1. Spirit Fanfics >
  2. A chegada do inferno >
  3. Rato de laboratório

História A chegada do inferno - Rato de laboratório


Escrita por: AndrewFerris

Capítulo 6 - Rato de laboratório



     Continuo caindo. Quando chego no limite entre o chão e o ar, sinto mãos suaves porém firmes me segurando e me puxando. Vejo seus belos cabelos castanhos se revelarem por detrás do capuz enquanto nos encaramos. Não consigo ver seus olhos, mas sei que ela olha de volta, então desperto. Sinto o frio de um lugar escuro, úmido e limpo. Me levanto e olho o lugar de um lado para o outro. As paredes estavam tão próximas umas das outras que eu me sentia incomodado só de olhar para elas. Escuto passos seguidos e ecoados antes de alguém abrir a porta e em seguida me acertar com alguma coisa que me faz cair duro no chão. Sou arrastado já imóvel para fora do quarto (se é que podia chamar aquilo de quarto), passando por inúmeros corredores brancos e por centenas de pessoas bem vestidas antes de ser colocado numa maca e uma equipe de doutores e enfermeiros iniciar uma série de exames, retirando amostras de sangue e de outros fluídos, além de pelos e lágrimas. Injetam uma merda cinza no meu pescoço que causa uma forte tontura antes de eu cair no sono. Quando acordo, há um pouco de baba sendo seca da minha boca que estava dormente, bem como o restante do meu corpo.
     - Estava ansioso para experimentar esse troço com alguém do seu tipo - Declara um homem negro de barba rala me encarando com a cara fechada sentado numa cadeira há alguns metros de distância. Tento mover meus lábios, mas não sai som algum além de alguma coisa balbuciada. O sujeito me observa e sorri tranquilo, como se tivesse passado por aquilo um milhão de vezes - É uma honra conhecê-lo pessoalmente, senhor Azhiph. Embora não me conheça, conheci seu pai, assim como conheci outros Assassinos e pais de Assassinos. Não se preocupe com sua fala, seus músculos vocais voltarão a funcionar em breve - Ele se aproxima e consigo distinguir seus olhos azuis do resto do rosto, frios e sádicos, me encaravam como um leão encara um antílope. Eu queria falar, mas como não podia, simplesmente observo enquanto ele seca minha boca - Eles já te contaram sobre o Animus? Acredito que não. Nossos associados desenvolveram há alguns anos e aqui estamos por conta disso. Acontece que o Animus foi criado com o intuito de explorarmos um pouco mais nosso passado para descobrirmos mistérios deixados pela Ordem, assim como mapas e coisas dessa natureza. Tem sido nosso principal aliado, inclusive ele foi um dos responsáveis por termos descoberto o Olho de Hórus. Esse acredito que tenha conhecido e provado do seu veneno. Entretanto, imagino que o Olho não funcione com você, o que não se aplica ao Animus. Pelo contrário, seu corpo parece não oferecer a devida resistência e recebe o tratamento com tanta facilidade que fomos obrigados a mudar os metódos para testar nosso sistema em você. Não precisa se preocupar, qualquer erro trazemos você de volta, mas estou com pressa então precisamos ser objetivos. Espero poder contar com a sua ajuda - Sinto meus lábios voltarem a se mexer.
     - Pode contar com uma foda no teu rabo, seu filho da puta. Quando os Assassinos chegarem aqui, tomara que te trucidem seu viado.
     - Prefiro você com a boca fechada - Ele aproxima uma mesa, seleciona uma seringa e injeta seu conteúdo no meu pescoço - Se bem me lembro, os efeitos desse são mais rápidos. Vai ficar um bom tempo sem falar - Logo a maca muda de posição e uma série de instrumentos são ligados enquanto fios são conectados ao meu corpo e um painel começa a exibir uma série de gráficos.
     - Podemos iniciar a inserção - Avisa um doutor olhando para o sujeito escroto.
     - Então começe. Começe antes que ele abra essa boca - Sinto um forte estalo. A cabeça queima e aos poucos tudo fica branco. Fecho os olhos e aos abri-los novamente me deparo com uma fazenda enorme. Caminho alguns metros até uma série de mastros e, ao virar a esquina, descubro que não estou no mesmo lugar. Subitamente estava à frente de uma igreja enorme, com torres escuras e um grupo de homens de branco entrando pela porta da frente enquanto uma multidão aplaudia e pedia bençãos. Me vejo com trajes estranhos e medievais e um capuz acinzentado cobrindo meu rosto, então me deparo com homens ao fundo vestidos de branco e com lâminas curtas escondidas nas mangas das vestes. Eles me olham fixamente até uma carroça capotar próximo dali e a multidão se dispersar. Involuntariamente começo a caminhar, mas não demora muito para eu conseguir tomar o controle e usar a distração do alvoroço para fugir das figuras estranhas armadas. Depois de certa caminhada, me junto a um grupo que escuta os sermões de um pregador de rua. As pessoas estão concentradas demais para prestar atenção em mim, então escuto um som, um "clic". Um forte e repentino frio me afetam enquanto uma onda de calor se aproxima.
     - Você não passa de um rebelde - A lâmina é retirada do meu corpo e eu caio duro no chão, observando enquanto todos voltam sua atenção para mim, o jovem morto subitamente no meio de uma pregação urbana. Minha visão escurece e aos poucos me encontro de volta à sala dos Templários, e embora minha visão esteja enuvecida, ainda consigo captar as vozes.
     - Encontramos o local certo e provavelmente o parente correto, mas esses resultados estão estranhos, nunca vi nada assim, nem com os anteriores.
     - Talvez isso seja um bom sinal. Começem de novo - Outra vez sinto um estalo, só que mais forte e alto, então minha cabeça ferve e tudo fica branco. Quando as coisas voltam a ter volume e forma, percebo que estou numa espécie de tenda, nada de especial, porém com alguns pesos de valor em seu interior. Um jovem entra na tenda apressado e ofegante, então se senta e me encara cansado.
     - Conseguimos a distração, mas não sei por quanto tempo vamos conseguir a brecha. Acha que enfim vamos conseguir recuperar os papéis, senhor? - Olho para ele intrigado pouco antes de me virar e reparar que havia comigo uma espada, uma lâmina e, pouco atrás, um corpo humano. Um rastro de sangue se seguia pela tenda até onde estava minha espada, na bainha.
     - Quem você acha que eu sou?
     - Essa pergunta foi séria, senhor?
     - Sim, foi.
     - O senhor é Wilkar Azhiph, filho de Ebenezer - Engulo em seco. Seria possível?
     - Tem um espelho aí? - Questiono preocupado.
     - Não senhor, por que?
     - Nada, só...minha cabeça dói um pouco.
     - Se desse para cancelar a missão eu não hesitaria, mas não podemos voltar nesse ponto. Se o senhor quiser, talvez possa sair daqui e nós cuidamos do resto - Ele me olha, então me ponho a pensar enquanto uma série de imagens alheias à minha vida preenchem o vazio que sinto.
     - Não vou recuar. Se prepare para sairmos em dez minutos - Ele concorda com um meneio e se retira da tenda enquanto me pergunto por que diabos tinha falado aquilo. Tinha alguma coisa me forçando a pensar e falar coisas que não queria. Com esse receio na minha cabeça, saio da tenda olhando apreensivo de um lado para o outro e pulando em uma carroça. Sinto uma onda de reflexos mais rápidos que os meus tomando conta das minhas ações, me levando a ficar de esgueira na lateral da carroça e aproveitar o momento para pular em outra carroça. Chegando numa esquina, pulo em um mastro erguido e giro nele, subindo em sua base e me equilibrando com certa dificuldade antes de chegar a salvo no topo do edifício. Caminho tentando vencer os estímulos que me levavam a querer me esconder, então sinto algo quebrando dentro de mim. Um soldado se aproxima vitorioso com um arco nas mãos enquanto agonizo em meus últimos instantes. Dois pares de braços me puxam para fora da maca. Estou balbuciando coisas que nem mesmo eu entendo enquanto uma série de imagens distintas passeiam pela minha vista, terminando com um sujeito semelhante a mim se aproximando de maneira ameaçadora. Quando finalmente rexobro a consciência, o sujeito escroto está sentado à minha frente, me observando com notória curiosidade.
     - Samuel Baxter. Sou coordenador desta instalação. Espero que a viagem tenha sido agradável, embora isso seja muito raro - Ele se aproxima e seca minha boca, então eu tento morde-lo, mas seus reflexos são agéis e ele se afasta com cuidado - Que ingratidão. Proporcionei uma experiência única para você me tratar desse jeito?
     - Que porra aconteceu ali? - Vocifero indignado - O que você fez comigo?
     - Você entrou no Animus. Usamos seu código genético para ativar memórias de ancestrais seus. Esse é o objetivo de sua criação. Você no entanto é diferente e parece ter reações mais distintas, e não somente se compararmos aos demais Assassinos que testamos, mas também aos outros da sua laia e do seu pai. Não imagino quais possam ser os efeitos colaterais, mas acredito que a experiência tenha soado um pouco mais realista. Seu acesso é diferente, toda vez que morrer você se desconecta automaticamente, é incrível. O problema disso é que, como eu avisei anteriormente, tenho pressa em obter o que preciso, e por isso preciso que você coopere comigo, sim?
     - Que horas são?
     - Você ficou desacordado por quase trinta e seis horas. Por que?
     - Só quero garantir que eu vou te xingar pelo menos uma vez por dia até os Assassinos darem as caras nessa sua base, seu filho da puta.
     - Você consegue ter a boca bem suja, não acha que devia maneirar? - Eu reconheço a voz, mas meus sentidos não estavam sadios o suficiente para que eu conseguisse raciocinar. Dirijo o olhar para a porta e me espanto ao ver Nathan ali, parado com um terno Templário me observando com desdém - Seja mais educado se possível, estamos tentando levar a sério nosso trabalho.
     - Você está com esse filho da puta? - Pergunto revoltado - O Dustin colocou a fé dele em você e você...
     - Acho que agora entende nossa posição, senhor Azhiph - Declara Baxter se aproximando de novo - Sabemos onde fica sua base e podemos matar todos os seus amiguinhos Assassinos, então colabore conosco e sairá com vida daqui.
     - E você não irá matar os Assassinos, certo? - Encaro Samuel olhando diretamente para seus espantosos olhos claros.
     - Não se nos ajudar o máximo que puder.
 


Notas Finais


Agora Derek está em uma enrascada!!!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...