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História A colecionadora de cicatrizes - Magia.


Escrita por: TrizDosAnjos

Notas do Autor


Boa leitura! ❤

Capítulo 26 - Magia.


"Acho que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado." -Pretty little iars

                                                       ❤ ❤ ❤

  Jamais pensei que poderia ver Tinker novamente. Depois do acontecido tantos anos antes, quando ela contara ao meu pai sobre minhas aulas secretas de culinária, eu nunca mais me aproximara. A mágoa em meu coração era densa demais e talvez ela se sentisse da mesma maneira. Eu nunca soubera, todavia, o que ela sentira na época. Cogitara o ódio, mas, agora vendo-a esboçar um sorriso amigável, essa ideia parecia extremamente absurda.

_Não é possível! – Exclamei. – Você sumiu, se mudou com seu pai ou sei lá! O que está fazendo aqui? Céus, o que está havendo?!

  Ela sorriu. E era o mesmo sorriso de que eu me lembrava.

_Ah, Emma! Tanta coisa aconteceu! – Uma lágrima furtiva lhe escapou. – Senti saudades...Você pode me perdoar pelo que fiz? Sei que éramos duas menininhas e, bem, faz um bom tempo, mas me arrependo a cada segundo de minha vida.

  Eu não sabia o que dizer.

  Era verdade. Ela estava ali e isso não era outro sonho. Ou será que era?

  De qualquer forma, não importava. Eu já havia perdoado a mulher fazia tanto tempo... Talvez não me lembrasse disso, talvez ainda estivesse ressentida. Mas sabia que se a explicação dela fosse plausível, não seria capaz de permanecer distante.

_O que está acontecendo? Por favor, alguém me explique. – Killian pediu, confuso.

_Senhor Jones. – Tinker afirmou, tentando adquirir maior firmeza na voz que estava trêmula. – Emma e eu fomos amigas, muitos anos atrás. E eu a magoei. Sou responsável por uma das tantas cicatrizes que ela carrega. – Ela deu uma risada seca. – Mas eu acho que todo mundo já causou alguma cicatriz em alguém, não é mesmo?

  Killian olhou-a, desconfiado. Não gostava dela, eu via claramente. Sua mandíbula estava comprimida e o gancho levemente erguido, na altura do peito numa posição de ataque, como uma ameaça silenciosa. Ele me olhou, como se pedisse autorização, e eu soube o que ia fazer antes que as palavras fossem ditas.

_Vou deixa-las a sós para conversarem em paz. – Ele abaixou o gancho e tentou relaxar, mas era claro que ainda estava tenso. – Me chame se precisar, Swan.

  Assenti e aguardei até que saísse para, enfim, dizer:

_Eu já a perdoei, Tink.

  Ela caiu de joelhos no chão a minha frente, chorando compulsivamente.

  Chocada, observei como os cachinhos aloirados que estavam fora de seu coque baixo grudavam em suas bochechas, em como suas mãos se apertavam contra o peito, na expressão de dor que ela tinha.

_Ah, Emma! Eu nunca faria aquilo, nunca!

  Olhei-a com estranheza, mantendo-me afastada. Numa distância segura.

_Mas fez. E eu gostaria de saber o motivo, se não for pedir demais. Gostaria de saber o seu lado da história. Mas antes é melhor se acalmar.

  Com hesitação aproximei-me da loira e estendi minha mão, como eu gostaria que tivessem feito comigo quando precisei.

  É isso o que as pessoas de bom coração fazem, não? Agem como gostariam que agissem com elas.

  E eu queria desesperadamente ser boa.

  Tinker aceitou a mão e eu a conduzi para o sofá DE Killian.

_Quando estiver pronta. – Sinalizei.

  Alguns minutos se passaram até que o choro silencioso de Tink secasse e ela se acalmasse.

   A loira respirou fundo e ajeitou a postura antes de começar.

_Foi por causa de um rapaz. – Soltou.

  Podia ver seus ombros caídos, como se carregasse aquela dor por muito tempo. E ela carregava, não?

_Um rapaz? – Perguntei, sem entender.

  Ela assentiu e, com um suspiro, ergueu o olhar na altura do meu. Os olhos verdes como a relva fixados nos meus, que se assemelhavam mais ao musgo.

_O nome dele era Neal.

  Meu queixo caiu. Neal?! O meu Neal?! Não era possível! Existem muitos homens chamados Neal, com certeza não era ele, ou será que era? Tink morava na mesma casa que eu. Convivíamos com as mesmas pessoas. E Neal havia morado conosco por muitos anos até que eu o conhecesse.

_Eu era só uma garotinha louca por um romance e, bem, tratei de inventar que gostava do garoto. – Continuou, olhando para a frente sem perceber o turbilhão que eu estava. – Ele me persuadiu a fazer aquilo. Me arrependi em seguida, mas não tive coragem de admitir. Logo depois seu pai demitiu o meu e nós tivemos que ir embora.

_Neal? – Foi tudo o que consegui perguntar. – Tem certeza que o nome do menino era esse? – Ela assentiu, sem entender. – Porque raios ele te persuadiria a fazer uma coisa dessas?!

  Ela deu de ombros.

_Eu não sei, Emma.

_Você está mentindo.

_O que? Não! Por favor, Emm, acredite em mim!

_Não me chame de Emm, Tinker! Não somos amigas. – A frase soou mais carregada de tristeza do que eu pretendia, e o que era aquela sensação molhada em meu rosto? Céus, eu não podia estar chorando!

  Súbitamente ela fez um movimento com as mãos e uma pequena bola de cristal surgiu.

_O que é...

_Eu sou uma fada. – Ela me cortou, antes que eu conseguisse concluir a pergunta. –  Descobri há pouco tempo, quando meu pai... – Ela fechou os olhos com vontade e eu perdi o brilho deles de vista quando voltaram a se abrir. – ...Quando meu pai morreu.

_Sinto muito por ele. – Foi tudo o que consegui pronunciar. Apesar da notícia, parecia extremamente coerente que Tinker fosse uma fada. Eu até conseguia imaginá-la com suas asinhas esverdeadas.

  Um minuto se passou até que ela tomasse coragem e voltasse a falar.

_Isso aqui foi um presente de minha mãe, Blue. – Falou mostrando o objeto. – Pode lhe mostrar aquilo que você mais deseja saber. Então, a não ser que haja uma dúvida maior, pode ver que estou falando a verdade.

  Olhei para a bola cristalina estendida, e então para seu rosto. Ela não parecia estar mentindo. Contudo, ainda sim...Era difícil para mim acreditar no que estava ouvindo.

  Se fosse mesmo verdade, porque Neal faria aquilo comigo? Eu já começava a desconfiar de seu caráter, afinal, fora por causa dele que eu quase morrera.

_Eu acredito em você. –  Me vi dizendo. –  Mas, acho que preciso disso para convencer a mim mesma, Tink.

_Como quiser.

  Então, assim que meus dedos tocaram o objeto, diversas cores se espalharam por ele, como um arco-íris brilhante e vívido. Tink sorriu.

_As cores representam a sua alma. –  Explicou. –  Minha mãe disse que é raro encontrar alguém que tenha mais de duas. Digo, duas cores, não duas almas.

  Eu  teria rido em outra ocasião, mas pequenas imagens começavam a se formar na bolinha. Até que... Era Neal. O meu Neal. E, de fato, ele estava com a Srta. Bell de treze aninhos, tão ingênua e apaixonada... Era verdade. Não havia como negar.  Então a imagem mudou e Tink me olhou com estranheza. Aquilo provavelmente não devia acontecer.

  Havia um livro, espere, eu o conhecia! Era o livro que Regina me dera! Então as páginas passavam e mostravam Regina chorando, Robin estava ao seu lado tentando acalmá-la. Então a imagem mudou para uma mulher ruiva de olhos verde abacate. Ela colocava uma menininha, que era idêntica a ela, em uma cama de dossel. A imagem pareceu mudar, desta vez mostrava a mesma mulher, porém mais jovem e ela estava.. Falando com meu pai?

_Emma, como você está fazendo isso?

_Eu não sei!

  E as páginas passaram novamente, mostravam Killian agora. Ele estava ao lado de uma bela mulher, de olhos azuis quase cinza de tão claros. Ela tinha feições gentis e lia um livro para dois meninos, eles eram extremamente parecidos. Não, eram iguais!

_Tink, como eu faço isso parar?! – Perguntei, assustada. Todavia a loira ao meu lado parecia ainda mais chocada que eu.

  Foi então que meu pai apareceu. Eu nunca vira aquela expressão nele antes. Tristeza. Ele estava chorando. Céus! O que era aquilo?! Minha mãe estava desacordada na cama e ele apertava um bebê contra o peito, tão forte que provavelmente o estava machucando. E as folhas passaram, novamente, dessa vez era eu. Meu Deus, era eu!

  Joguei a bola de cristal nas mãos de Tinker e levantei num pulo.

_O que diabos é esse troço?!

_Isso aqui é uma bola de cristal, agora o que acabou de acontecer, bem eu não tenho ideia!

  Por algum bom tempo eu e a loira nos olhamos, tão assustadas e confusas que mal conseguíamos nos mexer.

_Emma. – Ela me chamou num sussurro. – Minha mãe me disse que só as fadas podem usar isso aqui. Porque as fadas tem magia.

  Meus músculos paralisaram e nem respirar mais eu respirava.

_Você acha que... Pode ter herdado magia do seu pai?

  Neguei veementemente. Não queria nada que viesse de Rumple. Nada. Principalmente magia.

_Eu acho que não há o que negar.

_E quanto a Regina, hm? Você já deve conhecê-la. –  A fada assentiu. –  Ela não é uma fada, ainda assim possui magia.

_Regina, como alguns mortais, desenvolveu essa habilidade. Mas nem mesmo ela pode fazer o que você fez. Emma, seu pai é filho da pior fada que já existiu. Você conhece essa história, não?

  Assenti.

_A primeira batalha.

_Quando a fada negra tentou criar uma maldição.

  Eu assenti.

_E foi morta antes que conseguisse completa-la. Sim, eu sei. Mas ela não é minha avó. Meu pai perdeu a mãe quando era criança e... – Ela me olhou com pena. – Ok, isso pode até ser verdade, mas não faz sentido.

_Não? – Tinker ergueu uma sobrancelha e se levantou, colocando a bola do mal sobre o sofá de Killian. – Com quantos anos ele estava? Você sabe?

  Fiz que não. Minha mãe nunca entrara em detalhes sobre o assunto.

  Tinker virou-se para trás e passou as mãos por cima da bola de cristal, fazendo com que um garotinho de uns sete anos aparecesse.

_Seis anos. Por aí. – Ela disse. – Quantos anos seu pai tem agora?

_Cinquenta. – Respondi sem hesitar.

_Quantos anos desde a primeira batalha, Emm?

  Olhei-a com desconfiança.

_Quarenta e quatro, quarenta e três, não sei ao certo.

  Então minha ficha caiu. Pelo amor de tudo, Tinker tinha razão. Fazia sentido.

_Bell, – Chamei-a pelo sobrenome, como fazia quando estava com raiva. Mas eu não me sentia assim, estava apenas com medo. Era muita informação ao mesmo tempo. Informações que eu não estava gostando de receber. – isso pode até ser verdade e explicaria a magia de Rumple. Ainda assim, eu nunca demonstrei nada mágico, ou sei lá.

  Ela assentiu.

_Tudo bem. Mas pense sobre isso.

  Eu concordei.

_Eu estou trabalhando aqui agora, como já sabe. Pode me procurar se precisar. Gostaria de tentar recuperar nossa amizade.

  Tentei sorrir para ela, mas tudo o que havia acontecido ainda me atormentava.

_Te vejo depois, Emm.

  Quando Tinker saiu não pude deixar de desabar. Em todos os sentidos da palavra. Eu não estava bem. Meu ex-namorado parecia nunca ter me amado e havia mais sobre mim e sobre o meu passado do que eu jamais imaginaria não saber. Tudo estava uma bagunça, um horror. Eu só queria um pouco de descanso. Um pouco de paz.

                                                          ❤

  Óbvio que Killian me viu em um estado não muito normal de mim. E óbvio que ele quis saber o que tinha acontecido. E óbvio que eu não consegui mentir olhando naqueles olhos azuis. Até tentei, mas não deu certo.

  Ele fingira que não, no entanto percebi sua preocupação. E o senti mais distante quando toquei no ponto da magia. Jones não gostava de meu pai e isso era mais que claro.  Era tão evidente quanto a preocupação que eu o via desenvolver por mim.

  Ele não era daquele modo antes. De forma alguma. Era até rude. Mas eu nunca o vira, de fato, como um homem ruim. Bem, talvez um pouco. Mas um homem ruim não mudaria da noite para o dia como ele havia mudado.

  Talvez não tivesse sido assim tão repentino. Contudo havia sido rápido. E isso só podia significar que seu coração era bom e ele talvez só tentasse se esconder por trás daquela máscara de capitão pirata sem sentimentos, quando, claramente, não o era.

  E foi uma tortura senti-lo tão distante, tão seco. Estávamos regredindo e eu odiava tanto isso...

  Não pude me dedicar á minha confusão mental e muito menos á frieza de Killian, diante das suspeitas de Tink – eu me recusava a cogitar ter herdado qualquer coisa de meu pai. – já que todos tinham problemas naquele castelo. E eu, como uma espécie de irmã mais velha, me sentia responsável pelo bem estar de todos eles.

  Regina era meu alvo. Ela estava péssima. Cada dia mais magra, cada dia menos sorridente. Eu não conseguia reconhece-la. Sabia que havia algo de errado, não só com seu emocional, mas também com seu corpo. Whale dissera que a costela estava indo muito bem e que o problema não era esse. E a alimentação muito menos. Apesar de tudo, Tink cuidava para que Regina se alimentasse muito bem. E Elsa, Anna, eu e Robin também estávamos nessa. Até mesmo Killian fazia o que podia – Robin ainda não agia muito amigavelmente em sua presença e ele preferia evitar confrontos.

  Apesar de tudo, eu acreditava que talvez levando Henry até a morena, talvez tentando mostrar a ela que era sim uma boa mãe e que o que havia feito era perfeitamente aceitável, ela pudesse melhor um pouco.

_Como ele está, Ivy? – Perguntei á mulher, que jogou a trança negra para as costas ao me passar o menino.

_Ótimo, mas sinto que está irritado demais.

_Pode ser por causa de Regina, não?

  Ela meneou a cabeça.

_Sim, pode. Contudo sabemos que ele também não tem uma saúde muito confiável e até ontem não estava comendo direito.

  Olhei para ela preocupada.

_Acha que devemos falar com Elsa? Chamar Whale?

  Ela negou.

_Ele não deu nenhum sinal de que está mal de saúde, Sra. Jones.

  Fiz uma careta. Odiava aquela mentira.

_Me chame de Emma, Ivy, sabe que prefiro.

   A mulher assentiu.

_Como quiser, Emma.

  Sorri em resposta.

  Olhando, então, para Hnery, pude notar como ele havia crescido. Já estava quase andando, dissera Paula, e continuava a murmurar palavras incompreensíveis. Eu não via a hora de vê-lo andar, falar... Mas isso não podia acontecer enquanto Regina estivesse daquele modo. Ela não podia perder nenhuma fase do filho.

_Ivy, vou tentar falar com Regina, tudo bem? Trago ele mais tarde.

  Ela assentiu e eu me virei, caminhando pelos corredores do local até encontrar a escada. Apesar de muito confortáveis, os quartos dos criados eram distantes dos nossos e as meninas tinham afazeres demais para permanecer com Henry em um dos luxuosos quartos de hóspedes do segundo piso.

  Quando finalmente bati na porta branca, adornada com desenhos de alfazema, Robin saiu de lá com o rosto tão branco que meu coração quase saiu pela boca de medo.

_O que aconteceu, homem?! Desembucha!

_Aquela menina, a de cachos loiros, sabe? – Assenti, franzindo o cenho. Ele estava com medo de Tinker? – Ela é uma bruxa!

 Tentei segurar a risada, mas foi impossível. Logo eu estava rindo desesperadamente e Robin me olhava constrangido.

-O que é tão engraçado? – Perguntou, ofendido.

-Perdão, Sr. Hood. – Respirei fundo, tentando não voltar a rir. – Tinker é uma fada e, bem, o senhor tem estado tanto ao lado de Regina que imaginei que já soubesse que ela é, bem, uma bruxa.

  O rosto dele ficou ainda mais branco.

_Não se preocupe, Robin, existem coisas muito mais perigosas que fadas e bruxas nesse mundo. – Tranquilizei-o. – Agora me diga, como ela está?

_Péssima. – Ele sussurrou. – A garota que você diz ser uma fada está escondendo alguma coisa. Usou aquele troço esquisito dela para ver alguma coisa e eu percebi que o que ela viu não foi bom.

  Engoli em seco.

_Bola de cristal? – Chutei.

­_Que seja. – Ele olhou para Henry, como se só tivesse visto o menino agora. – Acho que ela não está preparada.

_Temos que tentar.

  Ele assentiu, ainda pálido demais.

  Não esperei qualquer ação do homem, apenas empurrei a porta e entrei no local. De fato, a cara de Tinker era péssima e, quando me viu, não melhorou em nada. Principalmente ao notar a presença de Henry.

_Emma, precisamos conversar. – Ela avisou, a voz firme e a expressão sombria não combinavam com ela.

_Antes quero falar com Gina.

  Ela negou.

_Não é uma boa hora.

  Eu ignorei e me aproximei da cama, sem ser impedida ou qualquer coisa do tipo. Todos pareciam atônitos demais. E eu entendi perfeitamente quando vi minha amiga.

  Estava tão mais magra desde a última vez que eu a vira e não fazia muito tempo. Suas costelas estavam visíveis e as clavículas pareciam saltar para fora.  Os lábios brancos e ressecados lhe conferiam um ar doentio, assim como os olhos castanhos sem brilho que se fixaram em Henry quando me aproximei.

_Gina, como está se sentindo? – Perguntei, tolamente.

  Ela tentou falar, mas quando vi que fazia esforço demais, sinalizei para que esquecesse. Passei a mão por sua testa afastando os fios escuros e depositei um beijo carinhoso.

_Henry está com saudades. – Murmurei. – Acho que já passou da hora de você parar de se culpar. O que me diz?

_Acho que você está certa. Ele precisa de mim, isso é mais importante. – Sussurrou.

  Eu sorri e pus o menino na cama e ele, animadamente engatinhou até os braços da mãe, que, apesar de fraca o abraçou com todo o amor que podia. Senti meu coração se apertar ao ver a cena. Regina merecia tanto, tanto...

  Decidi que devia dar um tempo para os dois, afinal, ela não estava em condições de cuidar do filho e, apesar de que eu comunicaria á Elsa para deixar que Tink ou alguma das meninas se dedicasse aos dois integralmente, aqueles momentos certamente se tornariam raros.

  Levantei-me e fui até a loira no canto do cômodo.

_O que você queria falar comigo? O que há de errado com ela?

_Tudo. – Tinker despejou. – Há alguma coisa dentro dela, alguma coisa devorando a magia dela.

_Como assim? – Perguntei assustada.

  Não me sentia diferente de Robin agora.

_Pode acontecer, é difícil, mas pode. Acredito que seja um feitiço. Ela tem irmãos?

_Acho que não. – Respondi, vasculhando a memória em busca de tal informação. Não me lembrava de Regina comentando algo sobre sua vida pessoal. O que sabia era muito pouco. – Por que a pergunta?

  A fada piscou algumas vezes pressionando os lábios.

_Toda magia vem com um preço. – Ela sussurrou. – Um pouco de sangue em troca de uma vida.

_Que? Tink, fale a minha língua, eu imploro.

_Acho que alguém usou a alma de Regina para conseguir uma criança.

_Uma criança?

_Isso é possível se ela tiver irmãos. Apenas se tiver irmãos. – Afirmou. – Já vi muita gente ser enganada assim. Você dá um pouco do seu sangue como principal ingrediente para uma poção. A mulher que o toma engravida, entende? De primeira.

_E o que isso tem a ver com alma e tudo o mais?

_Se você não tiver irmãos, perde um pouco da alma. Vai para a criança e, com o passar do tempo, ela toma tudo para si, até que não haja mais nada.

_Então, se a pessoa tiver um irmão...

_O efeito colateral pode não recair sobre quem realizou o feitiço. – Completou.

  Olhei com extrema preocupação para Regina, que sorria ao ver o filho bater palminhas e balbuciar a palavra “mamãe” que ainda não saía perfeitamente de seus lábios.

  Seria possível que Regina tivesse feito isso para conseguir o filho?

_Mas... – Me virei para a loira novamente, pensativa. – Esse feitiço tem volta? Algum antídoto ou sei lá.

  Ela meneou a cabeça.

_Ela não vai morrer, Emma. Não agora. Mas, até onde eu sei, a situação não se resolve tão facilmente. Duas pessoas não podem compartilhar a mesma alma.

_Uma delas teria que...? – Não ousei completar a sentença e a mulher assentiu, compreendendo meu medo.

  Morte. Essa era a única solução. Eu não gostava nada dela.

  Meu dia só piorava.

_Eu acho que vou para o meu quarto. – Murmurei.

_É melhor, você já passou por coisa demais. Durma um pouco, Emm.

_Não acho que vou conseguir.

_Seus marido vai dar um jeito de te ajudar. – Ela garantiu. – Um dia quero me casar com alguém que me ame tanto quanto ele te ama.

  Olhei para ele sem saber o que fazer. Com aquela bola dela, Tink certamente sabia de tudo. Ela sabia que eu e Killian não passávamos de amigos, não? Eu preferi acreditar que ela não tinha sido curiosa o suficiente para perguntar sobre isso ao tal objeto.

  Saí do quarto assim que pedi a Tinker que cuidasse do menino também. Ela aceitou sem hesitação.

  Conversei com Robin e lhe esclareci a situação, na esperança de que ele soubesse mais que eu.

_Emma, acho que pode ser isso. Outro dia ela estava dormindo e chamando por uma tal de Zelena, perguntei quem era,  quando acordou,  e ela disse que era sua irmã.

  Gelei. O que iríamos fazer? Se a teoria de Tink estivesse certa, teríamos de matar a criança da tal irmã de Regina. Isso não seria algo que eu gostaria de fazer e suspeitava que Regina também não.

_Queira Deus que estejamos errados. – Sussurrei, abraçando meu próprio corpo e fechando os olhos.

_Acho que devo falar com ela sobre.

_Acho que sim, Robin. Cuide dela enquanto eu não estiver por perto, sim? Vejo o quanto se importa.

  Ele sorriu.

_Sinto uma ligação muito forte com a Gina desde a primeira vez que a vi. Não irei embora até ter certeza de que ela ficará bem.

  Assenti.

_E quanto a Roland?

_Está brincando no jardim. – Ele suspirou. – Não tenho deixado ele ver Regina, ela está piorando rápido demais. Mas é cansativo quando ele já está tão apegado á ela.

_Regina tem um ótimo jeito com crianças.

_Você também, Emma. – Ele tentou sorrir. – Não gosto daquele homem, mas ele parece gostar de você. E acho que vocês teriam filhos lindos.

  Estufei os olhos.

_Ah, não! – Exclamei, um pouco alto demais. Por que todos tinham tirado o dia para falar sobre mim e Killian? Ele nem estava falando comigo direito! – Somos amigos, Robin. Juro.

  Ele riu.

_Se você diz.

  Estava prestes a retrucar, mas o homem entrou no quarto novamente e fechou a porta bem no meu nariz. Fiquei parada por alguns minutos ainda.

  Eu e Jones? Não, não daria certo. Nós brigávamos muito e, além disso, eu o via como amigo. Isso, nada mais.

                                                       ❤

  Tentei relaxar. Juro que tentei. Tomei um banho quente de duas horas, bebi um chá calmante até li o livro que Killian tinha me oferecido pouco tempo antes. Mas nada funcionava.

  A preocupação, o medo e até a incredulidade me destruíam aos poucos. E doía tanto que eu tinha vontade de chorar horas a fio.

  Porém tudo o que sentia foi esquecido quando um Jones abatido entrou no quarto.

  Algo estava errado e eu tinha medo que fosse por minha culpa. Descobri que não gostava de vê-lo triste e confuso como estava. Não gostava de ver que estava sendo atormentado por alguma coisa.

  Ele já tinha me ajudado tanto no dia em que ouvira a conversa dele com Regina. Havia sido no dia anterior, meu Deus! Parecia que anos tinham se passado! E Regina tinha piorado tanto desde então... Como se não se alimentasse há meses.

_Killy? –  Chamei-o, meio hesitante. –  O que houve? Eu fiz alguma coisa?

  Ele me olhou, meio perdido e sentou-se em seu sofá.

  Enrolada no cobertor, como costumava ficar, tentei caminhar até ele, mas o cobertor se enrolava na bengala e não estava dando certo, portanto parei no meio do caminho.   

  Ele apertou os lábios e vislumbrei um pequeno brilho por trás do véu de dor que cobria o azul de seus olhos.

_O que? Não, de modo algum, Swan. Você nunca me magoaria.

  Tive vontade de abraça-lo ao ouvir seu tom de voz arrastado. Queria consolá-lo e dizer que tudo ficaria bem.

_Então o que é? – Perguntei, mancando até ele devagarzinho.

  Killian se levantou e, tirando-me do chão com certa impaciência, levou-me de volta até a cama.

_Não é nada, estou ótimo. Não sei de onde tirou essa ideia.

  Olhei enviesado para ele.

_Jones, eu estou vendo que há algo errado. E eu acho bom o senhor me contar a verdade. Vamos, sente-se aqui. – Bati no espaço ao meu lado na cama.

  Ele olhou para mim e depois para onde jazia minha mão, ergui uma sobrancelha e Killian, enfim, sentou-se no local.

_Então, vai me contar agora?

  Ele suspirou.

_Não é nada com você, Emm. – Ele disse, e eu me deleitei com a forma doce como o apelido soava em sua voz rouca. – É mais sobre meu passado. Hoje é aniversário de morte de alguém a quem amei muito. – Confessou.

  Por um momento não soube o que dizer. Nunca sabia quando o assunto era morte.

_Sinto muito, por quem quer que tenha sido. Mas essa pessoa está em um lugar melhor agora, por mais triste que seja. Realmente sinto muito, Killy.

_Obrigado. – Ele suspirou, fechando os olhos e jogando a cabeça para trás. – Prometo lhe contar quem é, algum dia, quando eu conseguir.

_Não é necessário. É sua dor, seu segredo. Há coisas que as outras pessoas não precisam saber. Acho que, se você se sente melhor guardando isso consigo, continuar a guardar seria o ideal.

_Senhorita Swan, eu não sei o que seria de mim sem você.

  Sorri em resposta.

_Acho que você teria um adjetivo a menos na lista.

  Ele riu.

_O de sequestrador? – Eu assenti. – É não seria tão mal assim. – Brincou.

_Até amanhã, Jones. Boa noite.

_Boa noite, Emm.

  Ele se sentou no sofá e o observei por horas a fio, escondida, até de fato adormecer. E, apesar de não ter passado nem por metade do que eu tinha, Killian não dormiu.

  Quem quer que fosse a tal pessoa, tinha sido, de fato, muito importante para ele.

                                                   ❤


Notas Finais


Era pra eu ter postado antes???? ERAAAAAA! Mas eu dormi e depois tinha que terminar um trabalho. Acabei só adiantando o bendito pq chegou uma hora que eu não aguentava mais procurar resposta naqueles malditos slides e não achar nada. Aí eu me revoltei, e fui terminar o cap. Não se preocupem com o trabalho, até a hora de entregar eu já vou ter conseguido as respostas das últimas perguntas do capeta.

Quanto ao cap, não revisei, justamente pq escrevi hj. Sério, eu literalmente acabei de terminar. Depois vou ajeitar, óbvio, mas já deixo aqui as desculpas, pelos erros que estão dando sopa ali em cima.

Um beijão no coração de vcs, obrigadinha por serem tão maravilhosos comigo! Não sei como vcs me aguentam vdhbvdkhbd


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