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História A colecionadora de cicatrizes - Arendelle.


Escrita por: TrizDosAnjos

Notas do Autor


Não vou nem chegar dando oi animado pq estou atrasada. Antes de qualquer coisa queria dizer que eu tive que reescrever uma parte do capítulo e, como devem ter reparado, ele ficou razoavelmente grande :p E também era carnaval, minha prima veio para cá e eu tinha que dar atenção á ela, então espero que entendam que NÃO foi por falta de compromisso, foi porque realmente não consegui.
Aliás estou com bastante medo, porque daqui a uma semana minhas aulas voltam e eu vou estudar o dia inteiro. Tipo, vou sair de casa umas cinco da manhã e chegar umas sete da noite, acrescentem aí o tempo de eu jantar, tomar um banho e fazer os trabalhos de casa. Fora o curso sábado e o catecumenato domingo. Ou seja: vai ser tenso. Vou tentar continuar postando semanalmente, mas considerando que tenho outra fic, acho difícl. Então, por favor, tenham paciência.
Sinceramente, espero que gostem do capítulo! Boa leitura!

Capítulo 16 - Arendelle.


Fanfic / Fanfiction A colecionadora de cicatrizes - Arendelle.

  Se alguém perguntasse o que eu estava fazendo, minha resposta seria “lendo”, todavia, definitivamente, aquilo não era o que eu estava fazendo. Na verdade não conseguia me lembrar a quanto tempo eu estava encarando aquele conto.

  Eu só conseguia pensar que era meu nome. Meu nome bem ali, com todas as letras.

  O que isso queria dizer? Significava alguma coisa? Não era possível que fosse tudo um enorme bolo de coincidências! Eu não acreditava nisso. A hipótese havia sido descartada imediatamente quando vi meu nome ali.

  Meus pensamentos foram interrompidos por duas batidas nada delicadas na porta. Quando fechei o livro e levantei o olhar, Killian já havia entrado e olhava para mim parecendo meio culpado.

_Boa tarde. – Cumprimentei-o, apenas por educação.

_Boa tarde, Swan. – Ele respondeu e me peguei admirada com como meu nome soava bem quando pronunciado por Killian. –  Espero que me perdoe pela noite passada. Eu estava fora de mim.

  Abri a boca, completamente sem palavras. Então ele sabia ser agradável?!

  Rapidamente fechei minha boca e me ergui. Mas é claro que sabia. Ele não havia sido gentil no dia em que eu havia cozinhado? Sim, havia. Então pronto. Killian Jones sabia ser amigável.

_Não foi nada. – Retruquei. – Todos nós temos dias bons e ruins. É completamente aceitável.

  Ele negou, realmente arrependido.

_Não é não, Emma. Não deveria ter descontado em você, ou em meus homens. Minhas sinceras desculpas.

_Desculpas aceitas. – Falei com um sorriso. – Eu posso sair agora?

_Sim, claro. – Assentiu. – Regina pediu para que eu avisasse que ela deseja falar com você.

  Anui dando batidinhas de leve em meu vestido, limpando uma poeira que certamente não existia.

_Até logo, senhor. – Me despedi e saí da cabine, descendo as escadas e indo encontrar Regina no depósito.

_Ah, você chegou. Até que enfim! – Falou Regina, assim que entrei no lugar e fechei a porta. – Killian se comportou ou ainda continua sendo o babaca que incorporou de madrugada?

  Não pude evitar o riso.

_Ele se comportou, senhora Jones. – Brinquei, fazendo a morena revirar os olhos.

  Sentei em um barril vazio que estava ali no canto e passei a mão sobre a capa novamente.

_Regina. – Chamei e ela olhou imediatamente para mim. Coincidentemente, Henry fez o mesmo e me surpreendi com o quão parecidos os dois eram. – Esse livro, onde você conseguiu?

  Ela franziu o cenho.

_Por que quer saber?

_Eu...ér... olha, isso pode parecer bem idiota, mas eu meio que... conheço os personagens dessas histórias.

  Tenho quase certeza de que Regina franziu ainda mais a testa.

_Emma, deve ser só impressão sua.

  Neguei repetidas vezes com os olhos arregalados.

_Não, o meu nome está aqui e o de outras pessoas. Eu juro que não é coisa da minha cabeça!

_Deve ser só coincidência, Emma. – Ela suspirou me passou Henry. – Cuide dele para mim, sim? Tenho que ir falar com Killian. Parece que é importante. Já volto.

  E antes que eu pudesse dizer qualquer outras coisa, ela já havia saído.

_Brr-hmm, uhm! – Henry balbuciou.

_Pois é querido, talvez sua tia esteja enlouquecendo. Só talvez.

  Pus o bebê no chão e me sentei de frente para ele, fazendo o mesmo que Regina fazia: murmurar palavras que eu tinha certeza de que ele não iria conseguir repetir. Mas o menino achava graça e sua risada era uma gracinha, portanto é claro que fiquei entretida por um bom tempo.

_Você ainda é muito novinho, não? Sua mãe está doida para ouvir sua primeira palavra.

  Henry não me respondeu, claro, ele estava ocupado demais comendo a própria mão.

  Então houve aquele momento em que meu olhar pousou no livro que ainda estava sobre o barril. E se fosse, realmente, só besteira? Poderia ser apenas minha imaginação, não?

  Não me conti e peguei “Once upon a time”, abrindo na página do conto que minha mãe costumava ler para mim.

_Sabe, bebê, acho que você vai gostar de ouvir uma história. – Falei e Henry bateu as mãozinhas animado, afinal de contas, ele ainda não sabia identificar uma mentira. E eu não poderia simplesmente para de olhá-lo para reler um conto, eu não era assim tão burra. – Muito bem, lá vamos nós. –Pigarreei e então comecei a leitura. –  “Era uma vez num lindo reino, uma rainha que estava prestes á dar a luz. Ela e o marido sonharam muito com a criança que estava por vir, mas estavam preocupados, pois um feiticeiro muito cruel os havia ameaçado.

_Dlá, brrrr!

_A, entendi. – Respondi o menino, mesmo não tendo entendido o que ele queria dizer. –  Vou continuar lendo, sim? – Henry sacudiu as mãozinhas. Interpretei isso como um “Sim!”. –  “Ele dissera que aquele reino era dele por direito e que não deixaria ninguém toma-lo. Em seguida ameaçou matar o bebê que estava a caminho.

  “O rei e a rainha ficaram amedrontados e, desde então, passaram a ficar em seu castelo o tempo todo. Não saiam para nada e apenas empregados confiáveis tinham passe livre para entrar e sair.” –  Dei uma pausa rápida para tirar um sapato de Regina das mãos de Heny, que achava que tudo era comestível. –  “Até que, em um belo dia de sol, a rainha teve uma ideia. ”Por que não falamos com a fada azul?” Sugeriu ao marido. “Talvez ela possa nos ajudar a deter este homem!”.  O fato é que, quando os dois chegaram na floresta negra e a fada azul apareceu, as coisas não melhoraram  muito. ”Não posso ajuda-los a deter este feiticeiro, me perdoem.” Disse a fada, “Porém, esta criança que está a caminho pode.”. O rei ficou surpreso, mas a rainha, que era curiosa, perguntou: “Como poderia um bebê deter um homem tão poderoso?” ela perguntou. “Esta criança é fruto do amor verdadeiro de vocês dois, e é tão poderosa quanto os laços que os unem. Mas não é como um bebê que ela deterá o feiticeiro. Terão de protege-la e educa-la até que o momento certo chegue.”. “E quando seria esse momento?” perguntou o rei. “Quando ela completar dezoito anos. Esta será a hora.”.

  “Satisfeitos com o que a fada dissera o casal voltou para o castelo. Eles ainda não sabiam como iriam proteger sua herdeira, mas tinham esperança de que tudo daria certo. Acreditavam que podiam ter um final feliz, e isso já era algo extremamente grandioso.

  “ Mas o destino não colaborou com o casal, de modo que a rainha adoeceu e logo o reino todo estava em prantos, com sua possível morte e, consequentemente, a da criança. O rei tentou de todas as formas curar sua esposa, mas nenhum médico ou curandeiro conseguia descobrir o que ela tinha e a cada dia que se passava a situação se agravava.

  “ Sabendo da terrível situação na qual a rainha se encontrava, o cruel feiticeiro invadiu o castelo e fez uma proposta ao rei: ele curaria a mulher e garantiu que a criança nasceria saudável, mas a queria como pagamento. Desesperado e sem sequer pensar com cuidado, o rei aceitou sua proposta.

   “ O feiticeiro cumpriu o prometido, curou a rainha que, por sua vez, deu a luz a uma linda menina, forte e saudável.” –  Fiz uma pausa, encarando com certo medo aquelas duas palavrinhas. Após algum tempo, várias reclamações de Henry e um pigarro, continuei a leitura. –  “Emma Swan, foi o nome que escolheram para a princesa. Mas a felicidade não durou muito, afinal o rei tinha prometido entrega-la ao feiticeiro.”

  “A rainha ficou furiosa quando descobriu, mas a fúria foi substituída pelo medo. Ela teria que entregar sua menininha? Não, se pudesse evitar. E ela e o rei tentaram, com todas as artimanhas existentes. Todavia o feiticeiro era astuto e todas as tentativas de proteger a menina foram ao chão quando o mesmo roubou a criança.

  “Inconsoláveis, o rei e a rainha correram para falar com a fada azul novamente, na esperança de que ela os ajudaria a reaver a filha. “É tarde demais!” ela disse, tristonha “Agora só depende de Emma e do anjo que a guarda.”, “Mas a senhora não pode nos ajudar a encontra-la?” Perguntou a rainha. “Infelizmente nem mesmo eu sei onde a filha de vocês está, as trevas do feiticeiro não permitem que eu enxergue seu paradeiro. Tudo o que sei é que os planos dele mudaram, mas não totalmente. Ele ainda quer o reino.” E, com essas palavras, ela se foi.

  “O rei e a rainha ficaram confusos, afinal não fora a escolha proposta pelo feiticeiro? Que eles entregassem o reino ou a criança morreria? Mas era este o ponto, Emma estava viva, então talvez ainda houvesse esperança. Foi o que eles pensaram.

 “ Contudo os anos foram se passando e, por mais que tentassem, o casal não conseguiu sua menina de volta. Ela crescia muito além das fronteiras do reino, forte, corajosa e cada vez mais bela, com seus fios loiros e olhos verdes, porém cercada de maldade. Mas nem mesmo a escuridão do feiticeiro era capaz de destruir a luz que ela carregava em seu coração...

_Vejo que o livro realmente prendeu você. – Ouvi Regina dizer em algum lugar atrás de mim.

  Fechei Once upon a time e olhei para trás sorrindo.

_Não só a mim, Henry também está amando as histórias!

  Ela sorriu e caminhou até o menino, pegando-o no colo e enchendo-o de beijos. Henry não pareceu gostar muito.

_Obrigada por olhar ele para mim Emma, Henry adora você. É quase uma segunda mãe para ele!

  Revirei os olhos me levantando para poder conversar melhor com a morena.

_Não exagere Regina. Mas me conte, como foi a conversa com Killian?

_Não foi exatamente como eu gostaria que tivesse sido. – Ela disse, com o nariz torcido.

_Posso saber por quê? – Quis saber.

  Regina me olhou meio apreensiva e colocou o filho sentado em sua cesta/berço.

_Emma... eu só vou lhe contar porque acho que você merece saber, mas não é uma notícia que me agrada.

  Engoli em seco.

_Tudo bem, pode contar.

  Regina segurou minhas mãos e focou seu olhar ali por vários minutos.

_Regina? – Chamei-a. 

  A morena suspirou, meio receosa, olhou em meus olhos e disse:

_Sua família não deu qualquer sinal, Emma. Nada.

_Eu já esperava por isso. – Pensei alto.

_O que?

_Nada, nada importante. Termine o que estava dizendo, por favor.

  A morena deu um passo para trás e cruzou os braços, dava para ver em sua cara que ela estava aborrecida e confusa.

_Killian decidiu esperar um pouco mais, quando ancorarmos em Arendelle ele tentará contato novamente. Mas estou preocupada, e se eles simplesmente ignorarem ou sei lá? Eu não tenho a menor ideia do que Killian poderia fazer com você.

  Assenti.

  Não era nenhuma surpresa que meu pai não iria mover nem uma pedra por mim. Mas minha mãe? August? Até mesmo Granny e Ruby. Se todos eles se juntassem poderiam, sim, me levar de volta para casa. Então por que não o tinham feito? Será que tinha o dedo de Rumple nisso tudo?

  Não me lembro exatamente como cheguei ao deque, nem se me despedi de Regina, ou se encontrei alguém no caminho, mas lembro do quão lindo o mar estava. E do quão confuso meu coração se encontrava.

                                                                        ❤

  Quando a confusão do dia anterior me abandonou e eu resolvi procurar Mike, tive uma linda surpresa: chegaríamos a Arendelle me algumas horas. Mas isso fora de manhã, bem cedinho e agora já devia ser uma da tarde. Sim, estávamos oficialmente em Arendelle.

  O que não era nenhuma maravilha, já que eu estava proibida de sair do Jolly Roger. Mesmo assim estava esperançosa, enquanto ia chamar o capitão para comer apenas uma coisa passava pela minha cabeça: eu iria a praia, com ou sem a permissão de Killian. Ele não era meu dono, eu já estava fazendo muito em pedir para ir.

  Bati na porta e, antes que recebesse a autorização para entrar enfiei minha cabeça pelo pequeno espaço que abri.

_Posso entrar? – Perguntei, provavelmente soando tão empolgada e determinada quanto eu estava.

  Graças aos céus Killian estava vestido, apenas deitado e olhando para o nada. Ele olhou para mim e eu soube que iria reclamar, mas não me afetei, hoje eu iria colocar os pés em terra firme.

_Swan, o que lhe disse sobre respeito?

  Encolhi os ombros.

_Me desculpe... Posso entrar? – Repeti.

  Jones bufou esfregando o rosto.

_Pode.

_Boa tarde para o senhor! -Cantarolei ao entrar saltitando. 

_Mas que diabos! Que bicho te mordeu, Emma? 
  Dei uma risadinha e dirigi-me a sua estante de livros, conferindo cada título.

– Regina me mandou chama-lo para o almoço. –  Cantarolei novamente, ignorando o que tinha dito e puxando um livro de romance. – Não sabia que o senhor gostava de romances! -Comentei alisando a capa de um dos meus livros favoritos. 

_Não toque nisso! – Brigou ao surgir do meu lado. Ele tirou o livro de minhas mãos e o pôs no lugar onde estava antes.

_Ah! Eu entendo! Também tenho ciúmes dos meu livros favoritos! – Tagarelei  –  Este é um de seus favoritos?
  Ele me fuzilou com o olhar, fazendo-me tremer de medo.

_Pelo visto sim. – Sussurrei comigo mesma quando ele se afastou para colocar suas botas.
  Quando o capitão terminou e saiu da cabine como se eu não existisse. Não me importei de gastar um pouco da minha energia correndo atrás dele.

_Posso pedir uma coisa? – Perguntei ao alcançá-lo.

 Killian revirou os olhos, mas aquiesceu.

_Peça. 

_Que bom, porque se tivesse dito não eu ia perguntar do mesmo jeito. 

  Jones me encarou vermelho de raiva.

_Ande logo, Swan! Antes que eu perca minha paciência!

  Você por acaso tem alguma? Pensei.

_Posso ir á praia? 

  Ele juntou as sobrancelhas e arregalou os olhos, como se eu tivesse dito um tremendo absurdo.

– O que? Claro que não!

_Por favor! Que problema há? Prometo me comportar! –  Implorei juntando as mãos e fazendo bico.

  Ele revirou os olhos.

_ Lembra-se do que disse  quando atracamos? Você deve ficar no Jolly Roger.

_Então, eu não sei, o  senhor vem comigo! –  Apelei, sacudindo os braços, certamente demonstrando meu desespero momentâneo.

_ Já dei minha resposta e ela foi: não.

_Por favor! –  Insisti. –  Eu imploro! Eu preciso pisar em terra firma, ou vou enlouquecer!

  O capitão continuava a me olhar, impassível.

_ São só alguns minutinhos! – Continuei. –  O que custa?

  Ele bufou.

_Ok, Swan. Mas já vou avisando:  se fizer qualquer gracinha, o anexo te espera.

_Muito obrigada! – Gritei, um pouco alto demais,  ao me jogar em cima dele.

  Killian pareceu surpreso com meu ato, porém não brigou comigo, na verdade ele não pareceu se importar. O que era um verdadeiro milagre.

  No entanto algo estranho aconteceu. Quando seus braços fortes me envolveram, quando estava perto o suficiente para sentir seu aroma de mar e grama molhada, uma onda de calor me invadiu, seguida de um arrepio.

  E então nossos olhares se encontraram. Azul no verde.

_Desculpe. – Levei as mãos á boca ao me dar conta do que tinha feito. -Acho que nunca fiquei tão feliz! – Falei sinceramente, deixando escapar um riso. – Me desculpe, novamente, acho que me empolguei demais.

_Tudo bem. – Ele disse meio aéreo.

  Seguimos para o convés inferior e nos juntamos ao restante da tripulação. Todos pareciam felizes, cada qual com sua caneca de sopa, tagarelando sobre coisas sem importância, contando piadas e rindo. Mas o capitão continuava sério. E assim permaneceu pelo restante da refeição.

                                                                           ❤

   Killian  me levou á praia assim que terminamos de comer, provavelmente para se livrar de mim logo. Não fiquei chateada. Estava empolgada demais para isso.

  Quando meus pés finalmente tocaram o chão, o chão de verdade, foi como se um peso gigantesco abandonasse meu corpo. Senti-me tão leve que me perguntei se o vento poderia me carregar.

  Mas minha ficha só caiu oficialmente quando começamos a caminhar pela areia. Derramei algumas lágrimas secretamente. Terra firme. Não havia água salgada debaixo daquilo. Parecia até um sonho.

 Jones continuou calado , como se apenas seu corpo estivesse ali. Pensei que talvez também fosse estranho para ele, afinal Killian passava muito mais tempo no mar que eu.

   Dei de ombros e parei para tirar meus sapatos, ficando descalça e deixando meus pés afundarem na areia morna.

   Estava um dia ótimo! A brisa da praia era fresca, o que amenizava o calor que estava fazendo, a água do mar não estava muito fria e a areia era branca e macia.

  O passei até estava sendo agradável, mas eu sou Emma Swan, e Emma Swan gosta mesmo é de falar. Sendo assim, em determinado momento, quando o passeio tornou-se maçante para mim, decidi me divertir sozinha.

  Após algum tempo acabei criando uma espécie de jogo. Um jogo muito estranho, por sinal.

  Basicamente o jogador – eu –  tinha que dançar acompanhando uma onda e depois fugindo da que viesse em seguida. Caso a água me molhasse ou eu pisasse fora da onda –  dependia da fase em que estivesse – eu perderia.
  Devo ter permanecido horas distraída com essa brincadeira. Eu gargalhava a cada cinco segundos, sempre que fazia um paço mais idiota ou quando quase perdia.

  Então todos os problemas se dissiparam, porque eu estava feliz e com o coração transbordando esperança. Neal sempre me dizia que quando existe uma porção grande de bons sentimentos em seu coração, os problemas não conseguem te atazanar.

_O que está fazendo? – Killian perguntou repentinamente. 

   Talvez minhas risadas histéricas tenham-no tirado de seu transe. Só talvez.

_Jogando um jogo que inventei. – Cantarolei entre gargalhadas enquanto fugia da onda dando rodopios desajeitados.

_Swan, poderia parar de cantarolar? Isso realmente me incomoda. – Ele pediu, com a voz rouca num tom calmo que ainda não tinha tido a honra de ouvir.

_Claro, não farei mais quando estiver perto do senhor. Aliás, sempre que me pedir algo, peça desta forma e eu jamais recusarei. – Deixei escapar, distraída demais em minha brincadeira para pensar antes de falar.

_Vou e lembrar disso, amor. –  Retrucou num tom malicioso, certamente com a sobrancelha erguida.

_Ah! Droga! –  Fingi que não havia ouvido seu comentário quando pisei fora da onda, perdendo o jogo.  Provavelmente estava vermelha como um pimentão, morta de vergonha. – Perdi! 
  Killian olhou-me como se eu fosse uma criança de cinco anos. Não posso culpá-lo, eu realmente estava parecendo uma.

_O que diabos...?

  Gargalhei ao ver sua cara de confusão, corando um pouco mais.

_Eu sei, é meio idiota, mas é divertido! -Garanti, colocando meu cabelo atrás da orelha. Eu estava de costas para o mar agora, focada no capitão. – Por que não joga comigo? 

  Ele ergueu uma sobrancelha.

_Eu? Ficar dançando igual a uma barata tonta? Não obrigado! Agora vamos voltar para o navio. 

_O que? Por quê?! – Perguntei indignada.

_Você já não passeou, Swan? Então, já teve o que queria. Vamos.

_Sabe, eu acho que está é com medo de perder o jogo para uma garota. –  Rebati com as mãos na cintura.

_Não vou cair no seu joguinho Swan. Agora, vamos.

  Estalei a língua fingindo analisar minhas unhas.

_Acho que alguém está com medinho...

  Quando vi seu olhar de esguelha tive certeza  de que tinha conseguido o que queria. Killian era orgulhoso demais para não cair em minha armadilha.

_Ah! Droga! – Ele reclamou passando o dedo indicador em todo o contorno de sua sobrancelha. – Como se joga isso?

  Dei um gritinho e bati palminhas antes de lhe explicar alegremente como funcionava a brincadeira.

_Podemos fazer assim, quem errar primeiro perde. – Sugeriu.

  Olhei para ele surpresa com sua súbita empolgação.

_Ótima ideia. Mas tenho certeza que vou ganhar. – Me gabei jogando o cabelo para trás.

_Ah, é? E se fizéssemos uma aposta?

_Como assim?

_Quem ganhar pode pedir alguma coisa para o outro, ou ordenar que faça algo.  – Respondeu maliciosamente.

  Ponderei por um momento, contudo estava convicta de que a vitória seria minha, então acabei concordando. Logo eu e Killian dançávamos como baratas tontas, indo ou fugindo com as ondas. 

  Me senti mais próxima dele, por um breve momento. O capitão gancho não pareia mais tão assustador enquanto tentava dançar na areia da praia.

_Argh! Você é muito boa nisso! – Killian queixou-se tentando continuar pisando na ondinha enquanto ela ia embora.

_Admita, eu tenho muito mais chance de ganhar! 

  Ele gargalhou e me segurou firme enquanto a onda vinha em nossa direção. 

_Acabo com suas chances em dois segundos! – Brincou prendendo-me na areia, impedindo-me de fugir.

   Dei um gritinho enquanto a onda se aproximava e Killian ria. 

   Então, rapidamente, desvencilhei-me das mãos de killian, virei de costas para o mar e corri.

_Ha! Você perdeu! – Gritei assim que vi a onda molhando os pés do capitão, perplexo com meu desempenho. – Eu disse que ia ganhar! – Joguei na cara dele.

  Killian fez uma careta.

_Devo admitir que você é boa nesse jogo. 

_O senhor foi muito bem, é questão de prática.

­_Ou isso foi porque você inventou o jogo.

_Ou isso. – Concordei.

  Killian sorriu. Não um sorriso malicioso ou sarcástico, e sim sincero. Não sei por quanto tempo fiquei hipnotizada por ele, mas me pareceu uma pequena eternidade.

_Tudo bem, agora vamos.

  Fiz que sim.

_Certo, vamos.

 Demos meia volta, seguindo para o Jolly Roger novamente. No início sem conversar, mas eu não me aguentei.

_Killian, o que o senhor vai fazer caso... – engoli em seco. – caso minha família não pague o resgate?

  O capitão me olhou, mas eu desviei o olhar, com medo de sua resposta.

_Emma, isso não vai acontecer. – Ele disse, convicto.

_Mas e se, hipoteticamente falando, acontecesse?

_Eu não iria jogá-la para os tubarões, caso seja esse o seu medo.

  Assenti, engolindo em seco. Certo, pelo menos eu não iria morrer, em compensação havia uma enorme quantidade de história que rolariam ladeira abaixo junto com a minha, e isso não era nada bom.

                                                  ❤

  Quando voltamos ao Jolly Roger me apressei para encontrar Mike, eu precisava contar a ele sobre a praia, sobre os contos do livro que Regina havia me dado, sobre o medo que crescia dentro de mim a cada dia, sobre meu pai.

_Emma! – Ele gritou animado, assim que o encontrei tentando limpar a cozinha, ou sei lá como ele chamava aquele lugar. – Como foi o passeio?

­_Foi... – Tentei me desligar um pouco do assunto “Meu pai e os problemas que ele me traz” e me recordar de quando estava na praia. Imediatamente me veio em mente a versão divertida, com espírito leve, de Jones. Não havia sido divertido somente para mim, o capitão parecia outra pessoa. – ... divertido. – Completei, provavelmente com uma pausa maior do que deveria.

  Mike abriu a boca para responder, no entanto fomos interrompidos por Smee que arrastava uma Regina extremamente pálida e trêmula.

_Pegue água para ela Mike! – Pediu Smee, arrastando um caixote para que a morena pudesse se sentar.

_O que aconteceu? – Perguntei, preocupada.

_Não sei, ela não quis me falar. – Smee respondeu. – Acho que é melhor eu ir, Killian mal chegou e já saiu com os homens. Vou ajeitar umas coisas e vou encontrar com eles.

_Pode ir, nós cuidamos dela. – Mike respondeu pegando o copo de água já vazio das mãos de Regina.

_É com Henry não é? – Sussurrei assim que Smee saiu.

  A morena assentiu e eu e Mike nos ajoelhamos de frente para ela.

_Conte o que aconteceu, Gininha. – O moreno pediu.

  Regina fechou os olhos e respirou fundo, uma lágrima pequena e furtiva escorria por sua bochecha.

_Ele piorou. Nu-nunca o vi tã-tão abatido! – Gaguejou. – De que me adianta ter magia, se não posso salvá-lo?

  Então ela desatou a chorar, abraçada a Mike, e eu desejei matar cada pessoa da minha família por estar fazendo ela passar por isso. Saber que o dinheiro de meu resgate era a única chance de Henry, isso era a pior coisa do mundo. Porque, por mais esperançosa que eu tentasse ser, a possibilidade de que aquilo tudo terminasse bem parecia absurda.

_Regis, há algo que possamos fazer? – Perguntei, com a voz ridiculamente esganiçada.

  Mike soltou-a e Regina fungou, limpando as lágrimas.

_Eu não sei, acho que não. Já procurei em alguns dos meus livros, mas os ingredientes que preciso para uma poção curativa não são nada comuns.

_Mas é algo relacionado a magia? Aquelas coisas de bruxaria, tipo “um olho do seu melhor amigo”? – Perguntou Mike, com os olhos negros arregalados.

  Eu certamente teria rido se não estivesse morta de preocupação.

_Não, não. São só umas folhas e umas outras coisinhas. Não é nada mágico, não exatamente, está mais para medicinal.

_ISSO! –  Mike bateu no chão com tanto força que caí para trás com o susto. – Tem um lugar aqui em Arendelle, uma espécie de loja, que vende plantas medicinais e até alguns remédios, podemos ver se tem algo lá que sirva.

_Você conhece Arendelle? – Foi a primeira coisa que saiu de minha boca.

_Já estivemos aqui uma vez.

  Assenti.

_Eu vou até lá. – Me ofereci. – É só o Mike me explicar onde é e eu vou.

_De modo algum, Emma! Killian ia matar você! Além do mais, eu posso ir. – Mike contestou.

_Não, isso tudo é culpa minha, eu quero ir.

_Ei, vocês dois! – Chamou Regina. – Emma, muito obrigada pela preocupação, mas eu concordo com o Mike, é melhor você ficar.

  Neguei.

_ Eu posso ir! – Insisti. – Vocês dois já fizeram tanto por mim, deixem-me fazer algo também!

  Regina suspirou, vencida.

_Certo. Mike, instrua ela, eu vou pegar a lista do que preciso.

                                                   ❤


Notas Finais


O que vocês acharam? E esse climinha básico que rolou, hein? Só vou dizer uma coisinho: capítulo que vem vai ter surpresinea :v
Enfim, espero que tenham gostado, gente! Deixem um comentário aí para essa pobre escritora enrolada :s
BEIJÃO!


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