História A Casa do Lago - Casa do Tae

 Taehyung e eu havíamos acabado de chegar na casa dele. No carro não tínhamos trocado muitas palavras, eu estava perdido e concentrado em meus pensamentos. Conhecer a família do boy não é para qualquer um, okay?

 Estávamos parados na frente a porta de sua casa e eu só estava o esperando abrir. Ou tocar a campainha. Não sei. Bom, isso não importa muito. 

 O que importa é que eu estava nervoso. Talvez muito nervoso. Sempre tive receio de conhecer pessoas novas e não era agora que isso iria mudar. Eu estava me preparando. Até que a voz do acastanhado me tirou a concentração. 

 - Que silêncio. - disse ganhando a minha atenção. 

 - Hm? 

 - Está tudo bem? Você não disse quase nada desde que saímos da sua casa.

 - Está. Eu só estou me preparando. 

 - Se preparando para o que? - perguntou em meio a um sorriso. 

 - Para me apresentar para a sua família. 

 - Não precisa se apresentar, todo mundo já te conhece. 

 - Mas eu quero causar uma boa impressão. 

 - Não precisa se preocupar com isso, Jungkookie. Você vai ver, não vai ser nada de outro mundo. Tenho certeza que todos vão gostar de você. - assenti com um movimento positivo e ele me estendeu sua mão. - Vamos? 

 - Vamos. - entrelacei nossos dedos e o vi pegar uma chave no bolso da calça, logo a levando até a porta e a abrindo. 

 Demos nossos primeiros passos e adentramos a casa. Percebi que aquele primeiro cômodo era a sala de estar. Haviam duas pessoas nesta, dois garotos na verdade. Ambos estavam sentados no sofá assistindo televisão, isso até que Taehyung abriu a porta e entramos, chamando a atenção deles. 

 Os dois se levantaram e correram em nossa direção, parando na minha frente.

 - Meu Deus! - um rapaz de cabelos cor de rosa exclamou animando enquanto segurava minha mão livre, já que a outra estava com o Taehyung, e eu não sabia bem o que responder. Eu presumi que alguém fosse nos cumprimentar quando chegássemos mas não imaginei que seria assim tão de cara.

 - Meu Deus! - repeti. Na verdade essa foi a única coisa que eu consegui pronunciar. 

 - Meu Deus, Taehyung. Você trouxe o Jungkook! - o outro garoto, um baixinho com a cabeleira cinza exclamou também animado.

 - Oi Jungkook! - o garoto mais alto que havia falado agora. Olhei para Taehyung e o mesmo assistia sorrindo de lado.

 - O-oi. - respondi simples e um pouco constrangido por não saber o que dizer. Porém os garotos não pareceram se importar já que sorriram e me abraçaram.

 - Eu sou irmão do Taehyung, Kim Seokjin, mas pode me chamar de Jin hyung, hyung, Seokjin. O que preferir. - retribui o abraço triplo mesmo que desajeitadamente.

 - E eu sou Park Jimin, melhor amigo do Taehyung. 

 - Se você fosse meu irmão e o Jimin meu melhor amigo de verdade, vocês teriam falado direito comigo antes de começarem a agarrar o meu namorado. 

 - Cala a boca e vem aqui, Tae. - Jimin saiu do meu abraço com o Jin e foi abraçar o castanho. 

 - Eu senti sua falta mesmo você sendo assim e tendo esquecido de vir me ver ontem quando eu cheguei. - retribuiu o abraço mas logo olhou para mim. - Jin, você já pode largar o Jungkook agora. 

 - Posso não, estou criando afeto com meu cunhadinho querido. - proferiu divertido e continuou me abraçando. 

 - Solta ele, hyung. - veio até nós e tirou-me do abraço. me puxando para si. - O Jungkookie vai dormir aqui hoje, você tem tempo demais para "criar afeto" com ele.

 - Mas é ciumento. - murmurei olhando um para Taehyung me abraçando por trás. 

 - Você não pode falar nada, senhor Jungkook. - advertiu e deixou um selar na minha bochecha. Depois que ouvi o Jin rindo bateu aquela vergonha básica e senti uma ardência nas bochechas. Bom, apesar disso, até que eu estou lidando bem com a situação. 

 - O Jungkook é ciumento? - Jimin perguntou se aproximando de nós. 

 - Ele já ficou com ciúmes da moça do caixa de uma livraria quando fomos ao shopping. 

 - Aish Taehyung, você ainda lembra dessa mulher? - questionei irritado por ele sempre comentar isso. Eu só fiquei com um pouquinho de ciúmes, de uma vaca que estava de gracinha com ele, uma única vez na vida e ele sempre faz questão de mencionar. Vida que segue, meu amor. 

 - Da mulher não, lembro do dia, do shopping. Do banheiro mais especificamente. - um sorriso travesso surgiu em seu rosto e ele ergueu as sobrancelhas escuras. Não acredito que ele disse isso. Tu 'tá querendo morrer, Taehyung? 

 - Banheiro? - o Kim mais velho perguntou sem entender. 

 - N-não. Não tem banheiro nenhum. Naquele dia eu... Eu tomei muita chuva. Só isso. - tentei interferir antes que a conversa ganhasse um outro rumo. Rumo este que eu não gostaria de comentar. Transamos no banheiro do shopping sim mas Seokjin e Jimin não precisam saber disso.

 - Você tomou chuva no banheiro do shopping? - o Park indagou confuso. Como que eu vou responder a isso agora? 

 - Não Jimin. Esquece, não aconteceu nada. Cadê a mãe e o pai, Jin? - o maior mudou de assunto e mesmo querendo estapear aquele rostinho lindo dele, agradeci mentalmente. 

 - Eles estão na cozinha. - apontou para o corredor atrás de seu corpo e Taehyung assentiu. - Querem ir lá agora? 

 - Pode ser. 

 - O Jin hyung fez bolo para você, Jungkook. - o mais baixo disse indo na frente. 

 - Bolo? - lancei um sorriso para o Seokjin. 

 - Pronto, conquistou o Kookie. 

 - Você gosta de bolos, Jungkook? 

 - Eu gosto de todos os tipos de doces. 

 - Me lembrarei disso. - sorriu uma última vez e entrou na cozinha. Não entendi bem o que Seokjin quis dizer mas eu queria comer o bolo então entrei também. 

Foi nessa cozinha que eu conheci os pais do Tae e do Jin, gente. Eles eram simpáticos como os filhos mas... Eu ainda fiquei meio nervoso. 

Eu sempre olhava de relance para Taehyung e aquele seu sorriso característico não deixava seu rosto. Ele parecia tão feliz com os acontecimentos, feliz por estarmos todos reunidos. Sei lá, só sei que ele estava muito lindo e que seu sorriso era radiante. 

 Foi olhando para ele que eu percebi a semelhança com seus pais.

 - Vocês... São parecidos. 

 - Você acha? - a senhora Kim perguntou admirada. 

 - Sim. O Tae tem o seu olhar e o mesmo sorriso que o pai. 

 - Vou aceitar como um elogio. - seu pai respondeu sorridente.

 - É um elogio sim. - ri baixinho e senti Taehyung  fazendo carinho na minha perna. 

  Eles ficaram puxando assunto até eu me sentir mais confortável e os meninos sempre tentavam me introduzir na conversa, então isso facilitou. E o bolo de chocolate delicioso do Jin facilitou também. Até que estávamos tendo uma conversa legal. 

 Depois de um tempo deixamos os pais do Taehyung na cozinha e fomos para o quarto dele. Jimin teve que ir embora - e levou metade do bolo diga-se de passagem - mas Seokjin permaneceu conosco no quarto. Estávamos conversando sobre nossa estadia na Casa do Lago quando ouvi o castanho me chamar.

 - Kookie? 

 - Oi? 

 - O Baek 'tá me ligando agora. - balançou seu celular me mostrando o visor piscando com o nome do Baekhyun. E era pelo FaceTime ainda por cima. 

 Ave maria, será que ele vai ligar todo dia nesse mesmo horário? 

 - Você vai atender? - questionei hesitante. Nada contra o Baek é só que... Sei lá. Ele pode vir contar seus babados e eu tenho medo. Taehyung pareceu pensar um pouco mas acabou atendendo. 

 - Tae! 

 - Baek. 

 - Quanto entusiasmo para falar comigo, fiquei até comovido. - revirou os olhos. 

 - Oi Baek!! - gritou e começou a se balançar sentado na cama. 

 - Melhorou. - peguei o celular de sua mão e fui falar com o Byun. 

 - Oi Baek! 

 - Kookinho! - acenou. - 'Tá na casa do Taehyung conhecendo os sogrões é? - o olhei desgostoso e parei para pensar um pouco. Será que é pecado bloquear o amigo? 

 - Pode pegar seu celular de volta, não quero mais falar com ele. - devolvi o aparelho ao Kim mais novo. 

 - Volta aqui, Kookinho! Eu amo você.  

 - Eu quero conhecer esse Baek aí. - Jin proferiu e pegou o celular para que também conseguisse aparecer na vídeo chamada. - Olá! 

 - Oi! Você é o irmão do Taehyung?

 - Sim, Kim Seokjin. 

 - Byun Baekhyun, prazer. - fez uma pequena reverência e lançou um olhar arteiro ao Tae. 

 - Que foi, doido? - Taehyung perguntou e riu de sua expressão.

 - Tenho que dizer que você tem um irmão muito bonito, TaeTae. - soltou brincalhão e ouvi Seokjin rir. 

 - Os irmãos mais velhos são sempre os mais bonitos. - Jin proferiu convencido e mandou um beijo voador para o Baek. 

 - Pensei que seus interesses fossem com o Soo, não quer mais casar com ele não? 

 - Era ele que queria casar comigo, e não. Depois que ele fez aquele absurdo da sopa de pepino, eu cortei relações. - fez uma cara sofrida e colocou sua mão no peito. - Mentira, ele 'tá aqui ó - virou a câmera de seu celular e mostrou um Kyungsoo dormindo com a cabeça apoiada em suas pernas. 

 - Meu Deus, você o drogou para que ele aceitasse dormir aí com você? 

 - Jungkook, quantas vezes eu tenho que te dizer que o Soo me ama? Ele quer casar comigo, menino. 

 - Eu estou falando sério, você não tinha o trancando na varanda? 

 - Isso é passado, Kookinho. O amor supera qualquer barreira.

 - Não digo mais nada, abrace suas barreiras aí e seja feliz. 

 - Falando em barreiras, deixa eu te contar uns babados, Jin.

 - Não, o Jin hyung não está interessado e o que barreiras tem a ver com babado-- e é claro que fui interrompido.

 - Jin, uma vez eu empatei a foda do Taehyung com o Jungkook e eles são muito rancorosos. Até hoje eles guardam isso. Foi sem querer mas eles não me perdoam. O que eu faço? 

 - VAI DORMIR BAEKHYUN! - gritei irritado e tentei tirar o aparelho das mãos de Seokjin, mas ele me impediu e o Byun continuou a falar.

 - Deixa o Baek falar comigo, Kookinho. - pronto, até o apelido ele pegou com o traste do Byun.

 - O Taehyung ficou me olhando feio e o Jungkook bateu a porta na minha cara sendo que eu precisava de ajuda para tirar o Soo do quarto. Tranquei ele sem querer...

 Baekhyun e Jin ficaram até tarde nessa. Eu ainda tentei pegar o celular mais algumas vezes mas como não consegui, então desisti. Taehyung já havia ligado a TV de seu quarto e nós já não prestávamos mais atenção. 

 Só ouvi a última parte da conversa porque percebi que eles estavam se despedindo. Amém.

 - Então, Baek. Foi ótimo conversar com você. Se você e esse Soo casarem mesmo eu quero ir no casamento. Viva ao amor! 

 - Igualmente, Jin. Mais tarde eu te mando uma mensagem. Beijos. Beijos Tae e Kookinho!

 - Beijos. - respondemos neutros em uníssono.

 Ele finamente desligou e só foi embora porque o celular do Taehyung estava com 3% de bateria. 

 Deus é mais. 

 - Vou para o meu quarto agora. Tenho que aprender novas receitas. Até amanhã, casal. - Jin se levantou e seguiu até a porta. 

 - Até, hyung.

 Eu e o castanho finalmente ficamos sozinhos e logo recebi um abraço. Conversamos mais um pouco e fomos tomar banho. 

 Banho sem sexo, gente. Na casa dos sogrões tem que se comportar então não houve nada demais. Talvez alguma mão boba mas só! 

 Resolvemos que já iriamos nos deitar e vivemos aquela típica cena onde eu fico abraçado com o hyung e dizemos coisas bonitinhas um para o outro. Mas dessa vez foi diferente, nossa conversa foi além do de sempre. 

 - Eu não consigo mais me imaginar dormindo sem você, coelhinho. - revelou em meio ao nosso abraço.

 - Eu também não. 

 - A gente precisa ver isso, sabe? 

 - Como assim? - indaguei sem entender e me virei para assim poder fita-lo. 

 - Eu espero que você não me entenda mal, mas... Nós dividíamos o quarto antes e agora não fazemos mais isso. Vamos ficar revezando a casa dos nossos pais para dormirmos juntos? 

 - Eu... Eu não sei. - ri fraco em meio as minhas dúvidas. Realmente, eu não havia pensando nisso antes. 

 - Eu sempre quis sair de casa e agora que eu tenho que começar uma faculdade, me preocupar com emprego e todas essas coisas novas, isso provavelmente aconteceria. Então... Você não acha que deveríamos morar juntos? - arregalei meus olhos com a sua pergunta e percebi que ele ficou nervoso. - E-eu não quero acelerar as coisas, não é isso. Foi só uma pergunta relacionada a uma experiência que já vivemos então... Foi só uma ideia você não precisa se sent-- ri de seu desespero e o interrompi. 

 - Calma, doido. Não precisa ficar nervoso assim. Eu... acho que deveríamos sim. - passei minha mão em seu rosto e recebi um sorriso sincero. 

 - Okay. Então depois conversamos sobre isso? - assenti e ele me deu um selinho.

 - Boa noite, hyung. 

 - Boa noite, coelhinho. 

 Fechei meus olhos e me deixei adormecer com a maravilhosa sensação que o abraço de Taehyung me proporcionava.