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História A bruxa da cidade - 11- Seguir em frente


Escrita por: LumiSan

Notas do Autor


A tia Lumi demorou um pouquinho porque essa semana foi muuito corrida, mas tá aí o último capítulo pra que vocês parem de querer me matar u_u

Capítulo 11 - 11- Seguir em frente


11- Seguir em frente:

 

        Passaram a noite e o resto do dia seguinte sem forças para se levantarem. Somente quando a noite chegou que, com dificuldade, Hizaki acendeu uma fogueira próxima ao riacho. Lentamente, foram lavar os rostos sujos de fuligem e sangue na água. Nenhum deles havia falado nada até então.

        Estava uma noite quente, insetos voavam para todo o lado e a lua estava linda.

        Akira estava sentado na grama, as sobrancelhas unidas em desgosto. Estava todo inchado, dolorido, horrível. Nem mesmo fome estava sentindo, recusou com um aceno as frutinhas que Hizaki lhe ofereceu.

        Takanori estava em melhor estado, havia apanhado bem menos do que seu amante, também estava o tempo todo ali, firmemente ao lado de Akira, sempre o tocando de forma carinhosa, lhe mostrando que sempre estaria presente.

        Hizaki estava um pouco mais afastado, sentado à beira do riacho. Sorriu com uma enorme melancolia ao se dar conta que agora era ele quem não largava o machado, o mantendo sempre perto de si.

- Ouviram isso? – a voz de Takanori soou rouca depois de ficar tanto tempo sem usá-la.

        Os outros dois estavam distraídos, não tinham ouvido nada até o baixinho chamar a atenção.

- Com certeza eu ouvi alguma coisa.

        Se levantaram e puseram-se bem próximos uns dos outros, Akira pegou o machado de Hizaki, se perguntando se teria condições físicas e emocionais de entrar em mais um combate.

        Aos poucos, com a escassa luz proveniente da fogueira, viram uma sombra se movendo entre as árvores de forma lenta e arrastada, com passos pesados e vacilantes.

- Meu Deus!

        Takanori foi o primeiro a reconhecer. Saiu de trás de Akira e correu em direção ao corpo grande que trazia Yumi no colo. Puxou a menina para seus próprios braços de forma emocionada, a girando no ar e fazendo a gargalhada infantil ecoar pela noite bonita. Novamente sentiu suas bochechas molhadas, mas daquela vez estava chorando de felicidade.

        Lentamente, como se não acreditasse no que estava vendo, Akira soltou o machado no chão e se aproximou de Yumi, a tomando em seus braços e observando cada pedaço de seu corpo. Estava suja mas perfeitamente bem e inteira. Quando abraçou sua filha com força suas lágrimas pingaram nos cabelos ralos da bebê.

        Logo Hizaki também estava ali, tocou o rostinho da menina com carinho, lhe dedicando um enorme sorriso. Mas logo desviou sua atenção para o corpo vacilante que, como se finalmente tivesse cumprido sua missão, se permitiu desabar no chão pela exaustão e dor que estava sentindo. Os três correram para o ajudar.

- Não.... Me toquem.... Por favor. – mesmo que tentasse se conter, sua voz denunciava toda a dor que com certeza estava sentindo.

        Delicadamente, Takanori puxou do ombro de Masashi a alça da bolsa que haviam preparado para Yumi quando achavam que iriam viajar tranquilamente para a capital. Estava levemente chamuscada mas inteira, com alguns potes de papinha restantes dentro.

        Hizaki cobriu os lábios com as mãos ao olhar bem de perto todas aquelas queimaduras. Os tecidos das roupas que o lenhador antes usava estavam metade queimados e metade colados na pele extremamente ferida. Pobre homem, enfrentou todo aquele fogo para salvar uma bebê que nem mesmo era sua filha.

- O riacho. A água fria vai ajudar a aliviar a dor. – Akira deu a ideia, mantendo Yumi firme em seus braços.

        Com dificuldade e ainda não suportando a ideia de ser tocado, Masashi conseguiu se pôr de pé e se arrastar até o riacho.

        Sem se importar com mais nada, Hizaki entrou na água rasa junto com o lenhador, vendo o homem se apoiar em seus joelhos e mãos e contorcer o rosto com a dor, imerso até o pescoço. Estava todo arrepiado com o contato da água fria em seu corpo repleto de queimaduras.

- Eu não acredito que você está vivo. – Hizaki estava louco para abraçá-lo, beijá-lo e dizer o quanto estava aliviado por tê-lo perto de si novamente.

- Nem eu. – foi o máximo que Masashi conseguiu responder.

        Akira e Takanori estavam bem próximos com Yumi no colo, não acreditando em tamanha bondade vinda daquele homem. Nem com todo o dinheiro do mundo Akira conseguiria expressar sua gratidão.

- Você sabe que tem que tirar esses tecidos das queimaduras, não é? – o loiro perguntou levemente, vendo Masashi virar seu belo rosto – uma parte que o fogo não tinha alcançado – e lhe encarar de forma sofrida.

        Piedoso, Hizaki acariciou o rosto másculo, vendo o outro fechar os olhos e apoiar a cabeça na palma de sua mão, aceitando o afago que lhe era dedicado. 

        Takanori não conseguiu aguentar aquela cena de sofrimento, pegou Yumi no colo e se afastou um pouco. Apenas ouvindo os quase gritos de dor que deixavam os lábios do lenhador enquanto, o mais delicadamente possível, Hizaki tentava descolar os restos de roupas dos braços, partes das pernas e quase todo o peito queimados.

        Akira observou em silêncio. Cada vez mais admirado com a bravura daquele homem. Somente depois que aqueles minutos de tortura acabaram foi que se pronunciou.

- Vamos agora mesmo embora. Masashi precisa ser atendido por um médico.

        O lenhador estava fraco, queimando em febre. Tentou negar, odiava a ideia de ir para uma cidade qualquer e ficar perto de muitas pessoas. Foi veemente ignorado. Akira estava decidido.

        Não iriam para a capital, pois era muito longe e precisavam de um atendimento rápido. Mas também não iriam para um povoado onde pudessem ser espancados uma terceira vez. Há apenas duas horas de viagem, havia uma cidade pequena mas melhor desenvolvida. E era para lá que iriam.

        Depois de ter sua filha de volta em seus braços, Akira havia recuperado todas suas forças para seguir em frente.  

 

(...)

 

        Akira estava ao volante, dirigindo o mais rápido que conseguia naquele breu iluminado apenas pelos faróis da velha S10.

        Takanori estava no banco do carona com Yumi adormecida em seu colo. Ficava dividido entre quase rir de alegria ao ter a bebê sã e salva consigo e ter o coração cortado ao olhar para o banco de trás. 

        Masashi estava meio deitado no banco de trás, “meio” porque não caberia totalmente deitado em um espaço tão pequeno. A cabeça repousada no colo de Hizaki. Comprimia os lábios firmemente para conter a vontade de fazer um escândalo tamanha a dor que estava sentindo. Seu corpo ainda estava molhado, assim como Hizaki, que acariciava os fios negros com imensa preocupação. O corpo não chegou a ser todo atingido pelas chamas, mas algumas partes de suas pernas e peito tinham queimaduras mais profundas, repletas de bolhas que estouravam, deixando um liquido estranho escorrer.

        Chegaram na cidade que Akira buscava no meio da madrugada. Por ser um homem bem viajado, acabou conhecendo algumas pessoas legais em várias cidades pelas quais havia passado algum tempo.

        Estacionou o veículo barulhento na frente de uma casa de madeira muito bem cuidada e mais bonita que as demais. 

        Há algum tempo atrás, antes de seguir para a cidade onde conheceu Takanori, passou algum tempo por ali com Yumi. Em uma noite a menina teve uma febre muito alta que não queria baixar, foi obrigado a levá-la no hospital onde acabou fazendo amizade com o médico e o enfermeiro que cuidavam das pessoas dali. Se deram tão bem que até mesmo foi visitá-los naquela casa onde estava parado na frente agora.

        Sabia que os dois eram pessoas muito bondosas e não iriam negar ajuda para uma pessoa com queimaduras tão feias.

        E assim foi. Graças à forças maiores, como Hizaki acreditava, a sorte deles estava começando a mudar.

 

(...)

 

- Eles vão ficar bem.

- Não dá pra acreditar que puderam fazer essa covardia.

        O casal estava escorado em uma parede mais ao longe, observando as quatro pessoas e a bebê. Com o coração enorme como tinham, estavam morrendo de pena.

        Kamijo e Teru eram o médico e o enfermeiro daquela cidade, quando viram Akira batendo em sua porta com aquele pobre homem queimado de arrasto, fizeram tudo o que puderam para ajudar, trataram de todos os ferimentos dos adultos e da leve desidratação da bebê com enorme carinho e dedicação. Qualquer pessoa que batesse em sua porta precisando de ajuda seria prontamente atendida.

        Takanori e Akira estavam exaustos. Depois dos curativos, um bom banho e relaxantes musculares, finalmente puderam descansar. Estavam deitados em uma aconchegante cama de casal, um de frente para o outro, dormindo tranquilamente. Yumi estava no meio, limpa e também adormecida. Era uma linda imagem de amor. Depois de toda a violência, as intrigas, o sofrimento, ainda estavam juntos. E estariam para sempre.

        Na outra extremidade do vasto quarto, Masashi repousava sobre a cama com muitas ataduras e um grande alivio nas dores causado por medicamentos. Estava confuso, desconfortável, perdido. Odiava sentir-se frágil daquele jeito, perceber que estava dependendo de outras pessoas, que estava sentindo coisas que de repente não fossem muito sensatas.

        Mas como iria ser racional em uma hora daquelas? Com toda aquela delicadeza, aquele cuidado, aquele carinho que estava recebendo daquele ser lindo por quem havia se apaixonado.

        Hizaki havia tratado de seus ferimentos, se banhado e desde então estava sentado em uma desconfortável cadeira de madeira, o tempo todo ao lado da cama do lenhador, até mesmo quando este estava dormindo. Teru insistiu para que fosse deitar-se um pouco e descansar mas Hizaki negou, a dor que sentiu quando pensou ter perdido o amor de sua vida foi tão grande que agora nem cogitava a ideia de se afastar nem que fosse por algumas horas.  

        Delicadamente, correu os dedos pelo rosto de traços fortes, percebendo o suspiro satisfeito que deixou os lábios do outro. Os dois pares de olhos se encaravam sem desviar, Masashi era um bruto, estranho e de poucas palavras, mas Hizaki sabia de tudo o que ele queria dizer, seus olhos lhe contavam isso.

        Inclinou-se um pouco, cuidando para não tocar o peito ferido de Masashi, selando seus lábios levemente. O moreno segurou a mão delicada, deixando um leve sorriso se desenhar em seu rosto. Hizaki sorriu de volta. Também estariam juntos para sempre, apenas com um olhar firmaram aquela promessa.

        O machado estava repousado ao lado da cama.

        Kamijo e Teru sorriram e deixaram o quarto, dando um pouco de privacidade para aqueles quatro guerreiros.

 

~Fim... 


Notas Finais


Alguma dúvida de que o Masashi é a melhor pessoa do mundo? *--*
Terá um epílogo, e to aceitando sugestões porque eu não sei o que colocar nele '-'


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