História A Bela e a Fera - Capítulo 8

Matteo Balsano

 Como essa garota conseguia ter esse efeito sobre mim? Mal podia acreditar no que estava prestes a fazer. Beijá-la, sério mesmo? Não podia fazer aquilo. Seria estupidez da minha parte, além disso ela era um adolescente.

 Me afasto de vagar, para evitar que ela acordasse. Fiquei sentado por ali por mais um tempo, depois subi para meu quarto. Por sorte era o único acordado naquela casa. 

Luna Valente

 Acordei com o canto dos pássaros. O quarto estava mal iluminado, como ele conseguia viver aqui? Acho que o a fera não era tão fã da luz assim. Com um pouco de dificuldade consigo me sentar na cama. Aquele tornozelo machucado ainda iria me dar trabalho. Ia tentar levantar quando Matias entrou no quarto me dando um susto.

— Opa, opa, opa! Não estava pensando levantar sozinha nessas condições não é mesmo? 

— Na verdade sim. Não quero ficar dependendo da sua ajuda até para levantar da cama. – ele ri, vindo até mim e me ajudando a ficar em pé. Essa vida de ficar sendo ajudada é um saco. Sei que ele me ajudou, umas três vezes, mas isso pra mim é um saco. Sou um espírito livre, independente.

 Forço um sorriso, e ele me ajuda ir até a cozinha. O café da manhã já estava servido. Após terminar de comer, aproveitei que Matias havia saído, me levantei e comecei a arrumar a mesa. Foi meio difícil, mas consegui.

—Ei, porque fez isso? Tem gente pra fazer isso, sabia? – Reviro os olhos com o seu tom grosseiro.

—É eu sei. Mas poupei você de um serviço.

—É... É claro. Obrigado. 

—Mat, posso te chamar assim? – Ele assente com a cabeça. – Então, como veio parar nesse lugar horrível, quer dizer. Vi como analisou meu tornozelo ontem, até parecia um médico.

 Ele suspira mirando o chão, murmurando que não queria falar sobre aquilo. Me desculpo e me sento em uma cadeira.

 Passei uma boa parte da tarde fazendo vários nada naquele quarto vazio e sem graça. Nina e Gastón haviam saído para fazer compras na cidade, junto a Matias. Não dava mais para ficar ali sem fazer nada, então sai daquele quarto e fui explorar a casa da "fera", me dava medo, porém minha curiosidade era maior. Subi as escadas, e cheguei no segundo andar da casa. Era maior do que eu pensava. Havia um corredor extenso, parecia não ter fim.  Comecei a caminhar com um pouco de dificuldade, para ver ser achava algo de interessante. 

 Ao longo do corredor haviam vários quadros com pinturas de todos os tipos, mas um em especial me chamou a atenção. Era de uma moça, de cabelos negros e olhos azuis. Fiquei maravilhada, ela era simples e ao mesmo tempo muito bela. Ao lado do quadro havia uma porta. Pensei em voltar, mas minhas mãos forma mais rápidas e já alcançaram a maçaneta, abrindo-a. Meus olhos brilharam ao ver imensas prateleiras cheias de livros. Aquilo era uma biblioteca, e parecia estar em um sonho. Ela era enorme, devia ter um bilhão de livros ali. 

 Lembro quem na casa de meu pai havia uma. Prateleira minúsculas, na qual continha uns quinze livros, no máximo. Eu já havia lido eles várias vezes, que até perdi a conta. Os lia quando o dia era chuvoso e não dava para sair de casa. Meus olhos percorriam todo aquele cômodo quando vi uma mesa, como a de um escritório. Me aproximei e havia um globo, e não sabia ao certo o que era, era todo colorido, cheio de formas e linhas. Haviam alguns papéis ao lado, estavam escritos, o cheiro da tinta da caneta ainda pairava no ar, mostrando que foi mexida recentemente.

  A letra era no entanto delicada, e estava em francês. Sabia francês graças a Âmbar e sua mãe. Consegui ler uma frase, antes que alguém entrasse, me assustando.