Eu já havia acordado algum tempo atrás, mas nem quis me mexer. Ficar ali aninhado no abraço quentinho e acolhedor do Tae era ótimo. Poderia permanecer o dia inteiro ali, só ouvindo sua respiração, sendo abraçado e sorrindo de olhos fechados pensando no quanto amo essa peste.
Era tão satisfatório acordar todos os dias com ele junto a mim.
- Eu amo dormir com você. - ouvi sua voz rouca por ter acabado de acordar atrás de mim e me virei sorridente para ele.
- Eu estou tão feliz que você está aqui. - disse com um sorriso de orelha a orelha e o abracei.
- Quando você fica carinhoso assim, eu nunca sei como agir.
- É só me abraçar também que eu já fico feliz.
- Então eu abraço. - me puxou para mais perto e me abraçou mais apertado ainda. - Bom dia, Jungkookie.
- Bom dia, hyung. - me afastei um pouco e passei a analisar seu cabelo bagunçado. Taehyung estava todo assanhado, assanhado e com a cara amassada. Mas até assim ele era lindo.
Levei minhas mãos para seus fios castanhos e passei a arruma-los. Quando achei que já estava bom, parei e o puxei para um selinho demorado.
- Eu amo todos os Jungkooks mas esse Jungkook carinhoso é especial. - apertou levemente minha bochecha e sorri com seu ato.
- Você é sempre carinhoso comigo, merece receber carinho também. - o dei mais um selinho.
- Eu te amo.
- Eu também.
- Amo muito. - voltou a me abraçar só que dessa vez com mais força. Taehyung estava literalmente me esmagando.
- Ai doido, assim eu não consigo respirar. - ele se afastou minimamente mas logo continuou com nosso abraço.
- O Baek me ligou pelo FaceTime ontem.
- Ah, ele também me ligou. - suspirei em desânimo com a lembrança. - Ele ficou conversando com os meus pais e eu paguei o maior micão.
- Por que?
- Porque ele ficou conversando com meus pais e sendo ele mesmo. Quando Baekhyun é ele mesmo eu vivencio momentos constrangedores.
- ... Ele trancou o Soo na varanda da casa dele.
- O que? - questionei incrédulo.
- Sim, ele disse que o Soo hyung havia aprontado e estava de castigo. Aí o Baek ficou filmando um Kyungsoo desolado sentado no chão da varanda.
- Coitado! Ele fez isso porque o Soo fez uma sopa para ele.
- Sopa? - indagou sem entender.
- Uma sopa de pepino. - sorri ardilosamente ao me lembrar do Byun jogando a vasilha no chão e gritando. - Ele mereceu.
- Imagino. - sorriu também e uniu nossos lábios em um beijo rápido.
- Como que você chegou aqui ontem, Tae?
- Eu vim de carro. - respondeu me fitando.
- Aqui é muito longe da sua casa?
- Na verdade não, acho que levei uns 10 minutos para chegar. - assenti e o castanho voltou a falar. - Você vai dormir lá comigo hoje? - ri contente com a sua pergunta.
- Isso é um convite?
- É sim.
- Então eu vou. Já disse que não consigo dormir sem você.
- Você vai ser sempre o meu coelhinho travesseiro. - o acastanhado segurou meu queixo e provavelmente iria me beijar se não fossem as batidas na porta que escutamos.
- Jungkook, já está acordado, filho? - ouvi os chamados abafados da minha mãe devido a porta estar trancada.
- Ahn, oi omma. Já estou acordado sim. - respondi alto para que ela pudesse me ouvir.
- Posso abrir a porta? - olhei para o Kim e este sorriu em concordância e pegou a minha mão. Dirigi meu olhar até a origem do som e finalmente respondi.
- Pode. - a porta foi aberta e logo a figura da minha mãe adentrando o quarto foi revelada. Ela olhou em minha direção e logo sua expressão mudou para uma feição surpresa, acho que por concluir que eu estava acompanhado.
- Eu pensei que você estivesse sozinho. - proferiu ainda surpresa.
- E-eu... Não estava conseguindo dormir então... Chamei o Tae para dormir comigo... - expliquei nervoso e passei a fitar minhas mãos, mais especificamente a que estava sendo segurada pela do Kim. A timidez voltou com força agora.
- Tudo bem. - fitei seu rosto ao ouvir suas palavras e ela riu levemente. - Eu entendi. - dirigiu seu olhar para o acastanhado e por fim se pronunciou. - Você deve ser o Taehyung, certo?
- Isso, Kim Taehyung. É um prazer conhecê-la, Sra. Jeon. - disse sorridente como de costume.
- Igualmente. - Taehyung recebeu um sorriso simpático em troca e a omma se dirigiu a mim. - Não vai falar nada, Jungkook?
- Aish, eu 'tô morrendo de vergonha. - peguei um travesseiro e cobri meu rosto, ouvindo risadas por parte da minha mãe e Taehyung logo em seguida.
- Bom, desçam quando quiserem o café da manhã e assim podemos conversar melhor. - o Kim concordou e a minha mãe deixou o quarto.
Senti um peso em cima do meu corpo e percebi que o acastanhado havia se deitado no travesseiro que eu estava usando para me esconder.
- Alguém me socorre. - murmurei baixo e o maior tirou o objeto do meu rosto.
- Eu gostei da sua mãe. - revelou risonho e deixou um beijo na minha bochecha.
- Ela... parece ter gostado de você também.
- Ótimo, vamos descer e conversar com ela. - saiu de cima de mim e começou a me puxar animado.
- Não, eu não quero! - murmurei hesitante.
- Mas ela é a sua mãe, doido.
- Mas eu tenho vergonha.
- Mas eu quero virar amigo dela para que ela me mostre as fotos de quando você era bebê.
- É aí que eu não vou mesmo. Tem uma cama aqui, por que não voltamos a dormir?
- Jungkook!
Kim Taehyung era uma criatura muito insistente então eu acabei sendo arrastado até a cozinha da minha casa, onde encontramos o meu appa junto a minha omma.
Sentamos na mesa, comemos e o Kim começou a conversar com os meus pais. Não vou entrar em detalhes do início da conversa porque antes de eu me acostumar com a situação, ocorreram aqueles 15 minutos básicos onde eu só falo sobre os inúmeros tons de vermelho que se apossaram das minhas bochechas.
Resumindo bem resumidamente: Meus pais amaram o Taehyung. Isso já era de se esperar porque o Tae é muito sociável, consegue deixar as pessoas bem a vontade e sempre tem assunto. Além de tudo isso, o Baekhyun já tinha falado bem dele no dia anterior. Para completar ele ainda ficou dizendo o quanto gostava de mim aí meus pais ficaram comovidos e começaram a mostrar as fotos de quando eu era criança.
Eu não merecia isso, simplesmente não merecia.
- Que fofinho! - o castanho exclamou vibrante quando a minha omma o mostrou uma das muitas fotografias minhas que haviam naquele álbum. Estávamos todos sentados no sofá, Taehyung do meu lado e minha mãe ao seu lado o mostrando as fotos junto ao meu pai.
- Aqui o Jungkook tinha 4 anos, ele estava na casa da minha irmã brincando no quintal. Nessa época ele era fofinho mesmo, já hoje... - a mulher me lançou um olhar feio e eu nada fiz. Neste momento, eu só queria entender porque as mães gostam tanto de falar mal dos filhos.
- Não fala assim, ele continua sendo adorável. - eu tenho uma mãe para falar atrocidades sobre mim, mas também tenho um namorado defensor Kim Taehyung a meu dispor. - Olha a carinha dele, tadinho. - apontou para mim e recebi somente um olhar estranho da minha genitora.
- Você não me acha mais fofo, omma? - questionei de forma neutra. Ela simplesmente sorriu amarelo e se virou para o Taehyung. Parece que eu fui ignorado. Porra mãe. Eu não esperava isso de você.
- Taehyung? - meu appa o chamou logo ganhando sua atenção.
- Sim?
- Eu queria saber como foi o começo do relacionamento de vocês.
- O começo antes do namoro?
- Sim, o começo de tudo. Sabe, o Jungkook é tão tímido, retraído, fechado, tão... Jungkook.
Minha família me ama. Primeiro tenho minha mãe me ignorando e agora meu pai classificando minha personalidade com o meu nome de forma ofensiva. Eu mereço isso, gente?
- Bom, como nós dividíamos o quarto, eu queria que nos déssemos bem. Então eu me aproximei do Jungkookie até que consegui sua amizade. E não sei explicar, foi natural. Acho que com poucas hora já conseguíamos conversar normalmente. Depois conhecemos o Kyungsoo e o Baekhyun e viramos todos amigos.
- E depois, para fazê-lo gostar de você. O que você fez? - eu assistia tudo boquiaberto em silêncio. Isso era um absurdo. Que tipo de pergunta é essa? Eu tenho coração, família. Sem contar que eu fui questionado ontem e tive que responder todas essas perguntas. Por que fazê-las de novo? Respondi antes que o Kim pois não aguentava mais ficar calado diante daquele desaforo.
- Appa, só porque eu sou tímido não significa que eu não tenha sentimentos e atitude, meu emocional não é uma pedra se é o que você está pensando.
- Deixe o Taehyung me contar a história, filho. - me respondeu com tamanha calma, o que só aumentou minha indignação. Gente, o que há com essa família? Ontem eles estavam todos carinhosos me enchendo de abraços amorosos, dizendo o quanto sentiram a minha falta e agora estão assim. Não compreendo.
Tae sorriu para mim, pegou a minha mão, e logo prosseguiu com a nossa história.
Nossa história. Eu me sinto tão feliz e bobo ao mesmo tempo por usar primeira pessoa em algo que se refere ao meu namoro com o hyung. Eu adoro isso apesar de ser uma coisa tão simples. Eu sou todo bobo. Bobo, feliz e apaixonado por Kim Taehyung.
Enfim...
- Bom, depois que eu e o Kookie viramos amigos, não pensei que houvesse nada de diferente acontecendo. Para mim, eu e o Jungkook éramos amigos, amigos e somente isso. Até que em um dia bem aleatório o Baek me entregou uma carta que era na verdade uma declaração dele e as coisas começaram a mudar.
- Espera! O Jungkook que se declarou para você? - minha mãe perguntou boquiaberta com um semblante surpreso e recebeu um aceno positivo do Kim. Talvez eu não tivesse contado essa parte ontem mas... Isso não muda nada. Eu só queria evitar reações assim.
- Não acredito! - meu pai exclamou tão incrédulo quanto minha mãe.
- Sim, gente! Fui eu que me declarei para o Taehyung!
- Meu Deus.
- Aish. - não tenho apoio moral nenhum nessa casa.
- Depois disso as coisas começaram a acontecer, eu pedi o Jungkook em namoro e hoje nós estamos aqui. - sorriu abertamente e levantou nossas mão entrelaçadas. - E eu amo muito o filho de vocês.
Ah, isso foi muito bonitinho, tenho que admitir. Que pais não gostariam de genro desses?
Calma, genro é só quando um casamento acontece ou pode ser usado com namoro também? Não sei mas isso não importa. Não me importo de casar com o Taehyung. 'Tô brincando, sou muito novo para casar. Ou não, se for com o Taehyung eu não ligParei. Talvez um dia? Okay, agora eu oficialmente parei. O ponto aqui é: Todos gostam de Kim Taehyung porque Kim Taehyung é Kim Taehyung, e com os meus pais isso não seria diferente.
- E... Eu também amo o hyung. - disse sincero apesar de um pouco constrangido. A verdade tem que ser dita e... São os meus pais e o meu namorado aqui. Não tenho motivos para ter vergonha deles.
Depois de ter dito essa última frase eu ganhei três sorrisos e não podia estar mais feliz.
Na verdade eu poderia estar mais feliz sim se não fosse pelo celular do castanho. O celular do hyung tocou e pela conversa que ele estava tendo e pelos inúmeros "vou falar com ele" que Taehyung pronunciou, percebi que não era coisa boa.
- Era o Jin hyung.
- Ai Deus.
- Ele quer muito que você vá lá em casa hoje. - voltou sua atenção aos meus genitores. - Tudo bem se o Jungkook sair comigo agora?
- Claro, tudo bem. - minha mãe respondeu, bebeu um pouco do café que tinha em mãos e se manifestou mais uma vez. - Você volta para dormir aqui hoje, Jungkook? - eu e Taehyung nos entreolhamos "pensando" em uma resposta mas acho que todos naquele cômodo já sabiam qual seria esta.
- Não. - ri nasalado e ouvi meu pai rindo junto a mim.
- Okay, podem ir. - minha omma sorriu uma última vez e eu e o Kim nos levantamos do sofá.
Apesar de saber que ainda me constrangeria muito hoje, eu me sentia bem. Meus pais gostaram da novidade e eu continuaria perto do Tae.
Eu tinha o apoio da minha família e a pessoa que eu amo, não precisava de mais nada.
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