História A Bailarina - I love you

1 ano depois.
—Justin! Abre logo esta porta.- a voz fina de Hilary preenche meus ouvidos me fazendo acordar. Garota insuportável! —Justin Bieber!- ela fala de novo.
—Justin abre logo essa porta para a sua namorada se não vou matá-la.- digo tentando empurrá-lo da cama.
—Que saco.- ele diz saindo. —Bom dia Hilary.- ele diz assim que ela passa na porta como um furacão.
—Bom dia?- ela diz cínica. —Estou te ligando desde ontem e claro, você estava com essa ai.- ela diz se referindo a mim.
—Ei!- falo brava, mas nem preciso me defender.
—Olha o jeito que você fala dela!- Justin diz. —Você sabe que toda sexta nós passamos o dia juntos.- Justin diz.
—E dormem juntos também, eu sou sua namorada Justin! - ela fala.
—Nós sempre fizemos isso e não vai ser agora que vamos deixar de fazer.- ele diz e ela bufa me olhando furiosa.
—Bem, acho que esta na minha hora.- digo levantando. —A gente se fala depois Boo.- digo e ele concorda. Saio de lá mas continuo com a orelha na porta! O que? Eu queria ouvir o que ia acontecer.
—Eu não quero mais ver você com essa garota!- Hilary diz.
—Você não tem que querer.- Justin fala. —Não me faça escolher entre vocês duas.-ele pedi.
—Claro, porque no final, quem você escolherá é ela.- ela diz.
—Por que você não pode se dar bem com ela?- Justin pergunta mudando de assunto. —Vocês são as mulheres da minha vida.
—Mas você passa mais tempo com ela do que comigo.- ela diz fazendo drama. Garota chata. —Até parece que ela é a sua namorada.
—Não fala besteira. Ela é só minha melhor amiga, você sabe. Quem eu namoro e quero me casar é você.- Justin diz, e é como se eu levasse uma facada no peito.
—Sério bebê?
—Muito.- Justin finaliza e logo escuto somente o silêncio. Por que eu ainda tinha esperanças, eu sempre serei somente a amiga. Saio antes que meu choro não continue silencioso.

Entro no quarto encontrando Rebecca arrumando sua cama. Permaneço em silêncio. Nós nunca nos demos bem, eu até tentei no começo mas desisti assim que ela tentou me sabotar na minha primeira apresentação de balé.
—A princesinha está chorando?- ela implica.
—Isso não é da sua conta!- falo.
— Como ela está estressada.- ela diz. —O que foi? O melhor amigo te troncou pela namorada foi?- ela debocha.
—Deixe-me em paz!- digo me trancando no banheiro. É o dia já começou bem...

....

1 mês depois.
—Será que ela nunca vai falar comigo?- falo na sala juntamente de meu pai. Era final de semana, eu sempre evitava voltar para casa, mas dessa vez eu não tinha desculpa.
—Ela ainda não se acostumou.- meu pai fala.
—Já faz um ano pai! Ela não se importa comigo essa é a verdade!- digo sentindo um nó na garganta.
—Não fala assim Felicity, sua mãe te ama.- meu pai diz.
—E o que custa ela demonstrar um pouco?- pergunto. —Ela não foi em nenhuma das minhas apresentações, eu só queria que ela me abraçasse e dissesse que está orgulhosa.- digo limpando uma lágrima que escapou do meu rosto.
—Oh meu bem.- ele me abraça. —Nós amamos você e estamos muito orgulhosos.- ele diz e como eu queria acreditar naquilo.

~''~

oito meses depois

Giro novamente fechando meus olhos e apreciando a música, já fazia três meses que eu estava trabalhando nessa coreografia, e mesmo faltando meses ainda para apresentação, eu precisava estar perfeita. Era a minha grande chance. Ponta.. desce.. ponta, cambre.. e finalização. Desço meu corpo simulando um agradecimento e ouço palmas me fazendo assustar.
—Uhul! Linda!!- Justin grita.
—Que susto garoto!- falo colocando a mão no coração.
—Eu estava te procurando.- ele diz se aproximando do palco. —Você está muito focada nessa coreografia.- ele diz.
—Eu preciso Boo.- falo tirando minha sapatilha e massageando meus pés.
—Está roxo de novo?- ele pergunta e eu concordo. —Não sei como você aguenta.- diz.
—É o que eu amo não?- digo e ele concorda.
—Vamos almoçar juntos?- ele pergunta.
—E cade a sua digníssima namorada?- pergunto ironicamente.
—Acho que deve estar ensaiando, ela tem um show para fazer amanhã, mas de qualquer jeito é com a minha cup cake que eu quero almoçar.- fala e eu sorrio bobamente.
—Vou só me trocar.- digo.
—Você tem cinco minutos.- ele fala e eu bufo. —Vou te esperar na frente da universidade.
..

—Qual prato você vai querer?- Justin pergunta enquanto o garçom já está posicionado para anotar nossos pedidos.
—Hmm.. vou querer o número quatro.- digo.
—Vou querer o mesmo.- ele diz para o garçom que concorda.
—Então.. - digo. —Como foi o ensaio hoje?- pergunto.
—Ah foi normal.- ele diz. —Eu amo cantar, mas eu queria que o Tyler me desse mais liberdade.- Justin fala. Tyler era o melhor professor de música de Juliard.
—Como o que?- pergunto.
—Sei lá, acho que eu cansei só de cover, quero começar a escrever.- ele fala.
—Você já não tem algumas letras?- pergunto.
—Sim, ele deu uma olhada mas parece que não gostou muito.- fala e eu solto um riso.
—Talvez você precise de uma inspiração melhor do que o seu peixe que morreu.- digo e rio fazendo ele me acompanhar.
—É pode ser.- Justin responde. —Mas eu não sei onde achá-la.
—Você não precisa ir atrás dela, ela irá atrás de você.- falo.
—Ok, nova Felicity Lispector, mas eu espero já faz tempo e nada.- ele diz bufando.
—Relaxa que eu sei que você vai conseguir.- digo.
—Espero.- ele suspira. —Hmm.. Queria te perguntar algo.. na verdade fazer um convite.- ele diz.
—Ta fala.- digo com um pé atrás.
—Tem uma festa hoje a noite e..- ele começa a dizer mais eu o interrompo.
—Não.- falo de uma vez.
—Por favor, é só uma festa, o que custa você ir. A última que você foi faz o que... mais de seis meses?- ele diz implorando.
—E você se lembra bem o que aconteceu nessa festa?- digo fuzilando ele.
—Ah Felicity...
—Você disse que era para eu ir porque NÓS dois íamos nos divertir, chegando lá não da nem cinco minutos você já estava atracado com a sua namorada e me esqueceu completamente, aí quando um garoto legal vem falar comigo e acaba rolando um beijo, o que acontece? Você praticamente o espanca. Agora ele não fica a menos do que um metro de mim.- falo irritada.
—Você disse que tinha me perdoado!- ele diz e eu suspiro.
—Eu perdoei Justin.- falo. —Mas eu sei que isso acontecerá novamente.- digo bufando.
—Não, é sério, eu não vou sair do seu lado.- ele diz.
—Sei, com a Hilary Bitch lá, conta outra.- falo.
—Ela fica com a gente lá.- ele diz.
—Claro, ai ela me arruma um garoto e vamos virar os casais de melhores amigos.- reviro os olhos.
—O que? Claro que não, ela não vai apresentar nenhum homem para você.- ele fala bravo.
—E se eu quiser ficar com alguém lá?- pergunto.
—Eu bato nele.- ele diz simpes.
—Arrghhh, você tem que parar de ser assim!- digo.
—Eu só quero te proteger!- ele fala.
—Mas você está agindo como se fosse o meu pai!- digo e ele fica quieto, parece chateado. Merda. —Boo..- falo mais calma. —Eu sei que você só quer me proteger, mas uma hora eu vou ter que errar e me decepcionar, é normal.
—Eu sei, desculpe.- ele fala.
—Tudo bem.- digo.
—Então vamos hoje, por favor.- ele diz.
—Eu não acho uma boa ideia.- digo.
—Por favor.- ele faz biquinho e tem como resistir?
—Ok.- eu cedo e ele sorri contente.
..

Eu estava completamente perdida com o que vestir, eu nunca tive uma amiga para me ajudar com isso, e realmente eu gostaria de ter. Olho novamente para o meu guarda roupa e decido colocar uma blusa e uma saia. Faço uma trança no meu cabelo e coloco um salto. Até que não estava nada mal.
—Está pronta?- escuto Justin bater na porta.
—Já estou saindo.- digo pegando minha bolsa com os meus documentos e celular. Abro a porta me deparando com Justin. Meus olhos não conseguem desviar dele, por que ele tinha que ser tão lindo? Isso não ajuda em nada.
—Você está linda.- ele diz dando um beijo no meu rosto e sinto minhas bochechas esquentarem.
—Obrigada.- falo.
—Vamos, a Hilary já está esperando no carro. Entro no banco de trás e dou um simples oi para Hilary, pela sua cara ela não gostou nada de eu ter vindo para cá também. Eu permaneço em silêncio enquanto Justin e Hilary conversam sobre música, ela também é cantora.
—Chegamos.- ele diz. Desço do carro e me posiciono do lado de Justin, ai se ele me deixar sozinha. —Vamos meus amores.- ele fala e Hilary faz uma careta.
—Amor vamos pegar uma bebida?- Hilary diz assim que colocamos o pé no local.
—Claro.- ele diz.— Vem.- me puxa junto.
—Você não vai querer querida?- Hilary fala falsamente para mim.
—Ahh..
—Não, ela não quer.- Justin reponde por mim, odeio quando ele faz isso.
—Na verdade vou querer uma batida.- digo. —De morango.- falo e Justin revira os olhos.
—Você não bebe.- ele diz.
—Vou começar agora.- digo e ele bufa.
..

A raiva do Justin por eu ter bebido passou rapidinho, a Hilary foi conversar com uma amiga e eu quase dei Graças a Deus. Eu e Boo fomos para a pista de dança e começamos o nosso show. Eu gostava de passar o tempo assim com ele. Lembrava-me a época da escola em que mais nos divertimos.
—Voltei.- Hilary diz entrando no nosso meio. Logo ela e Justin estão se beijando. Ótimo. Eles se soltam e Justin olha para mim como se estivesse conferindo que eu ainda estou aqui.
—Acho que vou no banheiro.- digo.
—Ok, a Hilary te acompanha.- ele praticamente joga a sua namorada para cima de mim. Ela sorri falsamente começando a me seguir.
Entramos no banheiro e eu vou até o espelho ajeitando a minha maquiagem, eu já não tinha passado muita, agora estava praticamente sem nenhum. Ela fica ao meu lado e começa a me olhar, isso já estava me incomodando.
—Sabe Felicity, quando você vai deixar de ser tão patética?- ela diz debochadamente.
—Como é?- pergunto.
—Não se faça de sonsa, eu sei que você gosta do MEU namorado.- ela fala.
—Não sei de onde você tirou isso.- falo tentando cortar o assunto.
—Vai negar? Não tem como não perceber, só que não adianta loirinha.- ela fala com desprezo. —Ele nunca gostará de você.- ri.
—Ok Hilary, já deu seu showzinho? Agora vamos.- peço.
—Sabe por que?- ela continua. —Você sempre vai ser a mesma para ele, uma irmãzinha. Sem graça, e sem sal. Você devia se dar valor e deixá-lo em paz, vá procurar alguém que goste de você.
—Tchau Hilary.- falo saindo do banheiro , mas a ordinária me segue.
.

—Demoraram.- ele fala.
—Estávamos colocando os pingo nos i's.- ela fala entrelaçando seu pescoço com os braços.
—Hm.- ele diz me olhando de soslaio, mas logo a namorada o agarra, eles se beijam como se precisassem, passando a mão no corpo um do outro completamente descontrolados. E eu estava cada vez mais enjoada. Eles se separam e eu olho o olhar que Justin da a ela cheio de desejo e luxúria, sinto um nó na minha garganta. Eu nunca receberia esse olhar. Saio de lá rapidamente antes que eu  comece a chorar, mas no caminho trombo com alguém.
—Desculpa.- falo.
—Ei Felicity.- era o Chaz, melhor amigo do Justin. —Cade o Bieber? Ele te abandonou de novo?- ele pergunta.
—Não eu.. só não estou muito bem e acho que eu vou para casa.
—Mas o que você tem?- ele pergunta preocupado.
—É só dor de cabeça.- digo.
—Não é melhor avisar o Justin?- ele diz.
—Não.. eu não quero preocupá-lo.- digo.
—Ta legal, então vem eu vou esperar o táxi com você.- ele fala.
—Obrigada.- digo.

Chego no quarto o encontrando vazio, ainda bem. Tudo o que eu faço é derramar todas as lágrimas. As vezes a Hilary pode estar certa, eu tenho que ir atrás de quem realmente gosta de mim. E é com esses pensamentos que eu adormeço.

Acordo com o olhar raivoso de Rebecca em mim. Ela possuía algumas olheiras de baixo dos olhos. Mas eu não havia feito nada.
—Fala para o seu namoradinho tomar no cu.- ela diz.
—Hm?- pergunto confusa.
—O Bieber veio aqui umas cincos vezes ontem atrás de você, e a dondoca não acordava por nada.- ela diz. —Então vão tomar no cu os dois.- ela fala e pego o meu celular, 32 chamadas não atendidas. Caramba. Eu ainda não estava pronta para encarar o Justin então eu apenas me troco e vou para a minha aula.
..

Saio do estúdio completamente suada e extremamente cansada prendo o meu cabelo e me despeço da professora Diana. Na saída vejo nada mais nada menos do que Justin encostado na parede com uma cara nada boa.
—Para o meu quarto, agora.- ele diz me olhando e me dando as costas. Acabo seguindo-o. Ele espera eu entrar e fecha a porta.
—O que aconteceu ontem? Você desapareceu e daí encontro Chaz me dizendo que você foi embora.- ele diz.
—Eu só não estava me sentindo muito bem.- digo.
—Você parecia perfeitamente bem.- ele rebate.
—Deve ter sido a bebida.- falo.
—Que eu falei para você não beber.- Justin diz.
—Lição de moral agora?- pergunto.
—Não, eu quero que você me fale o que realmente aconteceu.- ele diz.
—Eu já disse.- falo.
—O que a Hilary te falou?- ele pergunta.
—Nada Justin.- falo.
—Felicity...- ele diz. —Como eu posso te ajudar se você não me contar.
—Ela não falou nada demais, talvez até seja verdade.- comento.
—Não entra nas paranoias dela.- ele fala.
—Não é isso, é que..
—É que o que?- ele pergunta.
—Mesmo a Hillary falando as coisas para me atingir, ela meio que abriu meus olhos, me fez perceber que eu me dedico muito mais a você do que à mim.- falo.
—Como? Isso é besteira.- ele fala bufando.
—É verdade.- digo. —Eu só tenho você de amigo.- digo.
—Tem o Ryan e o Chaz.
—Eles são seus amigos, nos damos bem, mas seus amigos.- falo e suspiro. —Isso que eu quero dizer, nós ... não temos o mesmo significado um para o outro.
—Não entendi.- ele diz.
—Justin...- respiro fundo e uma onda de coragem me atinge. —Eu te amo.- falo.
—Eu também te amo Cup cake.- ele sorri.
—Não, você não entende.- digo esfregando a mão no meu rosto. —Eu não te amo do mesmo jeito que você me ama, eu não te amo como o irmão ou como amigo. Eu.. eu sou apaixonada por você, sempre fui.- desabafo. Sua boca abre e fecha várias vezes, mas ele permanece sem falar nada.
—Você não vai dizer nada?- pergunto.
—Eu... desculpa.- ele fala. —Não sei o que falar. Você.. você é minha irmãzinha e..
—Chega.- interrompo, sinto meus olhos marejarem.
—Felicity..- viro as costas e abro a porta dando de cara com a Hillary.
—Já vai tarde.- ela sorri irônica. Passo rápida por ela saindo do campos. Eu não devia ter feito isso, sou uma completa idiota. Justin nunca mais vai querer olhar na minha cara. Abro a porta do meu carro, eu precisava dar um volta e esquecer tudo o que aconteceu. As ruas estavam vazias, acelero o carro sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
—Burra, burra, burra.- falo diversas vezes batendo no volante, mas de repente tudo para,  e única coisa que eu lembro é uma luz me cegando e meu carro voando longe.

POV narrador
—Alô, ocorreu um acidente  na via 12 entre um carro e um caminhão, vocês precisam vir imediatamente para cá.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Cecília Meireles.