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História A acompanhante - Sakura e Sasuke (Sasusaku) - Contagem regressiva


Escrita por: Karimy

Notas do Autor


Oi pessoas!!! Tudo certo???


Então... várias expectativas rolando, muita raiva, mas não é pra menos. A nossa personagem principal está passando por maus bocados, tudo parece estar desmoronando ao seu redor.
A verdade é, que o que ela está vivendo já aconteceu com muitas outras pessoas, com garotas que leem a história inclusive.
Obrigada a todas vocês que comentaram, mandaram suas opiniões sobre o capítulo anterior, assim também como as gurias que me mandaram mensagens no privado. Fico feliz por saber que vocês estão gostando da história. Obrigada por todo apoio e carinho.

Espero que gostem! :*

Capítulo 24 - Contagem regressiva


Minha mente ficou completamente embaralhada e, de repente, eu podia me ver conversando com ele mais uma vez, há um mês...

 

Estávamos ofegantes, meu coração acelerado e minha munheca doía por conta do tempo em que fiquei me masturbando para ele. Com Susanoo não era muito diferente, apesar de não poder ver seu rosto, podia ouvir sua alta respiração, assim como sua barriga que levantava e abaixava mais rápido do que o normal e o suor escorria em sua pele alva.

 

Apoiei meus cotovelos no colchão e fechei minhas pernas, para ter um melhor ângulo da tela do computador. Já tinha se passado uma hora e meia desde que começamos, sendo que o horário do programa era de uma hora, mas não estava preocupada, já que mesmo se tivéssemos passado apenas cinco minutos, ele me pagaria por isso, sempre fazia questão.

 

— Está cansada? — ele perguntou, e eu me esforcei mais um pouco para me sentar na beirada da cama.

 

— Muito! — Ele soltou uma gargalhada. — A faculdade está me matando!

 

— Você gosta mesmo da graduação que escolheu fazer, não é?!

 

— Sim! queria ter um controle remoto, para poder avançar no tempo e chegar logo no dia da minha formatura!

 

— Eu já vi esse filme, o cara se dá muito mal por usar tanto o controle!

 

 — Então, você gosta de filme de comédia? — questionei em meio a um sorriso, me deitando de lado no colchão.

 

— Não muito. Mas vejo às vezes.

 

— Você tem uma cicatriz — falei, estreitando meus olhos para tentar enxergar um pouco melhor. Já tinha visto isso antes, mas nunca tive coragem de perguntar.

 

— Humm? — Ele pareceu confuso por um instante, mas logo depois passou a mão na pequena marca que tinha embaixo de seu peito. — Tenho muitas! — ele disse, soltando uma risada gostosa, e eu acabei abrindo um sorriso ao ouvi-lo.

 

— Você deveria ser uma criança terrível, Susanoo! — Ele riu ainda mais, se ajeitando na cadeira, chegando mais perto da câmera. Eu queria tanto poder ver seu rosto, como ele se parecia, mas infelizmente ele continuava a se esconder.

 

— Não muito, na verdade... um pouco, talvez! — Dessa vez quem riu foi eu. Ele estava com um excelente humor, e eu estava feliz por isso, feliz por poder vê-lo, já que ele tinha me mandado uma mensagem hoje cedo dizendo que talvez não pudéssemos nos falar.

 

— Deveria deixar sua mãe louca! — Ele levantou os braços, se espreguiçando na cadeira, estava tão confortável por saber que eu estava olhando para seu corpo nu, que minha admiração só aumentou por conta de sua desenvoltura.

 

— Quando eu tinha sete anos, inventei de fazer uma surpresa para ela. Ela tinha um canteiro de rosas brancas, que amava, então achei que se eu fizesse um buquê ela fosse gostar... — Ele soltou uma curta risada, como se estivesse buscando os fatos em sua memória, e eu estava feito uma boba, com um sorriso de canto a canto, ouvindo. — Eu peguei todas as rosas do canteiro, me cortei todo com os espinhos... Você tinha que ver a cara dela, quando me viu entrar em seu quarto com todas aquelas flores, sangue e terra na roupa. Ela nunca teve olhos tão grandes quanto naquele momento.

 

— E o que ela fez?

 

— Bom... ela levantou da cama em um pulo, tomou as rosas das minhas mãos e colocou em cima da cama. Eu fiquei sem entender porque ela tinha feito aquilo, perguntei se não tinha gostado do presente... ela disse que amou! Meu pai que me castigou depois! Foi assim que ganhei essa cicatriz. — Ele tornou a alisar o local com a mão. — Fui correr dele e acabei caindo em cima de um jarro de flores. Irônico, não?!

 

— O seu pai era bravo então? — questionei.

 

— Ele era um homem muito sério. Não tinha muito tempo pra ficar com a família.

 

— Entendo...! Meus pais são incríveis.

 

— Moram com você?

 

— Oh, céus! Não! — gargalhei, apontando para ele a lingerie que estava usando. — Se eles morassem comigo, já teriam tido um ataque cardíaco só por desconfiarem sobre meu trabalho.

 

— Não pretende falar para eles?

 

— Eu quero levar essa parte da minha vida pro túmulo! — disse um pouco mais séria, voltando a me sentar.

 

— Achei que gostasse do que faz.

 

— Bom... paga minhas contas, meu apartamento. Então...

 

— Isso quer dizer que na primeira oportunidade que você tiver de conseguir algo melhor, vai parar com o serviço de acompanhante?

 

 Balancei minha cabeça positivamente, me sentei e escorei meus cotovelos na escrivaninha.

 

— Tem pouco tempo que faço isso — sussurrei. — No meu primeiro dia, nossa... estava mais nervosa do que eu possa tentar descrever. Me encontrei com um cliente bem mais velho do que eu, mas para minha felicidade ele não aparentava, sabe? — Abaixei minha cabeça, começando a fazer círculos em cima da escrivaninha com o dedo enquanto falava. — Foi bem estranho, porque quando eu entrei no hotel, nós jantamos com um amigo dele, que estava acompanhado por outra acompanhante da mesma companhia que eu.

 

— Tem tempo isso?

 

— Cerca de sete meses.

 

— Continua. — Fiz que sim com a cabeça e me sentei direito, olhando para a tela do computador.

   — Essa garota não fazia ideia da minha realidade, do motivo de eu ter entrado pra essa vida, mas no dia em que me conheceu já implicou comigo, e quando a vi no restaurante foi a mesma coisa. Ela fazia de tudo para me perturbar, e o pior é que ela estava acompanhando um dos caras mais bonitos que eu já tinha visto, sabe... Só que ele também não valia um centavo. A noite só não foi pior porque meu cliente, apesar de tudo, ainda foi gentil comigo. — Ele ficou em silêncio, e eu já estava me sentindo uma idiota por ter falado sobre isso com ele.

 

— Como assim, apesar de tudo?

 

— Ele gostava... de coisas diferentes! — disse, arqueando minha sobrancelha direita.

 

— Eu também gosto de coisas diferentes — ele falou.

 

— Certo! — disse, balançando a cabeça afirmativamente. — Mas acontece que aquela foi a segunda vez em que transei na vida.

 

— Sério? — Ele se mexeu na cadeira, parecendo incomodado.

 

— Sério — sussurrei. — Eu precisava do dinheiro, meus pais não tinham como bancar minhas despesas aqui em São Paulo, e como todos sabem, a economia do País não está muito boa. Eu não estava conseguindo emprego nenhum... essa foi minha última saída.

 

— E seu namorado? Quero dizer, você disse que só tinha feito sexo uma vez na vida quando começou com isso. — Abri um enorme sorriso, sentindo um desespero em meu peito, pensando se deveria ou não contar esse detalhe também...

 

— Eu perdi minha virgindade uma semana antes de começar nesse trabalho. — Ficamos em silêncio por um tempo, e aproveitei isso para me xingar internamente por ter falado tudo isso para ele. Susanoo não precisava saber de nada disso.

 

 — Se arrepende? — ele perguntou, quebrando o silêncio, escorando seus cotovelos na sua mesa, ficando com o peito bem perto da câmera.

 

— Não... quero dizer, não é o que eu queria para minha vida, mas não tenho do que reclamar. Minha primeira vez foi com um total e completo desconhecido, e sequer disse para ele que eu era virgem.

 

— Ele não te machucou?

 

 Fiz que não com a cabeça.

 

 — Na verdade ele foi incrível comigo, conseguiu me fazer gozar mesmo em meio ao incomodo que tudo aquilo era. — Ele deixou seu corpo cair na poltrona outra vez. — Eu precisava muito do dinheiro. Não ia desistir da minha faculdade, sabendo que ainda tinha algo que eu poderia fazer.

 

 — Eu perdi minha virgindade com uma secretária que meu pai tinha!

 

— Mentira! — gritei, explodindo em gargalhadas depois.

 

— Não ri, é sério! Isso me deu um problemão! — ele disse totalmente descontraído. — Eu tinha quinze, mas parecia ser mais velho. A mulher era uma pervertida, então teve uma festa de natal na galeria...

 

— No natal?

 

— Isso! — ele disse rindo, e sua barriga subia e descia fortemente, acompanhando o ritmo de sua gargalhada. — A mulher bebeu, ficou muito louca, e nisso eu estava no escritório do meu pai, com uma dor de cabeça horrível. Ela entrou e ficou falando coisa com coisa, até que sentou no meu colo. Eu sou homem, né! Acordei no outro dia com meu pai olhando para minha cara, enquanto eu estava deitado no sofá do seu escritório. Até aí tudo bem... O problema foi explicar pro meu pai o que uma camisinha estava fazendo embaixo do sofá dele!

 

— Nossa! Que situação!

 

— Você não faz ideia!

 

 Conversar com ele nunca tinha sido tão fácil, isso fez com que eu tivesse vontade de prolongar o assunto.

 

— Você falou que gosta de coisas diferentes...

 

— Sim! E você?

 

— Não sei... depende do que possa ser diferente para você. — Ele colocou a mão em cima de seu pênis, estava começando a ficar excitado de novo. Era incrível, ele tinha muito fogo!

 

— Gosto de amarras, gosto de vendas, de chicotes, de dar palmadas. Também gosto de velas, coleiras... desse tipo de coisas. E você?

 

— Também gosto! Mas nunca experimentei as velas, nem todos os tipos de chicote, na verdade tenho um pouco de medo ainda.

 

— Mas gosta?

 

— Sim! — disse umedecendo meus lábios, vendo seu pau completamente duro, enquanto ele o alisava.

 

— Eu gostaria de poder testar seus limites.

 

— Eu gostaria que você testasse os meus limites! — repeti, com um sorriso nos lábios, enquanto passava minha mão esquerda em meu seio, por cima da camisola.

 

— Droga, garota, você me deixa louco desse jeito! — ele disse, vendo minha mão direita alisando minha boceta.

 

— Queria você aqui! — falei sinceramente, deitando na cama, repousando minha cabeça no travesseiro para poder continuar a vê-lo se masturbar.

 

— Eu também queria — ele disse entredentes, com a voz mais arrastada e rouca do que antes. Me deixando um pouco envergonhada, já que ele nunca foi de responder esse tipo de coisa, não era de seu estilo ser carinhoso.

 

Meu corpo já estava completamente quente só por ouvir aquilo e minha excitação deixava meus dedos cada vez mais molhados, enquanto eu via seu pau inchado sendo acariciado pelas mãos dele, desejando que eu mesma pudesse estar fazendo aquilo, desejando poder estar sentando em seu colo, sentindo ele todo dentro de mim, me preenchendo, me dando prazer. Porque eu sabia que ele seria capaz de me dar muito prazer, sabia porque ele fazia meu corpo inteiro incendiar só com sua voz, só com as contrações de seus músculos, o jeito cachorro, mas ao mesmo tempo amável que tinha, tudo isso só fazia com que eu o quisesse cada vez mais.

 

Eu fiquei em silêncio, me masturbando, enquanto ele fazia o mesmo para mim. Eu estava atenta a cada movimento seu, vendo com atenção sua mão descendo e subindo de seu pau, sabendo que ele também estava atento aos movimentos que eu fazia em meu ponto de prazer, o circundando com o dedo médio sem parar.

 

Ele era lindo, eu tinha certeza disso, eu não precisava olhar em seus olhos, ou ver sua face para saber. Ele era bonito porque ele estava ali, porque quando eu não gemia, ele respeitava meu momento de prazer silencioso, quando eu gemia, ele me dava ainda mais motivos para isso, urrando e soltando palavrões, como se estivesse ensandecido, para mim, por mim. Ele era lindo só por me dar atenção, mesmo sendo grosseiro as vezes, mesmo sendo indelicado, ainda assim ele nunca me tratou com descaso, ou algo do tipo. Ele era lindo, porque quando estávamos nos tocando um para o outro, sentia que meu corpo era só dele, e que o dele era meu e a prova disso era que quando ele sabia que eu estava prestes a gozar, ele simplesmente se adiantava e gozava... Como se estivesse ali simplesmente para me satisfazer.

 

Subi meu dedo melado de gozo até minha boca, colocando ele lá dentro, imaginando que o líquido que eu chupava não era o meu, e sim o dele, que agora escorria em sua mão, enquanto ele ofegava parando seus movimentos. Susanoo colocou uma toalha em cima de si, a mesma que tinha usado minutos atrás para se limpar de nossa primeira transa virtual, e ficou quieto, apenas continuamos com o mesmo silencio de antes.

 

— Qual a cor do seus cabelos? — questionei depois de um tempo.

 

— Preto — ele respondeu prontamente, e o silêncio voltou a perdurar por mais alguns minutos, até que eu voltasse a falar, deixando o que estava preso em minha garganta sair.

 

— Você é lindo, Susanoo.

 

— Não tem como ter certeza.

 

— Eu tenho — os dedos dele tamborilaram no apoio de braço da cadeira, e eu engoli em seco, vendo que já estávamos há mais de duas horas juntos.

 

— Você também é linda! — Mordi meu lábio inferior, sentindo meu coração acelerar mais um vez nessa noite.

 

Eu deveria estar ficando louca por não conseguir parar de pensar nele, deveria estar perdendo meu juízo por estar dizendo coisas sobre minha vida para ele, pior, deveria estar desvairada por estar me apaixonando por ele. Justo por ele, que sequer sabia realmente como era, nem mesmo sabia se ele era mesmo uma boa pessoa. Mas eu não tinha o que fazer, a não ser continuar fingindo que estava tudo bem, e que ele era apenas mais um cliente.

 

— Boa noite, Sakura.

 

— Boa noite! — sussurrei, assustado por ele ter se despedido, coisa que nunca fazia, vendo o corpo dele se inclinando um pouco para frente, antes que a tela de chamada se fechasse.

 

Entrelacei meus dedos em meus cabelos, fechei meus olhos e tentei, pela centésima vez, imaginar como ele deveria ser. Só que por mais que eu me esforçasse, eu não conseguia imaginar seu rosto, não conseguia imaginar nem mesmo como reagiria caso ele resolvesse me mostrar sua face. Talvez Ino estivesse mesmo certa em sempre ficar tentando me afastar da internet, talvez eu estivesse ficando viciada, talvez eu estivesse carente demais para usar esse aplicativo do site... talvez eu devesse desativar esse serviço.

 

Sim, eu pensei nisso.

 

 Pensei muito, mas eu não consegui. Pensar que era por dinheiro e que o que sentia era só prazer, me fez recuar, então apenas fechei meu notebook, e do mesmo jeito que estava, deitei e dormi...

 

Aquela lembrança parecia amarga na minha realidade atual. Sífilis? Ele tinha pegado sífilis de Karin...?

 

— Eu sinto muito querida! — Mei se levantou de sua cadeira, e eu permaneci atônita, ainda não acreditando em tudo o que eu tinha acabado de ouvir.

 

Ela me abraçou, e eu permaneci sentada, sentindo suas mãos me acolherem, no que pareceu ser um momento de consolo verdadeiro entre duas completas desconhecidas. Minha garganta estava fechada, mas eu não sentia nenhuma vontade de chorar, nenhum desespero, a única coisa que eu queria era a verdade, o motivo de ele ter feito isso comigo.

 

 Ficamos conversando por tanto tempo, falamos sobre tantas coisas, cheguei a revelar situações de minha vida que nunca pensei que seria capaz de contar para alguém a não ser Ino, mas ainda assim ele insistiu, e eu fui burra. Fui ignorante, porque eu sabia os riscos que corria, fui alertada por minha professora Tsunade, que tinha que tomar cuidado, fui alertada por Ino, que não poderia me deixar apaixonar, mas ainda assim eu fui até o fundo do poço, pensando que lá encontraria uma luz, mas a única coisa que achei foi o breu e o desgosto.

 

— Obrigada, Mei — disse, tirando suas mãos de mim e me levantando.

 

 — Sakura, quando tudo estiver resolvido, se você ainda quiser trabalhar comigo é só me ligar. E você sabe que isso pode ser apenas um engano.

 

— Um engano? — questionei, mais para mim mesma, do que para ela. — É melhor eu ir! — Ela assentiu com a cabeça, e eu peguei minha bolsa e saí sem rumo. Para onde eu iria?

 

Nesse momento sentia que não existia lugar no mundo para mim, que não tinham braços que pudessem realmente me abraçar, que não tinham olhos que realmente pudessem me ver, muito menos coração que fosse capaz de sentir o que estava sentindo agora. Eu acreditei, eu apostei tudo, me deixei levar por um sentimento que nem mesmo entendia o que era, e agora estava pagando por isso.

 

Me sentia a pessoa mais ferrada da face da terra, cheia de dívidas, sem nenhum emprego, muito menos expectativas para manter meu padrão atual. Decepcionei todos com minha ação imprudente, e agora não sabia o que fazer com toda essa dor que se instaurou em meu peito. E o pior era que apesar de saber que ele estava errado, sabia que mais errada ainda fui eu. Foi eu que permiti, foi eu que mandei ele me foder, e ele fez isso.

 

No sentido literal e no literário.

 

Eu sempre soube que a vida como acompanhante não seria mares de flores, e sim um caminho que deveria ser trilhado com cuidado, por conta dos espinhos em todo ele. E ainda assim fui imprudente, ainda assim acreditei que as estatísticas não chegariam até mim, que nada me atingiria. É sempre assim, quando ouvimos alguma notícia na televisão, ou alguma fofoca de vizinhos. Dizemos: — Oh! Coitada! — Mas nunca, de fato, pensamos que poderemos ser atingidas, e agora eu via que sempre estive errada. Que todos que cedem estão errados.

 

Me sentei em uma calçada, sujando o vestido bonito e caro que ele me deu, ao lado de um morador de rua. Ele olhou para mim e sorriu, e eu não fui capaz nem de olha-lo nos olhos, pois nesse momento estava me sentindo inferior a ele, inferior ao cachorro dele. Tirei meu telefone de dentro da minha bolsa, enquanto as pessoas iam passando por mim, me olhando, vendo uma garota nova e bonita, que tem um bom apartamento, em um bom bairro, jogada na sarjeta, vendo seus sonhos se esvaírem por entre seus dedos.

 

Eu não tinha mais nada, a não ser ele, e era para ele que eu ligaria, na esperança de que ele ao menos me atendesse. Mesmo que fosse para me dizer que não se arrependia, mesmo para dizer que fez por querer, mesmo que fosse para dizer: "Eu te enganei". Só que ele não atendeu, e eu não quis ligar mais, não quis mais me sujeitar, até porque, na verdade, nem mesmo sabia o que diria.

 

Fiquei ali por bastante tempo, até conseguir encontrar forças, que sequer sabia de onde vieram, e me levantei. O primeiro restaurante que eu vi eu entrei, me sentei e quando a garçonete perguntou o que eu queria, eu simplesmente não consegui falar. Minha voz não saía, só apontei para ela o nome "Vodka" no cardápio, e ela se demorou um pouco, olhando para mim, mas logo saiu.

 

Eu sei que existe cura, não estava me fazendo de boba, só que eu esperava mais dele, esperava muito mais. Esperava mais de mim também. Sempre impliquei com o Sasuke, chamando ele de arrogante e todas as outras coisas, mas quando conversávamos pela internet, ele era outra pessoa. Ele... Ainda não consiguia acreditar que isso podia ser verdade, e que ele fosse Susanoo.

 

Tomei o primeiro gole daquela bebida, agradecendo pela garota que tinha trazido um suco de laranja para mim, mesmo sem eu pedir. Misturei as duas, para abrandar o gosto forte da Vodka, e comecei a beber. Eu já não tinha mais o que perder, não tinha coragem para falar para minha amiga o que aconteceu, não tinha vontade de nada.

 

Muitas coisas se passavam pela minha cabeça, o dia em que nos conhecemos, o dia que nos falamos pela primeira vez, quando nos vimos, enquanto eu ainda achava que ele fosse Susanoo, quando transamos... Eu tentei conter a sensação que tive ao sentir ele dentro de mim, saber que estávamos compartilhando um momento diferente... mesmo que esse momento só significasse para mim. Agora me arrependia por não ter deixado todas as emoções me envolverem, pelo menos eu teria aproveitado algo disso tudo.

 

Peguei meu celular e comecei a ver as mensagens que já havíamos enviado um para o outro, não era nada demais, eram curtas palavras contendo horários e coisas pequenas, mas todas elas me faziam lembrar do que conversávamos e de como fui boba por achar que Susanoo pudesse ser uma pessoa boa, e como fui ainda mais tola em pensar que Sasuke tinha, sim, um Susanoo dentro dele, que ele havia me mostrado poucas vezes, mas que fora tão bom para mim na época.

 

Dois meses atrás ele tinha me dado uma pequena prova de que eu fazia bem apostando tanto nele... e eu me lembrava disso como se fosse hoje, agora...

 

Me mexi na cadeira, já me sentindo desconfortável. Realmente não estava entendendo, Susanoo insistiu para que nos falássemos, mesmo sabendo que eu tinha compromisso e chegaria tarde, e agora, três horas da manhã, como combinado, ele ainda não tinha me chamado. Deitei em minha cama, chateada, fiquei jogando no meu celular, para tentar matar o tempo, e quando já estava quase pegando no sono ouvi o barulho da chamada. O barulho que fazia meu coração acelerar todas as vezes que ouvia.

 

— Oi! Desculpa o atraso — ele disse afobado, se sentando em sua cadeira. A luz do quarto estava fraca, o que me fez pensar que vinha do banheiro, ou do abajur. Ele estava usando apenas uma samba canção e poderia jurar que estava dormindo, não só por conta de sua voz rouca, como também por causa das marcas em sua barriga.

 

— Estava dormindo? — Me atrevi a perguntar, esperando que ele me respondesse.

 

— Sim.

 

— Eu disse que deveríamos nos ver amanhã!

 

— Não ia dar tempo.

 

 — Por quê? — Ele começou a digitar, mas parecia não estar seguro o suficiente quanto ao que fazia, pois estava demorando demais.

 

Deixei uma coisa para você, nos correios.

 

Respirei fundo, tentando entender o que isso queria dizer, e porque ele deixaria algo para mim, e o que deixaria. Fiquei em silêncio por um tempo, pensando que isso estava estranho demais, quero dizer; Susanoo era sério, fechado e era muito difícil o dia em que ele aparentava estar de bom humor. Realmente não sabia porque ele estava fazendo isso.

 

Pode me dizer o que é?

 

Eu poderia falar, não via problemas nisso, mas o clima pareceu ficar tenso. Estávamos nos falando há dois meses e ele nunca me mostrou seu rosto, quase nunca se despedia antes de desligar, nunca falava se queria ou não me ver pessoalmente. Sem contar com o fato de que o valor que ele gastava comigo seria o suficiente para me ver pelo menos duas vezes por semana. Não entendia, não mesmo.

 

Prefiro que veja.

 

— Você está me assustando.

 

Por quê?
                                                           

   — Eu não sei. Não fiz nada para você. Na verdade, se você não se lembra, nós brigamos ontem à noite!

 

Sim! Porque você é cabeça dura.

 

— Eu só disse que sou contra ditaduras! — vociferei.

 

E eu entendi, você que não entendeu meu ponto de vista. Mas não é sobre isso que queria falar. Vai lá pegar ou não?

 

— Não vai nem me dar uma dica?

 

Não!

 

— Em qual agência?

 

Como não sei onde você mora, resolvi deixar na Lapa.

 

— Tudo bem! Te mando uma mensagem dizendo o que achei. — Ele deixou seu corpo jogado em sua cadeira, e acabei por sentir ternura em seu ato. — Como foi sua noite?

 

Tranquila, e a sua?

 

— Agitada. Estou cansada. — Tinha acabado de chegar, Kakashi estava em São Paulo, então aproveitamos para sair um pouco, mas eu não diria isso, é claro.

 

Se fosse por mim, você não sairia com ninguém, além de mim.

 

   — Mas nós nunca saímos.

 

Eu sei. Sinto muito.

 

— Não se preocupa... além do mais, eu gosto de me sentir independente. Poder fazer minhas coisas, do meu jeito. E apesar de tudo, não abro mão do meu trabalho, é ele que me sustenta.

 

Nem se eu te pagasse para você ficar em casa?

 

— Não. Me sentiria dependente de você. — Ele ficou quieto por alguns instantes. Não levei a sério nada disso, na verdade, até porque eu realmente não seria capaz de abrir mão de minha vida, minha segurança, para ser bancada só por ele. Ino saiu de sua casa para ficar na do seu cliente, e agora estava morando comigo por conta disso. Uma hora ou outra eles esquecem da gente, e ficamos para trás.

 

— O.K. — ele falou, e depois disso a tela de chamas se desligou.

 

Coloquei a escrivaninha em seu lugar, agradecendo por ela ter rodas, deitei em minha cama e me cobri, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Susanoo poderia ter falado sobre tudo isso comigo por mensagem, mas preferiu me pagar uma hora de serviço online só para dizer que queria me dar uma coisa, e sequer tive que tirar a roupa.

 

E o pior era que quando estava conversando com ele, apesar de suas poucas palavras e sua timidez em falar, se é assim que podia dizer, me sentia bem, era como se ele fosse sincero comigo em um nível diferente, como se ele só tivesse a mim e mais ninguém. Eu sei... é besteira, e que a cada dia mais vou me afundando em tudo isso, mas ainda assim me sentia bem.

 

Acordei e fui para a faculdade, mas confesso que fiquei o tempo inteiro torcendo para que as aulas acabassem logo, só para poder saber o que Susano tinha comprado para mim. Mas não demorou muito, para minha felicidade, e logo estava sendo atendida na agência. Tive que dar meu nome, telefone e assinar um termo.

 

Voltei para o táxi, achando estranha a leveza da caixa, que na verdade era pequena. Queria esperar para abrir quando chegasse em casa, mas minha ansiedade foi muito maior, e quando dei por mim já estava rasgando a fita. Senti meu coração disparar quando vi o que era, minhas mãos até tremeram. Eu não poderia aceitar algo assim. Seria demais. Então liguei de imediato para ele, nem me importando se poderia estar incomodando.

 

— Alô?

 

— Susanoo, eu não posso aceitar — disparei.

 

— Não gostou?

 

— Não é isso, é que...

 

— Se não gostou, posso escolher outra coisa.

 

— Você está brincando? Eu amei, mas isso é muito caro. Não posso aceitar.

 

— Sakura, se você não quiser então dê para alguém, ou jogue fora. Eu comprei para você.

 

— Tem certeza? — questionei incerta, olhando para a linda pulseira de diamantes na caixa preta aveludada.

 

— Sim. Quero que use ele hoje à noite... para mim.

 

Dá para acreditar que esse Susanoo era o mesmo Sasuke que tinha transado comigo sem caminha mesmo sabendo que tinha pegado sífilis!?

 

Eu só pensava nele com carinho, mesmo quando ele era desaforado... mesmo quando eu sentia vontade de estrangular ele por conta de suas grosserias... porque sabia que depois ele sempre acabava se redimindo, mas como ele poderia se redimir de algo tão sério agora?

 

Estava no meu terceiro copo de Hi-fi improvisado quando meu telefone tocou, na verdade estava sem ânimo algum para atende-lo, mas ainda assim peguei para poder ver quem era ao menos. Meu coração disparou no mesmo instante em que vi o nome dele na tela, e as lágrimas que sequer quiseram me acompanhar até esse momento, começaram a vir à tona, ardendo meus olhos, mas me segurei.

 

— Oi — falei, sentindo minha voz rouca e mais baixa do que o normal.

 

— Aconteceu alguma coisa? Você me ligou.

 

 — Sim. Aconteceu. — Ele ficou em silêncio por tanto tempo depois da minha resposta, que tive que olhar para a tela para ter certeza de que meu celular não tinha descarregado.

 

— O que foi? — ele disse enfim.

 

— Você, Sasuke. Foi você.

 

— Do que está falando?

 

 — Karin. — Eu queria ser clara com ele, mas não estava conseguindo, as palavras pareciam estar entaladas em minha garganta.

 

— Sakura... Eu... Droga! Quem te contou? Posso explicar.

 

 — Explicar como foi cara de pau em me passar uma doença? — sussurrei, colocando a mão na frente da minha boca para ter certeza de que só ele ouviria. Estava morrendo de vergonha.

 

— Esse não é um bom momento.

 

— Claro que não. Agora você já me ferrou mesmo.

 

— É sério, não é um bom momento.

 

— Certo, Sasuke. Só não me procure mais. Nunca mais.

 

Desliguei o telefone e guardei ele dentro de minha bolsa, logo depois de colocá-lo no silencioso. Me levantei, me sentindo um pouco tonta, e a garçonete que estava me atendendo veio até mim, entregando a minha comanda. Ela não tinha cobrado o primeiro suco de laranja que levou, provavelmente pôde ver em meu rosto que eu estava passando por um dia ruim. Peguei vinte reais de dentro da minha bolsa e dei a ela, mas ela achou que era para pagar a conta e me mandou ir para o caixa, mas eu insisti, dizendo que era apenas uma gorjeta, e só depois que ela aceitou que fui pagar a comanda.

 

Peguei o primeiro táxi que achei na rua, só para não arriscar pegar meu celular para ligar para a companhia de Gaara e ver mensagem de alguém. Não queria falar com ninguém no momento. Só queria minha casa, minha cama. Fiquei o tempo todo apoiada na porta do carro, olhando para fora, mas não estava vendo nada na verdade, só estava tentando esquecer tudo isso, tentando voltar ao normal. Eu ia superar, só não sabia como ainda.

 

Cheguei em casa, tirei o vestido que Sasuke me deu de presente e o estendi em cima da cama, ainda de calcinha e sutiã, abri meu guarda-roupa, tirei de lá os outros presentes que ele havia me dado e coloquei tudo um do lado do outro. A pulseira de diamantes, o estetoscópio personalizado que ele me deu por ter conseguido passar este último semestre com as melhores notas, uma camisola preta de renda e, claro, o vestido que tirei do corpo.

 

Estava pronta para tomar um banho, mas depois de ficar olhando para todas aquelas coisas, acabei perdendo o ânimo, e me aninhei no meio daquilo tudo, olhando para aquelas coisas, tentando entender o que elas significavam, ou se nada daquilo tinha importância para ele.

 

 Droga, nunca imaginei que Susanoo era o Sasuke. Nunca. Isso sequer se passou pela minha mente, e quando nos vimos, no nosso primeiro encontro oficial, a grande verdade é que eu estava assustada demais. Olhar para ele e descobrir que aquela pessoa com quem falei por tanto tempo era um dos homens que mais desprezei foi... terrível.

 

Às vezes, queria poder voltar no tempo e reviver certos momentos que tivemos, certas conversas... eu me sentia bem com ele, de verdade. Me sentia livre... principalmente quando ele começou a mostrar uma personalidade mais doce para mim logo no começo de nossas conversas, há três meses atrás. Me lembro bastante bem de como tudo começou, de como todo esse carinho começou a surgir... e partiu dele, não de mim...

 

— Vou pegar um copo de água.

 

— Tá bom! — falei, aproveitando que Susanoo tinha se levantado, para passar um pano qualquer no meu teclado que estava cheio de poeira. Acabei pegando a calcinha que estava usando mesmo, não fiquei nem dois minutos com ela, então não vi problemas nisso. Me ajeitei em cima da cama logo ao perceber que ele tinha voltado, mas tinha uma coisa esquisita piscando na tela do meu computador. Eram peitos enormes de um desenho que tinha a pele clara e usava maria chiquinhas, me lembrou até minha professora, Tsunade.

 

— Que isso? — ele perguntou ao se sentar, colocando um dos pés em cima da cadeira, com uma cueca box vermelha.

 

— Está aparecendo para você também? A mulher de peitão? — perguntei, rindo, e ele soltou uma curta risada também, aguçando minha curiosidade de saber como são seus dentes, mas isso parecia impossível, já estávamos nos falando há duas semanas e isso nunca aconteceu.

 

— É um jogo — ele disse.

 

 — Do site?

 

 — Sim! Quer ver como é?

 

— Droga, mas só tem assim? — disse, começando a fuçar as opções que apareciam.

 

— Assim como?

 

— Assim, com esses peitões. Estou me sentindo desmoralizada! — ele soltou uma gargalhada gostosa, e eu encolhi meus ombros.

 

— Eu gosto de você assim. Vamos jogar ou não?

 

— Tá, mas eu não sei como fazer.

 

— Calma que vou ver. — Depois de alguns minutos de espera, ouvi um bipe vindo de minhas caixas de som, e uma nova tela se abriu para mim. A mulher de peitão estava nela, sentada no chão, com uma calcinha fio dental verde e os peitos de fora. Tinha "Iniciar" escrito enorme no meio da barriga da mulher. — Pronto, eu cliquei, agora pelo que eu li, você tem que apertar o "Iniciar", escrever seu nome e começar a jogar. Cada um de nós dois tem três tentativas, são alternadas. Quer começar?

 

— Não! Eu prefiro que você comece, para eu saber como é!

 

— Tá!

 

Uma janelinha pequena se abriu mostrando o jogo dele. Era simplesmente a coisa mais idiota que eu já tinha visto em toda a minha vida. Ele basicamente tinha que acertar uma coisa branca — que deduzi ser esperma — nos peitos da mulher. Quanto mais tempo ele conseguisse manter o foco em seus bicos, mais pontos ele ganhava, sendo que a contagem regressiva era de trinta segundos.

 

— Nossa, isso é muito idiota! — falei, me contorcendo um pouco ao ver que estava na minha vez.

 

— Vai! Joga logo. Eu sei que vou ganhar!

 

— Claro que não!

 

— Vou sim! — ele disse, enquanto eu apertava "Iniciar".

 

— Quem te garante? Eu que vou ganhar! — falei empolgada, lutando para manter a mira com o meu mouse.

 

— Eu tenho experiência verdadeira nisso. Então, eu ganho! — disse rindo.

 

Acabamos por ficar nessa palhaçada de quem ganha ou não ganha durante todas as seis jogadas, que no caso eram três minhas e três dele. E quando, no final do jogo, vi a pontuação e fiz a soma de cabeça, dei um pulo da cama, morrendo de rir da cara de Susanoo por ter ganhado dele. Tá certo que foi uma pequena diferença de dois pontos, mas ainda assim tinha ganhado aquela merda!

 

— Viu! Não seja machista, Suzanoo!

 

— Tá bom... tá bom! Eu me rendo!

 

 — Eu deveria ganhar um prêmio por isso! — falei, tornando a me sentar, me sentindo uma exausta de sempre ter que "conversar com a barriga dele"´.

 

— Sim! Merece! O que você quer?

 

— Nada! Estava brincando!

 

— Tem certeza? Sua última chance!

 

Eu deveria ter dito que queria ver o rosto dele, mas acabei deixando para lá. Seria bem melhor se ele resolvesse me mostrar quem ele era por conta própria. Depois disso acabamos ficando sem assunto, já estava tarde, e eu estava cansada, então dei graças por poder ir dormir. Mas antes de pegar no sono, fiquei rindo à toa com o acontecido. Ele era tão sério, mas tinha conseguido me mostrar que ainda tinha um lado criança também...

 

Abri meus olhos sentindo meu coração acelerado com aquela lembrança... foi ali, tinha sido ali que nosso relacionamento tinha começado a mudar, que as coisas começaram a ficar mais... intimas. Me levantei, olhando todas aquelas coisas jogadas em cima da minha cama, começando a sentir pontadas no lado esquerdo da minha cabeça. Só o que me faltava era uma enxaqueca para completar meu dia maravilhoso!

 

Fui até a cozinha enrolada no cobertor, já que estava fazendo frio, abri a geladeira e fiquei um bom tempo olhando para dentro dela, sem saber o que pegar para comer. Na verdade, não estava com fome, mas sabia que precisava colocar alguma coisa no estômago. Acabei fazendo um misto simples e tomando um copo de suco de manga, que na verdade não pareceu ter gosto de nada, e quando terminei, resolvi que já era hora de acordar para a vida. De nada ia adiantar uma depressão agora.

 

Voltei para meu quarto e abri o site de acompanhantes, mas meu loguin já estava bloqueado. Fiz uma pesquisa, e todas as minhas fotos já haviam sido retiradas também. Não imaginei que eles fariam isso tão rápido, imaginava que também já tivesse desmarcado com todos os meus clientes. O único cliente fora da empresa que eu atendia era Itachi, mas ele era irmão de Sasuke e só de pensar nisso já sinto repulsa. Então resolvi que desmarcaria com ele só quando estivesse me sentindo mais disposta a inventar uma boa desculpa.

 

Peguei meu celular, vendo que já eram mais de dez horas da noite. Tinham várias mensagens, uma de Ino, uma de Mei e as outras quatro de Sasuke. Ino estava reclamando, dizendo que ficou me esperando em sua casa, e só aí que me dei conta de não ter enviado uma mensagem dizendo que não poderia ir. Só que resolvi não responder mais uma vez, ainda não me sentia pronta. A mensagem de Mei era para me avisar que já tinha desativado minha conta no site, mas também não respondi, já que tinha acabado de descobrir essa informação por conta própria. Depois fui ver as mensagens de Sasuke, sentindo minhas mãos suarem frio.


                                                                            Não é bem assim.

                                                                                Fala comigo.

                                      
                                                                                   Sakura?

                                                                             Quem te contou?


      Quem te contou? Ler isso foi como ter uma confirmação de que ele realmente estava doente e que passou isso para mim. Me sentei na beirada da minha cama, sentindo minhas pernas tremerem, e mais uma vez queria chorar, só que fechei meus olhos, respirei fundo e engoli o choro, eu precisava muito de calma para tentar resolver isso.

 

Eu não consigo acreditar que você fez isso.

 

Enviei, sentindo meu coração palpitando forte em meu peito, com medo de ele não me responder. Só que segundos depois, meu celular vibrou de novo.

 

Onde você está? Deixa eu falar com você?

 

Não, eu não sabia se ainda estava pronta para falar com ele. Mas de toda forma nós teríamos que ter essa conversa, então resolvi pedir sua localização.

 

Eu vou até você.

 

Enviei a mensagem e fui para o banheiro, tirando meu sutiã e calcinha e tomando um banho rápido, cada vez mais nervosa, por saber que estava prestes a confronta-lo. Vesti uma calça jeans, uma blusa manga longa e gola rolê, coloquei uma bota cano alto preta, e até pensei em ao menos passar um batom, mas não tinha ânimo para isso. Peguei meu celular, com minhas mãos mais tremulas do que nunca, vendo o endereço que ele havia me mandado.

 

Liguei para o táxi e comecei a andar de um lado para o outro, com meu aparelho encostado em meu queixo, imaginando como deveria conduzir essa conversa, mas nada parecia ser bom o suficiente. A verdade é que se fosse por mim eu não o veria mais, só que sabia que ficaria me perguntando o porquê de ele ter feito isso comigo pelo resto da minha vida.

 

Depois de longos trinta minutos, o táxi chegou e eu dei o endereço de uma das ruas mais famosas de São Paulo, por conta das inúmeras casas de prostituição que contém. Jovita, Santana, na Zona Norte de São Paulo. O desespero que eu não senti ao receber a notícia sobre a doença, parecia estar me afligindo com força total agora, pois o nervosismo em meu peito só aumentava a cada minuto que se passava.

 

Minha boca estava seca, meu corpo tremendo, meu coração acelerado e tudo o que eu olhava parecia estar embaçado, até minha respiração estava pesada. As lágrimas inundaram meus olhos, mas fiquei fungando durante o caminho, tentando conter minha ânsia. Eu tinha que ficar calma, eu precisava saber com certeza o que estava acontecendo e se realmente...

 

Não estava aguentando mais tanta angustia.

 

O carro começou a andar mais devagar, e eu já podia avistar Sasuke na frente de um bar fechado, provavelmente um dos prostíbulos que tem nessa rua. Apontei o lugar para o motorista, me sentindo péssima, a pior pessoa do mundo, só por estar passando por tudo isso. O táxi parou, e ele veio rápido em nossa direção. Nunca imaginei que o veria tão aflito quando nesse momento. Ele já se aproximou do carro tirando a carteira do bolso, e enquanto eu descia ele pagava. A impressão que eu tinha é que todos na rua estavam me olhando.

 

— Sakura — ele me chamou, colocando sua carteira dentro do bolso traseiro de sua calça jeans. Ele usava uma blusa de manga comprida preta e um sapato esporte fino. Sasuke ficou a menos de um palmo de distância de mim, olhou para os lados e umedeceu a boca antes de me olhar, e eu sentia meu rosto tão tenso, que mesmo tentando, não estava conseguindo relaxar... e ele? Ele estava tão ou mais acabado do que eu... — Por que você desligou? Por que...

 

— Você disse que não era um bom momento, Sasuke.

 

— Quer entrar? — ele perguntou, apontando a casa noturna para mim.

 

 — O quê? Não, Sasuke. Eu só quero saber por que você fez isso comigo. — Ele bufou, passando a mão em seu cabelo, enquanto eu ia sentindo minha respiração descompassada e meus olhos arderem.

 

— Não tem como saber se você pegou... — Senti como se tivesse levado uma facada em meu peito e as lágrimas começaram a rolar em minha face, esquentando meu rosto aturdido.

 

 — Então você estava doente mesmo? — sussurrei.

 

Ele umedeceu os lábios mais uma vez, pegou em meu braço e começou a me puxar: — Vem. — Eu não queria ir, mas não tive forças para conter seus movimentos, então apenas o segui.

 

— Aonde vamos? 

 

 — Para minha casa — ele disse, puxando as chaves de seu carro do bolso, enquanto entrávamos no estacionamento.

 

— Eu não quero ir para sua casa, Sasuke! — disse mais alto, piscando várias vezes para que minhas lágrimas cessassem. Paramos em frente ao seu carro, e ele pegou em meus ombros, olhando em meus olhos.

 

— Vamos poder conversar melhor lá — ele disse com um tom de súplica.

 

— Você bebeu? — sussurrei.

 

 — Claro que sim! — ele gritou, me soltando em seguida. — Só preciso que me ouça. Vem...? — Ele abriu a porta do carona e eu entrei, colocando o sinto de segurança, e ele entrou e fez o mesmo, já começando a dar ré em seu carro apressadamente.

 

— Você não entende. Eu só quero saber porque você fez isso comigo. Eu não sei... eu... eu pensei que você tivesse ao menos respeito por mim, depois desse tempo todo em que conversamos.

 

— Eu te respeito.

 

— Me respeita e me passa uma doença? — gritei, vendo o carro ganhando a rua.

 

— Os seus exames já chegaram?

 

— O quê? Claro que não. E mesmo se tivessem chegado, não iam valer de nada, porque fiz eles antes de ficar com você.

 

— Eu sei! Eu sei! — ele gritou, batendo duas vezes no volante, me assustando. — Sakura, eu fiz o tratamento.

 

— E você está curado? — questionei, sentindo um fio de esperança nascendo em mim.

 

— Eu não sei!

 

— Como assim você não sabe, Sasuke?

 

O carro estava rápido.

 

— Eu fiz o tratamento. Por isso que ficamos conversando só pela internet nesses últimos três meses. Porra, tenta entender! — ele gritou, me olhando rapidamente e voltando sua atenção na estrada em seguida.

 

— Não! Como posso entender? — disse, olhando para frente, balançando minha cabeça negativamente, enquanto estávamos prestes a entrar na Av. Gen. Ataliba Leonel. Queria nem ter saído de casa.

 

— Eu fiz o tratamento — ele disse, mais calmo, mas com a respiração forte. — Só que meus exames só vão estar prontos junto com os seus. Fiz os exames ontem cedo, Sakura, entende? — Olhei para seu rosto, e ele para o meu.

 

— Então por que diabos não quis usar camisinha? — gritei o mais alto que pude, deixando toda a histeria contida sair de meu peito.

 

— Porque eu... Droga! — ele bradou, olhando para frente, assustado, e eu fiz o mesmo.

 

Estávamos para entrar na Av. Ataliba, só que Sasuke entrou de vez, sem olhar se tinha algum carro na pista. Fomos direto de encontro a um caminhão Cargo 1723, e a única coisa que consegui fazer, enquanto ele tentava girar seu volante e pisar no freio, foi espalmar minhas mãos no porta luvas. O barulho da frenagem foi alto, e eu fechei os olhos com força, sentindo a mão direita de Sasuke em meu peito, me empurrando para trás, provavelmente tentando diminuir ainda mais o impacto que eu receberia.

 

Fora uma fração de segundos, tão rápido quanto um piscar de olhos, e senti meu corpo sendo jogado para frente e para o lado, mas o cinto me manteve firme, assim como a mão dele. Minha cabeça e tronco, ainda assim, foram lançados com força para frente, e depois para trás. Tirei minhas mãos do porta luvas, tentando me agarrar a algo que me desse estabilidade, enquanto sentia meu ouvindo zunindo e meu peito doendo por conta da forte pressão exercida pelo cinto, até que uma segunda pancada ecoou, e mais uma vez senti meu corpo sendo chicoteado.


Notas Finais


É isso aí pessoas!!!

E agora gentee???


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