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História A Chave Elemental - Capítulo III


Escrita por: Aquary

Notas do Autor


Sim, está atrasado, mas eu finalmente terminei o meu terceiro dia de NaNo, acabei ficando presa em um videogame – o que me deixou triste – e procrastinando caçando imagens para personagem femininas.
Percebi desde ontem que está muito longe de se chegar a história que eu queria contar – levando em consideração a sinopse – mas vai chegar lá. Sim ainda teremos um cenário de fantasia medieval, uma guerra, e um casal “I SHIP IT”, que curiosamente não envolve os santos da Atena – deus para onde eu estou levando essa história.
Para os amantes de mistério, uma risadinha do mal.

Capítulo 3 - Capítulo III


No último capítulo

— Qu'est que cela signifie?¹ – Vermelhas e largas, marcavam a pele alva das costas, as tiras de couro nas quais esteve amarrado estavam ali. Mais que isso, as marcas das unhas também estavam ali. Mudo, surpreso e confuso, o grito encheu o quarto e espantou as pequenas aves que faziam ninho em seu jardim. – Áries.

 

Capítulo III

Desceu as escadas com a mesma agilidade de um felino, de uma forma geral, ou Milo havia usado seu laboratório para produzir brinquedos divertidos, ou a França havia perdido a liga da Euro Copa. Mas ninguém podia imaginar que, Camus de Aquário estava prestes a enfrentar Mu de Áries em um embate pessoal.

Adentrou a primeira casa buscando por seu guardião, era como observar um predador caçando uma presa indefesa, leão e carneiro, só que ele não era o leão dourador, era o aguadeiro do zodíaco, que mais parecia um bicho selvagem, ainda mais pelas marcas avermelhadas que ostentava em suas costas alvas.

Havia vestido uma calça branca por sobre a boxer da noite anterior, enfiou-se em um par de sapatos pretos e saiu de casa com uma polo simples nas mãos, mesmo sobre os protestos de Afrodite ele seguiu em busca do homem que havia dado início aquilo tudo, literal e figurativamente falando.

Encontrou-o em companhia do virginiano, que mesmo com os olhos fechados parecia ler sua ansiedade, não esperava encontrá-lo cedo, pior seria se ele descobrisse sobre o sonho que tivera, pretendia falar com o ariano, e apenas ele antes de recorrer a psicanálise tradicional. Respirou fundo antes de indicar a direção da porta ao loiro, sabendo que estava se condenando.

Mesmo a contragosto teve de admitir, a cozinha do primeiro templo era mais reservada que a sua, uma mesa simples com quatro cadeiras, uma porta padrão, que se fechava por dentro. Ambos sabiam que Shaka encontrava-se escorado em uma das pilastras do templo, apenas esperando o momento certo de intervir com a razão, que para ele parecia desaparecer.

O mais novo recostou-se na parede observando-o, sua face se contraindo em um sorriso de vitória, como odiava quando ele sorria daquela forma, talvez pela simples ausência de sobrancelhas quando sorria sua face se contorcia em algo sinistro e diabólico, ou talvez estivesse fazendo-o de propósito para brincar com sua mente.

— Como foi a noite Cam? – Mais que aquele sorriso, odiava quando ele o chamava daquela forma. – Disseram que poderia ter sido, intimamente proveitosa.

— Pare de brincar, sabe que isso. – E virou-se de costas permitindo ao outro ter uma boa noção da situação. – Não aconteceria em um sonho.

— Eu disse que não era um sonho qualquer. – Relaxado o ariano parecia contorcer-se em deboche pela situação em que ele se encontrava. – O que foi mesmo que você disse? Se me lembro bem você disse, “sonhos são uma válvula de escape”.

Havia de fato usado aquelas palavras, porém não podia imaginar aquele tipo de lucidez vindo de um único sonho. Vestiu a camisa enquanto o outro servia-lhe de água, havia feito anotações na noite anterior que queria compartilhar com ele, preferindo o método escrito, já que oralmente aquelas informações poderiam ser desastrosas.

 

Análises processuais sobre a chave

Hades

Estrela

Lua

Cruz

Prata

6x1

 

— O que você quer dizer com isso? – Ouviu o outro perguntar folheando as páginas vazias seguintes a primeira.

— Quer dizer que depois disso não me lembro de mais nada, além de ficar furioso com você. – Os olhos azuis queimaram em fúria velada na direção do ariano, este por sua vez deu de ombros e sentou-se em uma das cadeiras. – E do sonho.

— Com uma garota de garras afiadas? – Ser questionado sobre aquilo era no mínimo embaraçoso, vindo de Milo poderia ser pior, mas vindo dele, havia uma mistura de erótica velada e embaraçosa, misturada com o silêncio.

— Curiosa na verdade. – Recordava perfeitamente bem as formas de sua pequena sem nome ou face, preferindo dedicar-se exclusivamente a outros atributos. – Sonda a mente de maneira discreta, macia, era como se não estivesse ali na verdade.

Um longo instante de silêncio tomou conta da cozinha, o sorriso debochado de outrora morrendo aos poucos, sabia bem o peso daquela conversa para o rapaz cujas esmeraldas encheram-se de esperança e ansiedade. Aquele tipo de sondagem exigia um alto nível de habilidade, não apenas isso era necessário um refinamento quase que sobrenatural, ou inumano.

— Era pequena, e magra, mas não o tipo que vemos por aqui. – Tentou prepará-lo para o que viria a seguir, mas a ansiedade dava pouco a pouco lugar a impaciência. – Não é como se na posição em que eu me encontrava pudesse fazer qualquer outra coisa, além de deduções por intermédio do tato.

— Não sabe como a garota é? – E aquela era a pior dedução de caráter que poderiam fazer dele. Não. Não sabia como ela era, mas sabia que o havia deslumbrado da forma mais avassaladora possível. Balançou a cabeça em negativa ouvindo o outro suspirar resignado.

— Eu gostaria de poder fazer mais, mas a verdade é que sou apenas um químico Mu. – Abriu a caixa na qual estava a chave que compartilhavam como um segredo obscuro. Três pares de asas lembravam perfeitamente a armadura do deus do submundo, posicionado sobre um coração de arabescos uma estrela de cinco pontas, correntes, lua e cruz. Tudo recordava de certa forma Hades.

— Não posso pedir a Shaka para interpretar esse tipo de coisa Camus. – Freud explica, de forma pouco aberta a realidade na qual viviam, que estavam vendo o que queriam ver. Jung por outro lado era na opinião do indiano, um entusiasta.

— Depois de ontem a noite e hoje de manhã, não quero nem pensar nessa possibilidade. – Olhos esmeralda buscavam a compreensão esperando que continuasse. – Não encontro minhas roupas.

— Está querendo dizer que acordou nu? – Graça. Não sabia dizer como aquilo poderia ser engraçado, mas o amigo, ria de seu infortuno. – Nu e arranhado por um sonho. Terá sorte se Milo não lhe recordar isso pelo resto da vida.

— Mais sorte ainda teremos se Shaka não usar a razão para analisar isso e chegar a mesma conclusão que eu. – Sim, do caminho entre o décimo primeiro templo e o primeiro já havia usado a razão para tentar explicar os fatos. – Nunca pensou que pudesse ter sido enganado por uma ilusão? Eu sei que essa coisa não é uma ilusão, mas o resto. Tudo pode ter sido forjado por alguém Mu, com qual objetivo e interesse eu não sei dizer.

O silêncio fez morada entre eles, quebrado pelo suave soar de um novo relógio que marcavam o meio dia de um sábado que já se iniciava confuso. Ele observou o ariano tomar a caixa de metal e finalmente retirar a chave de dentro dela. De encontro a luz ela pareceu bilhar e reluzir de modo absurdo para a prata.

A expressão de vazio na face do outro novamente o deixou frustrado, havia prometido tentar uma abordagem completa antes de definir qualquer coisa como certa, e ali estava ele, sendo um cretino apenas porque tinha medo de onde aquela investigação poderia levá-lo. Por um lado seu algoz de unhas afiadas, do outro seu amigo.

— Quero fazer uma investigação mais profunda essa tarde. – Anunciou por fim empurrando a caixa na direção do outro. – Mas terei de fazer uma análise química, e isso requer raspagem.

— Faça o que achar necessário. – Aquilo não era apenas uma autorização, mas uma intimação. Viu Mu recolocar a chave na caixa e fechá-la, empurrando-a em sua direção como se ela fosse uma bomba, armada para detonar em um momento desconhecido.

 

Japão – Central da Fundação Gallard²

 

Os olhos brilhantes e a pouca idade espantavam alguns dos homens e mulheres no hall da empresa, desde a morte de seu avô estava a frente da fundação, mesmo assim as pessoas ainda se surpreendiam com sua presença. Por vezes aquilo lhe causava graça, noutras tinha de usar de subterfúgios, como a presença de Saga de Gêmeos, por exemplo.

Estava de certa forma feliz pelo retorno de seus cavaleiros após a batalha contra Loki, Hel havia sido de certa forma gentil, mas ela duvidava que sua gentileza viesse sem um preço. Quase cinco anos haviam se passado desde então, aos poucos seus cavaleiros levavam vidas normais, ficara feliz com os avanços intelectuais proporcionados pelas distintas escolhas universitárias deles.

Química, psicóloga, direito e diplomacia eram apenas algumas das áreas escolhidas pelos santos dourados, ainda que houvessem escolhas que de certo a divertiam como educação física, história da arte, moda e medicina veterinária. Infelizmente para seu gosto, ainda faltavam quatro dos seus abrirem as asas, mas ela gostava de pensar que ainda havia muito tempo para isso.

Ver Saga dobrar os acionistas mais velhos e retrógrados, como quem dobra uma folha de papel, era no mínimo uma massagem ao seu ego feminino. Havia tentado explicar aquelas mesmas teorias dois ou três semanas antes, eles riram de si, tacharam-na de louca. Agora se desdobravam para rebater as propostas do homem, como menos da metade da idade deles.

A reunião parecia durar horas, letargia tomava conta de seu ser e não passou desapercebida pelo cavaleiro, ela podia sentir sua respiração mais profunda e o bater ritmado de seu coração, devagar e constante até finalmente ver sua mente levada para uma janela. Sua mente vagava na percepção consciente do local em que estava, e outro mais além.

Podia ver o mar, sua mente vagava lenta e constante de volta para sua casa, seu santuário, seus cavaleiros e suas responsabilidades como deusa. A jovem mulher não sentia-se frustrada com aquelas funções, pelo contrário, era a juventude de Saori Kido quem lhe dava forças para continuar e buscar por mais.

A janela passou por sobre parte da Europa, da Germania a Escandinávia, até a Grécia de Rodes, aos Cárpatos no dodecaneso, até Andros, Io, Santorini e Delos nas Cíclades. E finalmente dirigiu-se para o santuário onde fez ninho junto a um vulto enevoado, que observava divertido a rotina de seus cavaleiros.

Levou algum tempo até finalmente perceber a forma do observador silencioso, endiabrada e traquina, nem mesmo o tempo poderia dizer-lhe porém a quantas eras não via tal criança ovo. Sua natureza se havia perdido nas antigas guerras da segunda trindade, abraçada pela escuridão fez do seio da noite sua morada.

A pele alva e os longos cabelos negros, contrastavam com os olhos azuis cristalinos e brilhantes, lábios pequenos em um suave tom de coral. Sua pequena visitante observava a tudo com a curiosidade natural que compartilhavam desde a antiguidade. Sorriu triste e afagou as melenas onduladas fazendo com que a figura observa-se o vazio e sorrisse para a janela.

Era aquele um dos sorrisos mais cativantes que já vira em muito tempo, ingênuo e feminino, alegre e espontâneo. Ela sorriu de volta e ouviu alguém chamar. Soube naquele instante que as janelas se cruzavam, pois de um lado ouvia a súplica de um de seus cavaleiros. E do outro sentia Saga tocar-lhe os ombros com delicadeza.

A janela saiu de foco, não antes que ela pudesse ver o aceno de sua jovem visitante, que traquina sorriu para o cavaleiro que não podia vê-la. Ela também sorriu, mais para si que para qualquer outro. De volta a realidade física, observava os olhos atentos de seu santo, provavelmente ele não gostaria daquele visitante um tanto quanto arrojado.

— Senhorita? – Chamou com notória preocupação na voz, levou alguns instantes até que ela pudesse reorganizar sua mente, muito havia para se pensar, explicar, planejar. A sala voltou a focar, podia sentir a carícia suave em seus ombros transmitindo-lhe conforto e apoio, a sala estava vazia, exceto pelos dois e Tatsumi.

— Temos visitas em casa. – Disse por fim colocando suas mãos por sobre as dele, sobrancelhas erguidas questionadoras, travavam uma batalha silenciosa contra seu sorriso travesso. – E eu ainda quero meu bolo de lua.

Deu-se por vencido logo que o sorriso voltou-se em um formato semelhante a um gato, havia sido inflexível quanto ao convite de Shunrei para o festival de outono chinês, passariam um mês fora do santuário, não mudaria seus planos mesmo frente a possibilidade de uma guerra, que ela bem sabia, não estava por vir.

— E você não vai ligar para eles. – Havia sido exigente quanto as férias dele, intransigente quanto ao tempo que passava resolvendo diferentes questões, desde o santuário até questões diplomáticas na fundação Gallard, Saga havia descuidado de sua saúde, sendo diagnosticado com estresse.

— Mas. – Já estava com o telefone em mãos, era notável que ele simplesmente não conseguia desligar-se de suas responsabilidades, mesmo que algumas delas fossem atribuídas por um complexo de culpa.

— Vai ser divertido para eles. – Disse por fim, mas ele pareceu ainda mais desconfiado. – Compro uma daquelas revistas de lógica que você gosta, ou um daqueles fones de ouvido grandes que você pediu no natal, Seiya está muito empolgado com você ter aceitado sair do santuário por alguns dias.

— Quero os dois. – Era uma afirmação inflexível, por mais que houvesse respeito naquela delicada relação, a espontaneidade de Seiya ainda gerava certo desconforto em espaços fechados por muito tempo, na última viagem ele havia sofrido uma crise claustrofóbica.

— Posso sugerir uma máscara noturna em troca das revistas senhor? – Tatsumi ainda acompanhava sua rotina sempre que possível, era fiel em sua vida de servidão aos Kido, mesmo que ela não gostasse daquele quadro comparativo.

— Nem sempre ele se mantém quieto em respeito ao hábito de leitura dos outros. – Salientava o comportamento traquinas do pégasos com relação a sua revista de bordo, as preferências do mordomo iam de culinária a delicados trabalhos manuais em tecido ou papel.

— Creio que precisa aprender truques novos Tatsu. – Ela viu quando o mordomo congelou no lugar frente a sugestão do apelido dado por Seiya, o homem simplesmente odiava aquele apelido – Como por exemplo, não me chamará de senhor nunca mais, ou eu vou continuar a te chamar de Tatsu.

E então os dois deixaram a sala conversando sobre como vencer Seiya em seu próprio jogo, não que ela acreditasse que fosse de fato possível, mas ela não poderia simplesmente desanimá-los, parecia-lhe cruel e injusto tomar-lhes a esperança. Assim ela olhou uma última vez para a sala de reuniões, deixando-a quando ouviu os dois homens chamarem por si.


Notas Finais


¹ - Qu'est que cela signifie? - O que significa isso em francês
² - Fundação Galllard - Buscando nas Wiki da vida, esse é o nome da fundação de Mitsumada Kido, mas em outras ela aparece como Fundação Graad. Foi uma preferência particular e para uso futuro da história usar essa versão, mas as duas estão corretas.


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