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História A colecionadora de cicatrizes - Lar.


Escrita por: TrizDosAnjos

Capítulo 20 - Lar.


"Sei que existe alguém
Que está me esperando
Sonhos meus não vão errar
Vão me receber de braços abertos
Quando eu encontrar meu lar"

-Viagem ao passado, Anastasia.

                                                                            ❤ ❤ ❤

_O que? – Perguntei desconfiada.

  Até onde eu sabia, ficar hospedada no castelo não estava nos planos. Não lembrava de Smee, Mike ou Regina comentando algo do tipo. Eu não era burra, Killian estava improvisando. Tinha muita poeira debaixo daquele tapete.

_Apenas venha comigo, a princesa está nos esperando lá embaixo. Ah, e para todos os efeitos, você é minha esposa.

  Arregalei os olhos e me engasguei com o nada.

_Oi?!

  Killian revirou os olhos, assumindo sua máscara irritante novamente.

_Swan, apenas faça o que pedi, sim?

  Bufei e me ergui, descendo as escadas de mau humor. Custava me explicar de onde tinha surgido aquela mentira deslavada? Não, não custava nada. Mas era assim que as coisas funcionavam com Killian Jones.

_Emma?! – A princesa exclamou ao me ver.

  Anna. Eu tinha me esquecido completamente dela. Quer dizer, evitara um encontro com a menina durante todo o baile, pois sabia que se Jones descobrisse que já nos conhecíamos as coisas não acabariam bem. Agora não tinha nem a possibilidade de eu contornar a situação.

  Tentei pensar em algo para dizer antes que Anna abrisse a boca, mas não consegui a tempo.

_Céus, pensei que nunca mais te veria! Olha eu até fiquei triste, Elsa que o diga! Mas olha só, você está aqui agora! Espera, você não ia ir embora do reino? Ah, é verdade! Os pombinhos são viajantes! Esquece, deixa para lá. Ai Emma, que bom que vai passar um tempo aqui, vai ser tão bom!

  Killian, após assimilar tudo o que a ruiva tinha dito em menos de um minuto, olhava sem entender de mim para ela.

_Também senti saudades! – Foi o que consegui improvisar.

  Anna abriu seu sorriso mais doce e me abraçou.

_Bem-vinda ao seu lar temporário.

 E talvez pela primeira vez eu realmente me senti bem-vinda.

                                                 ❤

_ De onde ela te conhece, Emma? – Killian me perguntou assim que ficamos sozinhos no quarto.

  Anna dissera que era um dos maiores quartos e eu quase desmaiei só de pensar num quarto maior que aquele. Tratava-se de um cômodo amplo e extremamente claro por causa da janela gigantesca que dava para uma sacada simples. A decoração era toda em tons claros, a simplicidade era muita, contudo a elegância era ainda maior.

_Bem, é uma história engraçada, sabe?

  Jones ergueu a sobrancelha e cruzou os braços.

_Estou esperando.

_Também é bem longa.

_Não vamos sair desse quarto tão cedo, principalmente você.

  Franzi a testa.

_Principalmente eu?

_Swan, eu não sou bobo. É óbvio que você não ficou naquele maldito navio o tempo todo.

  Engoli em seco.

_A questão é: por que você voltou para ele?

  Por um longo tempo fitei os olhos azuis de Killian, que carregavam tantos sentimentos ruins que eu não era capaz de listar. De repente me vi com medo.

_Responda, Emma.

  Mas eu não era capaz de mover um músculo, quanto mais formular uma mentira descarada que servisse para fazê-lo acreditar em mim.

  Jones suspirou e deu um passo a frente.

_Pensei que poderia confiar em você, Swan, mas se ficar guardando segredos de mim... –Ele ergueu o meu queixo que eu nem percebi ter abaixado. – O que me diz?

  Porém eu não podia dizer nada. Queria que Jones confiasse em mim. Não sabia exatamente o motivo, mas queria. E queria poder confiar nele. Contudo o que estava em jogo era o futuro de Henry e Regina e eu jamais trairia minha amiga.

_Sinto muito. – Respondi.

  Killian semicerrou os olhos.

_Você está cansada, Swan. Conversamos melhor amanhã.

  Enquanto o pirata se afastava em direção a porta uma luz extremamente forte iluminou todo o local, seguida por um som que me fez soltar um gritinho e fechar os olhos com força. Como eu odiava tempestades.

_Aonde o senhor vai? – Perguntei, tentando não soar abalada, contudo não consegui, já que mais um trovão soou.

_Ia dar um tempo para que você pudesse se trocar.

_Eu não preciso me trocar, durmo assim mesmo.

  Jones franziu o cenho, todavia não questionou. Na verdade eu podia sentir que, assim como eu, tempestades não lhe traziam boas lembranças.

  Em pouco tempo soltei meu cabelo do coque, permitindo que as ondas douradas caíssem pelas minhas costas e me deitei na enorme cama do local. Jones, no entanto, sentou-se no divã que havia um pouco mais á direita.

  Mil coisas passaram pela minha mente. E nenhuma delas era boa. Lembranças desagradáveis, pensamentos pessimistas e pesadelos antigos que eu pensara que nunca voltariam a me atordoar.  Esse era o poder que as tempestades tinham sobre mim.

                                                 ❤

  Eu sabia que aquilo era um sonho antigo. Da época em que eu ainda era uma menininha amedrontada, porém esperançosa.

  E o pior de tudo era saber cada passo, cada segundo, cada fala, daquele pesadelo terrível.

 Eu andava cautelosamente, escondendo-me pelas sombras, não sabia exatamente para onde ia, mas continuava meu caminho ainda assim.

  Então, em meio á escuridão surgiu uma figura esquia, e eu sabia quem era, mas não conseguia sair correndo. Nos pesadelos minha consciência não contava, e sim o tal enredo maligno que eu tinha de seguir.

 Dei um passo para trás, deixando com que as trevas me envolvessem e escondessem, contudo meu coração batia depressa demais e eu estava ofegante, de repente era como se tivesse acabado de correr por horas. Estava fazendo barulho demais, ele me ouviria.

_Olá, querida.  – Ele dizia, porém não olhava em minha direção. – O papai sabe que você está aí, por que não aparece logo e facilita as coisas?

  Senti as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, o medo consumindo todo o meu ser vagarosamente.

  Eu sentia frio e não sabia o motivo, já que usava um casaco enorme que certamente era de Belle. Escorrei bem devagar pela parede sem nem desgrudar os olhos de Rumple. Ele estava diferente do que eu era acostumada a ver. A pele escamosa e verde, nunca lembrava dele assim em nenhum dos meus sonhos, nem mesmo este ao qual estava presa.

  Sentada no chão frio fechei os olhos, meus punhos encontravam-se fechados e eu tentava me concentrar ao máximo no cheiro de livros e canela que mamãe tinha, contudo o susto ao ouvir um estrondo arruinou tudo.

  E lá estava, bem á minha frente, Rumple olhando diretamente para mim com um sorriso cruel e os olhos brilhando vermelhos como sangue. Queria gritar, e estava prestes a fazê-lo assim que olhei para o lado e vi o corpo imóvel de Regina. Ela me olhava com seus olhos castanhos, antes tão cheios de vida, tão cheios de carinho.

  O grito parecia preso em minha garganta e o ar não entrava em meus pulmões.

  Comecei a chorar compulsivamente quando vi o pequeno Henry ao meu lado, seu corpinho completamente sujo de sangue e, quando o puxei para meus braços, estava frio, frio demais. De repente eu não era mais uma criança e não sabia mais para qual rumo aquele pesadelo estava indo.

_Te achei, Emma. – Ele sibilou e veio em minha direção

  E então eu estava de volta ao quarto de Arendelle, chorando muito e alto, de modo que Killian acordou com um susto.

  A tempestade lá fora já havia terminado, mas desta vez estava dentro de mim, e isso era mil vezes pior.

_Swan? – Chamou Jones,  sonolento.

  No entanto a única coisa que eu via era Rumple e seus olhos vermelhos vindo em minha direção, assim como Regina e Henry mortos bem á minha frente. Temia que aquilo fosse alguma espécie de presságio. E se meu pai tivesse ido ao Jolly Roger e, ao não me encontrar por lá, matado meus amigos? E se algo tivesse acontecido aos marujos? Céus eu estava apavorada.

_Emma, o que houve? – Killian indagou, desta vez soando preocupado. Ele caminhou até mim e sentou-se ao meu lado na cama. – Pesadelo?

  Juntei todas as minhas forças e assenti, todavia os soluços continuaram a sacudir meu corpo, mesmo que eu tentasse para-los. Havia mais lágrimas do que eu era capaz de secar.

_Então, Swan. Foi só um sonho ruim, não é real, volte a dormir. – Tentou, porém sua voz  rouca apenas me lembrava do sibilo de Rumple no sonho, assustando-me mais.  – Emma, – Ele sussurrou pegando minhas mãos. – não foi nada, tudo bem? Já passou. Vou ficar aqui com você até que durma novamente, mas agora volte a se deitar, sim?

  Eu obedeci, apesar de achar muito difícil que fosse me acalmar rápido. E achava ainda mais difícil voltar a dormir.

  Contudo estava errada. Não me lembrava quando as lágrimas secaram ou quando meus olhos se fecharam, mas em algum momento a presença de Jones me acalmou e o sono veio, macio e calmo como sempre deveria ser.

                                                 ❤

   Acordei com algumas empregadas que entraram arrumando tudo. Uma delas perguntou-me se eu gostaria de um banho, ao que eu prontamente disse sim.

  Elas me disseram que meu “esposo” – eu teria de me acostumar á isso – tinha pedido que viessem me trazer café, pois eu não poderia descer. Killian inventara que eu precisava descansar e que elas não deviam me deixar sair, mas é claro que eu tentei contornar a situação. E é claro que não funcionou.

  De acordo com as criadas, Jones tinha saído para resolver assuntos sobre nossa viagem. Supus que ele tivesse ido ao navio e isso me acalmou, pois de certa forma saberia como estavam todos e se meu pesadelo fora mesmo apenas um pesadelo.

  Ao pensar no dito-cujo um arrepio percorreu meu corpo, porém tratei de esquecer o assunto e me permiti um pouco de paz, conversando com as mulheres sobre coisas aleatórias.

  Descobrira que Paula, uma moça que devia regular idade comigo, recebia ajuda da rainha para criar seus oito irmãos, pois a mãe e o pai haviam morrido quando ela tinha apenas dez anos.  E também tinha Ivy, uma das mais velhas, que planejava um filho há anos e nunca conseguia engravidar.

  Provavelmente eu sabia mais da vida de todas elas que da minha própria.

  Depois do banho Alícia, uma mulher morena e um pouco séria demais, me trouxe um vestido violeta leve e de cintura alta. Ela decidiu que o mesmo ficaria mais bonito com meu cabelo preso num coque baixo e com uma tiara também violeta enfeitando o penteado.

 E quando pensei que fosse ficar sozinha Anna entrou com Elsa. As duas me deram boas vindas e a rainha me contou sobres os dramas da irmã, e assim o dia foi passando. Contudo Killian não voltava e eu fiquei nervosa.

  Devia era ter aproveitado minhas horas de felicidade, pois quando Jones voltou, ele voltou batendo a porta, chutando o armário e o escambal.

_Meu Deus, Killian! – Exclamei assustada.

_Você sabia, não é sua monstrinha?!

  Dei um passo para trás quando ele voltou seu olhar de ódio para mim.

_Sabia do que? O que aconteceu?

_Regina esteve mentindo esse tempo todo. Estava no meu navio com uma criança! – Esbravejou, dando ênfase ao “meu”.

  Engoli em seco. Certo, isso não podia significar boa coisa. Contudo não havia muito a ser feito, Jones talvez só estivesse com raiva por causa da mentira, talvez Regina estivesse bem.

_Bem, sim, eu sabia. – Confessei. – Mas o que há nisso? É só um bebê, Jones.

  Ele riu secamente.

_Eu quero ver como aquela vadia vai fazer agora! Sem teto nem idiota para enganar!

  Eu estava prestes a discutir sobre o termo com o qual se referira á minha amiga, contudo a parte final me chamou mais atenção.

_Como é que é? – Sibilei. – Você expulsou ela do navio?

_Expulsei e expulsaria de novo.

  Ri pelo nariz.

_E eu pensando que ainda tinha jeito para o senhor. – Peguei uma capa cor de vinho que as criadas tinham separado para mim, caso quisesse sair mais tarde com meu “esposo”. – Vou atrás dela, consertar essa asneira que você fez.

  Jones segurou meu braço antes que eu pudesse chegar á porta. Contudo não tive medo de olhá-lo nos olhos com toda a raiva que uma garota é capaz de sentir.

_Você não vai á lugar nenhum, Swan. – Rosnou.

_Killian, você já me separou da minha família. Não vai me tirar o lar que consegui construir. – Então puxei meu braço e saí pisando forte.

  Não me importava que não sentisse exatamente saudades da minha família. O que me importava era minha amiga e o filho dela.

  Regina estava sozinha com uma criança doente e sem ter para onde ir. O pior é que eu sabia o quão preocupada ela devia estar. Talvez fôssemos parecidas nesse quesito: a vida nunca nos dava trégua.

                                                                ❤


Notas Finais


PASSANDO AQUI SÓ PRA DIZER QUE:
1 - Estamos quase na metade da fic.
2 - Cap de semana que vem já tá escrito, yeeeey!

Enfim, vcs gostaram? Minha irmã me garantiu que tá bom, mas sabe como é escritor, né? :v


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