É assustador: em primeiro lugar, de acordo com as minhas vagas lembranças, não pedi para estar aqui; mas me ensinaram a andar, a falar e a fazer um monte de outras coisas. Lembro-me das fantasias que criava no Fundamental, quando imaginava o mundo com bruxas, elfos e fadas. Nessa época, as palavras diziam muito mais, e eu me preocupava muito menos.
Mas a vida, como uma mãe, nos ensina a seguir em frente. A terceira pessoa do plural está acostumada a dizer-me "adeus", mas faz parte - às vezes é preciso perder para, então, ganhar. Somos partículas prestes a colidir. Diariamente, faço o que me é submetido: vou à escola, ao cursinho, a casa. E isso se repete... Parece que nunca acaba. Porém, esta rotina não marca, e sim o que foge dela - o pouco que se desvia do padrão é suficiente para ser lembrado, e impacta.
Aliás, os nossos heróis já foram como nós. E nós podemos ser como eles, se persistirmos. Há muita coisa ao nosso redor que insiste em nos puxar para baixo, assim como a própria gravidade. Entretanto, nada disso é capaz de derrotar o que transcende a realidade: os sonhos. Estes precisam ser vividos intensamente, pois fazem parte da essência humana; na pré-história, por exemplo, os nossos ancestrais representavam, com pinturas rupestres, seu desejo de caçar animais. Agora, os sonhos estão mais ambiciosos, mas não impossíveis de serem alcançados.
E o tempo não para: ao passo que estamos parados, ele não está. Contra a nossa vontade, horas, dias, meses e anos se vão sem nos darmos conta. Ganhamos cicatrizes, mas também acrescentamos um pouco de experiência à nossa mente. Ademais, também ficamos mais medrosos e enferrujados; apesar disso, basta um pouco de óleo para nossas engrenagens rodarem melhor. Esse é o preço a ser pago por termos nos tornado quase "robôs".
E qualquer coisa pode acontecer, como a construção de uma família, o surgimento de uma doença, alguém ir embora, ganharmos na loteria, nos tornarmos presidentes, etc. Isso jamais nos fará ser menos do que já somos. É preciso arcar com tais acontecimentos. A partir do momento em que os superamos, nos tornamos ainda mais fortes.
Portanto, crescer é, a cada novo dia, ser um pouco mais do que se foi antes. O importante é melhorar. Quem não está apto a prosperar acaba regredindo, fechando-se em seu próprio casulo; perdendo um pouco do mundo, que é imenso. E envelhecemos, aprendendo mais e mais. Envelhecemos em harmonia com o tempo, como deve ser.
Quando morremos, quando somente os nossos ossos permanecem, tudo o que fizemos terá marcado alguém. Não é necessário ser imortal ou ter mudado o rumo da humanidade. Basta fazer o melhor, no seu tempo. As nossas angústias terão cessado; as nossas lágrimas terão secado.
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