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História A Chama de Sangue - SEU SANGUE, MEU SANGUE


Escrita por: CaldodaAlma

Notas do Autor


Oie! Capítulo novo! Atrasado, eu sei, mas antes tarde do que nunca! Espero muito que gostem!

MP

Capítulo 6 - SEU SANGUE, MEU SANGUE


Fanfic / Fanfiction A Chama de Sangue - SEU SANGUE, MEU SANGUE

Capítulo 6

Claire abriu os olhos, subitamente acordando de um sono que pareceu durar semanas. Suas pálpebras estavam, ainda assim, pesadas. A tosse recomeçou, Claire sentindo o sangue subir-lhe a garganta, aumentando a dor em seu abdômen. Sons de pessoas correndo assustaram-na, fazendo-a levantar da cama, mesmo com os seus músculos latejando. Ela só conseguia pensar em seu marido e nos gêmeos, na medida que para ela, estava claro que morreria, já que não havia cura e os esforços médicos estavam sendo, majoritariamente, em vão.

Sentada na borda da cama, tentou conservar a respiração constante, lembrando-se de manter a mente limpa. Os barulhos novamente invadiram os ouvidos da soberana, agora sendo gritos desesperados. O barulho da porta sendo aberta alertou-a, mas sua visão estava embaçada, fazendo-a não reconhecer a figura que entrara. Um vulto de uma mulher vestida com um vestido volumoso, branco com detalhes azuis era ofuscada pela imensidão de seu quarto.

— Claire. — falou, logo depois de entrar no quarto. Era Francisca, a rainha relaxou os ombros que antes estavam tensos.— Invadiram o palácio. — balbuciou, a voz falhando, as mãos descansando na frente do vestido, logo após ela fechar as enormes portas dos aposentos reais da rainha.

Os olhos da soberana obtiveram o foco de volta, ela abaixou a cabeça, pensando. Uma ideia relampejou em sua mente, lembrou-se que logo antes de dormir Kamo estivera em seu quarto. Provavelmente, ele fora a isca para conseguirem invadir o palácio, pensou ela.

Mantendo o rei como refém, os guardas teriam que atender às exigências dos invasores, temendo pela segurança dele. Seu exército sabia, no entanto, que em situações como essas, os outros membros da realeza devem ser evacuados ou escondidos. Nesse caso, pensava Claire, deveriam ser evacuados, já que eles devem ter tomado o palácio por inteiro.

Seus olhos observavam os minuciosos detalhes da colcha macia, mas, na verdade, não observavam nada, a mente de Claire estava tentando traçar algum tipo de plano. Depois de ponderar por algum tempo, levantou a cabeça, encarando a prima, que hesitava em sair do quarto ou ficar, as mãos unidas, os dedos se apertando, tensos.

— Francisca. — falou baixo, fazendo um gesto com a mão para que ela se aproximasse. —Há quanto tempo soube disso? — perguntou, tentando manter-se calma, sabendo que qualquer alteração em seu corpo faria sua doença piorar.

— Há alguns momentos. — disse ela, já mais perto da rainha, mas ainda sob uma distância considerável, receosa quanto a doença.

O rosto de Claire se iluminou, como se sua análise fosse provada certa. Levantou-se, tentando ignorar a dor dilacerante que invadia seu abdômen, pestanejou ao equilibrar o peso no piso frio de mármore bege. Hesitou por um breve momento antes que desse o seu primeiro passo, a dor praticamente a corroendo por inteira.

Claire deu mexeu a perna esquerda, dando o seu primeiro passo. Francisca levou a mão à boca, surpresa e chocada.

— Não chegue perto. — Ordenou Claire, a voz firme, mesmo com as mãos pressionando contra a própria barriga, o gesto tentando diminuir a dor que a invadia.

Claire continuou a se mover lenta e constantemente pelo enorme cômodo, até finalmente chegar à sua penteadeira. Pegou um casaco que se apoiava numa das quinas do móvel, vestindo-o rapidamente. Virou-se para Francisca que estava petrificada. As consequências de uma invasão eram imensuráveis para uma simples visitante como a prima. Para Claire, no entanto, não era algo impossível de se resolver.

A rainha, desde criança sempre tivera a mente aguçada e calma necessária à uma rainha. Havia, como a maioria dos reis, tido aulas de combate, estratégia e análise psicológica, portanto sabia entender o inimigo. Nesse caso, o que deixava-a realmente com medo era o fato de não ter visto nem lidado com o inimigo. Isso, no entanto, era o que ela achava.

— Fuja. — balbuciou, encarando Francisca.

A prima hesitou. Caso deixasse a rainha sem ajuda, seria presa e até morta, por não ter colocado a sua vida em risco em prol do bem de Ebut. Francisca não mexeu-se, mesmo que isso significasse desobedecer a ordem de Claire.

— Fuja. — Falou a rainha, agora com mais intensidade, os punhos se fechando sob as palmas da mão, as unhas curtas começando a machucar a pele.

Francisca encarou-a, Claire fazendo o mesmo.

— Vá. — balbuciou com mais firmeza, dando um passo em direção à ela.

A prima pareceu se assustar e, finalmente, obedeceu. Claire não confiaria na prima, não depois de toda a história que a família dela tinha.

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— Princesa Claire. — cumprimentou Cornélio, seu tio.

Ela virou-se, não mais encarando os jardins floridos de seu palácio. Encarou o tio, o olhar dele fazendo com que ela empertigasse a sua postura, tentando esconder a sensação de vulnerabilidade que sentia.

— Tio. — falou baixo, abaixando a cabeça, num breve cumprimento. — O que faz aqui? — falou, tentando manter a voz firme, controlando a vontade de sair correndo dali.

— Fiquei sabendo que meu irmão fora raptado. — disse ele, aproximando-se da sobrinha, as mãos juntas atrás de suas costas.

Claire manteve a compostura digna de uma rainha, encarando-o com a força que tinha e até não tinha. A notícia havia chegado há alguns poucos dias, deixando-a completamente aterrorizada. Ela, apenas alguns meses depois de ter atingido a maioridade, teria que governar um reino, o seu reino.

Conhecia, no entanto, a história de seu pai. O rei Dominique Medna era o irmão mais velho, o herdeiro do trono da dinastia Medna. Seu irmão, Cornélio, sempre tentara armar coisas para que o pai dos dois concedesse o direito do trono à ele. Segundo a lei, o direito do trono era digno de Dominique, sendo ele o mais velho. Logo após o casamento do pai de Claire com sua mãe, os dois assumiram o trono, deixando Cornélio sem o que mais desejava.

Claire sempre perguntava para o pai sobre a sua família, mas ele nunca gostava de compartilhar muito com a filha, com medo que ela se distanciasse deles assim como ele havia feito. Portanto, Claire não tinha muitas informações sobre eles. Sabia, no entanto, dessa breve parte da história. Por isso, quando seu tio apareceu logo após o desaparecimento dos seus pais, a bile subia e amargava sua boca.

O silêncio da sobrinha o fez continuar:

— Claire, minha querida. Gostaria que você soubesse que eu, minha esposa e minha filha,estamos disponíveis para ajudar-lhe, na medida que somos uma família. — falou ele, parecendo pronto para atacá-la a qualquer momento.

Claire concordou com a cabeça, desejando que ele só tivesse vindo para dizer aquilo e depois deixá-la em paz.

— Não seria prudente que nesse momento tão delicado para você, eu tome conta, provisoriamente, a fim de que você se recupere desse choque enorme? — sugeriu ele, os olhos medindo o rosto dela.

A nova rainha não estava nem um pouco surpresa. Era melhor que ele fizesse de forma direta do que indireta, pensava ela. Se fizesse de forma declarada, pensava ela, conseguiria perceber e reagir de forma mais adequada.

Abriu um sorriso falso e lhe responde:

— Tio, em nome de todo o reino de Ebut agradeço o convite para ajudar-me, mas acredito que uma rainha deve saber lidar com toda a pressão que tem em volta e, mesmo assim, manter a serenidade para lidar com o cargo que possui. Como aprenderei a ser uma rainha se nas situações difíceis eu declino de minhas responsabilidades? — argumentou ela, agora mais calma, ele abrindo um leve sorriso.

— Não é vergonha nenhuma ter fraquezas, Claire. — balbuciou ele, aproximando-se dela. — Fraquezas são muito importantes. — sussurrou ele no ouvido dela. — Principalmente quando são dos inimigos. — balbuciou, fazendo um calafrio descer a espinha da rainha.

Claire afastou-se dele, dando um passo para trás.

— Saia. — falou a voz com uma urgência que havia sido reprimida por muito tempo.

Ele fez uma expressão calculada e aproximou-se mais uma vez:

— Está com medo de mim? — indagou, a voz cheia de sarcasmo, ironizando.

Ela apenas o encarou, ele aproximando-se mais, ela andando para trás, como num jogo. Suas costas em encostaram na enorme janela de vidro, ela não tendo mais para onde ir.

— Guardas! — tentou gritar, mas sua voz saiu baixa, ele chegando cada vez mais perto, o sangue dela começando a gelar.

Suas peles se tocaram, ele tão perto dela que nem ar passava. O frio da pele dele foi um choque para Claire.

— Não precisa ter medo de mim. — balbuciou no ouvido dela, a respiração dele fazendo-a tremer. — Somos uma família. Seu sangue, meu sangue. — disse, com uma voz aterrorizante

Cornélio afastou-se finalmente dela, virou-se e saiu do cômodo, a pequenos passos, como se quisesse dizer que não iria embora facilmente, que aquele palácio era, na verdade, dele.

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Enquanto Francisca saía do cômodo, Claire observava o quanto ela parecida com Cornélio, o pai dela. Os olhos azuis que Dominique não havia herdado, Cornélio havia e sua filha também. A enorme altura, comum aos dois irmãos, foi algo que a Claire não havia herdado, mas Francisca sim. Era uma jovem, um pouco mais nova que Claire, mas a rainha sabia que ela tinha a mesma sede por poder que o tio tinha.

Assim que a enorme cauda da prima de Claire passou da porta, Claire foi até um dos extremos de seu quarto. Quando não queria trabalhar com os seus assessores e assistentes, ou tinha que tomar uma decisão complicada ou delicada, sempre ia para seu aposento e pensava, lia, pensava e conversava com Kamo. O rei desistia de suas obrigações quando a rainha precisava dele, mas ela nunca admitia isso. Ele conseguia sentir quando ela estava sob uma situação complicada e, então, sempre tentava ajudá-la.

Kamo, no entanto, não podia ajudá-la. Enquanto se abria uma pequena porta que ficava escondida embaixo de sua escrivaninha, era no que pensava. A escuridão começava a cegar a luz de seus olhos assim como a esperança de seu coração. Claire teria que salvar sua família e seu reino, sozinha.


Notas Finais


Quais foram as suas impressões?

MP


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