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História A Ascendência do Trono - Um maluco de camisola invade o Senado


Escrita por: Darkness_Sean e Nebulla

Notas do Autor


Sejam bem-vindos, e tenham uma boa leitura!

Capítulo 2 - Um maluco de camisola invade o Senado


Fanfic / Fanfiction A Ascendência do Trono - Um maluco de camisola invade o Senado

 

Gustav odiava ter que ficar de guarda. Era tedioso ter que ficar parado feito uma estátua, apenas a espera que um monstro os atacasse ou que um semideus descesse a colina sobre uma bandeja de petiscos.

O garoto usava seu habitual e bizarro traje de guarda. Usava um elmo romano emplumado, que cobria seus cabelos platinados. Um peitoral, que cobria sua camiseta roxa do acampamento. Seus jeans, cheios de runas e símbolos estranhos, iam até um pouco acima da canela. Usava um all star vermelho e um azul, que não combinava nada com suas meias coloridas e suas grevas. Em seu braço, havia uma tocha preta cruzada com uma chave tatuada, que era o símbolo de sua mão, Trívia, conhecida como Hécate pelos graecus. Abaixo dela estavam as iniciais SPQR, Senatus Populusque Romanus, e cinco linhas horizontais, que representavam seus anos como legionário. Em suas mãos ele segurava um pilo, que era uma espécie de bastão de madeira com ponta de ferro, como se fosse um arpão.

Ao seu lado estava um semideus baixo e parrudo, com bochechas rosadas. Seus cabelos encaracolados, que lhe faziam parecer um daqueles Cupidos genéricos, estavam escondidos debaixo de seu elmo, que vivia lhe caindo sobre os olhos. Assim como o filho de Trívia, o garoto utilizava um peitoral e uma camisa roxa. Ele utilizava, também, um saiote e um short florido. Em seus pés rechonchudos, duas sandálias marrons. O garoto definitivamente não tinha senso de moda, pensava Gustav. Uma coisa brilhava em seu pescoço. Era sua plaquinha de prata, onde seu nome e sua coorte estavam registrados: Willian Davey, Terceira Coorte. Ter aquela plaquinha pendurada no pescoço significava que o garoto estava em período de teste, in probatio. O garoto também segurava desajeitadamente um pilo. Na sua bainha jazia um gládio nunca usado.

– Animado para os jogos de guerra? – Perguntou Will, tentando puxar assunto. Sua cara estava escondida no meio da briga entre seus cabelos e o elmo. Gustav tinha muita afeição para com o garoto, afinal, ele o apadrinhara quando o garoto apareceu no acampamento, há um mês.

– Não muito. Você sabe muito bem que eu não sou fã de batalhas. – Respondeu Gustav, preguiçosamente. Apesar de ser um veterano no acampamento, ele nunca se dera bem com os jogos de guerra. Sua praia era a mágica, os jogos de inteligência, de preferência, sem violência.

De repente, a porta de manutenção que estava entre os garotos abriu-se bruscamente. Do corredor, saiu um garoto com aproximadamente a mesma idade de Gustav. Era musculoso, com cabelos estilo militar, ao contrário do filho de Trívia, que era magricela. Ele encarou Gustav com um olhar de arrogância, como se tivesse nojo de Gustav, e provavelmente ele tinha. Era Giovanni, o ex-centurião da Segunda Coorte. O filho de Marte perdeu seu título na legião após quase matar um legionário de sua Coorte, que se negou a trapacear na corrida de bigas, fora outras vezes em que ele se irritava por bobagens. Todos no acampamento, inclusive Gustav, concordavam que a pena dele foi leve demais. O filho da guerra era completamente pirado, mas só continua vivo pela influência da sua família.

Ao lado do filho de Marte vinha uma garota branca, com traços orientais. Seus cabelos escuros estavam bagunçados, como se ela tivesse acabado de levantar-se – e provavelmente tinha. Olívia, filha de Somnos, esboçou um sorriso para Gustav, bocejando logo em seguida. Giovanni observou a cena, irritado. Todos do acampamento sabiam que ele era apaixonado pela garota, mas ela não correspondia. A única coisa que ela nutria por Giovanni era pavor.

– Acabou o turno de vocês, estão dispensados – Falou o filho de Marte, rispidamente.

Os filhos de Trívia e Pomona não questionaram. Gustav agradeceu em silêncio, pois poderia finalmente sair daquele lugar tedioso. Eles entraram pela portinha, que fechou-se com um baque atrás deles. A princípio parecia um túnel de manutenção comum, com fios de eletricidade, caixas de disjuntores, lâmpadas em gaiolas de arame pelo teto. Mas pouco a pouco o piso de cimento foi sendo substituídos, dando lugar a mosaicos de placa, as lâmpadas foram substituídas por tochas de bambu – que não produziam fumaça, diga-se de passagem. Eles caminharam até alcançar um quadrado de luz. A cada passo, a luz do sol tornava-se mais e mais forte. Até que eles finalmente alcançaram o fim do túnel.

Diante deles abria-se um enorme vale, com pequenas colinas, áreas de florestas e planícies douradas. Ambos os semideuses desceram pelo vale, até chegar a uma ponte que cruzava um límpido e sinuoso riacho. Assim que atravessaram pela ponte, depararam-se com um acampamento militar. Ele era cercado por grandes muros e por um fosso seco, repleto de espigões pontudos. Torres de vigilância erguiam-se de cada canto. Estandartes roxos pendiam das torres.

No interior da fortaleza podia-se ver dezenas de pessoas, entrando e saindo dos alojamentos. Algumas carregavam armas, outras armaduras. Alguns lares perambulavam pelo local, atravessando uns legionários, assustando outros.

Preciso de um banho – pensou Gustav enquanto atravessava a Via Principalis.

[...]

A noite havia chegado, e com ela os jogos de guerra. A Terceira Coorte fora dividida em duas fileiras, cada uma seguindo um de seus centuriões, Darya e Guil, filhos de Arcus e Vulcano, respectivamente. Todos os legionários estavam cobertos de armaduras polidas e reluzentes. Cada um deles carregava uma lança pilo, um gládio e um púgio.

A Coorte marchou para o norte, contornando a cidade e seguindo para o Campo de Marte. O grande campo era cheio de crateras, resultantes de todos os outros jogos de guerra. Na outra extremidade do campo via-se uma fortaleza de pedra, com cinco torres, alguns canhões, balistas do tipo escorpião, etc.

– A Terceira, a Quarta e a Quinta serão o time de ataque – Disse Darya, com seus cabelos coloridos balançando com o vento. Ela estava vestida com uma armadura tradicional romana. Em suas costas estava sua aljava, cheia de flechas coloridas. Seu arco estava apoiado no chão como se fosse uma bengala.

– Parece que eles fizeram um bom serviço hoje – Acrescentou Guil. Sua pele cor de bronze combinava com sua armadura. Seus cabelos dread estavam amarrados. Em suas mãos brilhavam suas manoplas de ouro imperial.

As tropas marcharam até o centro do Campo de Marte, onde formaram fileiras. A Terceira Coorte, que na maioria das vezes era a mais estrategista e inteligente, estava no meio, ladeada pela Quarta e pela Quinta.

No céu, encontrava-se Reyna, com seu suntuoso manto roxo sobre sua armadura. Seus longos cabelos negros estavam amarrados em uma trança única que estendia-se por suas costas. A luz da lua, a mulher tinha a aparência de uma deusa. Provavelmente a deusa dos chutes em homens assanhados. Sua feição era dura, e seu corpo superdesenvolvido de vinte e poucos anos. Ela circulava pelo campo montado em seu pégaso branco, Magnificus. Também montado em um pégaso, só que negro, estava o pretor Zhang, com roupas semelhantes às de Reyna. A diferença era que ele era mais corpulento e tinha uma aljava nas costas. Ambos desempenhavam o papel de árbitros.

– Conversamos com os outros centuriões – Falou a oficial de cabelos coloridos. Ela estava tentando parecer otimista. – A Quarta irá atacar pela direita, a Quinta pela esquerda, e nós pelo centro.

Um murmúrio correu pelas fileiras.

– Deixe-me adivinhar, seremos a distração novamente? – Falou um menino magricelo da fileira de Guil. Pelo que Gustav sabia, seu nome era Rafael, filho de Mercúrio.

– Se você pensar por esse lado, sim, seremos a isca. O que a gente pode fazer? Foram duas coortes contra uma – Disse Guil, dando de ombros e colocando seu elmo. Sua feição tornou-se séria. – Escutem. Quero que todos permaneçam com a guarda alta. Vocês da minha fileira, quero que travem seus escudos e avancem na direção do portão. Não importa o que aconteça, permaneçam em posição.

– Vocês, da minha fileira ficarão encarregados de espalharem-se pelo campo. Tentem penetrar a fortaleza deles a todo custo – disse a garota. – Eles podem até ter uma fortaleza impenetrável, mas nós temos coragem! Que a sorte esteja com a gente. Vitória para a Terceira!

Vitória para a Terceira! – Repetiram os membros da coorte, em uníssono. Todos separam-se de acordo as ordens de seus centuriões.

Gustav, juntamente com Darya, Will e mais alguns legionários avançaram pelo meio do campo, ignorando os semideuses que eram abatidos pelos canhões. Gustav podia jurar que tinha visto um membro da Quinta ser lançado a vários metros do chão. Darya, armada com seu arco, disparava com maestria, derrubando diversos legionários de cima das muralhas.

A frente deles, os soldados triplicaram seu número. Onde antes tinham quinze ou vinte legionários, agora tinham setenta, todos fortemente armados e avançando em formação tartaruga. Nada conseguia detê-los. Rochas partiam-se ao atingi-los, flechas se prendiam a armadura e escudos. Eram praticamente imparáveis.

Bem, na verdade era o que os legionários da Primeira e Segunda viam. Na verdade aquela tropa não passava de uma mera ilusão criada por Gustav. Aquela era sua especialidade, confundir a mente do inimigo, manipular a névoa.

Enquanto todos se preocupavam em deter as tropas ilusórias, Gustav e seu grupo simplesmente deram a volta pelas muralhas, chegando a um lugar quase deserto. Darya e Vini, filho de Cupido, lançaram suas flechas hidra, um tipo de flecha diferente que é utilizada para fixar-se em locais de difícil acesso, que prenderam-se ao topo do fortaleza. O pequeno grupo escalou a parede, de dois em dois, enquanto Gustav usou um feitiço, Inrita Pondus, para ir flutuando até o topo.

Ao alcançarem o local desejado, depararam-se com uma cena no mínimo estranha. Dez legionários engatinhavam e baliam, enquanto fugiam de dois outros membros da legião, que uivavam como lobos, enquanto Gustav gargalhava.

– Mas que diabos está acontecendo aqui? – Disse á centuriã, olhando toda a situação.

– Manipulação da mente. Eles vão voltar ao normal daqui a alguns minutos... ou horas sei lá – Disse o platinado, limpando algumas lágrimas, ainda gargalhando – Temos coisas mais importantes para fazer.

O grupo desceu os degraus internos e entraram na base do inimigo. Will avançava com seu escudo travado, derrubando as linhas inimigas. Apesar de novato, ele lutava como um verdadeiro soldado de Roma.

Gustav usava suas habilidades, mexendo com a cabeça dos inimigos. Alguns atacavam seus aliados achando serem inimigos, outros corriam feito galinhas, literalmente. Vini e Darya disparavam flechas rapidamente, chegando a esvaziar a aljava. Vini empunhou seu gládio, enquanto Darya partiu a toda velocidade com seu pilo.

Em alguns segundos todos os inimigos estavam caídos no chão, inconsciente, ou imitando algum animal aleatório.

Após isso eles correram para o cômodo onde estavam os estandartes. Tudo estava quieto, de uma forma aterrorizante. Eles se aproximaram cada vez mais, notando que a porta estava entreaberta.

A cena a seguir foi totalmente sinistra.

Giovanni estava sentado em trono, murmurando frases desconexas. Nada de estranho não é mesmo? Se não fosse pelo fato do garoto estar rodeado por corpos. Inclusive, seu trono estava sobre uma pilha de legionários mortos. As mãos do filho de Marte estavam completamente ensanguentadas, como se ele tivesse revirado as tripas de alguém. Em seu rosto havia algumas gotas de sangue, que provavelmente havia pingado após o massacre. Suas roupas estavam rasgadas, como se tivesse passado por um moedor de carnes.

O garoto encarou o grupo. Seus olhos estavam vidrados, como se ele tivesse tomado muita cafeína e tivesse ficado acordado por uma semana. Seu sorriso era sádico. Suas mãos mexiam rapidamente, flexionando os dedos como se tivesse apertando o coração de um de seus inimigos.

– O-oque você fez? – Perguntou Darya, embasbacada. Ela observava a sala, que estava bagunçada, como se tivesse passado um furacão por ali. A sala havia sido pintada de vermelho, com o sangue dos legionários.

– A Voz... – Falou o filho de Marte. – Ela me disse... Aqui... – O garoto apontou para sua cabeça, enquanto se balançava para frente e para trás. – Ela me prometeu poder...

De repente, os olhos do garoto reviraram. Ele desabou no chão batendo a cabeça fortemente. Matt, um dos legionários da Terceira e filho do deus da guerra, correu para acudir seu meio-irmão.

Gustav piscou abismado, enquanto o mundo desacelerou, parando logo em seguida. Giovanni, que antes estava caído, levantou-se. Sua forma foi mudando até tornar-se uma jovem mulher. Seu vestido negro ondulava, apesar de não haver qualquer brisa no local. Seu cabelo dourado estava amarrado ao estilo “rabo de cavalo”. Ela emanava um brilho branco e místico, que lhe fazia parecer um fantasma. Ela tremeluzia, dificultando a vista do garoto.

– Senhora Trívia – reconheceu o garoto, ajoelhando-se logo em seguida.

Levante-se meu filho. Nós temos coisas muito sérias para falar – Sua forma tremeluziu. A deusa colocou a mão em sua cabeça, como se tivesse levado uma pancada muito forte, e o galo ainda doesse. – Os deuses... Os deuses estão em sono profundo... – Falou a mulher.

Err... Bom para eles. – Falou o garoto, arqueando a sobrancelha. – Quando eu deito para dormir, eu pareço uma pedra, ninguém consegue me acordar.

A deusa suspirou, lançando um olhar frio para Gustav. Seria um olhar de raiva, impaciência ou apenas cansaço? O garoto não conseguiu identificar.

Meu poder... Meu poder está sendo drenado para executar um feitiço antigo... – Ela suspirou tentando caminhar até o filho, cambaleando. – Onze dias... – Falou a mulher, inaudível.

Desculpe, não entendi – Falou Gustav, aproximando-se da deusa.

- ...para o fim do mundo – A voz da mulher começou a fraquejar. Sua aparência que antes tremeluzia, agora estava quase transparente, de um jeito fantasmagórico.

O que? – Falou o garoto, embasbacado. – O que os deuses estão fazendo? Porque o mundo vai acabar? Porque os olimpianos não detém esse tal fim?

Como eu disse antes, os deuses estão em um sono profundo. O poder deles está sendo absorvido. Vocês tem que deter o deus banido – Ela começou a afastar-se do garoto, sumindo aos poucos.

Vocês”?  Vocês quem? – Perguntou o garoto, ainda mais confuso. – Qual deus banido?

Boa sorte, filho. Vocês vão precisar! – Disse a deusa, sumindo de vez. O mundo a volta de Gustav começou a rodopiar, quebrando-se em pedaços, como se a realidade fosse um espelho e alguém tivesse jogado uma pedra.

[...]

Gustav acordou em uma cama macia. Ele olhou ao redor, percebendo que estava em um quarto totalmente branco. O garoto levantou-se da cama, retirando os lençóis brancos. Ele percebeu que não estava com suas roupas tradicionais. Estava com roupas hospitalares. Usava uma camisola azul claro, e seus pés estavam descalços.

Ele tentou se levantar da cama, e sentiu uma pontada na cabeça. Ele passou a mão pela testa e percebeu que tinha um caroço – um galo – e sua mão recuou na hora. O garoto olhou para a janela. Já estava amanhecendo. Quantas horas ele havia passado ali?

Em sua mente veio à visão da noite anterior. Aquilo havia sido apenas um sonho, uma alucinação?  O garoto tentou espantar aquelas lembranças da cabeça, mas algo dizia que aquilo era muito importante.

Gustav decidiu que o melhor seria avisar os pretores. Antes de sair de seu quarto, o garoto deu outra olhada pela janela. A brisa bateu em seu rosto, balançando seus cabelos claros. Ele percebeu que a cidade estava calma, não havia quase nenhum movimento nas ruas.

De repente, sua mente começou a ser invadida por imagens. Primeiro, uma garota de marcantes cabelos rosa, pijama da Hello Kitty, e sorriso branco. Gustav a reconheceu como uma das legionárias da Quinta Coorte.

Em seguida, três adolescentes envoltos em sombras. Um garoto de cabelos castanhos e cacheados, um garoto ruivo e uma garota de maquiagem preta e cabelo também preto. Eles pareciam ter em torno de dezesseis a dezoito anos, pensou Gustav. Todos tinham algo em comum, todos eles usavam uma camisa laranja. Também tinham uma aura de poder os circundando. Esse era um dos dons do garoto, ver a aura de outras pessoas.

Vários flashes passaram por sua mente, de forma rápida. Monstros com armas em punho. Semideuses vestidos para guerra. Escuridão cobrindo o acampamento. A noite alcançando seu ápice. Ele viu a si mesmo, vestido com uma armadura, junto aos garotos das imagens anteriores, todos parados em frente a um vaso gigante – se o garoto se lembrava bem, chamava-se pithos.

Aproveite a sua paz momentânea, jovem semideus – Falou uma voz disforme. Gustav não conseguia identificar de onde vinha à Voz, ela parecia vir de todo lugar e de nenhum lugar, ao mesmo tempo. Em sua frente surgiu um corpo gigante, formado de pura escuridão, com pontinhos dourados e brilhantes. Seus globos oculares – que pareciam dois faróis – encaravam o semideus, o que fez um arrepio passar por suas costas. Aquela massa gigante parecia sugar toda a luz. – O tempo dos deuses está acabando. A escuridão chegará em breve. A NOITE INFINITA ENGOLIRÁ TUDO!

E tudo escureceu.

[...]

O loiro platinado acordou de seu transe. De acordo com sua experiência como semideus, algo de muito ruim estava para acontecer. Ele queria estar errado, mas naquele momento, tudo indicava para o caos.

Ele saiu correndo do seu quarto, e acabou esbarrando em uma enfermeira. Ela vestia o tradicional uniforme do hospital, com roupas brancas. Seus cabelos loiros estavam amarrados em forma de coque.

–Você deveria estar em repouso, garoto – Disse a enfermeira, com um misto de aviso e ordem.

O garoto a encarou, com uma cara de aflição.

– Os pretores me disseram para avisá-lo que assim que você sair do hospital, para vê-los – Ela sorriu para ele. O garoto pensou em começar a correr, mas a enfermeira o deteve. – Eles estão em reunião no senado. Acho melhor esperar que acabe - Ela virou-se de costas para o garoto e pôs-se a andar. Gustav não sabia se estava vendo coisas, mas parecia ter visto um brilho dourado no olho da mulher, mas o garoto ignorou esse fato.

Obrigado, mas infelizmente não tem como esperar – pensou mentalmente o adolescente. Ele correu pelos corredores do hospital. As paredes eram pintadas de azul claro, e tinham alguns quadros ilustrando. Vez ou outra o garoto esbarrava em um paciente ou enfermeiro. Um lar passou lentamente em sua frente, fazendo o garoto frear bruscamente. O espírito romano ignorou a cara feia do garoto e simplesmente atravessou uma parede, sumindo.

Assim que o garoto chegou à porta do hospital, ele parou um pouco para respirar. Ele começou a correr novamente. As ruas continuavam vazias, contrastando com o céu que começava a ficar nublado.

As casas ao redor da rua eram todas de mármore, com telhados vermelhos. Todas tinham uma aparência acolhedora. O garoto enfim chegou à área central de Nova Roma. O Fórum era uma bela praça, com várias estátuas, fontes e colunas. O cheiro de Muffin adentrou o nariz de Gustav, mas o garoto negou-se a ir comprar um. Tinha coisa muito mais importante para fazer.

– Aonde pensa que vai, mocinho? – Perguntou uma voz atrás do loiro. Gustav se virou e acabou dando de cara com o busto de uma estátua, sem braços, em cima de um pilar. Era Terminus, o deus das fronteiras, que por acaso tinha transtorno obsessivo compulsivo.

Ele ignorou a estátua, mesmo sabendo que isso lhe daria muita dor de cabeça posteriormente.  Antes mesmo de chegar ao Senado, ele ouviu a gritaria. Isso era normal em uma reunião. O Senado é o lugar onde se resolvem todos os assuntos oficiais, o que muitas vezes – sempre – leva a briga.

Quando ele chegou à porta do fórum dois guardas o barraram. Ambos vestiam armaduras romanas tradicionais. Empunhavam gládios e pareciam muito perigosos. O da esquerda tinha pele branca e corpo musculoso. O guarda da direita era uma garota, de pele morena e descendência indiana.

– Você não tem permissão para entrar – Falou o homem, com um olhar ríspido.

– De meia volta e saia daqui – Complementou a mulher, com olhos igualmente duros.

– Mas eu tenho algo muito importante para dizer aos pretores. Estou com um mau pressentimento – Disse Gustav, sem fôlego.

Os dois guardas trocaram olhares, como se conversassem mentalmente e olharam de volta para ele.

– Garoto, você não parece nada bem. Por favor, saia daqui – Falou a indiana, observando o loiro com cautela.

– Ou teremos que usar a força – Disse o outro guarda, estalando os dedos.

Gustav fechou seus olhos, suspirando em seguir. Ele odiava ter que fazer as coisas daquela forma. Suas mãos começaram a brilhar em tom branco. Os soldados instintivamente partiram para cima do garoto, que simplesmente fez as armas sumirem. Em seguida fechou seus dedos, deixando apenas o polegar e indicador levantados. Ele apontou na direção da cabeça de ambos os guardas e disparou, simultaneamente, dois orbes roxos que acertaram em cheio a cabeça dos legionários. Ambos caíram no chão inconsciente. Gustav ainda ficava inseguro de usar aquela magia, pois não sabia se a mente de seus alvos conseguiria resistir aquele feitiço.

O loiro foi em direção à porta e empurrou com toda a força que tinha. Elas se abriram com um som estrondoso, que a atenção de todas as pessoas que estavam lá dentro. Ele viu que algumas tentavam segurar o riso.

Ele ficou um tempo tentando descobrir do que eles estavam rindo, até que ele olhou para baixo e percebeu que ele estava usando apenas uma camisola. Seu rosto enrubesceu na hora, mas ele chacoalhou a cabeça, ignorando aquele fato.

– Os deuses estão em perigo! – Falou o adolescente, juntando toda a sua coragem.

O Senado inteiro explodiu em risos. As pessoas riam e apontavam para ele. Um garoto perguntou ao outro “Ele enlouqueceu?”, recebendo como resposta “Ele sempre foi louco”. Os pretores apenas observavam a situação, talvez perplexos, talvez tentando segurar o riso.

Calem a boca! – Gritou ele, lotando sua voz de magia e raiva.

O Senado calou-se abruptamente. As pessoas olhavam espantadas para ele, a grande maioria abismada com a reação do garoto. O garoto fez menção de começar a falar algo, mas uma gargalhada ecoou pelo local.

Um homem extremamente acima do peso surgiu em meio no meio do Senado. Ele usava roupas espalhafatosas, em tons de azul, branco e rosa. Em sua cabeça, jazia um gorro com guizos. Segurava um cetro de ferro, com uma cabeça grotesca em sua ponta. Em sua fase um sorriso zombeteiro.

Outra gargalhada soou pelo local, dessa vez, vindo diretamente do ser estranho que havia surgido.

– Curvem-se diante do grande deus Momo, filhotes de deuses!

 

O mundo pesará em caos e desordem então (...)

 

 


Notas Finais


Se você leu até aqui, é porque você provavelmente gostou. Não foi fácil escrever, por isso, conto com seu favorito. Thank you very much!


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