Para entendermos o que está acontecendo nessa história, precisaremos voltar uma semana no tempo. Prontos? Em três, dois, um...
Estamos agora no quarto de Alexandra Woods e sempre que entro por aqui, tenho vontade de passar um aspirador de pó e dar uma ajeitada nas roupas espalhadas. Mas sou só uma narradora, então, nada feito.
O quarto está uma zona, com CDs e DVDs espalhados por todos os lados, roupas usadas jogadas em qualquer lugar e um forte cheiro de incenso. O que posso dizer? A garota curte um incenso, de todos os tipos, tamanhos e aromas.
Um pacote de bolachas recheadas está aberto e esquecido em um canto, bem ao lado do iPad com a bateria zerada, plugado na tomada.
Nesse momento, Lexa está com os olhos vidrados no Xbox, muito puta por ter tomado quatro tiros de Lincoln, seu melhor amigo e muito melhor jogador no que diz respeito a games.
— Azar no jogo, sorte no amor. É o que eu sempre digo. – Lexa joga o controle sobre a cama desarrumada, na maior indiferença.
— É o que você sempre diz quando perde, ou seja, sempre! – Lincoln lança uma gargalhada no ar, batendo firme no ombro da amiga.
— Vamos fazer outra coisa da vida, beleza? – Lexa se levanta do puff, dispersa, deixando se cair na cadeira estofada em frente ao computador. A tela acende e a página do Facebook é carregada.
— Já mandou a moto para o conserto? – Lincoln desliga o vídeo-game e se atira na cama, como se o colchão fosse uma piscina.
— Meu pai disse que não dará nem um puto de um centavo para arrumar o estrago da moto. – realmente o velho disse isso, aos gritos.
— Poxa, garota, você tá mesmo ferrada. Sua mãe proibiu a Zulmira de arrumar o seu quarto, passar a sua roupa e o que mais mesmo?
— Proibida de me acobertar. – Lexa gira a cadeira para encarar Lincoln. – Cara, tô cheia disso.
— Calma, um problema de cada vez. Primeiro, precisamos conseguir uma grana para você arrumar a moto. Sem a sua motoca, somos dois otários de bicicleta.
— E como descolaremos uma grana? Seu pai não o proibiu de vender bagulhos piratas? Não disse que mandaria prender você ou algo pior?
— É, estou sem grana também. Minha mesada não dá para nada. – Lincoln suspira alto, entrelaçando as mãos atrás da cabeça. — O que sugere, Cabeçuda?
Nesse exato segundo, uma semente é regada, começa a crescer e a frutificar na gigantesca cabeça de Lincoln. Quando um fruto maduro cai do pé e chacoalha o cérebro do cara, a ideia surge como uma trilha sonora perfeita, reproduzida no momento crucial da trama.
— Já sei como conseguiremos a grana, Lexa. Mas só me dê um soco depois que eu terminar de contar.
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