- Emma foi até ele?! – Sininho arregalou os olhos.
- Ela disse que ia fazê-lo parar de nos importunar. Não tinha como ela saber... – Regina encarava o vazio, mas foi puxada de volta à realidade pela adrenalina e pensou em uma saída – Malévola. Se ele tiver dado mesmo um jeito de conseguir essa poção, ela deve saber o que fazer para revertê-la. Chame-a e leve com você para a casa de Killian. Eu vou atrás dele. – completou, imediatamente sumindo dali em uma cortina de fumaça roxa.
***
Emma o encarou. Ela tinha passado a odiar aquele sorriso cínico e se perguntava como tinha conseguido se interessar por um cara como ele. Aquela perseguição já havia passado dos limites e precisava acabar.
- Killian, eu quero que você nos deixe em paz.
Embora continuasse sorrindo, Emma percebeu que as palavras machucaram o pirata, mas ela não podia as evitar.
- Eu não fiz nada. Do que está falando?
- Eu estou falando de ontem à noite. Você interrompeu o nosso jantar com ameaças imbecis e estragou a nossa noite – Bom, nem tanto, pensou, mas preferiu omitir o fato.
- Como você pode estar com Regina agora, Swan? E nós?
A salvadora hesitou quando sentiu o traço de tristeza na voz do rapaz.
- Killian, as coisas são complicadas. Nem sempre as coisas acontecem do jeito que esperávamos – ela parou um instante, escolhendo bem as palavras – eu estou com Regina agora e a amo. Tente entender.
O pirata trincou o maxilar e encarou o chão.
- Isso não é justo. Tudo, absolutamente tudo estava bem antes de Sininho mostrar aquele filtro e...
- Não estava nada bem, Killian! – Emma levantou o tom, finalmente vencida pelo estresse que o pirata a causava – As coisas nunca funcionaram entre nós. Você nem sequer conseguia perceber que eu não me sentia bem. O importante era estar comigo na frente dos outros e marcar o território. Isso não é amor, é só o seu ego ferido.
Killian ficou em silêncio. A sinceridade da salvadora conseguiu desestabilizá-lo. Sua expressão tornou-se claramente triste.
- Eu já perdi Milah, Emma. A perda dela me assombrou a vida inteira até que você apareceu e mudou isso. O meu final feliz foi roubado de mim uma vez, não é justo que aconteça de novo.
Emma engoliu em seco, sem saber como reagir. O rapaz estava sendo mais franco do que ela imaginava que ele seria e ela conseguia entender seus motivos. Mas aquilo continuava sendo algo impossível.
- Me desculpe, Killian. As coisas mudaram... Eu não posso mudar isso. Mas eu sei que você pode encontrar alguém que possa retribuir o que você sente.
- Você não pode mudar o que sente, mas talvez eu possa.
Enquanto Emma o olhava com uma interrogação estampada no rosto, começou a se perguntar se havia sido uma boa escolha ir sozinha falar com ele. Quando o pirata colocou a mão no bolso ela recuou, ouvindo a voz estridente de Regina vindo da sua direita e olhou assustada em sua direção.
- Afaste-se dela agora, pirata!
Killian destampou o frasco.
- Desculpe, meu amor.
Quando Emma virou-se para encará-lo ele rapidamente jogou o pó em seu rosto, a fazendo sentir-se de repente cansada demais e perder a consciência em poucos em segundos. O pirata nem sequer teve tempo para entender o que aconteceu, sendo brutalmente jogado contra a parede por uma forte onda de magia lançada por Regina.
A prefeita correu na direção da salvadora e a tomou nos braços com o coração em uma dor terrível. Ela não podia acreditar que estava feito. Emma estava inconsciente, sem mostrar nenhuma resistência a nada. As lágrimas desciam torrencialmente pelo rosto de Regina.
- Emma? Emma! Me escuta, por favor, por favor! Emma!
A prefeita, que a sacudia levemente, envolveu a salvadora em um abraço forte, como se quisesse que sua própria vida e memória pudessem ser partilhadas com a loira e ela pudesse acordar. Ela a chamava com a voz trêmula pelo choro e sua voz já não passava de um sussurro triste.
- Por favor, não esqueça de nós... Por favor, Emma...
Mesmo com os esforços desesperados da morena, Swan não se movia. Ela a encarou por um longo tempo, depois a deitou cuidadosamente no piso de madeira e enxugou as lágrimas. Toda a sua dor estava se transformando em um sentimento que ela conhecia muito bem. Sua expressão ficou fria como a morte enquanto ela sentia a ira tomando conta de cada célula do seu corpo. Naquele momento ela ouviu o pirata arfando, ainda caído contra a parede. Regina levantou e virou-se, o encarando e sentindo a velha rainha má tomando conta de seus atos. O pirata se remexia no chão, ainda sem conseguir se levantar graças ao forte impacto. A morena caminhou até ele.
- Como você ousa? – falou entre os dentes. Suas palavras eram frias e cruéis como lâminas – quem você pensa que é achando que pode mexer com a minha história e conseguir sair vivo disso?
- Eu sou o novo final feliz de Emma. – mesmo dolorido e ofegante, o pirata ostentava um sorriso triunfante – e é bom você se acostumar em vê-la de longe, porque eu nunca mais vou deixar que vocês duas se aproximem.
A prefeita trincou o maxilar, o encarando furiosamente.
- Você realmente não me conhece.
Regina levantou sua mão direita, dobrando seus dedos em um formato de meia lua. A alguns metros dela, automaticamente a garganta do pirata se fechou. Ela o fez levantar até seus pés não conseguirem mais tocar o chão.
- Mesmo que eu não tenha Emma, não vou permitir que você esteja com ela através de um jogo sujo. – Regina completou, com um sorriso cruel – Espero que esteja aproveitando bem os seus últimos segundos, pirata.
Tentando escapar da magia de Regina, Killian se debatia balançando de um lado para o outro. Regina encarava seus esforços sem nenhum sinal de arrependimento, ele havia tirado a coisa mais importante que ela tinha. Ouviu então a voz de Sininho vindo do outro lado da rua.
- Regina, pare! – a fada estava ofegante, correndo apressadamente até onde ela estava.
- Cuidem de Emma, primeiro eu preciso acabar com a vida desse verme. – ela nem sequer a encarou, estava com o olhar fixo em Killian.
- Você precisa parar, você não entende... – Sininho estava sendo completamente ignorada pela prefeita.
- Emma não perdeu as lembranças – disse Lily, com a voz inalterada.
No momento em que ouviu aquilo, Killian em choque abriu os olhos que havia cerrado pela agonia do enforcamento. Regina mudou sua expressão e a encarou, inconscientemente soltando o pirata, que caiu tossindo e segurando o pescoço.
- Como... como não? Eu o vi jogar o pó... e olhe para ela! – Regina estendeu a mão em direção a loira. Emma continuava imóvel.
- Feitiço do sono.
- ...O quê? – a prefeita a encarou com uma expressão vazia.
Lily olhou para baixo, sem saber bem como se explicar.
- Ele foi na minha casa com uma conversa sem sentido pedindo um feitiço forte e... bom, e eu o entreguei só um feitiço do sono, um dos que a Malévola tá me ensinando a fazer.
Regina sentia ter presenciado um milagre. Abriu a boca mas não conseguiu dizer nada, apenas via todo o peso da dor e da perda sumindo dela como mágica.
- Não... não pode ser! – Killian falou, ainda no chão. Ele estava nervoso e irritado.
- É claro que pode – Malévola interveio, o encarando com um sorriso entre o desdém e o orgulho – ela é minha filha, e a filha da Rainha das Trevas jamais seria enganada por um pirata ridículo.
- Mas se é um feitiço do sono... – Regina falava encarando o nada, como que para si mesma.
Malévola se aproximou.
- Como Lily ainda não tem muita prática, ele vai se esvair em algumas horas. Mas você sabe bem o procedimento para quebra-lo antes. – Malévola sorriu docemente para ela.
A prefeita olhou para ela em profunda gratidão e em seguida para Lily.
- Lily, muito obrigada. – Regina disse sinceramente e sorriu.
A filha de Malévola deu um sorriso tímido e limitou-se a dar de ombros.
- Vocês estão todos mentindo, eu vou provar! – Killian já estava de pé, segurando o pó de fadas e o filtro.
Ele despejou o conteúdo brilhante do frasco no pequeno filtro de sonhos e esperou. Malévola o encarava com desdém e Lily estava curiosa, jamais tinha visto algo assim. Sininho olhava nervosamente para o pequeno objeto e Regina caminhou até Emma, ficando entre a loira e o pirata enquanto encarava fixamente o filtro, de maxilar trincado.
O redemoinho azul celeste invadiu o pequeno objeto, se aproximando lentamente da borda. As mãos de Regina brilharam assim que ela viu que em poucos segundos a imagem começaria a surgir. Ela não deixaria que ele encostasse em Emma, independente do que acontecesse.
Quando a magia estava completa o azul celeste enfim evaporou. Killian franziu o cenho quando observou o pequeno objeto. Ao invés de criar uma imagem, o círculo do filtro estava completamente negro. Ele encarou a fada.
- O que há de errado com ele, Sininho?
A fada apertou os lábios e ficou em silêncio por um momento antes de responde-lo.
- Não há nada de errado – o encarou com um semblante triste – o pó de fadas nunca erra, Killian.
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