História A Casa do Lago - Taehyung e seu elevado nível de demência

                   Jungkook POV

 Algum tempo havia se passado. Essa era a nossa última semana na casa. Bateu uma tristeza mas... Eu ainda tenho 7 dias. Vou deixar o drama para depois.

Como nossa estadia no casarão estava chegando ao fim, os inspetores decidiram fazer algo diferente. Eu e o resto do pessoal não fazíamos ideia do que seria organizado, os fiscais somente disseram que todos os hospedeiros deveriam se reunir na frente da casa e especificaram um horário. Eu pensei que essa atividade seria algo divertido para todos mas fui terrivelmente enganado.

 Quando chegou a hora e todas as pessoas estavam aglomeradas na entrada da residência, o inspetor chefe se posicionou na nossa frente para fazer a explicação da situação. 

- Boa tarde, residentes. Como uma forma de despedida de suas estadias aqui, e em comemoração ao Halloween, organizamos atividades diferenciadas para hoje. Começaremos com um arvorismo agora à tarde e depois, de noite, haverá mais uma festa. A festa será em homenagem ao Halloween, acredito que todos aqui já tenham uma fantasia. Bom, o clima macabro já se iniciará agora. Serão eles - apontou para um grupo de pessoas fantasiadas de monstros perto de nós. - que os instruirão com o arvorismo. Bom proveito! 

 Agradecemos e fomos seguindo os "monstros" até o local onde estaria nossa atração. Quando chegamos, formamos uma fila e ficamos aguardando. Os monstros nos instruíam entregando capacetes e outros objetos para segurança. Eu estava com Taehyung quase no final da fila, mas conseguia ver lá na frente um homem vestido de zumbi ajudando uma garota a subir uma escada de madeira que levava até as plataformas. Conseguia ver também uma mulher com uma fantasia de bruxa explicando como funcionaria e como seria percorrer o trajeto na copa das árvores. 

Sinceramente, arvorismo, tirolesa, ambos são atividade legais mas... Esses monstros. Foram bem desnecessários. Na festa tudo bem mas... Aqui, agora. Quantos anos eles acham que temos?

 Era isso que eu pensava até avistar um palhaço. Não era um palhaço "bonitinho". Era um daqueles palhaços demoníacos terríveis. Para alguns pode não ter significado nada mas para mim, significava horrores. 

 Desviei rapidamente meu olhar para baixo, fitando o chão desesperado. Engoli seco e senti o suor começando a descer pela minha nuca. Minhas pernas começaram a tremer e meus batimentos cardíacos passaram a acelerar descontrolada e velozmente junto com a minha respiração. Eu estava em pânico. 

 Ainda encarado o chão, levei minha mão até a do acastanhado ao meu lado, apertando com força a mão do Taehyung.

- Tae. - o chamei baixo, quase inaudível, mas o mais velho parece ter conseguido ouvir.

- Sim? 

 - Vamos embora. - eu não conseguia parar de fitar o chão, era deprimente. 

- O que? - o Kim perguntou confuso.

- V-vamos embora. - repeti, mesmo sendo difícil falar com a tremedeira na qual me encontrava. 

 - Por que, Kookie? 

- Taehyung! - elevei meu tom e deixei o chão, passando a fitar o castanho que finalmente dirigiu sua atenção a mim. - Por favor, s-só vamos. - deixei que as minhas orbes transmitissem toda a angústia que eu estava sentindo e a feição do maior mudou, ele estava preocupado agora. 

Comecei a correr para longe dali o arrastando junto. Não soltei nossas mãos em nenhum momento, não queria ficar sozinho de forma alguma. 

- Jungkookie, o que houve? - Taehyung não parava de fazer perguntas, mas eu ignorava todas. - Jungkook! - seu grito me fez parar. 

Olhei para trás e vi que já havíamos nos afastado bastante, estávamos quase entrando em uma das trilhas. O Kim me fitava com um semblante de completa confusão. 

- Jungkook, o que está acontecen-- o abracei desajeitadamente e escondi meu rosto na curvatura de seu pescoço procurando segurança. Meu coração não parava um minuto, a palpitação estava totalmente fora de ritmo. Era como se ele fosse sair do meu corpo. - Jungkook, por que você está tremendo? O que está acontecendo? 

- H-hyung. - eu não conseguia falar nada, não conseguia formular frases, era uma sensação terrível. 

 - O seu coração... - ele provavelmente sentiu meus batimentos em meio ao abraço e levou uma de suas mãos ao meu peito. - Me responde, conta para mim! O que está acontecendo, Kookie? Por favor, fala comigo. - sua outra mão estava em minhas costas fazendo um carinho reconfortante, mas mesmo com todas as suas tentativas de me acalmar, eu demorei bastante tempo para me recompor.

- Me desculpe por sair correndo assim. Eu...

 - O que houve? 

 - Eu... Eu não quero dizer. - pode parecer besteira, mas é um medo tão bizarro que eu tenho vergonha de admitir que o possuo.

- Mas aconteceu algo e eu quero saber o que foi. - o acastanhado se soltou do abraço e ficou alisando meu rosto.

 - Você vai rir de mim. Eu não quero falar. - mesmo depois de ter me "recuperado", eu continuava a olhar para o chão. 

 - Eu não vou, por que você acha que eu riria de algo que te deixou tão... Desconcertado? 

 - Hyung. 

- Olha para mim. - segurou meu rosto e me fez encara-lo. - Nós podemos sentar ali e assim conversamos melhor. - pegou minha mão e me guiou até o local indicado. 

 Nos sentamos embaixo de uma árvore, na sombra da mesma. O hyung ficou alisando meus cabelos e me encarando por longos minutos. 

- Pode me contar o que aconteceu agora? - entrelaçou nossas mãos e ficou fazendo um carinho nas costas da minha mão com seu polegar. 

- Eu... Tenho coulrofobia.

 - Medo de palhaços? 

 - Pavor de palhaços. - corrigi ainda abatido. - Uma daquelas pessoas estava fantasiada de palhaço e... Deu no que deu.

 - Jungkook, por que eu riria disso? 

 - Por que é uma fobia bizarra. 

 - Não é não. É uma fobia das mais comuns. 

 - Mas eu tenho vergonha dela. - confessei cabisbaixo. Eu estava muito abalado. Ter uma fobia já é complicado, mostrá-la para outra pessoa e ainda assumi-la é pior ainda.

 - Que besteira. Você não precisa ter vergonha. Todo mundo tem medo de algo. 

 - Ah é? 

 - Mas é lógico! - respondeu óbvio.

 - Então qual é o seu medo? - questionei curioso. 

 - Eu já disse que tenho medo de ficar sem voc-- o cortei rapidamente. 

 - Mas isso não conta! 

 - Claro que conta, é um medo meu.

 - Antes de me conhecer, você com certeza tinha algum outro medo.

 - Eu tinha medo de não ser feliz, mas aí eu te encontrei! - exclamou enquanto mexia as nossas mãos entrelaçadas animadamente. Awn.

 - Okay, isso foi muito fofo. - sorri para o mais velho. - Mas eu quero fobias reais.

 - Então... - ficou pensativo por alguns segundos. - Eu tenho onfalofobia.

 - Isso não é medo de umbigos? 

 - É sim.

 - Mas você beijou o meu umbigo ontem no banho. - argumentei com desânimo. 

 - É porque seu umbigo é bonitinho. - revirei meu olhos com seu comentário. - Okay, talvez eu não tenha esse medo. 

 - Não mesmo. 

 - Na verdade, eu acho umbigo sexy. 

 - Credo, Taehyung. 

 - É a minha opinião.

 - Então não posso mais te deixar olhar para outros umbigos que não sejam o meu. 

 - Não se preocupe. O seu umbigo é o mais lindo de todos. - sorriu quadrado e piscou para mim. 

 - Deus é mais. 

 - É o umbigo do seu cordão umbilical, o umbigo que te fez respirar na barriga da sua mãe, é o umbigo que te trouxe ao mundo. É o umbigo da minha felicidade. Vou até dar um nome para ele. 

- Por favor, não. 

- O nome dele vai ser Josefino. 

- Você é louco. - neguei com a cabeça impressionado com tamanha demência. 

- Bateu uma saudade aqui, acho que darei um beijo no Josefino. - levou uma de suas mãos até a barra da minha camisa e já estava a levantado quando dei um tapa em seu braço. 

- Não, não. Vamos voltar com a nossa conversa. Você ainda não disse qual é a sua fobia. 

- Aish, eu tenho luposlipafobia. - pela sua cara parecia ser bem sério, então me interessei.

- O que é isso?  

- É o medo de ser perseguido por um lobo-cinzento ao redor de uma mesa de cozinha enquanto se esta vestindo meias no chão recém encerado. - ele inventou isso, não é possível. 

 - Que porra de fobia é essa, Kim Taehyung? 

 - É uma fobia aí. 

 - Isso não existe. 

 - Juro que existe.  

 - Tenho total certeza de que você inventou.

 - Juro pelo seu umbigo Josefino que não. - alguém me socorre. 

 - Mesmo que essa merda exista, você nunca nem viu um lobo-cinzento para ter medo disso. 

 - Como você sabe que eu nunca vi? - me encarou desafiador.

 - Você já viu? 

 - Não. - riu.

 - Porra Taehyung. Não está dando mais. 

 - Tudo bem. Vou revelar minha verdadeira fobia agora. - ele estava com um semblante sério e acreditei que finalmente teria a minha resposta.

 - Sou todo ouvidos. 

 - Eu tenho Anatidaefobia. - um sorrisinho suspeito surgiu em seus lábios e eu fiquei desconfiado.

 - Estou até com medo de perguntar o que é. 

 - Pode confiar agora. 

 - Hm. Nunca ouvi falar. Do que se trata? - perguntei ainda desconfiado.

 - É um medo de ser observado por patos. - olhei desgostoso para ele por longos segundos, sem nem saber como responder. 

 - Taehyung, com essa nossa conversa eu desenvolvi uma nova fobia. É uma fobia de te perguntar suas fobias porque as respostas são tão bizarras que eu prefiro morrer. Agora vou me retirar do recinto porque não aguento mais. Adeus. 

Me levantei e sai andando, deixando o demente do meu namorado plantado perto da árvore. 

 - Volta aqui, meu coelhinho! - ouvi seus berros e logo depois fui brutalmente abraçado por trás. Foi exatamente igual aquele dia em que ele estava "se escondendo". Senti até um calor na minha bunda.

 - Ah, não faz isso, Tae! - reclamei afetado.

 - Mas eu nem estou duro.

 - Aish. 

 - Não fica irritado comigo, o meu único e maior medo é ficar sem você, Jungkookie. 

 - P-para! - não consigo me controlar com ele repetindo essa frase. A timidez retorna. 

 - Eu fiz tudo isso porque queria te confortar com seu medo. E Jungkook tímido é um dos meus favoritos, vou até dar um beijo no Josefino. 

 - Não vai beijar porra de umbigo nenhum, eu tenho boca para isso.

 - Então vou beijar sua boquinha, posso?

 - Aí você pode. 

 - Ótimo. 

 Ele me virou de frente para seu corpo e unimos nossos lábios.

 Mesmo Kim Taehyung sendo o ser humano mais demente que eu conheço, ele é o meu tudo, meu mundo, meu sorriso, meu coração e agora... É o meu umbigo também.