História A Bailarina - Alive

Em terceira pessoa..
A médica lavou devidamente suas mãos e depois jogou água no seu rosto para acordar. O último ano de residência é o mais puxado e Constance estava sentindo na pele. Ela pegou um pouco de papel para secar suas mãos e rosto. Olhou-se no espelho se deparando com uma aparência cansada e cheia de olheiras. Refez seu rabo de cavalo e rapidamente saiu do banheiro. Assim que ela chegou na sala de espera encontrou o Doutor Joseph.
—Quer café?- ele pergunta. —Você parece cansada.- diz avaliando Constance.
—Não obrigada.- ela diz sem olhá-lo nos olhos. —Estou bem.-afirma.
—Constance.- ele diz em uma voz apelativa. —Será que da para nós conversarmos melhor? Já tem meses isso.- ele diz chateado.
—Ora doutor, conversar? Você vai querer ser visto com uma simples residente?- ela diz sarcástica.
—Não fala assim.- ele pedi. —Eu sei que eu errei, mas eu am..- antes que ele termine, uma enfermeira o interrompe.
—Doutor Joseph, Doutora Constance.- ela diz e olha diretamente para mim. —A paciente Felicity Rivieri acordou.- ela diz fazendo os olhos de Constance arregalarem. Ela sente seu coração acelerar e sem esperar vai rapidamente ao quarto de sua irmã.
..

Alguns minutos depois.
—Pai?- Constance diz assim que Charles atende o telefone.
—Oi querida. Desculpe mas eu não posso falar agora, estou resolvendo algumas coisas importantes..- ele começa a dizer mas a filha o interrompe.
—Pai, a Felicity acordou.- ela diz e escuto o silêncio por alguns segundos.
—Vou buscar a sua mãe e estamos indo para aí.

—Genevieve.- Charles entra no quarto da esposa, mas a mesma continua parada olhando para a janela.  A coitada ainda se culpa pelo acidente da sua filha e contiua em uma depressão profunda, nada faz ela sair da cama. —Hey.- ele afaga o braço dela. Sem movimentos.Ele suspira. —Eu tenho uma boa notícia para te dar.- ele diz, mas a esposa ainda não demonstra nenhuma reação. —Nossa Felicity acordou.- assim que ele diz isso Genevieve olha para ele com os olhos marejados. —Toma um banho para irmos ao hospital.- ele nem precisou pedir duas vezes.

Justin POV
Eu estava caminhando por aquele hospital que nem um desesperado. Felicity acordou, a minha Felicity acordou. O meu coração estava explodindo de tanta felicidade, depois de tanto tempo eu finalmente vou voltar a ver seus olhos azuis. Vejo minha mãe e vou rapidamente até ela.
—Cade a Felicity?- pergunto. 
—Está no quarto com os pais, a irmã e o médico.- diz.
—Ótimo.- digo antes de  sair, mas ela segura meu braço.
—Filho, eu acho melhor você esperar.- ela diz.
—Não da mãe.- falo indo ao quarto. Eu estava completamente ansioso para ver a minha melhor amiga, abraçá-la e dizer o quanto eu a amo. O caminho do o corredor até o seu quarto parece ser a maior caminhada que já fiz em toda a minha vida. Assim que abro a porta do seu quarto sinto meu coração quase sair pela boca quando meu olhar avista Felicity de cabeixa baixa e mexendo em suas mãos. Seus pais estavam conversando com o médico e sua irmã a olhava de longe. Mas não me importei muito com isso, somente ela importava.
—Felicity.- falo me aproximando rapidamente para abraçá-la mas assim que chego perto ela se encolhe, como se.. como se estivesse medo de mim. —O que aconteceu Cup Cake?- pergunto tocando sua mão, mas ela a retira rapidamente.
—Quem é você?- ela diz olhando nos meus olhos.
—O que?- digo me aproximando.
—Não se aproxime!- ela diz me assustando.
—Justin..- Constance fala e eu a olho. —O acidente de Felicity trouxe sequelas. Ela perdeu a memória.- ela diz.
—O que? Não, ela lembra de mim. Não é?- digo olhando para Felicity que não responde. —Você não pode ter esquecido de nós, eu sou seu melhor amigo. Felicity, por favor.- digo com lágrimas nos olhos.
—Sinto muito.- ela fala. Sinto meu coração ser quebrado em dois. Minha Felicity não se lembra de mim, de tudo o que passamos, de como somos unidos, de tudo.
—Isso não pode estar acontecendo- falo com a mão na cabeça puxando os meus cabelos. —A memória dela vai voltar não é?- pergunto desesperado.
—Não sabemos Justin.- sua irmã responde em um suspiro.
—Eu vou precisar fazer alguns exames em você Felicity. Você passou quatro  meses desacordada, sua alimentação vai voltar aos poucos. Por enquanto você tem que beber muita água para se hidratar.- o médico fala. -- Eu sei que está sendo difícil para você não lembrar de nada. Mas todos temos fé que sua memória vai voltar. Uma coisa você pode ter certeza, todos dessa sala amam você, então não precisa sentir medo algum. Se sua recuperação ocorrer bem, daqui uma semana você volta para casa.- ele diz.
—Obrigada por tudo Doutor. -Charles fala.
—O prazer foi meu.- ele diz. —Volto mais tarde Felicity.- avisa.
—Querida, eu sei que você está assustada. Mas logo tudo se ajeitará.- sua mãe diz. —E não tente forçar sua memória nesses dias de recuperação.- Genevieve diz acariciando os cabelos da filha.
—Nós vamos deixar você descansar um pouco, mas logo voltaremos.- sua irmã diz e ela concorda. —Vamos.- ela pedi. Eu olho longamente para Felicity antes de sair. Tudo que eu preciso agora é do colo da minha mãe.

—Mãe..- falo assim que a vejo e vou correndo abraçá-la.
—O que foi meu filho?- ela pergunto.
—A Felicity não lembra de mim mãe.- digo soluçando por causa do meu choro.
—Como assim filho?- ela diz confusa.
—Ela perdeu toda a memória.- falo.
—Ah meu bem..- ela diz com a voz embargada. —Eu sinto tanto.- fala.
—O que eu vou fazer agora mãe?- pergunto e ela suspira.
—Querido, olha para mim.- ela pedi. —Eu sei o quanto você e nós estamos tristes por isso, mas você precisa lembrar de um detalhe importante. Ela está viva. E ela precisa muito de você nesse momento. Ela ainda continua sendo a sua melhor amiga e você tem que ajudá-la a lembrar de tudo. Entendeu? Não desista.
—Obrigada mãe. Eu nunca vou desistir dela.- falo e ela sorri para mim.
—Esse é o meu menino.- ela diz orgulhosa.
—Acho que você precisa ir para casa e descansar um pouco.- ela fala.
—Ok.- digo. —Constance.- a chamo e ela me olha. —Você pode dizer para Felicity que eu volto amanhã.- digo e ela concorda com um sorriso abatido no rosto.
—Vamos meu bem.- minha mãe diz entrelaçando seu braço no meu.
Ao chegar em casa, eu passo bastante tempo conversando com Ryan e Chaz, conto tudo o que aconteceu e digo o quão feliz e triste eu estou ao mesmo tempo. O apoio deles me ajuda bastante. Eu não sabia que horas eram, se era cedo ou tarde. Mas sei que acabei adormecendo e somente acordando no outro dia.

...

—Como você está se sentindo?- pergunto olhando para Felicity. Ela se mexe desconfortavelmente.
—Bem.- diz. —Só com muita dor de cabeça. O Doutor Joseph disse que é normal nos primeiros dias.-fala.
—Ah sim.- eu me sentia tão constrangido e envergonhado na sua presença. Eu não sabia o que falar.
—Então..- ela diz. —Como nos conhecemos?- pergunta.
—Bem.- sorrio. —Na verdade desde quando estávamos na barriga das nossas mães. Elas são melhores amigas. Sou cinco meses mais velho que você, nos crescemos juntos e ainda por somos  vizinhos. Não nos desgrudávamos.- falo e ela sorri. —Fazemos faculdade no mesmo lugar. Juliard, eu que te escrevi lá. É uma historia legal, eu posso te contar outro dia se você quiser.- o médico pediu para passar informação a ela aos poucos no começo.
—Claro, eu vou adorar.- ela diz sorrindo. E é aí que eu percebo que minha Felicity ainda está lá. —É...posso te perguntar algo?- diz.
—Claro.- respondo.
—Nós éramos muito amigos né, então você sabe muita coisa da minha vida.- ela fala e eu concordo com a cabeça. —Tem uma ... acho que música que não sai da minha cabeça eu cantei ela para Constance, mas ela diz que nunca a ouviu e não sabe se isso pode ser uma lembrança.
—Bem canta para mim.- peço.
—É só a melodia, não sei se tem uma letra.- ela começa fazer o som da melodia e sinto meu coração aquecer.
—Eu conheço essa música.- falo. —Mas você conhece muito mais do que eu. É uma música de Tchaikovsky, você simplesmente adora ele. Você estava ensaiando essa música para uma apresentação no final do ano. Iria ter olheiros e você é uma das melhores bailarinas da Juliard.- falo.
—Uau.- ela diz. —Essa apresentação deve ser muito importante para mim, já que é a única coisa que eu lembro.- fala e solta uma pequena risada.
—Você estava se dedicando muito à ela.- digo sorrindo me lembrando dela dançando. Ficamos um tempo em silêncio, ela estava meio pensativa.
—Eu.. só tenho você de amigo?- pergunta.
—Como?- falo.
—Só você veio me visitar, além da minha família. Ninguém mais.- diz. Assim que ela me fala isso, lembra-me da discussão que tivemos antes do acidente.
—É... você não tem muitos amigos. Mas tem Ryan e Chaz.- digo.  Eles são seus amigos, nos damos bem, mas seus amigos. Sua voz dizendo essa frase se acumula na minha cabeça.
—Nenhuma amiga, só amigo?- fala estranhando.
—Bem, não.- digo.
—Ah..- ela fala um pouco surpresa. —Justin, é Justin né?- pergunta e eu confirmo. —Como que aconteceu o meu acidente?- pergunta e eu sinto meu corpo gelar.
—Foi... foi minha culpa.- falo e ela me olha confusa.
—Sua culpa?- diz estranhando.
—É... nós discutimos, eu.. eu te magoei e você saiu nervosa e acabou batendo em um caminhão.- falo sentindo meus olhos arderem.
—Mas... o que nós discutimos?- pergunta.
—Desculpa, mas... eu não quero me lembrar disso agora.- falo. —Eu poderia ter ido atrás de você e nada disso teria acontecendo. Você estaria bem e nós provavelmente estaríamos vendo um filme ou assistindo Full House, você adora essa série.
—Eu... sinto muito.- fala.
—Não mais do que eu sinto.- digo sentindo meu coração doer. —Eu acho melhor eu ir embora.- digo e ela concorda com a cabeça. —Me desculpe cup cake.
Até quando essa culpa ia preencher o meu coração, ela estava bem. Mas... eu nunca vou perdoar não ter ido atrás dela, não te-la escutado. Feito alguma coisa ao invés de ficar em choque com a declaração dela. Felicity realmente gostava de mim, e mesmo que eu não possa corresponder esse amor, eu devia ter feito algo. Conversado com ela, me desculpado, entendido-a. Mas não... eu sou um idiota. Eu estou aprendendo minha lição do pior jeito, porque agora ela nem se lembra de mim.

                                                  LER AS NOTAS FINAIS!