História A Batalha dos Escolhidos - Visita à mansão Agreste

Havia algo errado na cidade de Paris. Nenhum grito, pânico, correria, nenhum akuma. Por desencargo de consciência Marinette resolveu fazer uma rápida ronda, pulou algumas coberturas olhando cada beco. Nada.

“Finalmente vou dormir cedo”

Enquanto passava seu iô iô pelos prédios, avistou a mansão Agreste, a janela de Adrien estava aberta. Ladybug questionava-se se deveria descer. Olhou para o sol sumindo atrás dos prédios.

“Logo mais anoitece”

Mais uma vez olhou para a janela aberta, ainda reflexiva. Não demoraria muito só precisaria checá-lo. Algo rápido.

Ladybug entrou pela janela discretamente verificando o local, não havia ninguém no quarto. Escutou o som do chuveiro.

“Esse menino toma muito banho”

O lugar permanecia igual a última vez que estivera ali, os quadros das publicidades do Sr.Agreste com a beleza estonteante do seu filho na capa. Os livros do colégio espalhados pela escrivaninha e o computador com a foto da mãe de Adrien. Marinette se perguntava o que teria acontecido com ela. Uma mulher tão jovem e bonita. Todos na escola sabiam que o pai de Adrien começou a superprotegê-lo após o sumiço da esposa. E se ela tivesse ficado? Teria Adrien ido para a escola mais cedo? Poderiam ter sido amigos de infância? Quem sabe...

– Ladybug?

Ladybug pulou de susto. Pronunciou algumas palavras como “O-oi A-Adrien você banho aqui o-oi”. Marinette agradeceu aos céus por estar de máscara, pois com certeza estava muito vermelha. Adrien vestia apenas uma toalha branca enrolada na cintura. Justo não? Look comum para quem sai de um banho. Mas, mesmo assim era inegável o quanto ele ficava sexy com o cabelo molhado todo bagunçado e a pele brilhando pelas gotículas de água que ainda brincavam de escorrer em seu corpo.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupado.

– Coisa? O quê? Não, não – Ladybug balançava as mãos negativamente – Eu, eu só estava fazendo uma ronda sabe e parei aqui pra ver se tudo corria bem.

Adrien sorriu. Marinette sentiu as pernas fraquejarem.

– Ao que tudo indica está tudo certo – ela começou a andar igual a um robô até a janela – eu vou indo então, boa noite viu.

– Espera! – Adrien segurou a sua mão quando ela já estava apoiada no parapeito da janela – fica. Quero falar com você.

Marinette sentiu um calafrio percorrer sua espinha com o toque de Adrien. Parecia que vários pequenos choques se espalhavam pelo seu corpo. Aqueles olhos. Sim, duas orbes verdes refletindo a luz da lua que começava a surgir no céu. Sem dizer nada, a heroína desceu do parapeito e deu alguns passos aumentando a distância entre eles. Não conseguiria ficar tão próxima sem desmaiar. Adrien continuou parado no mesmo lugar.

– Adrien? – disse Ladybug.

– Sim?

– Pode se trocar, não fico muito confortável em falar com você só de toalha.

Adrien sentiu o rosto queimar, havia esquecido completamente que só tinha um pano enrolado em seu corpo.

– A-Ah. Sim, desculpe, eu vou ali me trocar rapidinho – disse o loiro sorrindo abobado enquanto apontava para o banheiro. Recolheu uma muda de roupas e fechou a porta.

Ladybug sentiu seu corpo relaxar. A tensão que sentia segundos antes agora dissipava em longos intervalos de inspiração e expiração. Sentou na ponta da cama de Adrien, passando a mão pela coberta, tão macia. Fez uma cara triste desejando trocar de lugar com o cobertor.

– Obrigado por esperar – Adrien saia do banheiro trajando um shorts azul e uma blusa branca, sacudindo com uma das mãos seu cabelo.

Ladybug continuou em silêncio, apenas acenou com a cabeça indicando um “tudo bem”. Adrien puxou sua cadeira com rodas e levou perto do lugar onde a heroína estava.

– Queria pedir uma opinião sua.

– Minha? – Ladybug fez uma careta desacreditada. Seus conselhos não costumavam ser muito bons, os da Alya sim, ela era ótima.

Adrien concordou.

– Eu nunca tive muito contato com o mundo a fora – falou abatido – meu pai, bom, ele me protege demais você deve ter notado. Acontece que agora pouco a pouco, estou conhecendo as coisas de uma “vida normal” e...bem, preciso de uma opinião feminina agora.

Ladybug congelou. Adrien continuou.

- Haverá um baile no colégio que estudo e os garotos devem ter a iniciativa de convidar as garotas.

De repente Adrien achou fascinante olhar para seus dedos do pé. Não sabia como falar sobre aquilo. Ou melhor, se até mesmo era certo fazer o pedido, ele mais do que ninguém sabia das regras. Mesmo assim continuou a falar antes que perdesse a coragem.

– Acontece que nunca convidei nenhuma garota pra nada. Nem mesmo um sorvete – sorriu de canto – Eu gosto de uma garota...

Ladybug soltou um pequeno gemido pela boca “Meu Deus, meu Deus ele vai contar!”

–...mas ela não é da minha escola.

Marinette sentiu um caminhão de areia cair em seu estômago.

– Queria convidá-la, mas tenho medo de levar um fora. Sabe, ela tem uma vida muito agitada e provavelmente não pode ir comigo por causa disso. Sei lá, estou meio perdido.

Ladybug ficou reflexiva. Seja lá quem fosse essa garota ela tinha muita sorte. Seu como Marinette queria falar “Convida a sua amiga Marinette!”, porém estaria sendo desonesta. Adrien estava ali de coração aberto pedindo pela sua ajuda. Se a garota da qual falava era realmente tão ocupada e indisponível talvez fosse melhor convidar outra pessoa que ele pudesse ter certeza da ida. Assim eliminaria a possibilidade de receber um não.

– Olha, você tem duas opções. Primeira, convidar essa menina mesmo que receba um “não” como resposta e seguir em frente ou deixar de lado e tentar levar alguém que você tenha certeza que pode ir.

Adrien sentiu-se muito mais perdido que antes. Seu coração batia acelerado gritando “Vai convida ela! Anda!”, mas ao mesmo tempo a cabeça urrava “Convide outra! Você sabe que ela não pode ir! Há muitas meninas ainda sem par”.

Marinette não podia demonstrar que estava magoada por saber que Adrien gostava de outra garota então resolveu que era o momento de ir para casa.

– Preciso ir – anunciou ela.

Adrien suspirou infeliz, perdera sua chance.

– Obrigado Ladybug – disse ele estendendo a mão para a dama, ela apertou, deu um meio sorriso e subiu na janela e saltou.

Adrien continuou na janela olhando para fora. Plagg saiu debaixo do travesseiro e flutuou até o lado do amigo.

– Desistiu foi?

Adrien deu uma longa inspirada e olhou cabisbaixo para o Kwami.

– Ela é uma heroína Plagg e eu também. E heróis devem colocar seu dever acima de suas paixões.