1. Spirit Fanfics >
  2. A colecionadora de cicatrizes >
  3. Mercadoria barata.

História A colecionadora de cicatrizes - Mercadoria barata.


Escrita por: TrizDosAnjos

Notas do Autor


Oi! Cá estou eu, com mais um cap top pro cês :p Espero que gostem pessoal <3

Capítulo 24 - Mercadoria barata.


"E na vida a gente tem que entender
Que um nasce pra sofrer
Enquanto o outro ri"

- Azul da cor do mar, Tim Maia

                                                       ❤ ❤ ❤

  Acordei antes que os primeiros raios de sol surgissem no céu, um pouco mais cedo do que deveria. Mais tarde certamente acabaria por dormir e quando a noite chegasse novamente, não teria sono o suficiente.

  Killian ainda estava dormindo e eu agradeci aos céus por isso. Não conseguia ignorá-lo completamente, muito menos ser seca como ele merecia. Me doía agir daquela maneira com qualquer um. Jones merecia sim, mas talvez aquilo estivesse castigando mais a mim que a ele e eu não conseguiria levar muito adiante.

  Já não estava mais tão magoada como antes, na verdade esperava apenas que ele tomasse a atitude de conversar com Regina e então estaria perdoado. Sabia que estava arrependido, ele dissera, afinal.

  Levantei-me enrolada ao lençol como preferia fazer, a camisola que Elsa havia me dado era um pouco reveladora demais e eu tinha tomado um terceiro banho antes de dormir, o que significava que qualquer um poderia ver minhas cicatrizes. Porém eu andava em conflito com elas, já não me pareciam mais tão bonitas como antes, todo o significado que carregavam evaporar e o que restou foi apenas um fiozinho de raiva.

  Não queria meu corpo marcado. Queria uma pele branca lisa, como porcelana, impecável. Em vez disso era como se eu carregasse diversas rachaduras, que apenas me enfraqueciam e enfeavam. Mas eu tinha dias e dias, tinha certeza de que logo essa sensação passaria.

  Caminhando ao armário como sempre fazia, já decidi que vestido iria usar. Estava de olho em uma cor de vinho, de saia bem rodada, como todos os outros, e cintura alta. Havia alguns pequenos detalhes em dourado na barra das mangas e da cintura que davam um toque especial á peça.

  Decidi prender o cabelo num coque simples e usar a tiara que havia encontrado entre minhas coisas na manhã anterior, ela certamente combinaria com o tom do vestido. Sem contar nos sapatos dourados que ninguém ia ver, mas eu insistira em colocar.

  Quando sentei-me de frente para o espelho me veio quase que de imediato a lembrança do último dia que passara com Belle. Eu estava muito diferente desde o acontecido. Já havia engordado e voltara ao meu peso normal, sem contar que as olheiras não davam as caras há semanas. Eu sabia que tinha mudado, inclusive gostava disso, de estar recuperando a Emma que era antes de Neal.

   Ele já nem me atormentava mais! Sentiria saudades para sempre, e é certo que nunca deixaria de amá-lo, contudo me sentia pronta para, quem sabe, um novo relacionamento. Me sentia livre.

  Quando finalmente estava pronta o sol começava a subir no céu e sabia que logo Killian acordaria. Porém eu não queria ter qualquer contato, não agora. Precisava de um tempo para mim.

  Com todo o cuidado do mundo, curvei-me por sobre o coro adormecido do capitão, apalpando os bolsos do sobretudo que estava usando desde o dia anterior – um bege e marrom que ficara maravilhoso nele. – em busca da chave da porta. Não sabia por qual motivo ele ainda insistia em trancá-la. Talvez para garantir que eu não fosse sumir, talvez para me obrigar a espera-lo para o café, eu não saberia dizer.

  Finalmente encontrei o que procurava e me dirigi á porta, abrindo-a com todo o cuidado para não fazer qualquer barulho. Eu teria cerca de meia hora até que o castelo “acordasse”, meia hora para mim, meia hora para pensar e resolver o que devia ser resolvido. A questão era, onde? De imediato pensei em Regina, ela estaria dormindo, o que significava que, além de já garantir uma companhia diferente para o café da manhã, eu ainda teria um lugar silencioso para refletir.

                                                          ❤

_Swan, por Deus! Onde você estava? –  Jones perguntou e eu pude ver que estava preocupado e não com raiva.

_Fui tomar café da manhã com Regina. Desculpe não ter avisado.

  Ele suspirou, passando as mãos pelos cabelos escuros. Queria que a conversa acabasse logo, afinal tinha marcado de cavalgar pelas redondezas com Anna. Além do mais eu e o senhor olhos azuis estávamos bem no meio da escada, eu subindo, ele descendo.

_Não faz mal. –  Retrucou. –  Apenas...Avise da próxima vez.

_Jones, eu não vou evaporar. –  Ergui uma sobrancelha, divertida.

  Killian franziu o cenho, confuso.

_Veja bem, não estou reclamando, contudo é isso mesmo que está acontecendo? Você está agindo normalmente, como a Emma de antes?

  Revirei os olhos, dando-lhe um tapinha de leve no ombro.

_Lembra o que eu disse? Fui tomar café com Regina. – Permaneci algum tempo olhando para ele, esperando que entendesse o que queria dizer, entretanto ele não mudou a expressão. Ri pelo nariz. – Killian, ela me contou.

_Contou o q...AH! – Então um enorme sorriso surgiu em seus lábios, iluminado todo o seu rosto e  só então percebi que sentia falta dos curtos períodos de tempo em que vira aquele brilho em seus olhos. – Então isso quer dizer que estamos bem? Que estou perdoado?

  Assenti.

_Mas não pense que esqueci, Jones. Por favor, tente se conter e parar de machucar os amigos ao seu redor. Nós nos importamos com o senhor. – Antes que percebe-se as palavras já tinham sido ditas e eu me surpreendi pela sinceridade delas.

_Nós?

_Eu sou sua amiga, não? – Perguntei, corando.

_Ah, acho que não há como negar. – Mas seu semblante havia mudado, voltado á escuridão, á tristeza. Me senti culpada, talvez devesse ter permanecido calada.

_Tudo bem? – Indaguei.

_Sim, sim! – Mentiu, enfiando um sorriso falso no rosto.

  Achei que era melhor deixar passar e ir logo me encontrar com a ruiva, e foi o que fiz.

_Sabe, não vou mentir Emminha, só te convidei para ter uma desculpa para ver Kristoff. – Foi a primeira coisa que Anna disse quando a encontrei.

_E por que você precisa de uma desculpa?

  Ela deu de ombros.

_Não queria deixar na cara que estou interessada. – Ela olhou ao redor, como se temesse que alguém tivesse escutado. – Ele é tão maravilhoso!

_Então vamos nos apressar, quero ver se aprovo! – Brinquei.

_Pode ter certeza de que irá aprovar! Ele é um pedaço de mau caminho e eu juro que não me importaria de sair do bom para seguir o dele!

_Anna! – Ri, sendo acompanhada por ela.

_Ah, faça-me o favor! Flertar não mata ninguém. Além do mais, Elsa quer que eu arranje um casamento para garantir que a coroa permaneça na família. Ela sempre foi toda independente e blá blá blá, não quer se casar. Pelo menos não tão cedo, mas eu sei que quando colocar os olhos no sujeito certo, vai mudar de ideia antes que consiga dizer a palavra “amor”.

  Eu meneei a cabeça.

_Mas ela te deixou livre para escolher, certo?

_Claro. Desde um mendigo ao rei de Wonderland. E no tempo que eu julgar necessário.

_Não consigo imaginar você noiva, desculpa.

_Quer saber? – Ela me olhou brincalhona. – Nem eu!

                                                     ❤

  Após passar cerca de uma hora de vela, eu Anna partimos para fora dos muros do castelo, visitamos o vilarejo e cavalgamos pelos montes frios cheios de pinheiros da região. A ruiva voltara antes de mim, que resolvi mergulhar em um dos lagos límpidos do reino, apesar do frio.

  Fora uma boa ideia ao mesmo tempo em que não foi. Eu havia me divertido e esquecido de todos os problemas por alguns minutos, mas não tinha pensado nas mangas curtas do meu vestido que deixariam aparecer as várias cicatrizes que eu carregava nos braços. Por sorte elas não eram tão visíveis assim e talvez passassem despercebidas.

 Eu me sentia livre como nunca antes fora. Killian já não se importava mais que eu saísse, ele sabia que eu iria voltar. E, bem, eu é que não ia ficar presa se tinha a opção de ver a luz do sol.

  Não era algo que meu pai me deixava fazer com muita frequência, assim como escolher meus vestidos, ou os penteados, até o modo de agir. Ele sempre controlara tudo e agora eu podia ser eu mesma. Simples assim: agora eu era quem mandava em mim.

  Quando cheguei de volta ao castelo decidi contar á Regina sobre o dia e aproveitar para ver com ela estava. A morena ainda se recusava a aceitar Henry e eu já começara a me preocupar com o bem estar dos dois. O menino mal comia direito e chorava quase o dia todo, já a mãe estava sempre com o olhar perdido e eu sentia que sua força se esvaía cada vez mais.

  Deixei o cavalo com Kristoff que era mesmo um pedaço de mau caminho, e muito simpático por sinal. Anna escolhera bem e eu torcia para que eles dois dessem certo.

  Subi as escadas com toda a calma do mundo, tratando de manter meu cabelo – que já estava grande demais para o meu gosto – cobrindo as cicatrizes expostas. Mas quando cheguei ao quarto de minha amiga ouvi vozes e parei um segundo antes de entrar no recinto.

  Era Killian, eu pude ver pela frestinha aberta. Ele e Regina pareciam preocupados, faziam diversos gestos com as mãos e negavam veementemente, o que significava que estavam discordando um do outro. Resolvi prestar atenção e entender o que estava ocorrendo.

_Não sou capaz de continuar com isso!  – A voz rouca de Jones soou. – Ela sente saudades da mãe e dos amigos...

_Não sente saudades do pai, já parou para pensar o motivo disso? – Regina interrompeu com a voz arrastada de cansaço.

_Ok, você pode até estar certa. Mas é uma pessoa e ela sente falta de todas as outras. Ela tem uma casa e não é aqui em Arendelle. Tem um noivo e uma vida a esperando.

_Uma vida falsa e que ela não quer mais. Killian você não vê como ela está feliz aqui conosco?

_Talvez estejamos sendo egoístas. Eu irei responder Rumple, irei dizer que desisti de tudo e que levarei Swan até ele.

  Então tudo desmoronou sobre mim. Eu estava feliz em Arendelle, cm Anna, Elsa, Robin e até mesmo Killian. Gostava dali, do clima invernal mesmo no início do outono, dos cavalos, dos livros, das pessoas. Da liberdade.

  Só conseguia pensar em como tudo desmoronaria dolorosamente, em como meu me recuperaria e me culparia pelo sequestro. Eu era capaz de vê-lo arquitetando seu mais novo método de tortura e podia ver as próximas cicatrizes que carregaria como um fardo pesado demais para alguém tão jovem.

  Não podia ser verdade. Não podia estar acontecendo. Killian não podia fazer isso. Não podia!

  Então os olhos azuis dele encontraram os meus, coincidentemente, e eu não soube como reagir. Queria pedir para ficar, contar tudo e dizer como me sentia. Porém quando meu queixo enrugou e eu senti minhas bochechas molhadas, a única coisa que consegui pensar foi em correr.

  E eu corri escada abaixo, sem um rumo aparente, apenas procurando um lugar onde pudesse desabar em paz.

_Emma! – Killian gritou atrás de mim.

  Eu ouvia seus passos pesados se aproximando. Não queria companhia, não queria nada além de alguns minutos para me lamentar.

  Me sentia rejeitada, suja, usada. Como uma fruta meio velha e intocada que ninguém quer por causa de umas manchinhas escurecidas. Me sentia inferior á um lixo. Como...como.. uma mercadoria barata que ninguém se interessaria em comprar. E que seria descartada ao mar para nunca mais ser vista.

                                                 ❤


Notas Finais


EI, O QUE VCS ACHARAM? ALGUMA IDEIA DO QUE VAI ACONTECER?
Enfim, apenas uma bombinea pra vcs: trago o próximo cap ainda hj :*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...