História A caminhada - Estrada para o inferno

Eu estava ofegante, minha mãe me puxava com força para fora de minha tenda, ao sairmos fomos de encontro ao meu pai que estava com meu irmão em seu colo, que por conta dos tiros e gritos não parava de chorar.

Olhei em volta. Haviam tendas caídas, pessoas mortas no chão em todos os lugares. Os sons de gritos e tiros ecoavam em meus ouvidos. Não conseguia encarar aquele cenário de morte.

Haviam dezenas de monstros, como aquele que pegou meu pé na tenda,
atacando pessoas.

Minha mãe continuava a me puxar, fomos em direção ao nosso carro, olhei para os lados a procura de Asa mas ele não estava em lugar nenhum.

Tendas começaram a pegar fogo, e a medida que o fogo se alastrava o som de gritos era mais alto que o de tiros.

Meu pai em desespero tirou as chaves do bolso abrindo o carro. Todos entramos rapidamente. Sabia que não iríamos longe pois não tínhamos gasolina o suficiente.

Não fomos os únicos a fugir de carro, algumas  pessoas estavam pegando seus veículos e fugindo dali também.

Meu pai acelerou. Eu e meu irmão estávamos no banco de trás.

Me virei e ví o Tendas-Brancas sendo totalmente destruído. Pessoas estavam sendo devoradas pelos monstros e o barulho de tiros havia cessado.

Virei para frente novamente. Lágrimas escorriam pelo meus rosto mas não eram lágrimas de tristeza ... mas sim de culpa.

Talvez o monstro que começou esse caos todo, pode ter sido o mesmo monstro que eu despertei na tenda com Asa. E que pode ter fugido pela brecha que abrimos com a faca.

"As cenas que ví aqui ... nunca saíram de minha mente".

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Estávamos na estrada a alguns minutos, já afastados do que era o Tendas-Brancas. Haviam outros carros na estrada também, de sobreviventes.

O carro se encontrava silencioso. Nem minha mãe nem meu pai falavam, mas como de costume começaram a discutir.

- Eu te falei !!! - Gritou minha mãe -, que esse lugar não era seguro.

- E o que você queria ? Que ficassemos  em casa esperando para ser devorados por essas criaturas ?

Minha mãe se calou e colocou as mãos na testa, bufando.

- Porquê eles estavam comendo as pessoas ? - falou meu irmão se referindo aos monstros enquanto limpava as últimas lágrimas que escorriam em seu rosto.

Ele ficou sem resposta, ninguém ali poderia responder, nem queria.

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Meu pai dirigia sem rumo, apenas seguindo alguns carros que se encontravam em nossa frente.

Os carros foram estacionando e meu pai fez o mesmo.

Paramos no meio de uma estrada ao lado de uma floresta. Já escurecia.

Meu pai desceu do  carro e foi conversar com alguns homens que estavam discutindo em uma roda de conversa. O esperávamos no carro.

Alguns minutos depois ele voltou com duas barracas de acampamento nas mãos. Ele nos mandou descer do carro e assim fizemos.

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Já estava escuro, finalmente terminamos de montar as barracas. Eu e meu irmão dormimos em uma deixando meu pai e minha mãe em outra.

Havíamos montado um "acampamento", tínhamos latas de feijão e arroz , já que algumas pessoas haviam roubado dos estoques antes de tudo virar pó.

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Acordei com dores nas costas, a barraca não era muito confortável. Acordei meu irmão e juntos saímos.

Minha mãe estava esquentando feijões em uma panela que se encontrava em uma fogueira, que eu não fazia ideia de quem fizera.

Eu e meu irmão se sentamos e comemos. Perguntei onde meu pai estava e minha mãe me disse que ele havia voltado ao Tendas-Brancas a procura de mais comida.

No acampamento havia em média umas 30 pessoas, tinham crianças mulheres homens e adolescentes.

Depois de comer andei pelas tendas a procura de Asa na esperança de encontra lo. Mas foi em vão. Comecei a achar que ele havia morrido.

Só de pensar que Asa poderia estar morto meu sentimento de culpa voltou então decidi caminhar um pouco fora do acampamento para poder afastar esses pensamentos.

Cheguei a um campo aberto. Mas do outro lado ví alguém sentado em baixo de uma árvore.

Pensei em recuar, mas talvez aquela pessoa precisasse de minha ajuda. Já me sentia culpada demais, então precisava ajuda lo.

Com passos lentos e cautelosos me aproximei.

Ao chegar próximo ao estranho confirmei que se tratava realmente de uma pessoa e não de um monstro.

Ele dormia e não percebeu que chegava perto.

Minhas mãos estavam trêmulas, e quando o iria toca lo para acorda lo ele abriu os olhos e segurou meu braço com muita força, me machucando.

- O quê você quer ? - disse sem me soltar.

- Me larga - me debati.

- O que você quer - disse de novo só que com um tom sombrio e sério.

- E ... eu vim te ajudar.

- Não preciso de ajuda - falou me soltando.

Ele tinha uma arma na cintura e parecia ser uma pessoa má. Virou e foi em direção a floresta fechada.

Antes que ele desaparecesse em meio as árvores gritei :

- Você também veio do Tendas-Brancas?

Ele parou e não se virou.

- Daquele monte de cinzas - falou rindo.

- E como veio parar nesse lugar ? Perguntei me aproximando dele.

Ele não respondeu minha pergunta, essa pergunta  parecia ter afetado ele de alguma maneira.

- Quantos anos você tem ? - falou.

Não entendi o porque daquela pergunta mas simplesmente respondi.

- 12.

- Qual o seu nome?

- Dafyne Silverman.

- Você já viu os andarilhos ? - perguntou se virando e me encarando.

- Andarilhos ? - perguntei confusa.

- Os devoradores de carne ... - falou ele.

- Sim ...

- Você tem medo deles ? - falou olhando no fundo dos meus olhos.

- Sim

- Hum ... Dafyne Silverman me encontre aqui amanhã de manhã.

- Porque ? - retrunquei.

- Você verá.

Sabia que não deveria ir, mas minha curiosidade ... Não ... Essa era a mesma curiosidade que me fez ir com Asa na tenda e a mesma curiosidade que fez o Tendas-Brancas ser destruído e a mesma curiosidade que me faz sentir culpada pela morte de centenas de pessoas.

- Não sei se devo ...

- Dafyne a escolha é sua - se virou e foi em direção a floresta.

O impedindo de ir embora mais uma vez perguntei :

- Qual é o seu nome ?

- Steve Park.

- Steve ... Você está sozinho ?

Steve ficou alguns segundos fitando o chão minha pergunta parecia o ter trazido lembranças não muito boas.

- Sim

Não queria perguntar isso mas simplesmente perguntei.

- Porque?

- Porque? - falou -, Porquê acho melhor andar sozinho na estrada para o inferno, do que arrastar alguém pela calçada de enxofre.

Não entendi o porque daquela metáfora mas também não perguntei, ele apenas se virou e caminhou sumindo em meio as árvores.

Voltei ao acampamento entrei em minha barraca e pensei se deveria encontrar o Steve ou não.

" Será que deveria ?"

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POV ROBERT

Estávamos a procura de mais suprimentos nas cinzas do que era o Tendas-Brancas.

Estava sendo bem difícil pois haviam muitos mortos vivos. Mas os caras que estavam comigo tinham armas e depois de muito errar descobriram que as criaturas só morriam com tiros na cabeça.

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Eles me deram uma arma mas decidi ficar encarregado de carregar os  suprimentos que fomos encontrando.

Já havíamos encontrado mais de 100 latas de feijão umas 50 de arroz e umas 30 garrafas de água.

Quando percebemos que não havia mais nada ali voltamos e fomos caminhando em direção aos carros. Mas tivemos uma surpresa.

Ao lado de nossos carros tinham mais de dez caras, com motos e jaquetas de couro. Eram uma gangue de motoqueiros e estavam todos armados.

O que parecia ser o chefe levantou e olhando para nossos suprimentos sorriu.

Todos os seus comparsas levantaram e sacaram suas armas.

O chefe deles ainda sorrindo passou a mão na sua longa barbicha e disse :

- Ora... Ora.... Ora o que temos aqui?