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História A Batalha de Mossul A mãe de todas as batalhas - Interativa - A Conversão


Escrita por: Platini

Notas do Autor


Após muitos meses com o projeto parado, finalmente consegui arrumar tempo para contar a história de uma pessoa que mudou o ponto de vista de muitos ao seu redor.

Dedico este segundo capitulo a todos que confiaram nesta história adicionando a mesma aos seus favoritos.

Espero que gostem!

Capítulo 2 - A Conversão


Fanfic / Fanfiction A Batalha de Mossul A mãe de todas as batalhas - Interativa - A Conversão

Mercado de Mossul, Iraque

20 de março de 2016 11:35H

 

Mais um dia na bela cidade Mossul, o mercado popular Al Nabi Yunis estava em boa parte funcionando como de costume, com uma única diferença de que as pessoas não tinham muito dinheiro para comprar mantimentos ou qualquer outra coisa que estivessem precisando, para aqueles que eram convertidos ao Islã a comida era entregue em suas casas, em poucas quantidades por causa da guerra mas todos os dias. Quanto aos cristãos e outros, além da violência que recebiam caso saíssem nas ruas, eram obrigados a pagar impostos para garantir que ninguém invadisse suas casas e os decapitasse.

 

No meio do mercado, um homem estava correndo desesperadamente com uma trouxinha embaixo do braço, ele tinha um rosto barbudo, pele morena, usava chinelos e uma túnica branca, porém bem encardida. Homens do Isis estavam logo atrás correndo com toda vontade para capturá lo, eles sabiam que era só uma questão de tempo até o fugitivo cansar, afinal, sua aparência demonstrava que ele não comia a um bom tempo.

Quase sem energia correndo como um louco, o fugitivo entrou em um beco do mercado onde algumas poucas quitandas estavam montadas na entrada. Para atrasar os soldados que o perseguiam ele chutou uma vara que sustentava o teto da quitanda e assim obstruiu a passagem e derrubou um deles, claro que não foi o suficiente para parar aqueles soldados mas alguns segundos de vantagem faziam uma boa diferença. Ainda no beco, o fugitivo avistou umas caixas empilhadas próximo a parede chegando a uma altura suficiente para dar acesso ao telhado de uma casa.

— Eu já estou quase sem forças nas pernas, mas deus irá me ajudar. - Disse o fugitivo.

No primeiro salto ele foi capaz de subir a primeira caixa, mas a segunda seria necessário um pouco mais de forças para subir.

— Deus, eu te imploro, não me abandone agora e não permita que eles me capturem. - suplicou o fugitivo.

Seu pulo foi fraco mas os braços ainda tinham um suspiro de força, o suficiente para conseguir subir na segunda caixa, naquele momento só restava saltar para o telhado e rezar para que os soldados não o seguissem, mas com a energia que o restava seria uma subida difícil. Se aquele plano de subir o telhado não desse certo sua captura seria certa e uma morte dolorosa seria inevitável. Os soldados já estavam quase alcançando quando o fugitivo simplesmente parou no telhado com as pernas ainda para fora sem conseguir terminar de subir.

— Você pagará por seus pecados, infiel! - Gritou um dos soldados.

O guarda conseguiu subir sem muita dificuldade a primeira caixa, quando subiu a segunda ele derrubou seu fuzil, mas não tinha problema, ele não seria necessário para aquele momento já que o fugitivo não conseguia nem sair do lugar. O guarda estendeu sua mão para agarrar os pés do fugitivo e o arrancou daquele telhado jogando no chão e derrubando sua trouxinha que continha a metade de um pão. Ofegante e sem forças para se levantar, ele esticou seu braço para tentar recuperar seu pedaço de pão, o soldado se antecipou e afastou de sua mão, chutando para longe aquele pouco de comida.

— Em nosso paraíso, não é permitido ladrões como você infiel. - Disse o soldado com uma voz raivosa  e o fuzil Ak47 apontado para ele preparado para atirar.

A arma estava apontada para o meio de sua testa e engatilhada para o disparo, o rosto do prisioneiro estava contorcido tentando se prepara para receber um tiro letal até que uma voz se pronunciou.

— Espere! - Disse um dos soldados que aparentava ser o líder dos guardas.

— Qual é o teu nome infiel? - Continuou.

Ainda ofegante e triste por ter sido capturado, o fugitivo olha para o líder dos soldados e uma lágrima cai de seu olho.

— Eu sou Omar… Omar Hayek. - Respondeu o fugitivo.

— Não importa o nome dele, ele não será perdoado, vamos terminar logo nosso dever e seguir. - Disse um dos soldados.

— Nosso deus é bom Malik, ele pode perdoar os infiéis se eles se converterem e se curvarem ao Islã, todos os estrangeiros podem lutar do nosso lado desde que reconheça o grande Allah como seu único Deus, se nós convertemos centenas de franceses, alemães e outros europeus, então podemos converter lo. - Disse o líder.

— Então, aceita a bondade de Allah e irá se curvar a ele, infiel? - Disse o soldado pressionando seu fuzil contra o peito de Omar.

Omar e o líder ficaram se olhando, não tinha para onde correr, se sua resposta fosse não, sua jornada terminaria naquele mesmo instante e sua família não teria mais como se alimentar já que apenas ele teria forças para arranjar comida, mas caso sua resposta fosse sim, ele teria que negar seu próprio e amado deus, aceitar um novo e exterminar a todos que se recusem a se converter ao Islã. Ele não sabia o que responder, “será que Deus me perdoaria se eu me convertesse por minha família?”, por causa de sua fé, ele não podia negar a Deus, estava disposto a sofrer qualquer coisa mas não negaria, porém sua família seria abandonada e ninguém poderia levar comida para casa. Para ele, seu deus era compreensivo e bom o suficiente para entender que sua escolha seria por uma boa razão.

— Eu irei perguntar pela última vez Omar, aceita nosso deus como tua salvação e dedica a ele toda a sua vida? - Perguntou novamente o líder.

Omar respirou fundo com mais algumas lágrimas descendo e olhou nos olhos do líder, fechou seu punho e tomou coragem para dar finalmente sua resposta que iria decidir seu destino.


 

~50 minutos antes~


 

Algumas ruas depois do mercado, Omar vivia com seus pais e irmãos em uma casa totalmente lacrada, com portas e janelas fechadas para que ninguém os visse e não tentassem fazer algo contra eles. Antes da invasão do Isis à cidade de Mossul, Omar trabalhava em uma loja de televisores e ganhava razoavelmente bem,  ele e sua noiva estavam poupando dinheiro para poderem se casar e finalmente constituir família já que sua vida estava razoavelmente bem. Quando o Isis dominou Mossul, sua esposa foi atingida no peito durante um tiroteio entre as forças de segurança de Mossul e um grupo do Isis, Omar até conseguiu tirá la da zona de combate mas não adiantou muito, após alguns minutos ela acabou falecendo nos braços de seu futuro marido.

O dinheiro de Omar guardado para seu casamento teve que ser usado para a sobrevivência de sua família, já não dava mais para comprar comida e só restavam apenas algumas moedas, o suficiente para pagar apenas mais dois meses de segurança, após esse tempo, seu destino seria incerto.

A família estava reunida na sala como todos os dias após a invasão do Isis junto de outras duas famílias vizinhas, eles resolveram dormir na mesma casa para se sentirem mais seguros, provavelmente eles eram os últimos cristãos daquele bairro ainda respirando.

— Irmão, tem alguma coisa para comer? - Perguntou o irmão menor de Omar, Ahmad.

— Não sobrou muita coisa amigão, só poderemos comer no final da tarde, precisamos racionar mais.

— Esses demônios não podem fazer isso com agente, nós somos pessoas direitas e estamos passando fome, Ibraim faça alguma coisa pelo amor de Deus, não podemos ficar presos aqui para sempre, do que adianta ter dinheiro para dois meses de falsa segurança se estaremos mortos de fome antes disso. - Disse Elzira mãe de Omar balançando os braços e reclamando para seu marido Ibraim.

— O que você quer que eu faça mulher, eles estão exterminando todos os cristãos que cruzam seu caminho, nós só estamos respirando por causa do dinheiro que nossas famílias conseguiram reunir. - Respondeu Ibraim já estressado por toda aquela situação.

— Não resta mais nada a fazer a não ser esperar. - Continuou Ibraim olhando para baixo já sem esperanças.

Elzira se calou e sentou, ela sabia que ninguém podia fazer nada para mudar a situação, já sem esperanças a única coisa que lhe restava era imaginar como seria o céu ao lado de seu amado Deus e rezar para que as crianças não sofressem que seu fim chegasse.

— Senhor, se for possível, espero que ao menos para as crianças seu destino seja rápido e sem dor, nós não nos renderemos ao mal e continuaremos ao teu lado até o fim, eu, meu filho Omar e toda minha família sempre fomos dedicados a transmitir suas palavras e não será agora que iremos abandoná lo. - Sussurrou Elzira com um rosário enrolado em suas mãos.

 

Omar também não estava nada bem, ele já estava a muito tempo sem comer e os efeitos colaterais já estavam aparentes em seu rosto, para estender ao máximo a comida ele acabava guardando uma parte de sua porção e entregando aos seus irmãos.

— Jesus se sacrificou por nós na cruz, eu irei me sacrificar por minha família. - Pensou Omar.

Além de Omar, outros dois homens estavam na casa e tinham condições de procurar comida com ele, os outros eram idosos, mulheres ou crianças que já estavam muito fraco para qualquer coisa.

— Meus irmãos, nós ainda podemos fazer alguma coisa, no mercado tem muita comida, podemos pedir um pouco de comida lá, alguém irá nos ajudar. - Disse Omar aos outros homens com um sorriso forçado no rosto tentando os convencer a se unir a ele para conseguir alguma comida.

— Eu te entendo Omar, mas eles são muitos e vão acabar sabendo que somos cristãos, como vamos conseguir fazer alguma coisa? - Perguntou um dos homens.

— Fé, não temos outra escolha a não ser ter fé meu irmão, Deus irá nos mostrar o caminho e nós, juntos, iremos vencer a todos os obstáculos que encontrarmos. - Respondeu Omar.

— Tem que ter outro jeito, isso é loucura Omar! - Exclamou um dos homens.

— Fale baixo… se você não quer ir, tudo bem, mas eu vou. Só te peço que não conte nada a ninguém para evitar que eles venham atrás de mim, tudo bem? - Disse Omar calando a boca do homem.

— Certo, mas eu gostaria que vocês ficassem aqui comigo, não vale o risco Omar. - Respondeu o homem.

— Já está decidido Said, posso contar com você meu irmão? - Perguntou Omar estendendo sua mão.

— Nós crescemos juntos irmão, sempre fomos vizinhos e amigos, sempre esteve do meu lado quando precisei e agora é minha vez de te retribuir, será por nossas famílias, Deus irá nos guiar pelo caminho mais seguro. - Respondeu Said olhando nos olhos de Omar e apertando sua mão com um sorriso no rosto.

Omar e Said por sorte ainda tinham duas túnicas brancas e novas para usar lá fora, assim eles poderiam se passar por cidadãos Islâmico e se misturar na multidão do mercado. Eles saíram por trás da casa onde a rua era bem menos movimentada sem que as famílias soubessem, durante sua caminhada até o mercado algumas patrulhas passavam com homens encapuzados e ostentando seus fuzis AK47 para todos verem seu poder.

— Eu terei minha chance de acabar com vocês, um dia. - Sussurrou Omar com ódio nos olhos.

— Omar é melhor entrarmos nesse beco, tem muitos extremistas a frente. - Disse Said segurando seu braço.

— Precisamos ficar de olho nessas patrulhas. - Respondeu Omar.

Os dois seguiram caminhando e naquele beco encontraram algumas caixas empilhadas no canto que dava acesso ao telhado de uma casa.

— Olha Omar, aquele telhado parece ser para nos escondermos caso alguma coisa dê errado. - Disse Said apontando para a casa.

— Fale baixo Said… Então vamos fazer o seguinte, nos separamos e pedimos comida para as pessoas que aparentam ser generosas, se algo der errado nos escondemos aqui em cima mas se tudo der certo e vai dar, você me espera aqui no beco e voltamos juntos para casa.

— Então estamos combinados meu amigo, tome cuidado. - Disse Said.

Os dois se separaram e cada um foi para um lado após saírem do beco, Said foi para um lado menos movimentado do mercado enquanto Omar foi até uma área muito movimentada e encontrou uma mulher que estava tentando levar um saco de grãos para sua casa mas estava pesado demais para levar.

— Bom dia senhor, me perdoe por incomodar mas poderia me ajudar a carregar estes grãos. - Perguntou uma mulher branca de olhos verdes vestindo uma burca preta que apesar do rosto todo coberto ela aparentava ter uns 40 anos.

— Não posso mulher, tenho que conseguir comida para minha família faminta, não me atrapalhe. - Disse Said percebendo que tinha falado demais só depois.

— Faminta? Mas vocês não recebem comida todos os dias em casa? - Perguntou a mulher desconfiada.

— Sim… claro que recebemos... é que a quantidade que recebemos diariamente não é o suficiente para todos nós entende? - Disse Said tentando converter a situação a seu favor.

— Eu te entendo, saí da França onde tinha uma boa vida e farta para ajudar meus amigos nessa missão e agora estou trabalhando no hospital da cidade como voluntária, todos os dias recebo vários feridos da guerra em estado grave. Pelos nossos irmãos Islâmicos feridos nos Hospitais, você não poderia me ajudar? - Perguntou novamente a francesa.

— Eu posso te dar um pouco de comida quando chegarmos ao caminhão. - Continuou.

Seria muito arriscado Omar aceitar ajudar a mulher já que provavelmente o caminhão que ela iria entregar o saco de grãos estaria cheio de soldados do Isis, mas por outro lado, ele poderia ganhar um pouco de comida para dar a sua família.

— Sim, vou te ajudar… pelos nossos irmão Islâmicos. - Disse Omar com um sorriso forçado no rosto tentando parecer mais convincente.

— Isso vamos! - Disse a francesa.

— E por um pouco mais de comida… não é? - Perguntou Omar olhando para ela com os olhos esbugalhados.

— Claro, além de fazer um bem para nossos irmãos você também irá ganhar a comida que queria. Se não chegarmos logo eles poderão morrer de fome. - Disse a mulher francesa animada.

— Que queimem no fogo do inferno esses demônios malignos filho do anticristo. - Resmungou Omar enquanto carregava o saco indo atrás da mulher.

— Como disse? - Perguntou ela.

— Que a força de Allah esteja comigo para carregar esse saco de grãos tão pesado. - Respondeu Omar com outro sorriso forçado.

— Nosso Deus está sempre conosco meu amigo, ele irá te dar forças desde que sempre obedeça aos seus ensinamentos. - Respondeu a mulher enquanto olhava para uma lista de compras.

Os dois atravessaram o mercado e até o momento tudo estava tranquilo, nada em Omar estava aparentemente errado até que ele começou a ficar tonto por causa da franqueza que tomava conta do seu corpo causando tonturas.

— Você está bem meu amigo? - Perguntou a mulher.

— Sim não se preocupe. Ainda está longe?

— Não, é logo ali entrando a direita.

Omar já não estava mais se aguentando em pé com aquele peso em suas costas, mas seu esforço sem dúvidas iria ser recompensado, a única coisa que passava em sua cabeça seria poder comer uma bela refeição e repetir tudo novamente nos dias seguintes, assim seu dinheiro não precisaria ser gasto com comida e sua proteção seria estendida por mais tempo.

 

Os dois finalmente chegaram ao caminhão quando um dos soldados do Isis que estava ali próximo reconheceu Omar de algum lugar, ele não tinha certeza de onde já teria o visto mas sabia que existia algo suspeito naquele homem. O soldado se perguntava por que um homem Islâmico iria se matar carregando um saco de grãos pesado para a vadia francesa do líder comunitário local.

A francesa que ainda não tinha se apresentado agradeceu a Omar por sua gentileza e pediu para que ele esperasse enquanto ela fosse pegar a recompensa por sua ajuda.

— Bom dia irmão, eu te conheço de algum lugar? - Perguntou o soldado desconfiado.

— Acredito que não, senhor. - Respondeu Omar apreensivo.

— Por que você está carregando esses sacos, você é um dos homens do Fahir?

Omar não fazia ideia de onde aquele homem poderia ter o conhecido e muito menos quem seria Fahir mas alguma resposta ele teria que dar para conseguir sair daquela situação sem parecer suspeito.

— Não, eu…é...

— Ele apenas me ajudou a carregar um saco de grãos já que vocês se recusaram a me ajudar. - A francesa interrompeu Omar para explicar o motivo de sua ajuda.

— Aqui está meu amigo, agradeço muito sua ajuda. - Continuou a francesa enquanto entregava a Omar uma trouxinha com um pão grande tipico do Iraq.

A francesa entrou no caminhão e se retirou, deixando Omar a sós com os soldados do Isis, ele pegou sua trouxinha dada pela francesa, colocou em baixo do braço e se retirou para longe daqueles guardas.

— Ei, você! - Gritou um dos guardas.

— Pois não senhor? - Respondeu Omar ainda mais apreensivo e cada vez mais tonto por causa da fome e da adrenalina que tomava cada vez mais seu corpo.

— O que foi que a vadia do Fahir te deu?

— Está embrulhado em um lenço mas acredito que seja pão. -Respondeu Omar.

Um dos soldados tomou a trouxinha que estava com Omar e abriu para confirmar o que realmente era. Omar não podia fazer nada para não levantar mais suspeitas, então ele esperou. O soldado arrancou a metade do pão e ofereceu aos seus colegas.

— Você não iria negar um pedaço de pão aos seus irmãs não é? - Perguntou o soldado.

— Claro que não, mesmo que seja pouco, este pão dá para todos nós assim como jesus nos ensinou. - Disse omar com o rosto cheio de alegria até que a ficha caiu e ele olhou pálido para os guardas que o fitavam seriamente.

— Você é cristão? - Perguntou um dos guardas.

Omar olhou para os soldados e para o pão repetidas vezes até que em um vacilo dos soldados ele agarrou o que restava de seu pão e correu para o meio do mercado onde tinha muita gente e ele poderia se misturar na multidão para despistá los.

— Parado infiel!! - Gritou um dos guardas.

Mesmo sem muita energia, a adrenalina que corria no sangue de Omar era o suficiente para que ele corresse como o vento na esperança de não ser capturado. Ao entrar em uma rua com poucas pessoas ele viu um muro baixo que dava para pular sem muito esforço, como os guardas estavam atrapalhados mais atrás com alguns potes que Omar tinha derrubado no caminho ninguém veria que ele estava escondido do outro lado do muro. Quando ele pulou para o outro lado se deparou com uma área um tanto grande para o local, onde vários carros velhos estavam estacionados para serem reparados. Sem muita energia sobrando o fugitivo Omar resolve deitar e rolar para baixo de um dos carros do pátio e esperar, a única dificuldade para se esconder era segurar sua respiração que estava muito ofegante para não fazer tanto barulho, mas após algumas respirações profunda isso não era mais um problema.

— Ele foi por aqui! - Gritou um dos soldados.

Omar não tinha como saber se os soldados sabiam onde ele realmente estava ou se eles estavam indo para o caminho errado já que estava em baixo do carro e seu campo de visão era bem reduzido principalmente por causa dos entulhos espalhados pelo chão, a única coisa que lhe restava era esperar.

A perseguição aparentemente tinha cessado e o silêncio tomado conta do lugar, fraco e já sem energia ele estava sonolento e quase caindo no sono, mas dormir seria uma péssima ideia pois alguém poderia encontrá lo e chamar os soldados. Ainda sonolento ele se ajeita para não ficar tão confortável e tentar afastar o desejo de dormir, assim ele poderia esperar mais um pouco antes de continuar com sua fuga. Porém, todo aquele esforço tinha sido em vão e ele acabara caido no sono.


 

…alguns minutos depois...


 

Um estrondo desperta Omar rapidamente que olha para os lados para saber se havia sido descoberto, mas o que ele encontrou foi apenas um menino chutando uma bola no carro que estava em cima de Omar. O garoto não fazia ideia de que ele estava ali em baixo do carro mas ele não podia ficar lá para sempre.

— Os soldados já devem estar longe daqui, eu tenho que voltar agora. - Pensou Omar.

Ele se arrastou para o lado oposto ao que o menina estava e seguiu agachado para que ele não o vice, não dava para confiar no menino para ajudá lo pois ele não sabia qual seria sua reação. Com as roupas agora sujas ele caminhou calmamente para não levantar suspeitas em direção a sua casa.

— Como eu quero voltar para casa, não aguento mais ficar em pé. - Pensou Omar com a visão turva e tonto.

Aquele pão que ele carregava podia tirar momentaneamente sua fraqueza e devolver a ele a energia de que precisava para voltar para casa, mas ele queria comer ao menos um pedaço junto de sua família e nada iria tirar dele esse momento de prazer.

Said já havia conseguido sua porção de comida que tinha encontrado ao lado de um quiosque no mercado, na verdade, ele não encontrou perdido por aí mas sim, roubou, mas sua prioridade era sua família que estava faminta em casa, então ele fez o que achou que deveria fazer. Said estava correndo de alguns guardas que o seguiam furiosos. Depois de ter pego a porção de comida ao lado do quiosque Said acabou esbarrando no próprio vendedor que acabara de roubar e o vendedor acabou percebendo… Said nunca foi muito inteligente… mas era um bom corredor.

— Ladrão, pega ladrão, que Allah castigue sua alma e de toda a sua família. - Gritou o vendedor que acabara de ser roubado.

Said realmente sabia usar aquelas pernas para correr, ninguém conseguia segurá lo até que um homem um tanto cambaleante cruzou seu caminho e os dois acabaram se embolando no chão.

— Omar, encontrei você! - Disse Said surpreso.

— Que bom ver que você está bem meu irmão mas saia de cima de mim, eles estão chegando. - Disse Omar.

— Vamos corra, vá na frente. - Continuou.

Omar e Said agora estavam juntos, a dupla não era boa para roubar mas sabia correr apesar da fome, Said estava um pouco a frente e Omar estava atrás, juntos os dois já tinham queimado três vezes mais calorias em relação a comida que eles tinham conseguido encontrar.

— Omar, vamos subir aquelas caixas irmão, eles não irão nos pegar! - Gritou Said para Omar que já estava bem atrás.

Já bem cansado e cambaleante, Omar se esforçou para subir as caixas e quando já estava na última ele parou pendurado no telhado.

— Said, me ajuda! - Gritou Omar usando o restante do fôlego que ainda tinha.

Omar estava preso no telhado e não tinha forças para terminar de subir, os soldados já estavam se aproximando para capturá lo, Said correu de volta para tentar buscar seu amigo de infância mas já era tarde demais, a única coisa que viu quando olhou para trás foi seu amigo sendo agarrado e puxado para a rua.

— Omar, não… - Sussurrou Said com os olhos marejados.

Já no chão cercado pelos soldados, sem o pão que tanto tinha lutado para conseguir, Omar respirava fundo e ofegante com o punho cerrado e os olhos marejados por ter sido capturado, o líder dos soldados perguntou pela última vez se ele aceitaria se converter ao Islã.

— Eu irei perguntar pela última vez Omar, aceita nosso deus Allah como tua salvação e dedica a ele toda a sua vida lutando por nosso califado? - Perguntou novamente o líder, dando a Omar uma última chance de sobreviver.

Omar respira fundo e pede desculpas ao seu Deus por tê lo abandonado para poder ficar mais tempo na terra e poder proteger por mais tempo sua família.

— Sim, eu aceito… eu aceito Allah como meu salvador. - Disse Omar chorando por causa da ferida que abria em seu coração por abdicar de seu Deus para ganhar mais um dia de vida na terra e ter a oportunidade de ajudar sua família em outro momento.


 

~Em algum lugar na Síria~

 

Na prisão o repórter estava anotando quase emocionado tudo que o prisioneiro estava relatando sobre Omar.

— Então foi assim que Omar entrou para o auto proclamado Estado Islâmico? - Perguntou o repórter que estava entrevistando o prisioneiro.

— Chame de Isis que fica mais fácil meu parceiro. - Disse o prisioneiro.

— Mas respondendo a sua pergunta... sim, foi assim que ele acabou se tornando um soldado de Allah. Aqueles desgraçados faziam o que queriam com o coitado e depois que enjoaram dele o converteram de fato para o Isis, apartir daquele momento ele não era mais o mesmo. - Continuou o prisioneiro.

— Mas oque ainda não entendi foi… como você sabe disso tudo, como sabe da história de Omar estando do outro lado das linhas inimigas? - Perguntou o repórter.

— Tem mais cigarros? - Perguntou o prisioneiro.

O repórter apalpou seus bolsos em busca de algum cigarro para dar ao prisioneiro mas não encontrou, a ansiedade dos dois estava tão alta com aquele relato que eles não perceberam que haviam fumado todo o maço.

— Não, acabamos com todos. - Disse o reporte.

Nesse momento os guardas da prisão entraram na sala avisando que o tempo da visita tinha acabado e já foram arrancando o prisioneiro da cadeira e levando para sua cela, sem muita resistência o prisioneiro simplesmente levantou e deixou os guardas o conduzirem.

— O tempo de visita acabou, precisamos levar esse merda de volta para a cela dele. - Disse um dos guardas.

— Acho que essa sua pergunta é uma história para um outro dia meu amigo! - Disse o prisioneiro sendo arrastado.

— Mas você só me chamou aqui para contar a história de Omar? - Perguntou o repórter.

— Venha me ver novamente, esse foi só o primeiro relato. - Gritou o prisioneiro já no corredor fora da sala.

O repórter sentou na cadeira doido para fumar um cigarro, aquele lugar o deixava tenso e depois de ouvir uma história tão comovente de um homem que arriscou tudo que tinha para ganhar um pedaço de pão para sua família, sua vontade de fumar só aumentava até que ele notou que alguma coisa estava faltando.

— Onde será que eu deixei minha caneta? - Pensou alto o repórter tateando seus bolsos.

O repórter não tinha notado mas enquanto ele procurava por mais cigarros o prisioneiro havia pego sua caneta e escondido no bolso discretamente com um sorriso sarcástico no rosto.


Notas Finais


Os planos do prisioneiro foram iniciados!

Qual será seu real objetivo?
Qual o motivo dele estar preso?
Como ele sabia da história de Omar?


Bom... quem sabe a resposta estará no próximo capitulo.

Por hoje é só!


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