História A amante do meu marido (Romance lésbico) - Capitulo 34

- Quem é você? – Foi tudo que consegui dizer, porque eu estava perplexa.

- Eu sou a Bruna, apesar de tudo, eu ainda sou sua Bruna.

- Você gravou vídeos íntimos nosso? – Eu ia sair da cama para pegar seu celular.

- Não, claro que não. Eu só falei para provocar o Carlos.

- Eu não consigo acreditar.

- Você sabe a senha do meu celular, do meu facebook, do meu computador, do e-mail. Você sabe tudo, pode procurar se quiser, se isso for fazer você acreditar em mim.

- Isso não muda nada, pode ser mais um de seus jogos.

- Júlia, amor, olha pra mim. Se eu quisesse continuar com tudo, eu iria te contar? Eu quero acabar com os segredos que existem entre nós. Quero deixar toda essa merda que eu fiz para trás, porque eu quero realmente ser sua mulher.

- Como ainda pode dizer isso, depois de tudo que fez...

- Eu digo porque é a verdade e estou tentando me redimir.

- Eu não consigo mais confiar em você.

- Mentira.

- Como sabe disso? – Ela sorriu em meio ao choro.

- Carlos te contou tudo, você já sabia e ficava trocando mensagens com sua irmã, você sabia e ainda assim resolveu ficar comigo.

- E-eu queria ouvir sua versão.

- Acho que no fundo você sabia que eu fiz uma merda colossal, mas ainda assim você estava se preparando para me perdoar, porque essa é a sua natureza, você é boa, você emana luz e isso atrai pessoas cheias de trevas, como eu e as enche com um pouco de amor, luz e esperança.

- Acha mesmo que vou te perdoar por isso?

- Sim. – Ficamos em silêncio.

- Bruna, você tem vídeos íntimos nosso?

- Não, nunca tive, só um vídeo montagem de nós nos beijando.

- Por que está extorquindo Carlos?

- Porque ele merece. – Bruna desviou o olhar.

- O que aconteceu de sem mais segredos?

- Júlia, isso não é algo que eu me orgulhe, ta legal? – Ela abaixou a cabeça. – Eu sou bolsista graças ao seu ex-marido, tenho esse apartamento, um carro, uma boa poupança... Eu não era apenas amante de Carlos, bom seu ex-marido não é só um simples professor ou advogado, ele conquista alunas jovens, pobres, bonitas e lhes da roupas, dinheiro, o gostinho pela vida boa e no fim bom, ele diz que nada é de graça, você precisa ajuda-lo, a conseguir clientes, casos, dormir com juízes para ganhar casos... – Bruna abraçou seu corpo. – Com advogados rivais e tirar fotos deles, para então ameaça-los.

- Você não era obrigada a fazer isso.

- Claro que eu era, não tinha para onde ir nem onde ficar... você não entende porque sempre teve pais que te amavam. – Bruna chorava abraçada com suas pernas. – Ninguém nunca me amou Júlia, meu pai foi embora, minha mãe diz que sou um aborto mal feito e ainda me jogou para fora de casa, eu fui abusada, eu não queria ele tocando em mim, ele entrando eu não queria nada disso... O que eu fiz para merecer isso? – Naquele momento percebi que era hora de abaixar as armas, Bruna precisa de mim e não era drama para me dobrar fácil, sobre ela ter problemas familiares era algo que eu já sabia e sobre as pessoas a usarem, era algo que eu fui descobrindo pouco a pouco. Ela não tinha amigos, não confiava em ninguém, era sempre sozinha e uma pessoa fechada, que era extrovertida. – Os homens só ficam perto de mim para me levar para cama e quando eu digo que só querem amizade, me tratam como se eu fosse uma vadia, como se eu tivesse o direito de querer ter algo com eles só porque eles foram legais comigo, as mulheres me odeiam, dizem que tenho aparência de puta e quando ficam perto de mim é para simplesmente eu apresentar macho para elas, depois disso ficam falando mal pelas minhas costas. Eu quero entender o que eu fiz de errado. Eu te amo, muito Júlia, muito mesmo, é por isso que eu estou sendo sincera, estou me abrindo e contando tudo, porque simplesmente eu poderia viver como estávamos vivendo, mas eu não quero mais segredos. Eu não vou suportar se você deixar de me amar. – Bruna encostou a testa na minha. – Você me acha nojenta?

- Não, nunca te achei nojenta.

- Mesmo depois de ter te contado tudo isso?

- Sim, mesmo depois de ter me contado tudo isso. – Acariciei seu rosto. Bruna estava certa, eu já havia perdoado antes mesmo dela me contar tudo, claro que agora tinha mais coisa, mas ainda assim, o passado dela não mudava nada para mim, o importante era quem ela é hoje. – Mas você sabe, que nada justifica o que fez, eu ainda estou muito triste.

- Eu estraguei nossa noite... me perdoa?

- Sim. – Dei um rápido selinho nela.

- Eu... precisava fazer isso, porque eu nunca seria capaz de dar um passo a mais na minha vida sabendo que iria te magoar e eu também queria compartilhar as partes sombrias da minha vida, eu tinha medo do seu julgamento.

- Eu nunca irei te julgar, você sabe.

- Júlia, por que você me ama? Você é uma mulher extraordinária, madura, adulta, com uma vida feita, com filhos, todos os dias que eu acordo e penso em você, parece tão irreal, parece que é um sonho, porque você é tudo isso e eu sou só uma estagiaria, sem diploma, de vinte e três anos. Eu me sinto tão insegura todos os dias, parece que você vai acordar e pensar ‘Por que estou com essa garota?’ e me trocar por um homem de meia idade, bem de vida, que vai ser um bom pai, que não vai ter crises existenciais, fico com medo todo dia quando saímos e alguém chega perto de você, eu só consigo pensar que ele ou ela pode ser melhor do que eu e você simplesmente me deixar, porque essa pessoa vai te fazer feliz. Eu nunca disse isso, mas eu me sentia assim com Rose, eu tinha medo dela simplesmente tentar te conquistar, porque eu sei que não tenho muito a oferecer... – Naquele momento eu vi um lado de Bruna que nunca havia visto antes. Ela não tinha auto estima, era insegura e quando falava exalava um medo irracional.

- Shiii... chega. – Coloquei o indicador em seus lábios. – Não, não é assim que funciona. Eu amo você. Como você mesma diz, você faz muita merda, mas ainda assim eu amo você.

- Júlia, eu me sinto tão limitada, queria poder fazer mais por você todos os dias, queria ser melhor por você todos os dias, meu trabalho é uma merda, mas a única coisa que me motiva é saber que eu vou te ver, que irei jantar no seu apartamento ou que simplesmente posso passar e te dar um beijo e um abraço. Isso renova minhas energias. – Bruna me afastou levemente. – Me espera dez segundos? – Concordei. Ela sumiu pela porta do quarto, depois voltou, não demorou muito. Ela parecia pensativa, preocupada. – Eu queria passar na OAB primeiro, porque isso era sinal de estabilidade, mas eu acho que essa é a melhor hora para mostrar quais minhas reais intenções, porque eu não aguento mais viver separada de você. – Bruna me mostrou uma caixa de veludo azul, abriu, eram duas alianças douradas. – Eu quero me casar com você, uma união estável, dividir minha vida completamente com você, podemos ir para a Argentina ou um país de sua preferencia para nos casar, mas antes de decidirmos isso, eu quero saber se você quer casar comigo?