– Pronto, eles vem! – disse voltando para a sala.
Esme instantaneamente começou a procurar coisas fora do lugar. Ela parecia animada.
– Está tudo perfeito, mãe. – Edward afirmou.
– Sim. E, além do mais, eles nem ligam muito para essas coisas. –concordei. – Carlisle, posso conversar com você? Preciso de uns conselhos. – falei meio hesitante.
– Claro. Vamos até meu escritório.
Afirmei e o segui. Chegando lá, ele sentou na cadeira dele, e apontou para eu me sentar a sua frente, onde havia duas cadeiras confortáveis. Sabia que o fato de estarmos no escritório não evitaria que os outros escutassem. Mas não ligava. Não era algo a se esconder.
– Eu ia deixar para falar sobre isso depois, mas a vinda dos meus amigos para cá me deixou com pouco tempo.
– Do que se trata? – questionou interessado.
– Uma amiga humana minha, Annete, estava começando a gostar do Seth, eles iriam acabar começando um namoro. Mas, não me julgue, temi que o Seth acabasse tendo um imprinting e a machucasse. Então decidi olhar as possibilidades para seu futuro.
– Claro que não a julgarei. Você apenas fez o que achou melhor para sua amiga.
– Sim. Entretanto, o futuro dela me surpreendeu, completamente. Varias das possibilidades a levava até o Fred. Óbvio, que, nem de perto era algo como ocorreu com Edward e Bella. Tinha e tem possibilidades dela ficar com um humano normal ou o Seth. Mas, o fato de eu ter entrado na vida dela, fortalece muito a possibilidade deles ficarem juntos, eventualmente eles acabarão se conhecendo. Por isso pedi para o Seth se afastar, nesse caso ele também pode se machucar.
– A situação parece complicada. – Carlisle disse.
– E é! O Fred não tem nem um terço do controle do Edward. Ele pode acabar matando-a se eu não estiver presente para evitar! Mas eu não posso está em todo lugar que a Nette tiver, ela irá estranhar. E se eu ficar a vigiando invisível, sentirão minha falta. Eu construí uma vida em Forks. E aquele povo é bem fofoqueiro! Também não tenho certeza se quero essa vida para a minha amiga. Ela é tão feliz com a vida dela! Como posso eu mesma tirar ou permitir que a tirem? Não sei o que fazer. O Fred é meu melhor amigo, e ele merece ser feliz! Eu quero a felicidade para ele! E para a Nette também! Sei que ela pode ser muito feliz com o Fred. Mas, ao mesmo tempo... – balancei a cabeça, como se tentasse afastar os pensamentos. Sentei novamente. Nem havia dado conta do momento que tinha ficado de pé.
– Realmente você está em um impasse. Você acha que sua amiga se ressentiria por se tornar imortal?
– Não. – falei com uma convicção que não sabia de onde vinha. – Bom, eu acho que não. Nas visões ela parece feliz, mas eu não sei. E sei que ela nunca me culparia, se eu tivesse que a transformar. Ela é uma pessoa muito boa. Tão boa, que, acredito que nunca se perdoaria se matasse alguém... Ela ficaria destruída. E os primeiros meses de um recém-criado são tão difíceis...
– Talvez ela não tenha tantos problemas. – apontou pensando na Bella.
– Talvez. Mas ela não é a Bella. Pelo o pouco que vi, ela terá menor controle que eu nos primeiros anos. Apesar de se esforçar. Tenho pensado em algumas coisas para me preparar para esse futuro.
– Sábio. – ele estava pensativo. – Qual a forma mais possível desse futuro acontecer?
– É o que menos vejo direito. As possibilidades futuras da Nette, não estão claras de interpretar. Tem muitas cenas cortadas. Por minha causa. Todas as cenas que eu estou não posso ver. E isso complica muito! Eu tenho que ficar juntando as peças e adivinhando... Enfim, a mais provável é a que menos vejo cenas. As duas cenas mais definidas são assim: Fred está em uma floresta, parece perto de Forks, quando ouve o barulho de acidente. Curioso ele vai olhar o que houve. Pelo o que parece foi uma batida. O motorista de um dos carros envolvidos já está morto, mas a motorista do outro ainda está viva, ele escuta o coração dela, mesmo estando fraco. Então, sem saber o que está fazendo, a tira de dentro das ferragens. Ele parece desesperado ao perceber que ela não tem muito tempo. Ele não é capaz de deixá-la morrer, tem que impedir. Ele pega o telefone, e a visão encerra. A próxima é dela, imortal, correndo ao lado dele numa floresta.
– Nenhuma durante o intervalo? Nada sobre os dias da transformação?
– Nada. Minha teoria é que o Fred ligou para mim, e eu a mordi. E depois fiquei ao lado dela durante toda a transformação. Não a deixaria sozinha num momento desses.
– Faz sentido, já que sua única exceção para ver o futuro é você mesma.
– Foi isso que pensei. Carlisle, o meu maior problema é: Eu não faço idéia de como transformar alguém! Eu vou acabar a matando! – disse desesperada. – Eu não quero que minha amiga morra e muito menos que eu seja à responsável por sua morte!
– Em primeiro lugar, mantenha a calma. – respirei fundo. – Tenho certeza que você é capaz disso. Você se absteve de sangue humano há uma década, certo?
– Sim. Nunca cometi nenhum deslize. Isso torna mais fácil?
– Sim e não. Por se abster de sangue humano, seu controle é melhor que a dos outros vampiros, mas pode ocorrer que, tanto tempo sem se alimentar do mesmo, ao experimentá-lo possa perder a resistência...
Coloquei a cabeça entre as minhas mãos.
– Eu não posso matá-la. E eu não quero que ela sofra...
– Você precisará injetar muito veneno para que a transformação seja mais rápida. Você pode tentar a morfina, parece ter dado, parcialmente, certo com a Bella.
Rir incrédula. Ele ainda acreditava naquilo.
– Não Carlisle, não deu nem um pouco certo. A Bella queimou igual a qualquer um de nós durante a transformação. A única diferença foi que, o Edward injetou muita morfina. E a morfina correu nas veias dela antes do veneno, fazendo um efeito, mas não o esperado. Ao invés de não senti dor, ela não conseguia se mexer, nem ao menos gritar. Quando a morfina saiu do seu sistema, ela já tinha lembrado o que estava acontecendo e o porquê aquilo valia a pena. Ela não queria que o Edward sofresse a vendo sofrer. Então juntou todo o controle que tinha e ficou parada e calada. – falei e respondi varias possíveis perguntas sem nem pensar.
– Edward...
– Eu já imaginava amor.
– Como?
Interrompi o dialogo na sala.
– Por favor, Bella! Caso tenha esquecido, você é uma péssima mentirosa! – desdenhei. – A maioria desconfiava!
– Maioria? –perguntou.
– Edward... Jasper... Carlisle, apesar de ele achar que havia alguma verdade.
– Isso não é a metade. – discordou.
– Tanto faz!
Voltei minha atenção a Carlisle.
– Não tem como diminuir a dor. Apenas torná-la mais curta.
– Talvez você possa tentar a injeção do veneno direto no coração. Torna o processo mais rápido.
– Veneno tem prazo de validade?
Ele riu.
– Não.
Entramos em uma conversa sobre a possibilidade da injeção do veneno, direto no coração. E ele me deu umas dicas sobre como afastar do foco o desejo pelo o sangue.
Ficamos um tempo imersos em nossos pensamentos, até que Carlisle fez uma pergunta.
– Melanie, por que você acha que sente dores de cabeça, tonturas, e cansaços, quando copia dons? – perguntou, mim tirando dos meus devaneios – Eu nunca pensei muito nisso. Mas Edward e Alice também sentem "dor de cabeça". – fiz aspas – E a Bella ficava muito cansada, mentalmente, quando estava treinando seu dom. – Pelo esforço mental.
– Foi isso que imaginei, mas e os esquecimentos?
– Eu acho, espero, que eu não esqueço realmente. Apenas não encontro a informação rapidamente.
– Mesmo com toda a rapidez que nosso cérebro funciona?
– Sim. Acho que tem muita coisa no meu cérebro. Mesmo para uma vampira.
– Quantos dons você já copiou?
– Vários. – falei vagamente. – Tem 15 que normalmente uso mais.
Ele tentou não demonstrar surpresa.
– Você não tem algum limite?
Dei de ombros.
– Não que eu saiba.
– Esses seus esquecimentos... Tem ficado mais frequentes nos últimos anos?
Pensei um pouco.
– Acho que sim. Não sei direito. – respondi.
– Não acha que esses lapsos possam ser por causa da quantidade de dons que tem? Talvez seja muita coisa para seu cérebro administrar...
“Realmente. Uma ótima teoria.”– pensei.
– Você está ficando mentalmente desgastada. Deve ser por isso que sente cansaço, tonturas e lapsos de memória e concentração. – pensou. – Te aconselho a evitar copiar dons, por um tempo. E nada de grandes esforços. Precisa de um pouco de tranquilidade. Pelo menos até descobrimos o motivo desses acontecimentos.
“Quando eu tinha vindo parar em uma porcaria de consulta médica?”
– Não prometo nada. – falei vagamente. Ele ia me advertir, mas fui mais rápida. – Então, como ajudar um recém-criado controlar a sua sede? – mudei o foco da conversa. Carlisle percebeu o que fiz, mas não insistiu. E eu agradeci por isso.
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