de mim mais uma vez.

  

 Me virei de lado, encolhendo meu corpo e abraçando minhas pernas. Nada, além de sua mensagem se passava em minha mente, até que, me recordei das palavras de Ino: "Você parece dar preferência para ele". Sim! Talvez eu faça isso mesmo, e sequer sabia realmente o porquê, já que ele nunca me deixa confortável e sempre me trata de forma intimidadora, mas ainda assim ele parecia não querer sair da minha cabeça. Talvez isso também fosse por estarmos conversando mais, nos aproximando, talvez.

 

   Fechei meus olhos, tentando mais uma, de outras milhões de vezes, imaginar como seria seu rosto. Sua voz grave e máscula ecoava em minha mente, e para mim isso era o suficiente para que eu já pudesse imaginá-lo como um homem lindo e atraente. Seu corpo era a única coisa que realmente conhecia, ou era o que pensava ao menos, já que sua imagem no computador podia ser influenciada por iluminação, posicionamento da câmera e, claro, minha imaginação!

  

Acordei com o som do despertador em meu celular, e o som baixo de uma música que vinha do quarto de Ino. Estiquei minha mão até o canto superior da cama, alcançando meu aparelho, que indicava em seu visor o compromisso do dia.

 

   Dei um pequeno sorriso, apoiando o celular na base de meu queixo, me sentindo feliz por poder experimentar essa noite com alguém escolhido por mim, sem interesse financeiro algum. Permaneci nessa mesma posição, me perdendo em pensamentos. Queria saber como ele estava, e se ele se sentia tão ansioso quanto eu para nosso encontro. Mas apesar de tudo, não sabia se meu interesse por ele era movido por algum sentimento, senão o da amizade, mas isso não me impedia de querer saber como seu desempenho sexual era. Dei um tapa em minha testa, por minha perversão, mas concordei comigo mesma que isso era algo normal!

 

   — Saaaakuuuraaa? Você não vai sair daqui a pouco? — Abri ainda mais meu sorriso, Ino parecia estar mais ansiosa para meu encontro do que eu mesma, principalmente depois de eu tê-la confidenciado que perdi minha virgindade com alguém que sequer conhecia, simplesmente para poder me tornar uma acompanhante. Dei um pulo da cama ao ouvir ela abrindo a porta do quarto com força.

 

   — Anda! A roupa não vai entrar no seu corpo sozinha!

 

 — Calma, calma! Eu acabei de acordar! — Fui me levantando devagar, ajeitando a camisola vermelha que ainda estava em meu corpo.

 

   — Ué, o cara da internet só queria conversar hoje?

 

   — Não! Ele nunca quer só conversar! — Peguei minha toalha, que ainda estava úmida por conta da última vez que a usei, e caminhei em direção ao banheiro, tentando parecer indiferente ao que ia dizer: — Ele não pôde me ver hoje!

 

   — Hum... — Encostei a porta do banheiro, deixando apenas uma fresta aberta, pensando em tomar um banho descente agora. — Já sabe o que vai vestir?

 

   — Estava pensando naquele vestido azul, com a barra rendada! — Peguei um esfoliante da gaveta do banheiro e liguei o chuveiro em seguida, já preparando a bucha para me esfregar decentemente.

 

   — Aquela coisa brega? — gritou com desdém.

 

   — Esse vestido foi caro! — falei por entredentes, enquanto esfregava meu calcanhar.

   

— É, mas eu não pagaria nenhum centavo por ele. Aff! Não tem jeito, vou ter que escolher uma roupa para você usar!

 

 — Nada muito periguete, por favor!

 

   — Pode deixar! — Essa resposta dela me deixou um pouco preocupada, mas confiava em minha amiga. Ela conhecia meus gostos como ninguém, e sabia que iria achar algo interessante para essa noite.

 

   Só esperava que tudo desse certo, e que eu conseguisse me focar no que realmente importava. Sabia que ultimamente estava fora do meu normal, evitando ao máximo minha professora da faculdade, que insistia em passar olhares piedosos em minha direção. Mas de alguma forma, ela parecia realmente querer me ajudar, porém meu orgulho estava falando mais alto em meu coração.

 

   Depois de mais alguns minutos no banho consegui enfim me sentir limpinha de verdade, o cheiro doce do esfoliante estava por todo lugar, e meu corpo até estava vermelho por conta da minha vontade de estar o melhor possível para esta noite. Peguei minha toalha, me enxugando o mais suavemente possível, e apesar de tudo não estava me sentindo nervosa, apenas ansiosa.

 

— Não! Mas pode deixar que depois te conto tudo!

 

— Quem é? — perguntei para Ino, que estava com o celular entre sua orelha direita e seu ombro, enquanto ela colocava, com perfeição, um vestido rosa em cima da cama. Até na lingerie ela tinha pensado, que era da mesma cor do vestido, com uma renda de florzinha discreta. Estava realmente perfeito.

 

   — Hinata! — ela sibilou para mim.

   

— Ei, Hina! Estou com saudades! — gritei próximo ao ouvido de minha amiga, vendo uma cara feia dela em seguida.

 

 — Ela disse que também! Mas se quiser falar com ela, tem que ligar você mesma! — Mostrei minha língua para ela, enquanto ia pegando meu creme corporal do guarda roupa. — Tá bom! Até mais! — ela concluiu.

 

   — Ela que ligou?

   

— Não! Fui eu! Ela disse para avisar caso você fosse sair hoje mesmo, disse que está torcendo por você!

 

   — Vocês duas não prestam!

 

   — Ela está ajudando sua mãe a preparar as coisas para o aniversário de casamento dos seus pais! — Ela pegou uma sandália preta, posicionando-a próximo ao vestido, observando como se fosse uma estilista, para ver se ia ficar bonito. Vesti o conjunto de calcinha e sutiã, olhando para a faixa que o vestido possuía, ele tinha um ar de vestidos dos anos sessenta, com um decote proeminente, apertado no busto e cintura, com uma saia mais aberta. A única diferença é que ele era bem mais curto do que os vestidos que se usavam nessa época.

 

   — Queria estar lá para ajudar — falei por fim, começando a pentear meus cabelos, mas Ino fez uma cara de desaprovação e pegou o secador para me ajudar.

 

   — Se vestir a roupa assim, vai molhar tudo!

 

   — Ok mamãe! — Ela pegou o secador do guarda-roupa e o ligou, sacudindo meus cabelos com as mãos, enquanto os secava. E eu permaneci o mais quieta possível, me sentindo triste por não estar apaixonada, pois assim talvez estaria realizando o desejo dela e de Hinata.

 

   Depois que ela terminou, coloquei meu vestido, e quando peguei minha maleta de maquiagem, Ino insistiu para que ela me maquiasse. Acabei deixando, desde que ela fizesse uma coisa neutra e delicada. Quando ela ainda estava na metade de seu trabalho como maquiadora, meu telefone tocou. Ela me olhou com um grande sorriso nos lábios, e eu fiz o mesmo, arregalando um pouco os meus olhos.

 

   — Vê logo quem é! — ela falou, colocando os pincéis em cima da toalhinha. Eu me levantei, indo até o criado mudo e pegando meu aparelho, mas meu coração falhou quando vi o nome de Susanoo na tela.


                                                                        Quero ver você.

 

Meu coração estava acelerado, e eu não sabia o que fazer. Ino estava com um copo de água em sua boca, esperando que eu dissesse qualquer coisa, mas eu só conseguia tentar imaginar o que responder para ele.


                                                            Agora não dá!


      — É ele? — Ino enfim perguntou. — Espero que esse encontro dê certo, meu Deus, vocês enrolaram demais para sair. Não sei quantas vezes desmarcaram! — ela disse, abismada.


                                                     Só um pouco.


   — Não! Ino, pode me dar só um minuto? — Olhei para o espelho, vendo que só faltava o blush e o batom para terminar minha maquiagem. — Pode terminar rapidinho, por favor? — Ela me passou um olhar desconfiado, mas pegou um pó cor de rosa e passou em meu rosto com aspereza, tentando mostrar o quão chateada estava.

   

— Quem é, Sakura? — Tremi com sua pergunta, mas não poderia mentir para ela.

 

— Susanoo! — Ela balançou a cabeça negativamente para mim, enquanto pegava um batom nude de minha maleta.

 

   — Não faça besteira! Daqui a pouco seu amigo chega. — Balancei minha cabeça afirmativamente, enquanto passava meus lábios um no outro para poder uniformizar o batom.
  

Só um pouco!


            Escrevi, enquanto Ino ia saindo do meu quarto e fechando a porta. Me sentei de frente para o computador, que estava no canto do meu quarto, já de volta ao seu local habitual, provavelmente fora Ino que o colocou ali, enquanto eu tomava banho. Mas ao me sentar, meu telefone tocou. Era uma chamada de vídeo, e isso me deu uma grande esperança de poder ver enfim o rosto dele.

 

  A tela estava meio quadriculada, e um som clássico tocava ao fundo do lugar. A posição dele pareceu ter sido extremamente planejada, já que a luz era tão forte que não conseguia ver seu rosto, apenas uma mecha de seu cabelo preto. Na verdade, isso já me fez ficar um pouco feliz, pois nem isso eu sabia como era.

 

   — Vai sair?

 

   — Daqui a pouco! — Ele ficou mudo por um instante, e eu estava louca para dizer alguma coisa, mas nada se formava em minha mente.
 

 

— Estou em uma exposição, aqui está bem chato.

 

— Você deveria tentar se distrair um pouco, conversar com alguém legal, talvez assim a noite fique mais interessante. — Me senti uma idiota após me dar conta do que eu havia falado, praticamente estava dizendo para ele encontrar uma mulher por lá, aonde quer que fosse esta exposição.

 

— Acho que você está com mais sorte do que eu nesse quesito. Nunca te vi tão arrumada. — Sua voz carregada um pouco de rancor, e me senti valorizada com isso.

 

— Não sei bem se estou com sorte — sussurrei, pensando se o que eu estava prestes a fazer era realmente certo.

 

   — Que horas você vai chegar?

 

   — Não faço ideia!

 

  — A festa que estou deve acabar por volta da meia noite, uma hora da manhã nos vemos!

 

   — Nossa, está tudo muito bonito! — uma voz feminina falou, e ele tirou o foco da câmera do telefone, o movendo de lado.

 

   — Nos falamos mais tarde.

   

— Espera! — Como sempre, ele desligou primeiro, me deixando no vácuo como costumava fazer quase todos os dias. — Que droga! — falei me levantando chateada da cadeira. Tinha uma mensagem nova em meu celular, mas sequer tive o trabalho de ver o que era. Estava furiosa, mas ao mesmo tempo criando desculpas para o que ele tinha feito, afinal, alguém tinha chegado perto dele, e apesar de ele não ter dito que era casado ou sequer usar uma aliança, isso não significava que ele não tivesse ninguém. Até por que a maioria dos homens que procuram acompanhantes estão em algum tipo de relacionamento.

 

   Saí do quarto chateada e quando já ia passando direto para a cozinha ouvi a voz de um homem, e fiquei extremamente sem graça, tratando de colocar um sorriso amarelo em meu rosto, enquanto via minha amiga me passando um olhar quase que desesperado. Ela provavelmente estava inventando alguma desculpa para eu não ter notado que ele tinha chegado.

 

   — Não disse! Ela estava se arrumando! — Segui em direção a ele, passando a mão pelo meu vestido.

 

   — Você está linda! — Minhas bochechas arderam, e fiquei ainda mais encabulada ao sentir sua mão pousando em minha cintura, enquanto ele selava sua boca na minha delicadamente.

 

   Olhei envergonhada para minha amiga, que estava com as mãos unidas próximo ao seu rosto, como se estivesse fazendo uma oração. E ele estava extremamente elegante, com um terno bem cortado, e um perfume levemente amadeirado.

 

   — A gente já vai, amiga, qualquer coisa me liga! — Estendi minha mão, para que ela pegasse minha bolsa, que ainda estava em cima do sofá, jogada do mesmo jeito que quando cheguei da reunião com os advogados.

 

   — Boa noite para vocês!

 

 — Boa noite! — disse Gaara, segurando em minha mão, e dando passagem para que eu saísse primeiro pela porta.


Notas Finais




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