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História A aventura dos quatro - Morgana fala


Escrita por: matecoutinho

Capítulo 14 - Morgana fala


Rowena nunca havia ouvido dizer acerca do Samhain, mas estava gostando bastante de tudo. A comida era boa, as músicas tocadas ao fundo lhe agradavam e todo o povo estava animado, apesar de não se poder ver quem era quem com seus rostos cobertos. A jovem bruxa achou de uma sensível presteza da própria Morgana ter colocado os quatro amigos em posição de destaque.

Internamente, Rowena já tinha uma profunda admiração por Morgana. Ela a entendia como uma bruxa completa, forte e que tomava seu lugar no mundo, sem precisar que ninguém dissesse nada do que precisava ser feito a ela.

Havia, contudo, certo sentimento conflitante dentro do coração de Rowena: desde que Arlene mencionara toda aquela história acerca dos espíritos maus a solta e da necessidade do sacrifício aos mortos, algo dentro da jovem lhe dava sinais para ficar alerta com a celebração.

Ela, no entanto, logo afastou qualquer pensamento contrário, principalmente quando as diversas moças de Avalon se dedicaram a lhe ajudar a se preparar para o Samhain. Logo de cara foi conduzida a um banho quente, balsamizadoem ervas aromáticas, e nunca havia tomado banho como aquele. As jovens lavaram seu cabelo com certos líquidos tirados de frascos com formatos estranhos, que fizeram as madeixas de Rowena exalar um perfume cítrico muito acentuado e nunca antes sentido. Quando saiu do banho e se secou, encontrou um deslumbrante vestido azul, desenhado em certos tons de dourado em motivos florais, que lhe caiu excepcionalmente bem, valorizando suas formas. Nos seus pés, um sapato, também azul e extremamente confortável, lhe calçava. Invariavelmente, antes de sair de sua tenda, onde se arrumava, procurou por sua varinha, mas não a encontrou, pois que estava com Morgana.

Quando se encontrou com os jovens amigos do lado de fora do local, todos estavam esplêndidos. Eles estavam limpos, o que fazia muita diferença quando se estava viajando pela floresta. Não somente isso, todos estavam cheirosos e bem vestidos. Godric exalava certo cheiro amadeirado, não muito forte, mas que fazia Rowena se sentir feliz, e vestia uma roupa em tons rubros, que complementavam muito bem o ruivo de seu cabelo e barba. Salazar, por outro lado, vestia um gibão verde, muito suntuoso, e seu perfume tinha um toque apimentado, que se misturava com um cheiro natural de carvalho. Por fim, Helga estava, de longe, a mais bem vestida de todos os amigos. Seu vestido, amarelo como o ouro, deixa os braços à mostra, e já não havia ali mais nenhum hematoma a se mostrar. Ela, com certeza, tinha faixas amarradas em seu corpo por baixo do vestido, pois sua cintura nunca havia estado tão fina, e ainda assim ela se movia com muita naturalidade. Seus cabelos, outrora ruivos, pareciam ter se tornado mais claros, aproximando-se do loiro, e seu perfume era proveniente de uma flor que Rowena não conseguiu decifrar.

E então, lá estavam os quatro jovens, sendo servidos, sentados em local de destaque, e todas as pessoas de Avalon se divertiam. Foi então que todos começaram a se sentar na grama macia e alta, em frente à mesa de pedra que Morgana havia conjurado.

Rowena ainda comia uma maçã coberta em caramelo, que tanto havia trazido dores de cabeça, e que, aparentemente, Mordray havia conseguido convencer de ser feita, quando Morgana começou a discursar.

Falava sobre os ciclos da vida e sobre o Samhain, e, apesar de Rowena ser sempre muito atenta, a fala da bruxa não havia cativado seu interesse. Então, Morgana cessou o falar e Rowena sentiu mãos pesadas conterem seus braços, e antes que pudesse gritar, outras tantas mãos taparam sua boca.

Rowena estava desesperada, começando a tremer em seu assento. Seu medo era tanto que gemidos agudos podiam ser ouvidos por entre os dedos de quem a silenciava. Seu rosto estava molhado, e então, ela apenas viu Morgana, vindo em sua direção, com um rosto que não era o da feiticeira, e com um punhal desembainhado, pronta a lhe golpear.

E ela o fez.

Rowena apenas sentiu o punhal perfurando sua barriga e saindo dela, com o sangue quente empapando seu vestido novo. E a dor era tanta. E foi então que ela sentiu as mãos de quem a segurava afrouxar, e ela pôde apenas sentir-se amolecida na cadeira onde estava.

Dentro dela havia agora tantos sentimentos ruins. Ela se sentia revoltada por ter confiado em tantas pessoas tão rapidamente, triste por ter admirado Morgana, culpada por não ter ouvido Salazar que queria ir embora, mas, acima de tudo, sentiu-se burra por não ter percebido que a mulher que lhe machucara estava sob efeito de poção polissuco.

Rowena apenas aguardava a morte, sua e de seus amigos. A despeito de não encontrar visivelmente qualquer esperança, uma pequena centelha dentro dela pulsava, clamando que, às vezes, a vida envia socorro das maneiras mais diversas possíveis. Era o que havia acontecido com o padre John, ou até mesmo como sua mãe havia tomado as rédeas de sua casa, quando seu pai parecia que iria mata-la.

A vida de Rowena parecia que passava diante de seus olhos, e doía saber que ela nunca mais veria a mãe, nem mesmo ter notícias, ou saber o que havia acontecido com ela.

Então, muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Rowena desmaiou, a suposta Morgana rumou para golpear Godric, estando de costas ao povo de Avalon, e uma pessoa encapuzada levantou-se na multidão e lançou alguma azaração contra a falsa Morgana, tão forte que a jogou para longe, desacordada.

Qual não foi a surpresa de Helga, Salazar e Godric ao ver que a misteriosa figura era Arlene.

Junto dela, diversas outras pessoas encapuzadas também se levantavam, como um pequeno exército.

Num sopro de Arlene, os algozes que prendiam os três outros jovens foram também nocauteados.

Foi então que Arlene subiu à mesa de pedra e revelou-se a todos os presentes, que assistiam, embasbacados, uma das damas de Avalon atacar sua Senhora do Lago.

Ao se posicionar em frente a todos, Arlene passou a mão em seu rosto e cabelo. A surpresa foi ainda maior quando esta se mostrou ter a feição da mulher que desferira o golpe contra Rowena.

Aquela era a verdadeira Morgana, e um grande tufo de cabelo lhe faltava bem acima da testa.

— Povo de Avalon – a aparência era a mesma da outra mulher que recepcionara os garotos, sua pele ainda era alva, e seus cabelos e olhos continuavam negros, mas sua voz era suave, não havia julgamento ou rispidez no que falava – eu sinto em informar, mas vocês foram enganados – ela realmente sentia tudo aquilo que falava, era perceptível em sua voz.

O povo de Avalon parecia estar em transe. Como se ninguém realmente cresse ou deixasse de acreditar no que Morgana expunha. Ninguém esboçara qualquer reação, como se lutassem dentro de si mesmos para entenderem o que se passava ao mundo fora deles.

— Essa mulher que se passou por mim, queria apenas tomar o controle de Avalon e dominar tudo de vocês. Ela cauterizou as suas mentes, e os induziu a pensar que o Samhain tinha a ver com sacrifícios. Mas eu, a verdadeira Morgana – e ao dizer seu nome, certas pessoas, esparsas em meio a multidão, começavam a se mover, lentamente, ainda atônitos - Eu nunca os ensinei assim – lágrimas saiam de seus olhos, e era claro que ela realmente sofria por seu povo estar em confusão.

O discurso de Morgana prosseguiu, e, por isso, ninguém reparou direito quando os três amigos correram para Rowena. Sem suas varinhas, contudo, não tinham nem noção do que poderiam fazer.

De um estalo, Helga parecia ter tido alguma ideia genial, pedindo aos rapazes ficarem com Rowena, enquanto ela tentava resolver o que precisava.

Nesse ínterim, Salazar, tocando o ombro de Godric, sussurrou ao ouvido do amigo:

— Vou pegar nossas varinhas com Morgana, cuida da Rowena, eu já volto.

E então, Godric ficou sozinho, com Rowena deitada em seu colo, e com medo que o pior pudesse acontecer.

***

Helga teve certa dificuldade de correr com aquele vestido que estava usando. Embora as faixas em que a enrolaram, deixassem-na linda, e andar com elas não fosse problema nenhum, correr, vestida daquele jeito, era quase impossível.

“Eles pensaram em tudo mesmo, até um jeito de me impedir de correr”, foi o primeiro pensamento da garota que ela logo afastou. Precisava empreender todos os seus esforços, agora, em correr até a tenda em que se arrumara para o Samhain e olhar em seu saco de viagem – ainda bem que Rowena havia trazido suas coisas quando a resgatara na igreja.

Quando chegou, depois de certa dificuldade, e alguns bons tropeções que machucaram seus tornozelos, encontrou outro obstáculo: onde estaria sua bagagem? Revirando o quarto por inteiro, foi acha-la debaixo da roupa que estava usando pela manhã.

Enfiou o braço até o cotovelo para procurar o que buscava. Rowena era realmente muito boa em feitiços não detectáveis de extensão, mas, justo naquele momento, isso parecia ser apenas um agravante. Havia muitas roupas ali dentro, trajes e mais tecidos, o que fez a garota ter de vencer as diversas camadas de pano até conseguir sentir o fundo da bolsa. Sentira também uma espécie de coroa lá dentro, que não reconheceu o que era, talvez fosse algo pertencente a Rowena. Precisou vasculhar ainda mais um pouco, mas encontrou o que buscava.

A taça dourada era leve, e Helga nunca tentara curar um ferimento tão grande quanto o de Rowena, mas se as feridas apenas se fechassem e a amiga se livrasse do risco de vida, as dores sentidas no processo de tratamento seriam irrelevantes.

Por isso, quanto mais rápido Helga fosse, maiores seriam as chances de Rowena se recuperar. Logo, a jovem bruxa saiu correndo, ainda que com dificuldades, para fora da tenda, para se encontrar com uma grande confusão, que acontecia onde antes havia grande festa.

***

Salazar ia pé após pé para perto da bruxa desacordada. Se ela era capaz de matar uma pessoa desprotegida, ele não iria quer que ela despertasse bem quando ele fosse mexer em sua roupa para buscar as varinhas de Rowena, Godric e a sua.

Ela estava a alguns metros de distancia, numa posição extremamente torta e desconfortável. O feitiço que a verdadeira Morgana lançou sobre ela deveria ter sido realmente forte. Pelo que Salazar pôde perceber, a mulher não iria acordar por um bom tempo. Isso era bom, lhe daria uma boa vantagem ao vasculhar seus bolsos.

Ao fundo a voz de Morgana falava carinhosamente com o povo, e aos poucos, o garoto conseguiu ouvir algumas vozes de manifestação e apoio à causa da Senhora do Lago. Parecia que o povo entendia ter sido enganado. Salazar, todavia, não conseguia sentir compaixão deles: ele não queria ter ficado naquele local desde que acordara, e tentara avisar seus amigos. Algo dentro dele, uma voz bem baixa, dizia que Rowena merecia o que estava acontecendo com ela.

Outra voz, contudo, falou mais alto em seu coração. Havia dentro dele um desejo de salvar Rowena. Ela era amiga dele, e se ela não estivesse ao seu lado, ele nem mesmo saberia como teria escapado daqueles padres.

Parecia que uma eternidade havia se passado até que o garoto conseguiu chegar à mulher jogada no chão. Seu vestido vermelho continuava impressionante, mas sua aparência estava horrorosa. Sua pele borbulhava, e não tinha mais a aparência viçosa, antes parecia envelhecida, mas não muito. Seu cabelo começava a ficar extremamente liso e fino. Antes que Salazar pudesse fazer qualquer coisa, o efeito da poção que aquela mulher estava tomando cessou.

E o garoto teve a oportunidade de observar o belo transformando-se em feio. A mulher tinha certa expressão corvídea, que fazia os pelos do corpo de Salazar se arrepiar por completo. Havia uma aura que trazia certa confusão à mente do garoto e quanto mais perto ele chegava dela, mais ele queria virar as costas e sair correndo.

Mas enfrentou seus próprios sentimentos bravamente.

Chegando perto da figura cadavérica, ajoelhou-se e prestou-se a procurar as varinhas.

Havia certo cheiro acre que a mulher exalava, como se guardasse cebolas em seus bolsos, mas que Salazar desconfiou ser o odor natural da mulher. Do pouco que o garoto entendia sobre poções, ele compreendeu que ela combinava a poção polissuco com algum encantamento para disfarçar aquele cheiro.

Apesar de o cheiro embrulhar levemente o estômago do jovem, ele prosseguiu buscando pelas varinhas. Mas não era tarefa simples, pois que a roupa da mulher tinha muitos panos e alguns bolsos, propícios para guardar os mais variados objetos.

Não foi, entretanto, nos bolsos dela que Salazar conseguiu achar as varinhas. Em seu afã de encontrá-las, passou fortuitamente a mão pela cintura da mulher, e sentiu uma elevação rígida e redonda que se escondia por debaixo dos tecidos.

Sem pensar duas vezes, o garoto rasgou o vestido da mulher e, por fim, encontrou o que tanto buscava. As varinhas estavam presas na cintura dela por uma espécie de corda fina, que Salazar também facilmente rompeu.

Rapidamente, o jovem bruxo pegou as varinhas e se preparou para sair correndo. Tudo teria dado muito certo, não fosse a mulher, imediatamente acordando de seu torpor, agarrando-se a Salazar, e, com força descomunal, prendendo-o por completo.

Ele não pode evitar, senão ser arrastado pela mulher até onde tudo estava acontecendo.

***

Godric estava sentado no chão, tendo Rowena deitada em seu colo, esperando Salazar e Helga voltarem. Por incrível que pareça, o ferimento de Rowena, apesar de profundo, parecia ter estancado. Sua roupa continuava empapada em sangue, mas ela não parecia estar perdendo todo o líquido vermelho da via.

O garoto, contudo, não estava entendendo nada.

Até há pouco tempo, quem ele cria ser Morgana era uma impostora, e quem ele cria ser Arlene era a própria Morgana em disfarce.

A única certeza que tinha era que se as coisas não se resolvessem logo, a situação se complicaria para Rowena.

A verdadeira Morgana ainda discursava uma mensagem muito longa, quando Godric decidiu interrompê-la. Ou fazia isso, ou Rowena poderia morrer.

— Assim, meu bom povo de Avalon, era o meu dever cuid...- falava com eloqüência a mulher, antes de ser brutamente obstada pelo jovem.

— Oi, Morgana – disse ele, acenando e conseguindo chamar a atenção da mulher – não é que eu queira interromper o que a senhora está fazendo – havia certas notas de ironia na voz do garoto – mas a minha amiga aqui se machucou bastante e...

Aparentemente, o povo de Avalon também gostaria de ter seu momento de fala. Godric não conseguiu concluir seu pedido para Morgana, quando, ao fundo, diversas vozes da multidão começavam a questionar: “mas quem é aquela mulher?” e “o que aconteceu com a Senhora?” e “o que faremos com os espíritos ruins?” e “o que será de nós?”, até que todas as vozes se misturaram em uma só.

Tudo era uma algazarra só. Godric gritava de um lado, o povo também. Morgana tentava organizar toda a multidão, mas não tinha um braço muito firme para conter seu povo.

Foi assim que uma voz gritou ao fundo:

— SILÊNCIO – e todas as vozes se calaram diante do feitiço silenciador.

Era a mulher, carregando Salazar a força, que tentava se desvencilhar de seu aperto, sem qualquer sucesso.

— Eu, como a sua Dama do Lago – sarcástica, continuou a mulher, valendo-se da mudez total e soturna que se estendia por toda Avalon – responderei a todas essas perguntas.

— Meu nome, como vocês bem sabem, não é Morgana – o tom ameaçador voltara, Godric pôde sentir, como se ela tivesse um dom natural de assustar com quem mantivesse contato – eu me chamo Morrígan – o silêncio, que até então era mortal, foi quebrado por um bando de pássaros voaram quando a mulher se apresentou.

— Nada aconteceu com a Senhora, pois ela está aqui – ela dizia, como se tentando seduzir aquele povo, que, Godric percebeu, pouco a pouco ia abaixando as cabeças – e vocês serão bem cuidados por ela. Não ouçam essa impostora, vocês sempre foram cuidados por mim.

O povo de Avalon parecia estar crendo no que Morrígan dizia. Até mesmo Godric estava quase se esquecendo que Rowena estava daquele jeito por culpa dela. Mas Morgana não se esqueceu, e, tomando coragem, enfrentou a mulher, tentando abrir os olhos de seu povo:

— Não creiam nela, Avalon – e a verdadeira voz de Morgana parecia agir como um contrafeitiço à azaração de Morrígan – a sua Senhora foi atacada por essa mulher, seqüestrada e, depois de muito tempo, conseguiu fugir – ela parecia querer chorar ao se lembrar do que passou – e então, eu, a verdadeira Sacerdotisa de Avalon, montei um plano para poder libertá-los das garras dela, creiam em mim.

— MENTIROSA – Morrígan gritou, e, disse – acreditem em mim, Avalon, acreditem em mim – ela, ainda contendo Salazar, contrariava Morgana, parecendo colocar sedução em cada uma de suas palavras, e Avalon aparentava crer nela – acreditem em mim, acreditem em mim, acreditem...

E então, Morgana tomou uma decisão súbita: sem pensar em Salazar ou mais ninguém, lançou um lampejo azul brilhante em direção a Morrígan. Felizmente, a feiticeira conseguiu se proteger a tempo, pois o feitiço teria acertado Salazar em cheio, e sabe-se lá quais seriam as conseqüências.

As duas bruxas, todavia, começaram a se digladiar.

Coloriu-se o ambiente com os jorros de luz que as bruxas lançavam uma contra a outra. Godric amava um bom duelo, e ambas eram excepcionais, mas aquele não era o momento propício.

Nenhuma das duas, contudo, foi atingida, e tampouco Salazar. O que Godric mais achou surpreendente foi a capacidade de Morrígan duelar e ainda assim conter Salazar. Com certeza havia alguma habilidade mágica envolvida, pois o garoto bem entendia o quão cansativo era se envolver numa luta mágica.

Eventualmente, porém os duelistas se cansam, e foi o que houve com Morgana.

Sem forças, a Senhora do Lago caiu sobre seus joelhos, ofegante. Lágrimas caiam de seus olhos, e sua boca balbuciava expressões como “eu falhei com Avalon” e “fraca, fraca, fraca”.

Morrígan poderia ter facilmente ganhado o duelo ali mesmo, e ter levado como troféu a cabeça da Sacerdotisa de Avalon. Mas era uma mulher arrogante e soberba, e decidiu humilhar Morgana, caminhando lentamente em direção à feiticeira caída, trêmula de medo e desânimo.

Ela chegou muito perto, mas antes de Morrígan conseguir abrir a boca para falar qualquer coisa, Salazar gritou:

— GODRIC – e, com muita força, deu uma cabeçada, acertando em cheio o rosto da bruxa, fazendo estalar alguma parte de seu nariz.

Então, já solto do aperto da mulher, e com uma mira impecável, Salazar jogou as três varinhas para Godric, o qual as agarrou rapidamente no ar.

Sem nem pensar duas vezes, e com a força de três varinhas, Godric lançou o jorro de luz laranja sobre Morrígan, que estava ainda agachada, com a mão no nariz. Só foi possível ver o rosto assustado e ensangüentado da mulher, quando ela explodiu em várias penas negras, e deixou de ser.

No mesmo momento, Helga, que tinha chegado a tempo apenas de ver Salazar se libertando de Morrígan, trouxe sua taça, cheia de água, e derramou o líquido na garganta de Rowena.

Mas nada aconteceu.

Salazar já se ajoelhava ao lado de Helga e Godric, abraçando-os. Todos os três com lágrimas nos rostos, sem se importar com a bagunça que estava ao seu redor.

Se estivessem concentrados, e não chorando copiosamente a perda da amiga, veriam que o povo de Avalon tinha saído do transe e da enganação feita por Morrígan, e que Morgana estava sendo muito bem cuidada pelos seus. Veriam também que o sol já estava nascendo e, com ele, ao horizonte, trazia novas cores ao firmamento, como se fosse o primeiro nascer do sol de todos. Por fim, poderiam ter visto quando os olhos de Rowena abriram e a garota suspirou profundamente em busca de ar, tendo, como a primeira visão do seu novo dia, o rosto de amigos que realmente se importavam com ela.

 

 

 



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