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História A ansiedade de ter ansiedade - A ansiedade de ter medo.


Escrita por: pyechmushy

Notas do Autor


Qualquer semelhança comigo não é mera coincidência -qq

Capítulo 1 - A ansiedade de ter medo.


Eu contei há esses dias para algumas pessoas que sofria de ansiedade, uma decisão patética.

Porque afinal de contas, elas não entenderam como eu suspeitei, mas a gente sempre tem essa pontinha de esperança, dessa vez vai ser diferente, é o que eu quero pensar, mas a minha mente já está tão acostumada a criar teorias do quanto algo pode dar errado, que o medo sempre fala mais alto.

Mas é outro problema, você sabe como é ter medo de sentir medo? Sabe como é tremer pelo menor dos males? Mas que aquilo vira um tsunami, e ele te persegue por onde você vai, porque sempre pode dar algo errado.

Sabe como é sempre colocar uma máscara? Porque você não pode deixar os outros notarem. Como vai explicar depois? Como vai explicar que você se sente um louco por todas as vozes em sua cabeça, a respiração descompassada, o simples medo de algo dar errado.

Seja de cruzar o país com uma mochila, até mesmo a ir à esquina. Você nunca sabe quando pode ser atropelado na vida.

Fui diagnosticado com ansiedade aos 14 anos, e por mais que muitas pessoas sintam pena disso, eu não senti muita coisa, afinal de contas, eu já lidava com ela a tanto tempo, que eu não achava mais que aquilo era ansiedade, era eu, por completo.

Porque eu não consigo pensar em minha infância de forma clara, eu sei que fui cuidado, fui amado, mas depois da morte do meu irmão qualquer lembrança sobre isso parecia um simples borrão cinza.

Lembro-me de não sentir falta de meus pais, porque parecia que a tanto tempo eles estavam longe, a tanto tempo eu não via eles, mesmo que todo dia de noite eles chegassem; cansados, mas chegassem.

Lembro-me de sentir medo, me lembro de não dormir, me lembro de sempre estar em hospitais por problemas em meu estômago, me lembro de perder o ar tantas vezes ao dia.

Eu fui considerada uma criança razoavelmente normal, mas é realmente difícil notar as coisas que acontecem com uma criança ao ter uma máscara de luto cobrindo por completo seus olhos.

Porque de acordo com eles; eu era novo demais para sentir alguma dor com a perda de meu irmão.

Mas aqui estou eu, quase seis anos depois de sua morte, e eu ainda sinto cada pedaço de meu ser doer, porque eu me sinto abandonado, vulnerável, e eu tenho medo disso, mas também tenho medo, de ter medo.

Tenho medo porque todo dia eu penso que estou perdendo tudo ao meu redor, e tanto acham que isso é drama, e eu não os culpo, porque parece ser tão mais fácil pensar que isso é um drama ao invés de se preocupar, afinal de contas, apenas pessoas com ansiedade se preocupam demais com os outros, não é?

Eu ainda tenho marcas, não fisicamente – não que eu já não tenha tentado –, mas sou cheia de marcas psicológicas e emocionais.

Quase ninguém sabe, e eu gosto disso, porque dessa forma, eu não preciso ouvir que acreditam que sou uma das pessoas mais fortes que eles conhecem, eu sou tão fraca, que uma simples resposta estranha eu já crio mil e uma neuras do que eu posso ter feito; porque eu sempre tenho culpa de algo.

Com 13 anos eu descobri que meu pai traía minha mãe, e não foi só isso que eu descobri, foi muita coisa ao mesmo tempo, onde eu consegui chorar por quase três dias seguidos, e apenas na morte do meu irmão isso aconteceu.

Eu acreditava que mesmo meus pais não notando minha situação, eu ainda poderia ter esperança de nós sermos uma família até que boa, sabe? Mas eu sempre crio esperanças demais.

E mesmo tendo noção disso há alguns meses, ainda é difícil aceitar, ainda é difícil acreditar, afinal de contas, nem eu sabia o que acontecia debaixo dos panos.

E muitos vão dizer que eu não preciso me preocupar, mas vocês não sabem o quanto eu me preocupo com aquilo que eu não tenho nada haver, porque talvez eu tenha culpa nisso.

Se eu não tivesse me afastado tanto de meus pais, se eu tivesse sido um filho melhor, se eu tivesse ficado ao lado de minha mãe quando ela teve depressão, se eu não tivesse deixado me afogar na depressão, se eu tivesse feito tanta coisa, talvez eu pudesse ter sido pelo menos 1/3 do que meu irmão foi.

E ás vezes eu chego a me impressionar em como as pessoas não notam as coisas ao seu redor, seus pais notariam alguma hora se você tivesse inúmeras idéias de como se matar?

Eles ligariam se você contasse todas ás vezes que você perde o ar, que você sente seu estômago tão agitado que ele parece querer sair por sua boca, e todas ás vezes que falar com uma pessoa para pedir uma simples informação faz você sentir que pode ter um ataque cardíaco, bem, algumas pessoas não ligariam.

É difícil acordar todo dia e ter que falar para si mesma que tudo vai ficar bem, que tudo não vai sair do controle, que tudo bem desviar do olhar das pessoas, que tudo bem se eu não passar em uma prova, que tudo bem se eu não souber o que fazer.

Mas eu tenho que ser a melhor, se algo vale 30, eu não posso tirar 28, mesmo que tenha sido a melhor nota da classe, eu não posso, eu sempre tenho que ser tudo ou nada, porque oito parece pouco, mas oitenta também.

Mas chega a esses momentos, que eu não sei falar sobre mim, já reclamaram do fato de eu sempre falar sobre mim em algum momento, então talvez em algum momento eles viveram uma mentira comigo; porque eu desconheço de minha máscara até meus demônios mais adormecidos.

Sinto que em todas as minhas palavras falta algo, como se eu não estivesse cheia, só esperando para ser transbordada, na verdade, sinto que falta boa parte de mim para ser cheia, não de outros, mas de mim mesma.

Ás vezes eu sinto que deveria ser mais confiante para os outros, porque eu sempre quero cuidar de alguém, mas nunca ser cuidada, sempre quero tudo para os outros, mas eu nunca ganho nada, eu sempre quero um pedaço do mundo, mas nunca realmente me acho digna disso.

Eu sempre... Não sei o que dizer, porque é tanta coisa para ser sentida, um vazio tão grande para ser preenchido, que tudo foge de minha mente, e nada pode ser transmitido por minha escrita ou palavras.

E deixo bem claro que escrever é uma de minhas paixões, começou como algo bobo, onde achei que pela primeira vez poderia ser bom em algo, hoje em dia eu não consigo achar nada suficiente, porque nem aceitável eu consigo ser.

Ás vezes eu me pego me comparando com as pessoas, seja sobre meu corpo – deixo bem claro que é uma das piores inseguranças que tenho – ou até mesmo sobre minha voz, minha escrita, minha dança, minha beleza – que eu não acredito ter uma – sobre meu cabelo, sobre meu jeito feminino que eu mal tenho, sobre meu jeito masculino que eu também mal tenho, sobre como eu quero ser tudo, mas um grau de areia é mais interessante que eu.

E eu poderia fazer uma lista de todas as minhas inseguranças, seja sobre a vida ou sobre eu mesma, mas eu morreria antes de eu terminá-la.

Porque eu sou a droga de um medroso, que tem medo de ter medo.

O que é engraçado, porque eu tenho o sonho de viajar por aí, de sentir sensações, de fazer as pessoas sentirem coisas, mas como eu posso querer isso se com uma saída até a cidade mais próxima eu já fico elétrico?

Muitas pessoas acham que quem tem ansiedade sempre anda desarrumado, sempre vai ser elétrico, sempre vai ter que surtar a qualquer momento na frente das pessoas.

Já ouvi tanto sobre eu ser uma pessoa calma, tão tranquilo, tão na minha, mas é isso que as pessoas não notam, o problema está em nossa mente e em nosso interior mais perdido, aquele coberto por várias camadas, porque nós mesmos temos medo daquele monstro.

E não, pessoas com ansiedade não são descuidadas, nós cuidamos mais do que precisamos de nossa aparência, porque antes mesmo de sairmos de casa, nós já estamos perdendo a cabeça sobre comentários que podem surgir sobre nossa pessoa.

É um julgamento universal que em um passo de mágica vira um auto-julgamento.


Notas Finais


Isso saiu maior do que várias OS minhas, mas ainda sinto que falta coisas...~


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