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História A chave dos mundos. - O atraso de Yui


Escrita por: Idiosincrasia

Notas do Autor


A história é pensada para ser longa. Dêem um voto de confiança e tenham paciência, espero que gostem.

Capítulo 1 - O atraso de Yui


Os primeiros feixes de luz espreguiçavam-se por entre as venezianas do quarto quando Kirito acordou. O silêncio do ambiente era complementado apenas pela respiração de Asuna, calma e rítmica, que dormia angelical ao seu lado. E assim permaneceu por vários minutos. Kirito poderia ficar ouvindo-a respirar por horas, mesmo que não fosse em todo capaz de verbalizar tal pensamento. Quando levantou o busto para sentar-se à cama, maculou o silêncio com o franzir dos lençóis, mas recebeu em troca a visão de Asuna, deitada sobre as caóticas cobertas que Kirito sempre tentava roubar para si durante a noite, visto que Asuna se apoderava delas apenas para abraçá-las e soltá-las logo em seguida, encontrando-se quase sempre descoberta ao amanhecer. Era aquela sua visão preferida todos os dias, especialmente hoje que Yui, pela primeira vez, não havia dormido junto aos dois. 

Kirito vislumbrava cada traço das costas nuas de Asuna recobertas por seus cabelos rubros. Ela estava à vontade como sempre, em roupas íntimas azul celeste recobrindo apenas a metade inferior do corpo. Nenhum detalhe de sua silhueta de curvas serpentiformes poderia escapar-lhe à visão, só assim para assegurar-se que estariam igualmente resguardadas em suas memórias, caso algo ruim acontecesse. 

Mas nada de ruim aconteceria, Kirito iria assegurar-se disso. A protegeria com sua própria vida, se assim fosse necessário. Ninguém seria capaz de a fazer nenhum mal enquanto estivessem juntos. 

Tentado pela solenidade do momento, Kirito arriscou-se a deslizar, com cautela, os dedos sobre as costas de Asuna. Afastou do caminho o volumoso cabelo vermelho para mapear quadrante a quadrante a pele morna de sua companheira. Ao menor sinal de movimento de Asuna, Kirito hesitava. Apesar dos meses, a timidez ainda o dominava em muitos aspectos, e Asuna era muito superior a ele no que dizia respeito a vencer certas barreiras, fossem físicas ou verbais. Apesar disso, insistiu: sentia sobre a sua palma a lisura de sua perna semifletida, percorrendo um caminho cíclico entre sua nádega e panturrilha. 

"Kirito?" Disse Asuna, com a voz sonolenta. Kirito parou de tocá-la de imediato, como quem é flagrado num furto. "Não precisa parar, é agradável." 

Mas Kirito já havia se decidido quanto a isso.

"A Yui já voltou?" Perguntou Asuna, admitindo outra derrota nas demais intenções do momento.

"Não. Digo, acho que não." 

"Estranho."  Disse Asuna enquanto reclamava para si uma coberta cobrir-lhe os seios e sentava-se.

"Há algum motivo para nós preocuparmos?" 

"Não, não acho que haja. É só algum contratempo, estou certa que não é nada." 

Yui havia saído noite passada com dois amigos de Asuna, companheiros de guilda a quem ela muito prezava. Shino, o primeiro, era um rapaz um pouco mais velho que os dois, extremamente habilidoso com sua espada, que sempre vestia seu uniforme, não importa a casualidade da situação. Samira, a segunda, era uma jogadora de vinte e poucos anos cujo talento para o jogo era suprido pela simpatia, mas que havia evoluído enormemente nas últimas semanas, especialmente no aspecto financeiro. Os dois apareceram ao final do entardecer, dizendo estarem sob ordens da guilda no dever de, mais uma vez, tentar convencer Kirito e Asuna a retornarem às suas atividades na linha de frente das batalhas. De fato, suas visitas eram cada vez mais frequentes, e eles mesmos admitiam que usavam da oportunidade mais para tomar um bom chá do que para tentar convencer qualquer um de qualquer coisa.

Durante a noite, em meio às conversas, Shino mencionou o Velho Profeta da Cidade, um NPC ignorado pela maioria dos jogadores que fala frases desconexas. Asuna contara a Yui sobre uma quest do andar 25 que havia completado dias atrás. A quest era simples, baseava-se em receber itens de um NPC e levá-los para outro, enquanto cada troca lhe proporcionava uma pequena recompensa e muitas histórias, a maioria delas, contada pelo Velho Profeta da Cidade. Todo mundo, no entanto, usava o comando verbal para pular a história e não ter que ouvi-la até o fim, exceto por Asuna, que disse ter ouvido a última e, apesar de não recordar sobre o que era exatamente (afinal, nada que o Velho Profeta fala faz sentido) recordava bem a última frase: a criança da floresta salvará sua alma.

Era exatamente isso que Yui era quando Kirito e Asuna a encontraram há algumas semanas: uma criança, perdida numa floresta. Ao ouvir sobre a história, Yui ficou muito empolgada sobre conhecer melhor sobre si mesma, especialmente devido ao fato de não haver em seu banco de dados registros sobre a quest do Velho da Cidade do andar 25. Conhecer a si mesma e os motivos pelo qual foi criada sempre foi o maior desejo de Yui.

Yui pediu então para ir conhecer o NPC e ouvir suas histórias, mas tanto Kirito quanto Asuna já haviam completado a quest. Nesse ponto, Samira se dispôs a fazer a quest na companhia de Yui. Kirito e Asuna queriam adiar a visita para a manhã seguinte, mas Yui estava eufórica. Como ato de cortesia, Samira e Shino proporam acompanhá-la, alegando que Kirito e Asuna não precisam passar o tempo todo com Yui. Apesar de relutante, Asuna concordou e convenceu Kirito a também concordar.

Kirito tinha dificuldade em confiar em outros jogadores, ainda que fossem amigos de Asuna. Era por isso que foi, por tanto tempo, jogador solo. Tinha instintos, mas eles nem sempre estavam certos. Sabia o que jogadores eram capazes de fazer para autopromoção, e, Yui, que era uma filha seus olhos, poderia ser vista como um item valioso para jogadores menos sensíveis. Yui era praticamente uma enciclopédia sobre Sword Art Online, capaz de desvendar todos os entraves sobre quests, bosses, aprimoramento de armas e habilidades e outros conhecimentos que nem mesmo os próprios Kirito e Asuna, e na verdade nem mesmo a própria Yui, sabiam a extensão. Mas Asuna via o melhor nas pessoas quando se tratava de sua (agora de ambos) guilda. Kirito não poderia julgar esse comportamento, desconhecia tudo pelo qual ela e os demais membros passaram enquanto ele vagagueava sozinho nesse extenso mundo. 

Além disso, era inegável que eles tinham um ponto, não poderiam deixar Yui viver reclusa em seu mundo particular para sempre. Por mais que aqueles dias com Asuna e Yui tivessem sido revigorantes e felizes, logo teriam que voltar para as linhas de frente, o jogo precisa ser terminado, pessoas continuam morrendo. E onde estaria Yui enquanto os dois arriscassem as vidas? Não, Yui precisa de outras pessoas próximas a ela, alguém para conversar enquanto estiverem ausentes. Afinal, não precisariam temer por sua segurança, Yui não pode ser morta e sequer há monstros na quest do Velho Profeta da Cidade. No mais, eram amigos de Asuna, amigos de longa data, ele não precisava temer.

"Eles devem ter tido só um contratempo, eles comunicaram alguma coisa?"

Asuna abriu o menu do jogo num movimento rápido com a mão. Selecionou o ícone referente às mensagens e observou o inbox.

"Aqui está, há mensagens da Yui, do Shino e da Samira."

Asuna abriu então as mensagens em ordem cronológica.

11:47 pm de ontem, Yui: olá mamãe, estamos refazendo a quest para ver tudo que o NPC tem a dizer, são coisas interessantes! Quero contar tudo para vocês quando voltar.

01:28 am de hoje, Samira: Asuna, a quest é muito longa quando realmente há a intenção de ler tudo que esses NPC's falam. Não voltaremos a essa hora, Yui não precisa dormir, mas nós sim. 

04:56 am de hoje, Shino: Asuna, apenas para dizer que estamos bem. Breve retornamos com sua pirralha. 

Um toque curto então anunciou o recebimento de outra mensagem. Asuna clicou no ícone em forma de exclamação amarela. "Nova mensagem de Yui". 

"O que diz aí?" Interrogou Kirito. 

Asuna fitou Kirito com incredulidade enquanto virava o menu para que ele visualizasse os dizeres, era apenas uma palavra.

6:03 am de hoje, Yui: Socorro




Notas Finais


Não cobrem que eu seja rápido, bjs


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