História A Casa Isolada Na Floresta - Capitulo 1 : Pesadelo

"Como seria se eu perdesse a visão e a fala ?"

Estaria eu , pensando , sentada no sofá daquela sala , enquanto fitava o chão e observava o piso branco que estava brilhando um pouco por causa que mamãe havia limpado fazia pouco tempo , praticamente estava em transe , perdida nos meus pensamentos , mas logo ouvi a voz de mamãe me chamando.

-Michele , Michele ! -disse ela , cutucando meu ombro sem parar , enquanto me olhava com um rosto meio estranho. -Você está bem ? -perguntava a mim.

-Ham ? Oi ? -acordava do "transe" , após ter sentido ela cutucando meu ombro e olhei para o rosto da minha mãe , depois ouvi sua pergunta e apenas afirmei com a cabeça , sorrindo meia sem graça. -Estou bem sim mãe...

-Ata filha , porque você estava parecendo que estava em transe , paralisada , sei la...perdida em seus pensamentos -falava , observando o rosto de Michele e me sentando ao lado dela no sofá , pegando o controle da televisão e desligando a mesma , já que estava ligada.

-Mas..eu estava perdida em meus pensamentos mesmo... -falei , dizendo num tom de voz não muito alto , so que dando para ela ouvir e cocei minha cabeça com meus dedos , depois coloquei minhas mãos sobre minhas pernas e me levantei do sofá. -Ahm..eu vou ir andar um pouco..mãe... -disse , andei até a porta de madeira que havia em casa que dava passagem para a rua e abri a mesma , depois sai de casa e comecei a andar pela calçada.

-Eu hein... -sussurrei , vendo Michele saindo de casa , admito que eu estava achando ela meia estranha , mas meio que eu opinei em não perguntar , vai que eu estaria sendo curiosa de mais.

Após eu sair de casa , continuei andando pela calçada , coloquei minhas mãos em meus bolsos da minha calça jeans e observei algumas pessoas que passavam por ali , do outro lado da rua , mas depois olhei para frente e mudei a direção do meu olhar para o chão.

-Hunf... -murmurei , quando um assaltante correu em minha direção , me apontando uma arma para a minha cabeça. Eu logo havia ficado com muito medo , então ele começava a falar e fiquei apenas ouvindo.

-Passa tudo , passa tudo ! -gritou o bandido , arregalando seus olhos azuis e ainda apontando sua arma para minha cabeça.

-Por favor , não faça nada comigo , toma toma , pode levar tudo! -implorei , pegando algumas notas que eu tinha ali no bolso e dei tudo para o ladrão , juntamente ao meu telefone que era um iPhone 6 e ele pegava tudo na mesma hora , guardando em uma bolsa.

-Melhor assim...eu gosto de garotas obedientes , é bom que eu não preciso mandar duas vezes ! -ele disse , dando uma coronhada na minha cabeça , que me fez cair no chão e bater a cabeça no local , desmaiando aos poucos.

-Vo..ce..me..pa.. -tentei falar , observando aquele ladrão filha da puta correndo pela calçada com as minhas coisas , depois olhei para o chão e observei meu sangue saindo de minha boca , vendo minha vista ficando embaçada , como estava bem tonta , eu fechei meus olhos lentamente e desmaiei , ficando ali.

Um homem , parou perto do meu corpo , me vendo ali desmaiada e se agachou ao meu lado , colocando dois dedos retos em meu pescoço , percebendo que eu ainda estava respirando , então o mesmo suspira meio aliviado , pegando o celular e ligando para um hospital próximo dali , logo ouvia um rapaz falando do outro lado da minha.

-Hospital Moaci do Carmo , boa tarde , no que posso ajuda-lo ? -dizia o recepcionista , que estava segurando o telefone perto de sua orelha.

-Boa tarde , é que eu encontrei uma menina desmaiada no chão , parece que ela levou uma coronhada na cabeça e ela tá sangrando muito aqui , queria saber se vocês poderiam vim pra cá com uma ambulância e socorre essa menina ! -o homem falava , dizendo com uma voz assustada , enquanto observava meu corpo estirado no chão.

-Se acalme senhor , iremos levar uma das nossas ambulâncias ate ai o mais rápido possível. -disse o recepcionista , que desligava o telefone e ia correndo até a garagem do hospital.

-Okay , venham logo ! -o rapaz dizia desesperadamente , quando o atendente desligava o telefone e suspirava nervoso , colocando o celular no bolso novamente , piscando os olhos e olhando para os lados , me observando diversas vezes.

Algumas horas depois , a ambulância chegava e estacionava a mesma na calçada aonde estávamos. A porta de trás do carro abria e de lá saiam dois paramédicos com uma maca e colocavam as mesmas no chão.

-Coloque a menina na maca , rápido! -disse um dos paramédicos , o rapaz que estava lá , me colocou sobre a maca e ajudou o outro médico para me levar até dentro da ambulância e me colocava lá , logo os homens entravam no carro e o motorista acelerava o mesmo , indo em direção ao hospital.

#Quebra de Tempo#

Eu já estava deitada naquela cama do hospital , ainda desmaiada , mas logo mechi um dos meus dedos e depois abri meus olhos bem devagar , fitei aquela luz forte em meus olhos e virei meu rosto , colocando minha mão ao lado do mesmo , tentando cobrir o local. Mas logo vi a luz sendo apagada e ouvi uma voz doce.

-Vejo que já acordou... -dizia a doutora , que pegava minha ficha que estava presa na cama , olhando meu nome , minha idade e outras coisas. -você é...Michele Wingle , certo ?

-Sim..sou eu... -afirmei , virei meu rosto para a direção dela , depois dei um sorriso pequeno.

-Bem..sua mãe sabe que você está aqui neste hospital ? -perguntou a médica , colocando a minha ficha presa na grade da cama novamente , voltando a olhar para mim.

-Não..ela não sabe... -respondi a pergunta dela , levei uma das minhas mãos ate minha franja e ajeitei a mesma , a pentiei e tirei da frente dos meus olhos.

-Então...iremos ligar para a sua mãe... -falou novamente e mulher que vestia jaleco branco , eu apenas afirmei com a cabeça e vi ela saindo do meu quarto e andando ate a recepção.

-...Tomara que minha mãe venha logo me buscar... -sussurrei para mim mesmo , enquanto senti minha visão se escurecendo algumas vezes , eu as vezes tentava falar , mas minha voz quase não saia. -D..ou..tora.. -chamei pela mulher , logo vi a minha visão se escurecendo totalmente , mas eu não havia desmaiado e nem nada , toquei a cama com meus dedos e tentei falar novamente , só que desta vez a minha voz não saia de jeito nenhum , eu havia ficado muda e cega , mas conseguia ouvir as coisas perfeitamente. 

Enfim , eu acordei na minha cama , no meu quarto da minha casa que se localizava na maior floresta da cidade. Eu sempre vinha tendo este mesmo pesadelo , ou sonho todas as noites , sabia que ele tinha uma continuação , mas este pesadelo na minha mente , sempre parava naquela parte , e meu pesadelo foi de quando eu perdi a minha visão e minha fala na minha adolescência , como todos os móveis na minha casa emitiam som , eu escutava um som meio agudo vindo do criado mudo e um barulho meio chato que era do despertador. Estendi a minha mão e cliquei no botão , desligando o despertador que parava de tocar , me sentei na cama e virei meu rosto para os dois lados , como se estivesse vendo meu quarto em volta , mas oque eu via era algumas sombras num lugar bem escuro e sem vida. Meus olhos tinham uma cor azul , só que depois dessa minha doença ser descoberta , os mesmos ficaram com um tom esbranquiçado por conta da cegueira , mas o tom azul que desta vez não estava tão intenso quanto antes , permanecia ali , só que num tom mais escuro.

Suspirei baixinho , me levantei daquela cama e comecei a andar , tocando nas paredes com uma das mãos e toco na porta do guarda-roupa , abri a porta e depois peguei uma peça de roupa. Fechei a porta que estaria aberta e andei até a porta do banheiro , com as roupas na mão e abri a porta do local , adentrei o banheiro e fechei a porta. Fui tocando as coisas tentando identifica-las , ate que toco no cesto de roupas , levantei a tampa do mesmo e deixei aberta , coloquei as roupas que eu tinha pegado sobre a tampa da privada e comecei a me despir , com um pouco de dificuldade.

Depois que consegui retirar minhas roupas , já estava completamente nua e pus as roupas sujas dentro do cesto , fechei a tampa novamente e andei ate o box , adentrando o mesmo. Toquei a parede algumas vezes e fui levando minha mão para o lado , ate que consegui tocar no registro da água e o seguro , girando-o e liguei , sentindo aquela água quente caindo e escorrendo pelo meu corpo , começando a tomar um banho relaxante.

#Quebra de Tempo#

Depois de alguns minutos , terminei meu banho e desliguei o chuveiro , sai do box , peguei as roupas e comecei a me vestir.

Após eu ter me vestido , abri a porta do banheiro , sai dali e andei ate a porta do quarto , passando a mão em meu cabelo , tentando pentear o mesmo e saio do quarto , encostando uma das mãos na parede e descendo as escadas , ate a sala.

Cheguei na sala , logo ouvi o barulho da campainha , então andei ate a porta , abri a mesma e ouvi a voz da minha amiga.

-Michele , posso entrar ? -perguntou ela.

Eu apenas afirmei com a cabeça , sorrindo pequeno e dei um passo para trás.

-Obrigada. -disse minha amiga , que entrou em minha casa e deu passos ate a cozinha , pegando alguns ingredientes pois ela iria fazer o almoço de hoje. -Oque quer comer , Michele ?

Mesmo não enxergando ela , eu conseguia ouvir sua voz e até mesmo saber aonde que a mesma estava , comecei a fazer alguns sinais de mão parecendo letras , até que digo oque eu queria comer.

-Ah , quer comer macarrão a..? -perguntou ela , já que eu não havia terminado a frase.

Fiz mais alguns sinais e dei um sorriso de canto , depois passei a mão na boca.

-Ata , macarrão e bolonhesa ? Mas já ta dando água na boca ? Sendo que eu nem comecei a fazer ainda. -ela da uma leve risada , começando a fazer o macarrão , quando ela pôs o mesmo no fogo , andou em minha direção e me levou ate a sala , me colocando sentada no sofá , e depois se sentou ao meu lado. -Bem , me diz oque quer fazer hoje , alem de comer.

Ouvi o que ela diz , me ajeitei sentada naquele sofá , coloquei as mãos sobre minhas pernas , virei meu rosto para a direção dela e comecei a fazer alguns sinais , com objetivo de dizer oque eu queria fazer , mas eu mesma não saberia se ela iria entender , até porque eu não poderia falar e esse era o único jeito de dizer para ela.

-Ahm..deixa eu ver se eu entendi , você...quer assistir um filme e comer... -tento lembrar os outros sinais que ela fez e estalo os dedos. -comer pipoca , acertei ? -a minha amiga dava uma leve risada.

Ao ouvir ela perguntando se tinha acertado , afirmei levemente com a cabeça , enquanto um sorriso de canto estava visível em meus lábios. Virei meu rosto para o lado , que era aonde se encontrava a televisão e suspiro levemente , voltando a virar o rosto para direção da minha amiga.

-Ah , eu já sabia. -disse ela num tom meio convencido , dando uma risada. -Vamos assistir um filme de terror , ou romance ? -perguntou , olhando para mim -Terror , 1 , romance , 2. -ela fazia o número um e o dois com as mãos , ao dizer os gêneros do filme.

Virei meu olhar para o lado , em seguida os virei para cima , como se estivesse pensando. Estalei meus dedos , fazendo o número 1 com a mão , eu era viciada em filmes de terror na minha infância , mas depois desta doença , eu acostumei mais ouvir estes filmes , já que apenas os sons já davam medo.

-Tem certeza que quer assistir de terror ?

Afirmei levemente com a cabeça , piscando meus olhos apenas uma vez.

-Certo...você tem alguma preferência de filme que quer assistir , ou quer ver qualquer um ?

Fiz o número dois com a mão , sorrindo pequeno.

-Entendi , bem..vamos ver , então... -disse ela , pegando o controle da televisão , ligando-a e depois colocando num canal de filmes , que por coincidência , já estava passando um filme de terror , eu já consegui adivinhar só pelo som que o filme fazia. -Já está passando um filme.

Virei minha cabeça pra direção da televisão , ouvindo os sons que vinham , pelo que eu entendi , o filme já estava na metade. Redirecionei meu olhar para os lados , mas depois o fixando para o chão.

-Ei , Michele...se incomoda se eu fosse embora ? É que eu tenho que ir para casa , arrumar lá e preparar alguma coisa pra eu comer.. -disse minha amiga , que se levantava do sofá , andava em minha direção e beijava minha bochecha , depois segurava minha mão. -Outro dia eu venho aqui com calma , ta ? E a comida tá pronta , só colocar no prato e comer.

Senti o beijo dela em minha bochecha , depois segurei a mão da mesma e ouvi oque ela havia falado. Afirmei com a cabeça , fazendo ela soltar minha mão lentamente e logo fiz alguns sinais com as mãos , dizendo alguma coisa.

-Ahm..não precisa agradecer , eu sempre vou vim aqui e ficar com você.. -dizia ela , que acariciava meu rosto e depois andava até a porta de minha casa , abrindo a mesma e acenava para mim. -Ate amanhã ! -sorria , fechando a porta e começando a andar.

Ouvi a porta se fechando , logo virei meu rosto para a televisão novamente , depois peguei o controle e desliguei a mesma.

O céu lá fora ja havia anoitecido , ja que estava a noite , com nada ligado em minha casa , na verdade estava apenas as luzes acesas por ali.

Senti o cheiro da comida e me levantei do sofá. Dei passos ate a cozinha , ouvindo o fogão emitindo um som bem baixinho , mas eu consegui ouvi-lo e andei ate o armário , abri o mesmo e peguei um prato , juntamente a uma colher e dei passos ate o fogão novamente. Pus o prato sobre a mesa que estava ao meu lado e abri a panela , coloquei um pouco do macarrão em meu prato e fechei a panela novamente. Peguei o prato com a mão e dei passos ate a sala novamente , adentrei-a e fui ate o sofá. Me sentei no mesmo e comecei a comer , com meu olhar direcionado para o chão.

A minha amiga não estava muito longe da minha casa. Mas logo um homem mascarado correu na direção dela , a mesma correu , voltando ate a minha casa e conseguiu alcançar minha porta. Ela tentou abrir a mesma e eu apenas ouvi um barulho e ignorei o mesmo. A menina que estava na porta já , começou a dar batidas em minha porta , enquanto o homem conseguiu alcança-la e cravou uma faquinha em suas costas , virando a mesma e começou a dar diversas facas em sua barriga , enquanto ela gritava.

Eu ouvi os gritos e deixei o prato cair no mesmo momento , ouvindo o mesmo se quebrando e me levantei do sofá , corri ate a porta , mas era tarde de mais. A minha amiga já estava ali , caída no chão e morta , o tal homem mascarado estava na janela que havia do lado da porta , passando sua faca na mesma , eu ficava ouvindo aquele barulho ensurdecedor e suspirei , me ajoelhando no chão e levando as mãos ate meu rosto , começando a chorar muito. Eu sabia que aquela voz era da minha amiga , eu sabia que era ela que estava morta lá fora e eu sabia que eu não pude fazer nada , eu não sirvo para fazer porra nenhuma.