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História A Coleção de Universos - A Tribo


Escrita por: Ertam

Capítulo 10 - A Tribo


Ouço os baques. Estou em uma van que se movimenta rapidamente. Não há claridade, exceto pela luz que irradia-se através de uma minúscula brecha na porta. Não sei de onde vim e muito menos aonde vou. Não há saída, e estou fraco. As horas demoram a passar, mas finalmente o veículo para.

Escuto passos. Ouço o barulho de chaves destrancando um cadeado e, depois, as portas são abertas. Dois homens vestidos de branco carregam-me pelos braços – um de cada lado – e me arrastam para uma selva densa. Sinto o chão atritar-se com o meu cansado corpo e sou jogado abruptamente no chão, inalando poeira. Então, eles vão embora. Estou fraco.

Grito inutilmente. O fim se aproxima. Estou preso ao meu próprio corpo. Uma cobra cascavel se arrasta sorrateiramente à minha direção. Seu chocalho é frenético. De repente, uma flecha a atinge. Olho para o alto, e lá está o meu salvador: colares pendem em seu pescoço; sua pele, de tom escuro, não tem rugas. Aparentemente tem uns 25 anos. Em seu corpo, noto símbolos que jamais havia visto. No entanto, seu arco está apontado para mim.

Quando ele vê que sou inofensivo, pula do mais alto galho da árvore e atinge o chão. Sussurra algo e, logo, os seus companheiros aparecem. Levantam-me e me carregam. Deparo-me com uma aldeia: ao fundo das cabanas, há um imenso templo asteca de mais ou menos 80 metros. No topo existe uma fumaça com luzes que giram intensamente em todas as direções.

Não consigo visualizar mais nada. A tribo, ou parte dela, leva-me para dentro de uma Oca. Lá, uma senhora, com uma pena presa ao cabelo, busca algo nas estantes, nas quais é possível observar frascos com líquidos cintilantes. Finalmente pega um pequeno frasco de vidro com um conteúdo laranja e vem em minha direção. Assim, fito o seu rosto: seus olhos são cinzas. Ela é encorpada e usa um traje de couro.

A senhora segura meu queixo e abre a minha boca, obrigando-me a beber o estranho líquido. Minhas forças reaparecem como mágica. Uma sensação prazerosa percorrer o meu corpo. Consigo levantar-me; minha memória reaparece. Linhas percorrem meu cérebro. Meu nome é Lee, e não sou deste planeta.

— Fique calmo, meu bem! - diz a senhora calmamente enquanto segura o frasco já vazio.

— Como eu vim parar na Terra e por que trouxeram-me aqui? - pergunto, pois esta é a parte a qual não consigo lembrar-me de forma alguma.

— Você veio para nos ajudar. É seu destino, meu bem. Sinto muito! - afirma, embora eu ainda não esteja acreditando.

— Aliás, quem é você, uma bruxa?! – questiono.

Ela não responde. Uma tempestade se aproxima.

...

A estante com poções é soprada pelo vento e empurrada para a parede. A Oca, aos poucos, cresce. Os olhos da feiticeira, agora, tornam-se negros. E tudo flutua, inclusive a pluma presa ao penteado da bruxa, que gradativamente é arrancada em pleno ar até se transformar em caneta-tinteiro. Uma folha voa para debaixo da caneta, que logo se molha em um tinteiro planador e começa a escrever. Ao fundo, uma bagunça.

Caro Lee,

Você não está aí por acaso. Ser portador de grandes poderes não é tarefa fácil. São com pessoas assim como você que o improvável acontece. Tenho de informar-lhe que sua missão é resolver o mistério da pirâmide, pois a conexão dela com os universos paralelos está instável. Leve como aliada sua amiga, a bruxa.

Atenciosamente,

H.

Quando a caneta termina, volta para a cabeça da bruxa, que me estapeia na face; então, a Oca volta a ser como antes.

— Respondi à sua pergunta, meu bem? - questionou a bruxa em tom de deboche.

— Em partes. Você é mesmo a minha amiga? E quem é H.?

— Ele é nosso líder, e, sim, sou sua amiga. Pensei que sua memória tinha voltado. Quer outro frasco, meu bem?

A Bruxa conta-me que há muito tempo o templo Asteca é o portal universal, um dos poucos que ainda funcionavam no planeta. Seu destino era uma civilização super avançada de um distante planeta. Esse permitia viagens por meio do tempo-espaço em frações de segundos. Todavia, outra civilização o sabotou, impedindo a comunicação entre os povos.

— Quem me trouxe aqui? Eu estava em um caminhão e... - a Bruxa me interrompe.

— Meu bem, o governo o trouxe. Você é o engenheiro. O único extraterrestre da raça Ertam na Terra. Como não quis vir, doparam-no e eu o fiz perder a memória. - diz a bruxa.

— É isso? Estou aqui contra a minha vontade? – pergunto, alterando o tom.

— Não mais. A partir de agora, você quer.

— Tem razão! Sim, eu quero. – digo, sem entender o porquê.

— Nada que uma boa poção não possa fazer. Certo, meu bem?

— Sim...

— Ótimo. Aceita uma xícara de chá?

— Quero, sim!

A bruxa, gesticulando, faz com que duas xícaras sobrevoem nossas cabeças.

— Sinto muito... E a bruxa começa a chorar!

— Por quê?! – sem entender, interrogo.

— Desculpa, o que disse? – Mais uma vez, a bruxa volta ao normal.

Ouço a batida de um tambor.

— Quer conhecer a tribo?

— Pode ser. Está escutando o tambor? – indago.

— Parou!

De fato, o tempo para; as vozes cessam-se. Escuto o tambor. Talvez, o mundo acabara em mim, e apenas isso. Infeliz... Onde está a tribo? Bem, é complicado. Quem sabe a resposta esteja nos detalhes; estes os quais não compreendo. Eu, miragem, ilusão, distração, tudo, nada, forjado em períodos e morto pelo ponto. Mas posso reviver: basta recomeçar. E tomo novas formas.


Notas Finais


Acabou. Obrigado por terem me acompanhado até aqui! Agora, iniciarei a escrita de um Romance, saindo da minha atual fórmula (escritos reflexivos). É uma nova etapa, e espero que dê certo. Até a próxima!

Em 2017, novidades. Estou muito feliz com tudo isso. A receptividade de vocês é especial demais. Muito, muito obrigado.


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