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História A Chama de Sangue - O FRIO, O VAZIO, A DUREZA


Escrita por: CaldodaAlma

Notas do Autor


Eita, inimigos não param de surgir.... #treta

(ps desculpa o atraso hehehe )

MP :)))))

Capítulo 8 - O FRIO, O VAZIO, A DUREZA


Fanfic / Fanfiction A Chama de Sangue - O FRIO, O VAZIO, A DUREZA

Capítulo 8

— Gêmeos, eu não acredito ! Gêmeos! Não creio que um casamento como o deles pôde ter sido agraciado com uma gravidez! — balbuciava a moça, entediada, a carta que segurava balançando de acordo com os movimentos de sua mão, sua testa franzida, uma raiva falsa permeando suas palavras.

Os cabelos ruivos a faziam parecer uma fogueira, a fugacidade de suas palavras fazendo-a parecer um vulcão em erupção. A camareira encolheu-se:

— Senhorita, um casamento como o deles não vai prosperar. A aliança que traçaram levará os dois a ruína, tenho certeza disso. — disse ela, amarrando as o último nó do espartilho dela.

Ela encarou a camareira com desdém, como se quisesse simplesmente fugir dali. Uma voz as interrompeu:

— Dama Cruzeira. — uma voz masculina invadiu o cômodo. — Sua presença é requisitada no salão de reunião. — disse o servo, as mãos atrás de suas costas, o rosto sério.

Cruzeira aprumou-se, levantando o peito, concertando a postura, o enorme busto servindo-lhe quase como arma. De seu vestido verde musgo, detalhes dourados moldavam o seu corpo esbelto, as curvas dignas das proporções do homem vitrurviano.

Seu rosto moldava-se através de seus cabelos cor de fogo, o volume incontrolável bagunçado por entre suas orelhas, caindo sob seus ombros. Chegou perto do servo e olhou-o com desprezo, bufando ao passar por ele.

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O castelo de Kcap era enorme, mas não como os outros. Era uma construção feita para que os inimigos se perdessem, as escadas de acesso irregulares, as muralhas maiores do que as de castelos comuns.

Cruzeira, a filha do rei, só circulava pelas áreas designadas para ela, mesmo que quisesse explorar mais. Os corredores nos quais ela e sua família passavam eram muito bem protegidos e decorados, o chão de mármore preto e as paredes cheias de enormes pinturas moldando o cotidiano da moça.

A pintura de sua mãe sempre a deixou desconcertada, os olhos verdes que Cruzeira não havia herdado perfurando-a, como se brigassem com ela cada vez que passava. A moça encarou o quadro, desviando o olhar quando teve a sensação que a pintura estava prestes a sair dali, o mesmo olhar de insatisfação que Cruzeira via em seu rosto no espelho estampado sob o óleo da tela.

O barulho de seus sapatos contra o chão duro faziam com que todos os guardas olhassem para ela. A maioria, admirados.

— Bom dia senhorita cruzeira. — disse um deles, abrindo a porta do salão de reuniões, um sorriso galanteador no rosto.

Ela respondeu apenas com o olhar, uma mínima gota de doçura e paixão surgindo dentre a imensidão azul de suas íris. Ansiedade encheu seu peito, mal conseguindo esperar pelo próximo encontro entre os dois, a insistente insatisfação e tristeza desapareceu, mas apenas até ele fechar a porta. Não podia mais vê-lo, era necessário que encarasse a realidade, algo que não a agradava nem um pouco.

Adentrou então o cômodo com a garganta quase fechando. Cruzeira sabia que devia fingir-se ultrajada, desrespeitada, mas não conseguia concentrar-se totalmente, já que sua atenção fora desviada por um um certo guarda.

— Filha. — disse o rei, levantando-se de sua mesa e indo até ela, os olhos consumidos de raiva — Gêmeos. Acredita? — balbuciou, aproximando-se dela, a voz indignada.

Segurou - a pelos ombros, assustando-a. O rei tinha mãos molhadas, o suor começando a florescer na testa da dama, ele já encharcado. O dia estava ainda em sua metade, mas a notícia dos filhos do reino de Ebut correra muito rápido, logo alcançando os ouvidos dos reais de Siantra, deixando o rei avultado.

— Desmanchar um noivado e nove meses depois anunciar o nascimento do fruto de algo ilegítimo? — disse ele, agora andando pelo cômodo, circulando em volta da enorme mesa de madeira escura. — As alianças estavam já prontas, os acordos entre os reinos já acertados. — pensou alto, a moça olhando a silhueta do pai. — Kamo não tinha direito de fazer o que fez. — cuspiu as palavras, uma ideia parecendo surgir em sua mente.

A expressão nos olhos do pai assustou-a:

— Pai? — falou, hesitante, aproximando-se dele.

O grande homem virou-se, suas enormes roupas balançando com o brusco movimento:

— Cruzeira. — disse, olhando-a nos olhos. — Ele desrespeitou-a e, portanto, o nosso reino. — falou, segurando-a pelas mãos.

Os olhos incrédulos e confusos dela o fizeram continuar:

— Já sei como irão nos pagar. — disse, olhando para um dos extremos do salão. — Se não haverá aliança entre Siantra e Brútsia, também não haverá Brútsia e Ebut. — balbuciou, a voz firme, os olhos castanhos ficando mais escuros, quase pretos, da mesma cor de seus cabelos, sua testa contraída.

Cruzeira processou as palavras, a imensidão de suas consequências começando a pesar em seus ombros, suas pupilas dilatando-se, as nuvens parecendo escurecer o salão, as tapeçarias perdendo sua beleza.

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Eles não tinham um lugar fixo para seus proibidos encontros, mas sempre conseguiam encontra-se no castelo. Cruzeira, algumas vezes, ia para o local onde ele patrulhava e roubava um beijo, ou apenas um breve e discreto sorriso.

Desta vez, porém, seu coração só conseguia pensar nas mortes que a decisão traria para três reinos. Cruzeira, mesmo sabendo que sua presença não era apreciada, participava das reuniões de estratégia e sabia do tamanho dos exércitos de Ebut e da Brútsia, portanto, a decisão que seu tomara assustava-a.

Esconder-se sempre fora algo que a moça sabia fazer. Quando não queria cumprimentar algum convidado ou pretendente, ela escondia-se em algum lugar de seu castelo. Desta vez, estava dentro de um dos pilares da estrutura de pedra. Havia o encontrado alguns minutos antes e comunicado que estaria ali, esperando por ele.

Quando estava prestes a sair de dentro do interior do pilar, seus pés já frios, mesmo com o forte verão, ele entrou no pequeno espaço, fazendo parte de suas preocupações desaparecerem.

Seus ombros largos pressionaram-na contra a parede de pedra, a falta de espaço deixando-o sem escolha. Não que ela não gostasse, é claro.

O uniforme de guarda fazia-a suspirar, o ritmo de suas respirações sincronizando-se,  as duas esbaforidas, a paixão fazendo com que seus pés subitamente ficassem quentes, assim como todo o seu corpo.

— Olá. — disse ele, seu peito já pressionado contra o dela, os olhos brilhando.

Ela sorriu, mas o peso de suas preocupações fizeram-na sair de sua fantasia. Não poderia deixar-se levar, não desta vez.

— Enzo, pare. — pediu, suspirando, ele já com os lábios em seu pescoço. Ele fingiu não ouvir. Ela insistiu, afastando-o.

— O que foi? — indagou, ofendido. — Fiz algo de errado? — perguntou, os olhos confusos.

— Não, eu só tenho que lhe contar algo que me aflige. — falou ela, as mãos na cintura dele. Ele encarou-o, como se mostrasse que ela tinha toda a sua atenção. — Se ele não pode ter a Brútsia, ninguém mais pode.

Enzo gelou, logo entendendo o que aquilo significava. Dois dos mais fortes reinos significava uma iminente guerra. Ele temeu então pela própria vida. Abraçou-a, cheirando o seu cabelo, tentando guardá-la em sua mente para sempre, pois logo seria recrutado e as perspectivas de voltar seriam muito pequenas.

Passou a mão em seus cabelos, a cor avermelhada conformando os seus olhos azuis, a cabeça dela em seu peito, as pedras do interior do pilar mostrando-o o que o esperava. O frio, o vazio, a dureza.


Notas Finais


E aí, o que acharam? (autora curiosa aqui okay?)

MP


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