História A Casa Isolada Na Floresta - Capítulo 6 - Não me mate.

Meu subconsciente tinha me avisado sobre o assassinato de Agatha, agora meu ódio por ele havia aumentado ainda mais. A vontade que eu tenho de matar ele é imensa, mas como eu sou cega, isso meio que dificulta muito as coisas, sendo que eu irei tentar... Bem, eu ainda estava sentada naquele sofá, limpando as lágrimas que tinham saído dos meus olhos, com o arco e flecha sobre meu colo e minhas mãos em cima do mesmo, apenas passando meu dedo na ponta da flecha, ela estava bem afiada... A Michele que estava dentro de mim, teria que me ajudar no ato que estava planejando fazer, acertar uma flechada certeira em Johann - uma que tirasse sua vida - e isso é o que irei tentar fazer.

Me levantei daquele sofá, segurando o arco com as duas mãos, sempre deixando meu dedo no gatilho. Vou até a porta da frente, abrindo a mesma e saindo bem devagar, sem fazer nenhum barulho. Johann estava andando perto dali, com ele em movimento ficaria difícil de lhe acertar uma flecha, mas não custa tentar.

—Michele... Apareça...

Ele falava num tom de voz baixo, só que dava para eu ouvir o chamado dele, até porque tinha o sentido da audição muito avançado, era uma das coisas boas que eu tinha, pelo menos... Me agachei ali no chão, chegando ao ponto de até prender a respiração para ele não me ouvir. Apoiei a parte de trás do arco em meu ombro e fiquei com a mira fixada nele. 

—Atire. 

Uma voz sussurrou em minha mente, logo apertei o gatilho, conseguindo acertar a flecha no ombro de Johann. O mesmo olhava de onde havia vindo a flecha e me via ali parada, o assassino arrancava a lança de seu ombro, sem nenhum esforço. Ele tinha sentido dor, porém, não expressou-a bem.

Johann começava a correr na minha direção - apenas tinha que fazer alguma coisa - me levantei rapidamente e fui para dentro de minha casa. Logo agachei no chão, pois tinha deixado um pedaço de flecha cair ali e ponho a mão para fora da porta. Quando o tal homem vê minha mão ali, ele pisa na mesma e mexe seu pé esmagando meus dedos. Era possível ouvir o barulho dos ossos se quebrando e eu sentia uma dor infernal. Consegui puxar minha mão de volta e fechei a porta com força, engatinhando de costas até a pilastra que tinha ali na sala, sentindo diversas lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas e mordo meu lábio forte por causa da dor que sentia. Eu não aguentava mais tudo aquilo.

—EU AINDA VOU ME VINGAR DE VOCÊ, SUA VADIA DESGRAÇADA, EU VOU TE FAZER PAGAR POR TUDO QUE VOCÊ ME FEZ ENQUANTO ESTÁVAMOS JUNTOS! -Aquele homem gritava, para que eu pudesse ouvir e apertava suas mãos em formas de punhos.

Eu cheguei a ouvir seus gritos, agora não sei se sinto medo ou mais ódio desse filha da puta. Ainda não acredito que ele está fazendo tudo isso por conta de um namoro que acabou. Ninguém mandou ele ter sido o ciumento e possessivo da relação.

Você vai mesmo deixar com que esse homem te domine, te faça de otária e te faça sentir dor ?

Meu subconsciente perguntava para mim, eu apenas balançava a cabeça negando, mas parecia que ele estaria fazendo tudo aquilo comigo, eu estava apenas deixando. Teria que parar de ser otária, teria que abrir os meus olhos e mostrar quem é que manda aqui.

—MICHELE, APAREÇA SUA VAGABUNDA !

O homem gritava, era nesses momentos que eu gostava de ser surda também, mas por um bom caso não tinha surdez também. Posicionei minha mão quebrada entre meus peitos, fiz força com a outra mão e consegui levantar. Passei a mesma mão em meus olhos, limpando as lágrimas que tinham ali. 

Vamos... O tempo está acabando... Você tem que matar ele...

Mordi meu lábio um pouco forte, dei alguns passos até a porta da frente que se mantinha fechada, Johann ainda estava lá, me observando... Eu tinha que tentar "falar" com ele de qualquer jeito. Por isso, passei o dedo da outra mão no sangue que havia entre a minha mão quebrada, logo aproximei o mesmo até o vidro da porta, depois comecei a escrever algumas palavras ali, meu subconsciente estava me ajudando a fazer tudo aquilo... As palavras que eu escrevia era "Não me mate", entre outras coisas que estava querendo dizer pra ele. 

—Pera, deixa eu ver se eu entendi. Você não quer que eu te mate? Só pode estar de brincadeira com a minha cara... SÓ ESPERE EU ENTRAR NESSA CASA, QUE EU IREI TE MATAR, QUANDO VOCÊ MENOS ESPERAR. -as últimas palavras que ele havia dito, eram faladas num tom de voz bem alto.

Eu ouvi tudo que ele disse, senti meus olhos lacrimejar e bati no vidro, em seguida mostrando o dedo do meio pra ele. Virei para trás e comecei a correr, subindo as escadas, apenas ouvi Johann quebrando o vidro com um pé de cabra, mas como o mesmo era blindado, estava fazendo somente marcas. Fechei e forcei meus olhos, abrindo rápido a porta do banheiro, após ter entrado lá, ando mais um pouco, até alcançar a banheira e me sento no chão, encostando na mesma. No chão ali havia uma faca, fiquei tocando o carpete, até que acho o objeto e o seguro, apontando para frente, onde se localizava a porta.

Havia uma janela atrás de mim, mais especificamente, acima da banheira, a qual já se encontrava destrancada. Johann já tinha conseguido abrir o basculante de vidro sem fazer nenhum barulho, ele apenas ficava atrás de mim. O mesmo aproximava uma faca do meu pescoço, porém antes ele ri baixinho, e eu pude sentir um ventinho em minha nuca, e foi quando me virei, desviando da facada e cravando a minha na perna dele.

 Me levantei do chão rapidamente, sai correndo até a porta, abri a mesma de uma vez, estava sendo guiada pelo meu subconsciente e fui seguindo até a escada novamente, descendo a mesma correndo, fui direto para a sala. Tropeço na ponta do tapete, caindo no chão por cima da minha mão quebrada, começo a chorar sem parar. Tento segurar toda a dor que estava sentindo e engatinho até o sofá, mas me sento perto ali, me encostando no mesmo...