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História A acompanhante - Maybe


Escrita por: hellishgirrl

Notas do Autor


voltei amores ♥

Capítulo 33 - Maybe


Fanfic / Fanfiction A acompanhante - Maybe

“Acho que talvez tenha feito algo errado, querido, eu ficaria satisfeita em admitir isso... Você não percebe que estou abandonada aqui? E que estou sozinha precisando de você? Então venha, volte!”

 

-Margot aqui está a receita dos remédios caso você sentir dor. – O Doutor falou entregando as receitas, Jared pegou minha pequena malinha – você precisa voltar daqui ah quatorze dias para poder retirar os pontos.

-Tá – falei mal humorada, a presença de Jared me deixava mal humorada.

Depois de mais um discurso do doutor dizendo quais cuidados eu deveria tomar finalmente ele me liberou, fui de cadeira de rodas até o carro para evitar esforços. Cara e Marina para quebrar o silencio horrível entre mim e ele começaram com um assunto muito chato que estava me deixando com dor de cabeça e eu mal via a hora de ficar sozinha, apesar de que toda hora em que eu estava sozinha começava a ter pensamentos terríveis e me pegava chorando por Bradley, me perguntando quando eu ia conseguir superar a morte dele e a resposta era clara: nunca. 

O Doutor me indicou passar por terapia por algum tempo para me ajudar a superar o trauma pelo qual passei mas eu não precisava de um médico para curar a minha alma, acho que nunca precisei.

Levou um tempo para finalmente chegar em casa, tentei sair do carro sozinha mas todo mundo me rodeou oferecendo ajuda, apertei os olhos fortemente porque além de me sentir uma inútil sem poder dar um passo sem correr o risco de abrir minha barriga meu estomago ainda me matava por dentro. Todo o remédio que o doutor me deu na noite anterior não resolveu muita coisa, eu ainda estava sentindo aquela dor maldita.

-Margot, eu te ajudo – disse Cara.

-Não, eu estou bem. – falei dando um passo devagar – não precisa ficar me tocando, eu posso fazer isso.

Marina e ela se entreolharam e se afastaram um pouco. Andei devagar sentindo a dor aumentar a cada passo mas finalmente consegui chegar dentro de casa, me joguei no sofá e suspirei.

-Cadê a Lola? – perguntei.

-Ah ela está na terapia... – Disse Cara – você quer beber alguma coisa? Quer comer alguma coisa? Precisa de alguma coisa?

-Eu posso fazer a sua comida preferida... – completou Marina,

-Podemos ligar para Lizzy e Lila e ficaremos aqui para te fazer companhia...

-É, vai ser divertido...

Elas falavam e falavam sem se darem conta de que eu só queria ficar sozinha, que eu só queria poder descansar minha cabeça. Passei a mão na cabeça respirando fundo depois olhando para elas, Jared apareceu e olhou para mim.

-Meninas, acho que o que a Margot precisa agora é descansar. – ele disse, elas respiraram fundo concordando com ele.

-Isso é verdade, Mag... Bom, nós vamos embora tá? Mas se você precisar da gente é só ligar.

-Claro, obrigada meninas! – agradeci com um sorriso fraco, elas me abraçaram e se despediram e eu finalmente me senti bem melhor sem toda aquela euforia ao meu redor. Eu entendo que elas estavam preocupadas comigo mas eu realmente só precisava ficar sozinha.

-Eu vou buscar a Lola daqui a pouco – Jared disse cauteloso.

-Eu vou descansar – falei ficando de pé novamente com a mão no estomago, soltei um gemido sentindo a dor, Jared apenas ficou me olhando a uma distância curta com certeza em dúvida se deveria ou não se aproximar de mim. Caminhei até a ponta da escada mas alguma coisa em mim disse que não era uma boa ideia tentar subir aquela escada sozinha.

-Você pode pedir por ajuda, Margot. – ele disse como se lesse meus pensamentos.

-Eu posso fazer isso sozinha. – respondi. Mas não podia.

-Não seja arrogante ou estupida. Se você fizer isso vai acabar abrindo seus pontos. – ele falou dessa vez se aproximando.

-Um monte de gente sobe escadas com pontos – falei. Ele balançou a cabeça.

-Você quer que eu te carregue até lá em cima ou prefere que eu te carregue de volta para o hospital com sua barriga aberta?

Ele falou com um sorriso um pouco divertido, e eu também não pude deixar de sorrir. Engoli minha arrogância e orgulho e soltei um tudo bem quase inaudível. Ele me pegou em seus braços fortes como se eu fosse um animalzinho leve e me carregou escada acima até nosso quarto e me deitou na cama, me afundei nela relaxando.

-Obrigada. – falei calmamente, ele apenas acariciou o meu rosto rapidamente depois olhou em volta.

-Você pode ficar aqui, vou dormir em algum dos outros quartos da casa. – ele disse com as mãos no bolso e depois ficou me olhando esperando uma resposta, eu quis dizer para ele não se preocupar com isso, que ele deveria dormir ali comigo no nosso quarto como marido e mulher mas eu não deveria deixar isso acontecer porque eu sabia que não resistiria a ele de jeito nenhum, que quando ele chegasse perto eu ia enfraquecer. De todas as drogas que eu havia experimentado ao longo da minha vida, Jared era a pior delas.

-Tá – respondi baixo me ajeitando na cama. – Quando chegar com Lola, traga-a para mim.

Falei fazendo outra careta por causa da dor.

-Você quer tomar seu remédio agora? – ele perguntou.

-Não vai resolver muitas coisas mas ao menos eles me dão sono – falei, o que era verdade. A única razão pelas quais eu tomava os remédios eram porque eles me davam sono e eu podia dormir por horas a fio sem me preocupar com nada, mas eu sabia que a única coisa que tiraria aquela dor de mim estava do outro lado da cidade e eu me perguntava como eu iria fazer para consegui-la. Jared balançou a cabeça e saiu do quarto e logo voltou com meus remédios em sua mão e um grande copo d’agua na outra. Ele estava tentando me tratar bem, ser o marido atencioso preocupado comigo e com a minha saúde, mas a minha mágoa era grande o bastante para que eu não caísse mais em seus encantos. 

Tomei meus comprimidos mas assim que ele saiu do quarto acabei tomando mais dois, o que resultou em um longo sono toda aquela tarde e noite, acordei no dia seguinte pelas onze da manhã com Lola pulando em cima de mim.

-Mamãe! Mamãe! Vamos para a piscina comigo – ela disse animada. Esfreguei meu olho que não estava machucado e abri os olhos, ela já estava de maiô.

-Está quente lá fora. – Jared disse.

Me sentei na cama bocejando, olhei para a Janela e realmente o sol brilhava intensamente na Califórnia. Acabei indo com Lola para a piscina, estávamos na piscina pequena que foi feita especialmente para que ela pudesse ficar sem correr o risco de se afogar, eu mal podia me mover sem sentir meu estomago doer, talvez fosse por causa da facada, talvez estivesse se curando por dentro. Eu não sei. Mas doía, queimava, e eu só esperava que essa dor passasse logo. Olhei para o portão e vi Amber entrando, Jared foi atende-la e eles não perceberam que eu estava observando-os.

Mas desviei minha atenção para Lola que se divertia inocentemente na piscina com um monte de brinquedos. Eu queria saber o que eles estavam conversando, queria saber muitas coisas aliás. Queria saber se conseguiríamos superar essa queda, ou se eu ia conseguir esquecer essa dor que eu sentia.

Eu esperava conseguir superar.

Eu esperava conseguir esquecer.

Eu queria conseguir esquecer, porra.

Mas, ao invés disso, respirei fundo fechei os olhos e lembrei. Lembranças eram assustadoras, a maneira como podiam acabar com a gente e nos destroçar.

Jared e Amber acabaram entrando para dentro da mansão, chamei Ellen pedindo para que ficasse com Lola pois eu já não queria mais ficar naquele sol, ele já estava ardendo em minha pele e meu estomago parecia piorar debaixo dele. Amarrei uma toalha na cintura e caminhei devagar para dentro da mansão, Jared e Amber estavam sentados no sofá afastados conversando, assim que entrei um silencio tomou conta do lugar.

-Cansaram? – Jared perguntou.

Dei de ombros.

-Está muito quente.

Amber passou os olhos em cima dos meus pontos e fez uma expressão esquisita. Me senti incomodada com seus olhares furtivos, ela passou a mão na barriga como se quisesse me lembrar que carregava um filho do meu marido, caminhei para trás de Jared e passei minhas mãos atrás do seu pescoço descendo pelo seu peito, surpreendendo-o debrucei-me e o beijei, fui retribuída no mesmo instante. A dor no meu estomago se intensificou mais assim que me debrucei para beija-lo. Não importava se Amber estava grávida dele, ele ainda era o meu marido e ela não iria me diminuir na minha casa.

-Vou pegar um pouco de café. – falei para ele ficando ereta novamente. Os deixei sozinhos na sala, sabia que eles tinham muito o que conversar e me sentei a mesa. Fechei meus olhos por alguns segundos ainda com aquela dor, não só a estomacal mas aquela dor no fundo do peito que estava me assombrando. Não havia ninguém com quem eu pudesse falar, com quem eu pudesse realmente conversar sobre o assunto. Minhas amigas não entenderiam, mesmo que eu tentasse explicar e além disso eu não queria faze-las se sentirem mal da mesma maneira que eu me sentia. Uma parte de mim não queria que aquilo acabasse, uma parte de mim também sabia que aquilo em parte era minha culpa e acreditava que eu merecia aquele sofrimento. Mas juro que ainda havia outra parte que dizia que as coisas poderiam ter sido de outra maneira, que elas podiam recomeçar e ser de outra maneira. Imaginei que se talvez Bradley estivesse ali, ele saberia exatamente o que fazer, para ao menos colocar um sorriso no meu rosto.

“Margarida, você está chorando novamente por ele? Se recomponha mulher!” Imaginei a voz dele dizendo isso para mim, meus lábios se curvaram em um sorriso, um sorriso triste. Não fui capaz de impedir minhas lágrimas. Sentia tanta falta dele que doía, doía chorar, doía estar viva.

Jared apareceu na cozinha e eu rapidamente sequei minhas lágrimas.

-Você está bem? – ele perguntou.

-Sim – respondi rápido. Ele ficou me olhando calado me incomodando com aquilo, mas não disse nada por causa do nó que se formara na minha garganta minutos atrás. – Cadê a sua concubina? – perguntei tirando dele um sorriso fraco, ele veio e se sentou a minha frente.

-Ela já foi, deixamos para conversar assim que eu voltar amanhã.

-Voltar? – perguntei juntando as sobrancelhas.

-É. Preciso ir resolver um negócio em Chicago e volto amanhã pela manhã, você vai ficar bem? – ele falou rápido.

-Claro, Jared. Você sabe que eu nem estaria aqui se o médico não tivesse dito. – falei e ele suspirou.

-Tudo bem então, Margot.

E se levantou e saiu da cozinha finalmente me deixando sozinha novamente, quando ele não estava por perto meus pulmões sabiam exatamente o que fazer. Eu estava odiando toda aquela situação de trata-lo mal, fazer piadas irônicas para poder disfarçar a dor, eu não queria fazer isso com ele mas eram atitudes impulsivas.

Ele viajou aquela tarde e eu fiquei o dia todo com Lola assistindo desenhos e brincando, ela tinha uma disposição incrível que acabava comigo. Ela dormiu comigo na minha cama e de Jared. Na manhã seguinte acordei cedo, pelas sete e meia da manhã graças a Lô que também acordou super cedo, descemos para a cozinha para tomar café e tudo indicava que aquela ia ser uma manhã perfeita mas eu estava enganada.

-Sra, a Srta. Amber está na sala aguardando para conversar com você. – disse Grace entrando na cozinha e depois me dando uma xicara de café.

-O que? – perguntei confusa sem entender direito aquilo. O que Amber queria comigo? Bom, eu nunca ia saber se a mandasse embora. – Tá, mande-a entrar.

Em dois minutos ela estava parada na porta da minha cozinha com os braços abaixados segurando uma bolsinha e ombros encolhidos. Ela olhou para mim mas logo desviou o olhar, como se estivesse com medo de me encarar diretamente.

-A não ser que você tenha vindo aqui apenas para ficar me olhando, entre e sente-se. – falei tomando meu café. Ela engoliu em seco mas adentrou a cozinha sentando-se a minha frente. Quando viu os machucados em meu rosto fez uma expressão assustada, porque era a primeira vez que ela via de tão perto. Logo percebeu que estava sendo inconveniente e desviou os olhos – você pode olhar – falei calmamente.

-Desculpe, eu não quis ser grossa – ela falou baixo.

-É o preço que se paga por ser mãe. – falei – você está preparada?

-Para o que? – levantou os olhos novamente.

-Ser mãe, claro. – falei tomando um gole do meu café e revirando os olhos.

-Bom, eu não sei ainda... eu, eu acho que estou com medo. – ela falou gaguejando. Era uma tentativa de me fazer sentir pena dela? Porque se fosse, não estava dando certo.

-Hum – respondi desinteressada. Ela umedeceu o lábio inferior e ficamos em silencio alguns segundos até ela voltar a falar.

-Margot eu vim conversar com você sobre o Jared.

-Ele é a única coisa que temos em comum – falei.

-Eu o amo! – ela disse rápido demais forçando a voz para que a frase saísse por completa. Olhei para ela e cerrei os olhos tentando entender o que ela estava querendo ao dizer aquilo.

-É para nós duas começarmos a compartilhar segredos também? Já compartilhamos o mesmo homem!

Ela balançou a cabeça.

-Não é isso, eu só queria deixar claro para você que eu nunca quis te ferir, mas eu estava apaixonada por ele.

Suas palavras pareciam um pouco desesperadas mas também honestas. Tomei outro gole do meu café olhando fixamente para ela.

-Me conta. – falei.

-O que? – ela não entendeu.

-A história toda. O que aconteceu entre vocês, como tudo começou.

Ela ficou pasma me olhando com a boca aberta, bem, não que eu gostasse de me torturar ouvindo aquilo mas eu precisava ter sobre a minha mesa a história real do que tinha acontecido e como tinha acontecido. Queria entender se ele foi um completo canalha ou eu fui a culpada, se foi eu quem o jogou para cima dela. De qualquer forma, sei que em qualquer versão ambos foram culpados pelas coisas que aconteceram, nós dois fomos canalhas um com o outro mas eu já sabia a minha versão da história e precisava ouvir a dele, apesar de não ser ele a me contar. Mas eu sabia que ela me contaria e não mentiria. Não tinha razões para isso, se ela foi a garota inocente assediada pelo patrão com certeza me contaria porque não teria nada a perder e sim, a ganhar.

-Bom, eu acho que você merece a verdade. – ela disse devagar, era notável como estava morrendo de medo. Olhei pela Janela e vi Lola brincando no jardim do fundo da casa, Ellen estava com ela. – Eu estava no quarto semestre da faculdade na Austrália, e recebi a grande oportunidade de trabalhar para o grande magnata Jared Leto, eu quase não acreditei naquilo, meu maior sonho também sempre foi vim morar nos estados unidos. – começou – Então eu vim, fiz a entrevista que não foi diretamente com ele, e acabei passando.

Eu estava realmente animada e entusiasmada mas também estava morrendo de medo já que ele tinha a fama de ser rígido com seus funcionários e no primeiro dia que eu o vi quase caí para trás.

-Ele causa isso nas mulheres – comentei.

-Foi assim com você também? – perguntou curiosa.

-Não, foi ao contrário. – falei arrogante, ela ergueu as duas sobrancelhas.

-Bom, de qualquer forma eu estava me sentindo muito intimidada por ele mas ele foi gentil comigo. Lhe contei que eu ainda estava estudando e que não tinha experiência na área, mas ele disse que estava tudo bem e que me ajudaria no que eu precisasse.

Fiquei me perguntando se foi ali que Jared colocou os olhos nela. Se foi algo do tipo “amor a primeira vista” ou “foda a primeira vista”, mas não perguntei nada deixando-a que prosseguisse.

-E então não levou muito tempo para que eu começasse a me sentir atraída por ele mas morria de medo que ele percebesse isso, mas eu precisava chamar atenção dele de alguma forma. Tentei puxar assuntos, chamei para tomar café comigo, mas ele limitava nossa relação a nível profissional apenas o que era frustrante para mim porque vim para cá com a ideia de que todo homem como ele era infiel, mas o Jared, ele respirava você. Era tudo sobre você e a filha dele. E então foi dois meses nisso e até mesmo a secretária dele percebeu, Cristina me chamou para conversar e disse que eu precisava ser como você para poder chamar a atenção dele, então olhamos algumas fotos suas e eu gastei todas as minhas economias em roupas novas e maquiagens do tipo que você usa para no dia seguinte ele apenas dizer “você está muito elegante”

Ela riu mas eu continuei séria ouvindo aquele absurdo. Não tinha graça naquilo, ou até tinha, porque por alguma razão estupida e inexplicável ela acreditou que poderia ser eu, achou que poderia roubar o meu lugar usando roupas e maquiagens. Estava ouvindo tudo aquilo atentamente tentando formar uma opinião em cima daquilo, tentando entender o que poderia ser verdade e o que poderia ser mentira e aquilo estava completamente diferente de todas as histórias que eu mesma já havia inventado na minha cabeça para explicar a mim mesma o que tinha acontecido para ele resolver me trair. Eu juro que estava esperando algo do tipo “Eu cheguei com uma saia e ele passou a mão na minha bunda”, mas ele não era assim, eu o conhecia muito bem.

-Então a partir daquele dia eu me irritei – ela continuou falando – comecei a ser menos discreta e a me jogar mais em cima dele mas ele parecia não perceber.

-Ah ele percebeu sim. – falei interrompendo-a – Jared não é sonso, ele com certeza percebeu mas preferiu ignorar.

Ela juntou as sobrancelhas um pouco ofendida.

-Então isso levou mais dois meses e certo dia ele me convidou para jantar aqui, porque eu disse que estava me sentindo sozinha em casa longe da minha família que estava na Austrália ele foi muito gentil em me convidar, mas era exatamente o que eu estava esperando porque eu queria te conhecer pessoalmente, precisava entender o que você tinha... E naquela noite eu percebi que já estava completamente apaixonada por ele, o jeito como ele te olhava, te tocava, falava com você, tudo me deixava estranhamente irritada e enciumada. Eu queria aquilo de qualquer forma e então quando terminamos nosso jantar ele quis me mostrar uns documentos no escritório e eu o beijei, mas ele resistiu ao meu beijo e me empurrou e foi quando você entrou no escritório. A partir desse dia eu estava o tempo todo me insinuando para ele, ele me ameaçou demitir mas eu não me importava, eu precisava dele. – ela suspirou pausando um pouco – eu estava prestes a desistir quando por algum motivo vocês começaram a brigar. Nós viajamos para Tóquio e ele estava tão estressado longe de você, e eu não posso negar o quanto eu estava feliz com aquilo. Depois fomos para Rússia e vocês brigaram novamente, ele ouviu dizer que você estava traindo-o com aquele garoto... Brandão... Bryan...

-Bradley – falei, nem precisei de muito esforço para imaginar quem deveria ter contado para ele aquela mentira.

-E ele ficou desolado, não queria acreditar e então foi quando eu disse para ele dar o troco em você. Foi onde tudo começou, ele tentou me afastar depois mas com as brigas, as confusões, ele não conseguiu.

Ela parou de falar e olhou para mim rápido em seguida abaixando os olhos esperando pela minha resposta. Tudo que se passava na minha cabeça era “Quantas vezes eu posso bater a cabeça de uma gravida no chão sem que isso prejudique diretamente o bebê?”

-E quanto disso é verdade? – perguntei.

-Não tenho motivos para mentir, Margot. – falou erguendo os olhos para mim novamente. – eu preciso ser honesta com você, Jared resistiu até onde pode.

-Se você o ama, por que está defendendo ele? – falei, seu lábio tremeu e ela se ajeitou na cadeira.

-Bem... porque ele nunca me perdoaria se eu te contasse uma mentira.

Eu suspirei fundo cruzando os braços e olhando para ela. Uau! Aquela história deveria mesmo me fazer ver as coisas de outro ângulo. Não dava para acreditar completamente nela, e mesmo se fosse verdade isso não mudaria muitas coisas. Não mudaria o fato dela estar ali na minha frente, grávida dele.

As feministas que me perdoem mas naquele momento toda a raiva que eu estava sentindo foi unicamente em direção a ela. Por um tempo eu acreditei que ela era uma garota forte, dependente, irresistível, que fazia qualquer homem cair aos seus pés assim como eu era e que talvez tivesse sido isso que o fez olhar para ela com outros olhos, que isso tivesse atraído ele! Mas eu estava enganada, ela era apenas uma garota invejosa, apaixonada, que queria ter a vida que eu tinha, queria ter as coisas que eu tinha e por isso como uma cobra deu o bote no momento mais fraco dele, e ele foi um babaca por ter caído tão facilmente por não ter conversado comigo para saber a verdade sobre aquelas histórias, achou que seguir a lei de talião era mais inteligente: olho por olho, dente por dente.

Respirei fundo abaixando os olhos e depois levantando rapidamente. Eu deveria agradecer por ela esclarecer tudo mas estava realmente irritada com ela e magoada com ele e comigo mesma. Nós agimos como dois adolescentes imaturos, nós não conversamos, não tentamos descobrir o que estava acontecendo apenas tomamos decisões precipitadas e impulsivas.

-Obrigada por esclarecer. – falei rapidamente olhando para ela.

Ela piscou rapidamente.

-Então... quer dizer...

-Mas isso não significa que eu perdoe você. – continuei antes que ela formulasse a frase – o problema aqui não é que você quis acabar com meu casamento, você quer acabar com meu casamento!

-Eu o amo Margot! – ela falou um pouco desesperada.

-Eu também! – falei um pouco mais alto – mas ele é meu marido.

Rapidamente seus olhos ficaram marejados e seus lábios tremeram, ela ia dizer alguma coisa mas foi interrompida por ele que entrou na cozinha chamando por mim mas logo sua voz sumiu ao vê-la sentada a minha frente. Seus olhos percorreu pelos nossos rostos rapidamente sem entender o que estava acontecendo ali, sua confusão era nítida.

-Amber? O que está fazendo aqui? – ele falou entrando na cozinha e sentando-se ao meu lado. – nós deixamos para conversar outro dia.

-Eu sei... eu queria falar com a Margot. – ela disse, ele juntou as sobrancelhas e ficou preocupado. Com certeza preocupado com o que ela poderia ter dito para mim na sua ausência, se ela teria dito mentiras ou apenas contado a verdade, ele olhou para mim com olhos curiosos e desesperados. Apenas dei um sorriso de canto para ele, para que ele entendesse que estava tudo bem por enquanto.

-Ah é?! – ele disse passando a mão no nariz rapidamente – e sobre o que?

-Assuntos particulares, Jared. – falei para provoca-lo mais a curiosidade. Sorri ao vê-lo tão curioso – Amber veio me contar a história de vocês dois... Aliás, eu pedi para que ela contasse.

-Eu não disse nenhuma mentira, Jar. – ela falou assim que ele olhou para ela, antes que ele pudesse dizer alguma coisa – eu quis contar, confesso que quis, mas eu sei que você não me perdoaria.

Ele parecia um pouco mais confuso ainda. Aliás, ele não sabia o que ela tinha dito.

-Está tudo bem, Jared. Mas você ainda não me disse o que veio fazer aqui, Amber. – falei voltando para ela novamente – depois de toda a história que você me contou, eu ainda estou curiosa para saber o que você quer.

Ela engoliu em seco e olhou para as unhas.

-Eu já te disse Margot. – falou.

-Não disse. – falei sem entender direito, aliás, sem entender nada.

-Eu disse para você que eu o amo. – falou ainda com os olhos baixos como se não pudesse dizer aquilo olhando em meus olhos, ou olhando nos olhos dele que reprimiu os lábios e suspirou forte olhando diretamente para mim. Passei a mão de leve no rosto e também suspirei, entendendo o que ela queria dizer com aquilo. Ela realmente esperava que eu sentisse dó dela?

-Papai! – Lola entrou na cozinha correndo gritando e se jogou nos braços de Jared, que abriu um sorriso enorme e a pegou no colo apertando-a – eu estava com saudades.

Ela disse dando um beijo nele.

-Eu também estava morrendo de saudades de você, Lô. – ele falou.

-Da mamãe também? – ela quis saber, ele me olhou rapidamente.

-Claro, da sua mãe também! – ela sorriu com os olhos brilhando então deu para ele uma flor pequena e sussurrou alguma coisa no ouvido dele.

Ele me olhou meio sem graça.

-Vai, papai! – ela falou mandona.

-Tá bom, Lô.

E ele me estendeu a flor, olhei para ela e suspirei. Depois olhei diretamente para seus olhos azuis e caramba, eu percebi que eu nunca deixaria de amar aquele homem, estendi a mão e peguei a flor, sussurrando um obrigado que ele me respondeu com um sorriso torto.

Lô sorriu toda feliz, e depois sussurrou alguma coisa no ouvido dele novamente, e ele voltou a me olhar mais sem jeito.

-O que foi? – perguntei.

-Papai! – Lola o repreendeu.

-Lô, não sei se a mamãe quer. – ele disse, ela juntou as sobrancelhas da mesma forma que ele faz, e fez um bico.

-O que foi? – insisti. Então ela pulou do colo dele e veio para perto de mim.

-Dá um beijo no papai! – sussurrou em meu ouvido, eu corei na hora como se eu nunca tivesse beijado ele antes, como se eu nunca tivesse dito para ele que o amava. Olhei para ele que tinha os olhos em cima de mim e apenas sorri. Disse que faria aquilo por ela mas por dentro eu sabia que eu queria aquilo, queria beija-lo, dane-se se a Amber estivesse ali eu queria beija-lo apenas porque eu gostava de beija-lo. Me inclinei para frente e depositei um beijo em seus lábios e meu coração bateu mais forte, quase pulando para fora do meu peito.

Assim que nossos lábios se separaram nossos olhares estavam pertos, e era nítido em meus olhos como eu ainda estava completamente apaixonada por ele, apesar de estar magoada.

Lola bateu palminhas e deu risada, feliz por ver seus pais juntos.

-Agora vá brincar, Lola. – falei rindo, e ela saiu em disparada de volta para o Jardim para contar para Ellen como tinha manipulado nós dois.

Um silencio estranho voltou a tomar conta da cozinha, eu olhei para Amber e pensei que ela iria desmoronar ali na nossa frente.

-Amber, qual o problema? – Jared perguntou também percebendo. Ela piscou rapidamente e uma lagrima acabou escorrendo mas ela secou.

-Eu estou com medo Jared. – admitiu – eu estou grávida e eu não sei o que vou fazer.

Ele suspirou.

-Amber, eu já te disse que não vou abandonar essa criança ou você, não disse? Você não precisava ter pedido demissão, mas mesmo assim eu não vou deixar você ou a criança.

-Você não consegue dizer “meu filho”? – ela falou alterando a voz.

Eu quis dizer alguma coisa mas decidi ficar quieta, deixei que ele falasse.

-Amber, você precisa se acalmar. Não posso conversar com você se toda hora que vamos conversar você tocar nesse mesmo assunto.

-Que assunto? Só quero saber como as coisas vão ficar. – falou, mas eu sabia que não era só isso que ela queria saber. Jared passou a mão no rosto e suspirou ficando irritado.

-Eu não consigo entender. – ele disse – eu já falei para você como as coisas vão ficar.

-Jared não seja burro! – falei quebrando o assunto deles, os dois voltaram a sua atenção para mim – Amber quer você! Ela veio me dizer que te ama porque ela quer ficar com você e eu sou a pedra no caminho de vocês dois, mas não precisa se preocupar, querida, Jared é livre para fazer as escolhas que ele quiser fazer, obrigada por ter me contado a história romântica de vocês dois, não vou ficar aqui para atrapalhar o assunto, conversem a vontade.

Me levantei e saí da cozinha deixando Jared pasmo com o que eu tinha dito. Como ele não tinha percebido antes que o problema dela era querer ficar com ele? Como ele, tão inteligente, não tinha entendido que o problema não era o emprego, não era a criança, não era que ela não sabia o que fazer mas que era o fato dela querer estar com ele?! Bom, eu não podia me preocupar com o problema dela já que eu tinha os meus próprios, havia muitas coisas em que pensar principalmente depois de ouvir tudo o que eu ouvi. Jared realmente merecia ser perdoado? Talvez sim, talvez não. Eu ainda não sabia o que decidir. 


Notas Finais


eaeeeee fica a pergunta ai p vcs, Jared merece ser perdoado depois dela saber a historia do que aconteceu?


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