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História A alcatéia - Lupus


Escrita por: carolinimaciel

Notas do Autor


🐺

Capítulo 13 - Lupus


Fanfic / Fanfiction A alcatéia - Lupus

Assim que nosso capitão deixou a sala do Coronel com a intenção de procurar por nossa bela donzela, Samantha, foi informado por uma das empregadas que ela se encontrava na sala de estar, ao piano. Esplêndido! Adorava vê-la tocar. Deu alguns passos em direção à sala e já até podia ouvir algumas notas que preenchiam todo o ambiente. Então quando já estava bastante próximo à saleta, reconheceu aquela melodia... Sempre à mesma... Samantha adorava aquela canção. Não era uma sinfonia de algum célebre compositor, nem nada que pudesse ser chamado de grandioso, em verdade, era algo comum.

Uma simples canção não terminada, e cuja qual Samantha sabia tocar apenas até a metade. E ainda assim, era de longe sua melhor interpretação. Quando parecia que ela enfim, atingiria o ápice das notas, ela novamente voltava para o início, desapegando-se da frustração que devia sentir por não poder “ir além”. E era sempre assim, ela continuava a tocar, se permitissem, por horas a fio. Era uma agonia para quem escutava. Especialmente para Thomas Burke que ouvia aquela música a quase 10 anos sem chegar a ouvir o seu final. Não que fosse uma melodia horrível e insuportável, não, na realidade não era. E Samantha a interpretava magnificamente, o problema com ela, é que era demasiadamente triste e, as vezes, Thomas pensava, combinava com o coração de sua amada Samantha. Ele sempre tinha essa impressão, de que ela se esforçava para sorrir, e para parecer feliz, mas no fundo estava sempre triste e solitária, somente quando estava ao piano ela se permitia mostrar seus verdadeiros sentimentos, e ainda assim, quando estava só. Bem, ele mudaria as coisas agora que seria seu noivo. O capitão tinha certeza, que ele seria capaz de levar a alegria que Samantha tanto precisava, o amor dele seria capaz disso, ele se apegava a esta crença.

- Você não se cansa dessa música Samantha? – Perguntou sorridente entrando no aposento. A moça deixou o piano imediatamente se virando para fita-lo e curvando os lábios naquele sorriso maravilhoso que aquecia qualquer coração, especialmente o seu.

- Ah Thomas! Sabe que é minha favorita!

- Não vejo motivos... – Retrucou ele azedo.

- Ora Thomas! Não me irrite!

- Tenho algo para lhe falar...

- Mais tarde, eu preciso falar com papai agora! Eu estava esperando você deixar o escritório.

- Mas.. não pode esperar?

- Não, sabe que papai quase nunca está em casa. É importante para mim. Por favor Thom, espere aqui. Eu não demoro. – Ela sorriu novamente e se encaminhou para o escritório de seu pai.

Poucos minutos após ela ter entrado no aposento, uma espécie de urro vindo do coronel se fez ser ouvido em boa parte da casa, enquanto ele esmurrava a mesa com toda a sua força!

- Não! Não! E NÃO Samantha! Você perdeu o juízo!? Não vê o estado em que estou para você vir me aborrecer com estes disparates? Meu Deus, o que foi que eu fiz nesta manhã, para merecer isso?!

- Papai... O senhor poderia considerar o meu pedido... Como um presente de aniversário, é no mês que vem e..

- Já basta! Já dei minha sentença final Samantha. Não há o que discutir. É não! Claro que é NÃO! Eu quero até o último centavo que os Blackwolf me devem e não vou abrandar isso! Na realidade, muito me admira, você, sendo minha filha, e vendo o estado em que aquele moleque desgraçado se atreveu a me deixar, que queira fazer caridade com eles!

- Pai..

- Não eu já disse! Agora saia daqui! Volte para seus bordados e seu maldito piano! – Depois daquelas duras palavras ela virou-se magoada com o pai e antes de sair do cômodo, o ouviu completar:

- Você deveria era me considerar um homem misericordioso por não mandar trucidar aquele garoto arrogante! Pfu! Talvez eu faça isso se ele me irritar mais um pouquinho, ainda que de uma forma inconsciente! Estou farto da petulância dele!

Samantha deixou por fim o cômodo, lutando para não começar a chorar antes de chegar às escadas pelo menos. Deu de cara com Burke parado na porta como uma estátua. Ele ouvira boa parte da discussão dos dois, e com certeza, a esta altura já imaginava o mesmo que seu pai, pois seu semblante era algo que Samantha odiou ter se fitado, um misto de incredulidade e desprezo, o que fez se sentir a menor das criaturas. Estava mais do que claro o que ela era, e o que pensavam que ela fosse (o que era a mesma coisa, segundo suas concepções): Uma enorme idiota, e sem um pingo de amor próprio e dignidade!

Sentiu as lágrimas começarem a se formar em suas íris cor de jade, e não queria que elas caíssem, se odiaria ainda mais se elas a traíssem dessa maneira na frente daqueles homena. O que ela mais queria era ficar sozinha, para poder derrama-las em paz se culpar por ser tão tola e inútil.

XXX

- Homem – Diana começara, tentando se encaminhar para a saída – Você precisa é de um banho gelado pra acordar dessa sua embriaguez. Isso sim! – Ele a impediu de sair dizendo:

- Nós não terminamos ainda!

- Eu não tenho mais nada para te contar!

- Mas eu tenho para te perguntar! Eu sei o que você está escondendo... Mas ainda não consigo compreender... Durante vários anos eu me forcei a acreditar que tudo que vi naquela noite não era real, que tudo não passou de uma infantilidade, desencadeada pelo medo de um garoto. Mas aqueles homens mortos lá no Vale... Aquilo não foi humano..

- Solte-me e não diga idiotices! Estou começando a duvidar da sua sanidade mental, xerife – O desdém dela insuportável!

- Cala essa boca! Você sabe o que eu vi na floresta na noite em que fiquei perdido? – Ele balançava a cabeça violentamente numa espécie de negação: - Nem eu consigo acreditar que vou verbalizar isso... – Seus olhos se encheram de lágrimas que nunca chegaram a cair e ele murmurou num sussurro contido:

- Um lobisomem.

Diana se petrificou no lugar. Seu olhar encarava o do xerife com tanta intensidade que parecia que iria perfura-lo. Logo em seguida ela desatou a rir como uma louca.

- Realmente... Nem eu, acredito que o senhor verbalizou algo dessa natureza! Homem de Deus este trabalho está te matando!

- Acha que sou louco? É o que está insinuando? Eu jamais disse isso a alguém... – Ele estava visivelmente transtornado e suava frio.

- Com bastante bom senso pelo visto! Bom senso esse, que parece te-lô abandonado! Homem, por acaso está prestando atenção no que acaba de me dizer... Se não soa loucura para o senhor, não sei o que seria!

- Logo você... Me dizer uma coisa dessas Sulivan? Estou desapontado com sua falta de criatividade para negar! Eu não estou louco! Eu sei o que vi naquela maldita noite! Agora mais do que nunca eu sei que não estou louco... – Levantando a manga de sua camisa, ele mostrara seu braço para Diana, o local onde uma enorme cicatriz em forma de garra se estendia até o seu ombro.

- Me conte o que você sabe! – Ele vociferou – Ou vai passar longos anos aqui. E isso eu garanto!

- Solte-me. – Ela soou extremamente fria e distante, e desta vez ele assentiu.

- Agora fale mulher ou eu juro que vai se arrepender! – Ele estava fora de si, a olhava com uma intensidade tão grande que a fazia se sentir enjoada, como um animal encurralado. Ambos estavam agindo puramente por instinto, e esse tipo de situação nunca acabou bem...

- Eu não tenho nada para falar. Nada do que eu diga te fará tirar essas coisas da sua cabeça pelo jeito, realmente acredita nestas loucuras que diz, então... Pode chamar os guardas? Quero voltar para minha cela.

- Sulivan... Sulivan... Tem um monstro desses à solta por aí não tem? Por isso você se entregou as autoridades... Você estava com medo de ficar lá fora de noite! Eu não sou um idiota! Eu vi os corpos dos seus companheiros! Eu jamais me esqueceria daquelas marcas malditas! – Ele revirou os olhos, como se estivesse diante da coisa mais obvia do mundo e somente naquele instante ele havia percebido - É o Leon, não é?

- Como?

- É Ele? Ele é um...

- Não seja ridículo! – Diana estava num misto de raiva, apreensão e incredulidade.

- Então admite...?

- Senhor... Jackson não é? O senhor não sabe o que está procurando. Mas acredite, acredite em mim, não vai querer encontrar!

- Eu ia ser devorado naquela noite. Eu tinha certeza disso Sulivan! Ele iria arrancar o meu braço. Eu vi na face horrorosa dele... Ele tinha me escolhido. De algum jeito, que eu não entendo, eu sei que ele tinha me marcado!

Ele iria me matar.

Diana não expressava nenhuma reação diante daquela enxurrada de palavras, apenas continuava o fitando.

-Eu era só um garoto... Estava tremendo de medo e realmente... Realmente pensei que era o meu fim! Mas aconteceu uma coisa, Sulivan, que até pra mim parece loucura, mas que salvou a minha vida, de qualquer forma! Foi tudo tão depressa que até hoje eu me pergunto se não imaginei tudo aquilo... Então, eu olho para meu corpo mutilado e me forço a acreditar nos meu próprios olhos... Jamais me esquecerei... – Neste ponto da narrativa dele, Diana já se mostrava totalmente inclinada a escuta-lo, sua curiosidade a entregava com certeza.

-No momento em que a fera arrancaria o meu braço, ela foi atacada! – Diana fechou o cenho – Sim... Eu estava de olhos fechados por isso na hora não compreendi porque ainda estava respirando e não sentia dor. E então eu olhei... Se parecia com um cão, e no primeiro momento eu cheguei a achar que era. Graças a isso, eu tive tempo de me afastar quando a criatura pulou nas costas daquele demônio fazendo-o urrar de dor, e então percebi que não era um cão. Na verdade era muito grande para ser um... Ele era um lobo. Maior do que qualquer um que eu já tenha visto. E ele me salvou.

- Um lobo? – A questão não foi para o xerife, fora para ela mesma.

- Sim, Sulivan. Um lobo. Do seu tamanho eu acho, não, muito maior. E ele era totalmente branco. Ele me olhou assim, como estou olhando para você. Me encarou com olhos furiosos e famintos, mas não me atacou como eu pensei no início. A sua fúria estava direcionada para o monstro negro atrás de mim. Sabe de que cor eram sua íris Diana? Elas eram azuis. E me traziam uma estranha calma, no meio do terror. Eu não tive mais medo. Ele pulou nas costas do monstro com mordidas e ganidos, mas aquela maldita criatura o feriu. Eu vi... O sangue dele manchando a pelagem alva, e o medo voltou para o meu coração. Eu quis correr, porém minhas pernas não respondiam aos meus comandos. Eu tremia como uma vara verde, quis gritar, mas também não adiantaria, e se era para morrer, pensei, então seria como um homem. Eu avancei contra o demônio, e é claro que fui derrubado, mas pelo menos o lobo conseguiu se safar e novamente atacou o lobisomem para me proteger! Por Deus, como eu queria esquecer estas malditas lembranças, Sulivan... Mas elas me perseguem de noite nós meus pesadelos! O lobo uivou seguido da criatura nojenta, que o atacou novamente. Eu tive com pena do animal mas eu não podia deixar a oportunidade passar desta vez. Eu tinha que fugir.

Graças à Deus consegui escapar mas não sem antes ver o fim daquele demônio: Quando eu estava longe, distante, resolvi olhar para trás, bem em tempo de ver o Lobo branco uivando em cima de uma pequena montanha e atrás dele surgiu cerva de 8, não, 10 outros lobos iguaizinhos, alguns menores outros maiores, mas todos no mínimo do seu tamanho, e brancos como a neve! Uma Alcatéia inteira! E eles mataram o lobisomem. Foi uma cena horrível! Esquartejaram a criatura como se não fosse nada! Você já viu um desses Sulivan? Um lobo branco como a neve? – Ele indagou ao final arqueando as sobrancelhas e esperando uma resposta dela. Que não veio.

A história do xerife parecia no mínimo, a coisa mais absurda que a mulher já ouvira em toda sua vida, principalmente a parte da Alcatéia de lobos brancos. Jamais ouvira falar de nada como aquilo, e chegou até mesmo a cogitar a ideia dele estar realmente fora do juízo perfeito, porém, as marcas em seu corpo denunciavam seu encontro com um lobo da escuridão e ela não conhecia muitos homens que tiveram esse encontro e sobreviveram. Deveria dar um crédito àquela história. Por hora.

- Eu quero voltar para minha cela... – A voz da moça saiu estranhamente perturbada e rouca, e o xerife, depois de sua narrativa, também estava um tanto quanto fora de si. Desta vez não a impediu de chamar pelos guardas que logo vieram leva-la de volta para seus aposentos, deixando o pobre homem suando frio e perdido em pensamentos.



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