UM ANO DEPOIS. AUSTIN, TEXAS.
MAYA
Você já parou para pensar como a vida é doce, mas, ao mesmo tempo, sacana? Eu tinha tudo: uma família, a pessoa que me levaria até Hayley, e estava feliz. E então tudo foi tirado de mim. Marcellus, o filho adotivo de Nicklaus, tinha tirado tudo que ainda me restava.
Nos primeiros minutos de raiva, logo após que descobri sua traição, eu quis matá-lo, quis usar todo o resquício de magia do meu corpo para acabar com a vida patetica dele. Mas eu não o fiz. Pensei e decidi que havia uma alternativa melhor para a minha vingança. Eu trairia Marcel também, só tinha de ter uma boa oportunidade e então o faria ver que me trair e levar meus filhos de mim, não foi a escolha sábia a se fazer. Enquanto eu não tinha minha vingança, contentava-me em matar todos os vampiros que já tiveram contato com Marcel, e devo dizer que são muitos.
Apesar de ter planejado minha vingança contra Marcel, em nenhum momento esqueci de meus filhos. Procurei-os por todos os lugares, fiz feitiços de localização, porém Gabriel deve tê-los escondidos com feitiços. Depois de meses atrás de uma mera pista, parei de procurar e passei a me concentrar em Hayley. Se eu a encontrar, poderei ter minha família de volta, e sei que meus irmãos e irmãs me ajudarão a localizar meus bebês. Contudo, apesar de ter parado de procurar, pedi a Layla que continuasse as buscas por mim, e como uma verdadeira amiga, ela o fez.
Durante esse tempo, onde eu passei caçando Hayley, descobri uma coisa ou outra sobre os lobisomens. As alcateias já não são tão fáceis de achar, e havia só uma lobisomem da alcateia Malraux. Ah, as coisas que se aprendem na estrada. Depois de perseguir Karen, descobri que não era preciso, que tudo o que eu tinha de fazer era ir atrás do que Hayley quer. E eu finalmente cheguei antes da híbrida.
Encarei Keelin do outro lado do bar. Ela estava com algumas amigos, comemorando algo. Apesar de parecer feliz, eu sabia que ela sentia-se incompleta, talvez por esconder quem é realmente.
Assim que ela se levanta, pronta para ir embora, bebo o resto do meu Whisky e levanto também. Passo pela lobisomem e seguro em seu pulso, lançando-lhe um sorriso.
— Quem diria, uma Malraux no mesmo bar que eu, devo ficar honrada? — indago, achando aquela situação completamente divertida. A garota percebe que eu sou uma ameaça e tenta soltar-se, mas eu aperto seu pulso mais forte. — Pare de lutar ou eu juro que vou matar cada pessoa desse bar, começando pelos seus amiguinhos — sussurro, vendo-a tremer diante à ameaça.
— O que você quer? — perguntou, soando pateticamente.
— Você — respondi simplesmente, logo soltando uma gargalhada quando percebi que as amigas dela olhavam em nossa direção. — Há alguém, uma mulher, que te quer muito, mais especificamente seu veneno, e eu a quero. Conseguiu entender? Eu vou trocar sua vida por duas horas de conversa.
A expressão surpresa e enojada de Keelin me fez revirar os olhos, ela nunca tinha visto alguém egoísta e manipulador? Eu definitivamente teria de apresentá-la ao Damon.
— Eu não vou — disse, como uma criança fazendo birra. Aproximei-me dela, colando minha boca em sua orelha.
— Me diz, seu eu cortasse a garganta do barman com minhas garras, ele sobreviveria por quanto tempo? — a pergunta fez Keelin me encarar incrédula, o que me fez rir mais. — Agora ria, pegue em minha mão e vamos sair daqui, sem transformar sua comemoração em um banho de sangue.
A lobisomem fez o que eu mandei. Ela riu e agarrou minha mão, virou-se e acenou para os amigos antes que eu a puxasse para fora do lugar. Ainda estávamos de mão dadas quando Hayley Marshall surgiu. Ela encarou a cena com curiosidade. Apertei a mão de Keelin sentindo os ossos quebrarem, a mulher soltou um gemido alto de dor, que foi interrompido por um empurrão que eu dei.
— Oh, eu finalmente te achei, Hayley. Devo dizer que você é difícil de rastrear, mas, se você se empenha muito, sempre consegue achar uma brecha — indiquei, com a cabeça, Keelin, que analisava a mão com uma expressão de dor. — Vou ser direta porque não estou a fim de ter um diálogo com você. Eu troco Keelin por duas horas de conversa com os Mikaelson.
Hayley me encarava surpresa. Analisando-a bem, pude perceber semelhanças entre ela e minhas irmãs. Hayley parece uma mistura louca de todas minhas irmãs, e, até mesmo, de meus irmãos. A híbrida me olhou, exalando desafio.
— O que você quer com eles?
— Assunto particular, querida. Porém, eu te digo algo: eles vão ficar surpresos quando me ver — afirmei, com um sorriso convencido. — Para que o encontro ocorra bem, tem de ser antes de você curá-los. Enquanto converso com os Mikaelson, você tira o veneno de Keelin, e, se tudo der certo, nós duas sairemos ganhando.
O rosnado de Hayley seguido dos olhos amarelos, me mostrou que ela não estava tão aberta à negociações. A híbrida avançou, e eu ri estendendo a mão. Hayley gritou em agonia e ajoelhou no chão, apertando as mãos em volta da cabeça. Andei até ela e segurei em seu queixo, erguendo-o.
— Você verá que somos mais parecidas do que você imagina — apesar de querer minha família de volta, não esqueci que Hayley fazia parte dela, apesar de nunca termos nos encontrado antes. — Você tem uma hora. Me encontre aqui mesmo, se você não vir saberei sua resposta e matarei Keelin sem hesitar. Espero que escolha sabiamente.
Empurro-a de volta para o chão e caminho até Keelin, puxando-a para se levantar. A lobisomem olhava preocupada para a mão, que demorava para curar, fazendo-me revirar os olhos. Cobri suas mãos com a minha e observei-a se contorcer em dor, quando tiro a mão, ela percebe que está totalmente curada. Keelin me olhou com menos raiva, quase como se estivesse agradecida, porém tudo que fiz foi empurrá-la para frente.
Eu tinha me hospedado no melhor hotel da cidade, sem me importar em esbanjar um pouco. Amarrei Keelin em uma cadeira, as cordas estavam molhadas com wolfsbane, o que impedia a lobisomem de fugir. Deixei-a amarrada, assistindo televisão, enquanto tomava banho, tentado associar tudo o que havia acontecido na última semana.
Antes de vir para cá, procurar Keelin, e depois de ter falado com Layla, fui para Mystic Falls. Na pequena cidade, fui até a casa de Kim, que me recebeu surpresa. Eu mantive contato com ela depois de ter Lola e Luke, mas quando os perdi, não contei nada e passei meses sem dar notícia.
Entrei na casa da vampira sem dizer nada, sendo recebida com abraços, a quais eu recusei com frieza. Kim me olhava preocupada e pediu para eu contar o que tinha acontecido. Eu contei tudo a ela, deixando bem claro que Marcel tinha tirado meus bebês de perto de mim e que Maggie tinha ajudado. E então pedi a ela que procurasse por Lola e Luke. Kim aceitou facilmente e os meninos concordaram também.
Quando eu saí da casa da vampira, fui até o cemitério. Visitei o túmulo dos Gilbert e, quando ia embora, passei pela cripta dos Salvatore e entrei no local. Havia alguém ali, e não reagi com surpresa ao ver que era Damon.
Começamos um diálogo, eu falando sobre saber que havia alguém controlando-o e ele respondendo com ironia. As coisas estavam calmas até eu tocar no nome de Elena e ele se irritar, agarrando meu pescoço e prendendo-me na parede. As palavras que disse continuam frescas em minha cabeça:
" — O nome Elena não significa nada pra mim — disse lentamente, exalando raiva.
Sorri, desafiadora, aproximando meu rosto do dele.
— Então por que está tão zangado? Os sentimentos estão voltando? — indaguei, rindo internamente da situação. Damon apertou mais forte o meu pescoço e eu encarei seus olhos, vendo-o gemer de dor, largar meu pescoço rapidamente e se afastar. — Eu também estou com falta de sentimentos no momento, Damon, então te dou uma dica: fique longe de mim e fora do meu caminho, ou eu vou te caçar e te matar, e depois vou matar a vagabunda que está te controlando.
A menção da mulher, fez Damon encarar-me com uma raiva contido. Apenas sorri e me aproximei, plantando um beijo em sua bochecha e sussurrando em seguida:
— Você sabe tão bem quanto eu que o nome Elena significa algo para você. Ela ainda está enterrada aí dentro, em algum lugar, bem lá no fundo — mordo os lábios, soltando um sorriso feliz. — Se eu não estivesse tão ocupada e tão desprovida de sentimentos, talvez eu te ajudasse a se livrar desse controle mental, mas não é o caso. Foi bom ver você D, se cuida tá?
Lancei um olhar sarcástico em sua direção e recebi um sorriso dolorido de retribuição. Saí da tumba em passos calmos e pequenos, sentindo uma pontada de saudade de Mystic Falls. A cidade pequena é, definitivamente, amaldiçoada, mas eu gosto do local e pretendo me mudar com Lola, Luke e minha família pra cá."
Pouco tempo depois, eu estava saindo da cidade e indo procurar Hayley. Foi pra cá que a estrada me levou, exatamente para onde Hayley está.
[...]
Os minutos se passaram rapidamente, quando eu vi já era hora de ir me encontrar com Hayley. Soltei Keelin e a segurei pelo braço, indo até a porta do quarto. Deixamos o hotel após eu pagar pelos dias que fiquei e fomos direto para o carro.
Quando chegamos no bar, Hayley nos esperava no local marcado. A Labonair parecia ansiosa e hesitante, mas quando nos viu, deixou as dúvidas para trás e mostrou-se confiante.
— Parece que decidiu vir, fico feliz — digo, dando fim ao silêncio enlouquecedor que tinha se instalado. — Te dou Keelin e nós vamos até onde os Mikaelson estão. Trato feito?
— Não — respondeu, pegando-me de surpresa. — Você terá uma hora com eles e fará tudo na minha frente. Quando terminar, você ajudará Freya com o feitiço. São os meus termos.
Apenas assinto, apesar de não gostar nenhum um pouco das exigências. Uma hora era o suficiente para o que eu queria. Empurrei Keelin para Hayley, que a agarrou. A Malraux lutou e conseguiu soltar-se de Hayley, correndo para longe. Observei tudo desinteressada. Hayley alcançou ela em poucos segundos e bateu sua cabeça na parede, fazendo-a desmaiar.
— Vamos? — perguntei quando Hayley se aproximou com Keelin nos braços.
— Vamos.
Segui a híbrida até seu carro. Ela colocou Keelin no banco de trás e eu entrei. Hayley acelerou, saindo dali.
Alguns minutos, não muitos, eu acho, passaram-se. Hayley entrou em um armazém e estacionou o carro. Desceu e abriu a porta de trás, pegando Keelin. Eu desci também e olhei ao redor, avisando os caixões a poucos metros dali. Andei apressadamente até os caixões e abri o primeiro que vi, dando de cara com Kol.
Kol Mikaelson estava lindo como sempre. A expressão calma dava a entender que ele acordaria a qualquer momento, como se dormisse. Olhei para a mordida e suspirei, amaldiçoando Marcel por ter feito isso. Percebo que Hayley me encara curiosa ao ver meu carinho e cuidado com o Original. A curiosidade falou mais alto, fazendo-a perguntar:
— Como conheceu os Mikaelson? — a pergunta saiu tão naturalmente, que eu percebi o quão acostumada estava ao ouvir perguntas como essa.
— Tornei-me melhor amiga de um deles e me apaixonei por outro. Acabei com o coração despedaçado e morta, típico de quem se relaciona com os Mikaelson — viro em direção a ela, sentindo a necessidade de dar um conselho: — Tome cuidado ou você também acabará destruída, como eu.
Hayley pareceu desconfortável e apenas virou-se para frente, preoupando-se em ajeitar Keelin. A lobisomem Malraux dava sinais de que acordava e foi o que aconteceu. Ela abriu os olhos e forçou o braço pra cima, tentando soltar-se. Keelin estava amarrada a uma cadeira e, quando percebeu que não iria conseguir, desistiu de tentar, encarando Hayley.
— Por que você está fazendo isso? — perguntou Keelin, e quando Hayley não respondeu, continuou: — Você está fugindo de alguém, provavelmente dos vampiros. Você fede como eles.
A ofensa me fez soltar uma gargalhada. Hayley, ao contrário de mim, encarou a Malraux séria.
— Eu faço isso pela minha família — falou. — E se for preciso sugar todo o veneno do seu corpo, eu irei fazê-lo.
Observando-a, eu pude perceber mais uma coisa em comum. Hayley fazia de tudo pela família, como eu faço também. Ela é realmente uma Labonair.
— Temos mais uma coisa em comum, senhorita Labonair — digo, soltando um sorriso misterioso. — Posso ir falar com eles?
Apontei para os Mikaelson. Hayley colocou um dispositivo em Keelin, dizendo que iria doer, e então olhou em minha direção, assentindo. Pego na mão de Kol e fecho os olhos, sentindo tudo a minha volta ir embora.
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