História A Bela e a Fera - Capítulo 07

Luna Valente

Matteo ficou conversando comigo, enquanto enfaixava meu tornozelo machucado, até que Nina nos chamou para comer. Ela mesma havia preparado, e a agradeci por isso. Matt se ofereu para me carregar, contudo neguei sua gentileza, disse que apenas precisaria de seu ombro, literalmente.

-Aqui, eu te ajudo. - Ele afastou a cadeira estofada para que eu pudesse me sentar. O agradeci, e só então vi a comida que estava sobre a mesa. Havia bolos, frutas e algumas bedidas cítricas. -Fique a vontade, e coma o que quiser.

-Mas e o seu chefe, não vai brigar com você? - Sussurrei, temendo que o famoso patrão dele resolvesse aparecer.

-Ele não, pode ficar tranquila. - Concordei e voltei a olhar a grande mesa de vidro. Aquela visão fez minha fome acender. Acho que a maioria dessas comidas nunca havia comido.

-O que é isso? - Perguntei apontando para uma tigela média de vidro.

-Isso? Ah, é uma salada de frutas. Nunca provou? - Abaixei meu olhar, e neguei com a cabeça. Estou me sentindo envergonhada. Ele apesar de ser empregado, come esses tipos de comida, mas eu não. Como o básico e olhe lá. -Se nunca experimentou tudo bem, pode experimentar agora. E só para você saber é uma delicia não vai se arrepender.

Assinto sorrindo. Achei que ele fosse me julgar, ou algo do tipo. Mas estava enganada. Levei a colher cheia até a minha boca, e era realmente bom, para ser sincera incrivelmente bom. Havia várias frutas nesse... leite estranho. É mais doce que o normal.

-Que tipo de leite é esse? Ou melhor que tipo de vaca produz esse leite?

- Pergunto levando a colher novamente a minha boca.

-Nenhuma. - Franzo a sobrancelha e ele ri. -Isso se chama Leite Condesado, e é industrializado. -Matteo ri mais ainda, provavelmente riu da careta que eu tenho certeza que eu fiz por não ter entendido. -Na verdade nem eu sei como se faz, só sei que é um produto industrializado. Vendem no cetro dessa cidade.

Isso explica muita coisa.

-Você não um pouco. - Ofereci, e ele nega.

Ficamos ali até um terminar aquela delicia. Me sentia satisfeita. A tempos que não me sentia assim...

-Luna... porque não estava em casa? - Engulo em seco. Não sei se quero falar sobre isso agora, mas acho que ele deve saber, já que está me hospendando, apesar da casa não dele.

-Bem... eu nem sem por onde começar. É complicado. - Tapo meu rosto já que não estou acostumado a chorar na frente de outras pessoas, que não seja a Âmbar.

-Está tudo bem Luna, se não se sentir confortável em me contar, não precisa. - Matteo diz docemente. Supiro antes de começar a lhe conta o que havia acontecido.

-Já foi acusado de algo que não fez? E por mais que a pessoa te conhecesse, ela não acredita em você? Então foi isso que ocorreu comigo. - Fecho os olhos tentando conter as lágrimas que estavam lutando contra a minha vontade de não deixá-las sair. - Mas isso não é a pior parte... a pior parte é que estou sendo acusada pela a minha irmã e meu próprio pai não acredita em mim... e estou cansada disso.

Um soluço involuntário escapa da minha boca, e sinto as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto. O silêncio se fez presente e eu senti os braços do Mattias me envolverem. Segurança. Foi tudo o que aquele abraço trouxe para mim. Não sei ao certo quanto tempo ele ficou ali me abraçando, como se quisesse me proteger de tudo o que havia ocorrido, só sei que ele só me soltou quando meu choro parou.

Bocejei e ele disse que me levaria para a cama, e antes que eu pudesse protestar o moreno me tomou em seus braços e me levou para "meu quarto". Estava chovendo, e nem havíamos percebido isso. Matte deitou cuidadosamente na cama, e me cobrui. Sorri, e ele retribui da forma mais doce que alguém pode fazer.

Matte fechou uma das janelas que se encontravam semi aberta, junto a cortina. O agredici outra vez. Um clarão seguido de um trovão me fez encolher debaixo daquela coberta. Matt estava preste a sair quando o chamei.

-Matt... fique aqui comigo... até eu pegar no sono... por favor. - Pedi e ele apenas virou as costas e simplismente saiu do meu quarto. Me deixando só com a luz acesa. Ótimo ele se esquecei.

Ia me levantar quando ele entrou no quarto novamente, com uma daquelas cadeiras estofadas.

-Onde pensa que vai. - Ele me encarou divertido.

-Achei que tinha ido dormir... e havia deixado a luz ligada então...- Ele me interrompe.

-Achou errado, porque eu não fui. - Mais uma vez. Completei mentalmente.

Ele colocou a cadeira ao lado de minha cama, e o mesmo se sentou nela. Apagou a luz e acendeu o pequeno abajur na pequena cômoda ao lado da minha cama.

-Obrigada. - Disse me ajeitando.

-Da pra para de me agradecer? Isso já está ficando irritante. - Matt disse e eu sei que estava vendo. Senti que estava sorrindo.

Era incrível que só fazia algumas horas que o conheci e ele é tão bondoso comigo, e a segurança que ele me traz é inexplicável. Outra em meu lugar desconfiaria, que por tras disso havia interesses, mas não consigo pensar assim, porque Mattias não é assim, ele é diferente. E é isso que esse vilarejo precisa. Eles precisam parar de julgar as pessoas que nessa casa trabalham.

Se realmente o conhecessem, enguliriam suas próprias palavras. Fechei meus olhos com esses pensamentos, esperando o sono chegar. Mas ele não chegou.

O som da chuva caindo era o único som que pairava naquele quarto. Nem sei se Matt continuava ali.

Minhas dúvidas foram esclarecidas quando senti o calor humano batendo em meu rosto. Senti o aroma familiar, é o mesmo que senti quando fui carregada duas vezes essa noite. Seus dedos acariciaram minhas bochechas por longo segundos, que realmente não queria que acabassem. Seu dedo desceu até a minha boca, tocando-os gentilmente.

-Esses lábios... o que está fazendo comigo Ma Belle?

Sua voz suave penetrou em meus ouvidos e acelerou meu coração. Porque ele me chamou de Ma Belle ? O que isso quer dizer? O que ele irá fazer?

Essas e mais um milhão de perguntas rondavam minha cabeça. Eu estava me sentindo estranha, quero abrir meus olhos e lhe perguntar, mas quero saber o que ele fará a seguir.