História A cor do Sangue - LIVRO 1: Da cor do Batom - Um novo ser humano

 Tomei meu assento ao entrar no ônibus. Me sentei ao lado de uma janela que estava um tanto embaçado devido à pequena chuva que começara. Voltei para a realidade. Como pude deixar de notar do quão era impossível a minha "paixão" por Vico? Estaria não só me iludindo como quebrando uma das maiores regras das Kills, que é nunca se apaixonar. Aliás, como pude me deixar levar por um homem que conheci apenas há algumas horas, sim ele realmente era muito lindo, mas nada para me entregar de bandeja. Nunca mais iria vê-lo, pois no mesmo momento em que tomei essa decisão sei o que é o certo a se fazer.

 Não pude de notar a multidão que se espalhava na linda Las Vegas, para saber o que estava acontecendo. Parecia um assassinato. Carros policiais interrogavam funcionários de um prédio. E uma ambulância levava um corpo para o hospital. Nunca entendi a razão das pessoas em querer ver um corpo morto, aquilo era estranho. Enquanto o ônibus de afastava uma lembrança veio à minha cabeça. Lembrei-me de quando Brenda assassinou brutalmente dois homens em Nova Iorque. Mesmo se recusando que teria sido ela, aquele acontecimento quase nos entregou. Tivemos que sair de lá o mais rápido possível, e depois de algumas semanas ela se entregou para nós, e cada uma jurou que nunca iria cometer o mesmo erro que ela. Sendo nós, ou não as assassinas de qualquer pessoa, uma pessoa morta pagava anos na cadeia para nós.

 Sai do ônibus enquanto vestia meu casaco vermelho que me lembrava muito uma série de tv. Fui até o hotel, que ficava do outro lado da rua.  Ao entrar em nosso quarto, me deparo com Layla. Ainda com seu pijama de ursinho, sentada na mesa de jantar devorando uma pizza de chocolate.

 - Onde estão as outras? - Perguntei. Tirando meu casaco e o colocando na poltrona da sala.

 - A Lett está no encontro e a Brenda saiu. - Ela me respondeu. Limpando sua boca com um guardanapo. - Você quer? - Disse ela, estendendo uma fatia da pizza em minha direção;

 - Não. Aliás quem é que come pizza doce? - Respondi, recusando o pedaço da mesma.

 - Deu vontade.

 Soltei um riso leve. Fui até o banheiro me encarei profundamente no espelho. Os pensamentos de Vico vinham à tona. Eu sentia algo por ele, só não queria confessar. Liguei a torneira da banheira e fui retirando a minha maquiagem aos poucos. Nunca mais ver ele estava causando um peso em minha cabeça, estava acontecendo um pequeno caus em meu cérebro. Nunca tive que tomar essa decisão, mesmo que eu odiasse uma pessoa jamais iria querer ela fora da minha vida, pois eu acho que tudo acontece por uma razão, e eu ainda não havia encontrado a razão por qual ele estaria na minha vida.

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 Acordei aos altos xingamentos de Brenda. Me recusei a abrir meus olhos enquanto ela abria a cortina exigindo para nos levantarmos. Por incrível que pareça ela estava falando sobre o assassinato. E quando ela disse a sua primeira frase, um calafrio veio à tona por todo o meu corpo, e acho que não tinha sido só eu que senti aquilo, Layla também.

 - Gente levantem! - Exigiu ela. - Preciso falar com vocês, aconteceu um assassinato no mesmo prédio em que Scarlett estava tendo o seu encontro.

 Neste momento me esquivei sobre o golpe que aquelas palavras soaram.

- Você não acha que a Lett matou alguém? - Disse Layla.

- Ela não seria capaz. - Respondi no lugar de Brenda.

 - Nunca se sabe. - Brenda falou. - Nós fizemos um pacto. E se ela quebrar...

 - Se ela quebrar o que? - Falei, antes dela terminar a frase.

 - Se ela quebrar está fora do nosso grupo. - Respondeu Brenda, saindo do quarto.

 Olhei Layla por alguns segundos antes dela ir correndo para o banheiro. Ela se ajoelhou em frente ao vaso sanitário e botou para fora todo o seu jantar de ontem.

 - Deve ter sido a pizza. - Explicou Layla

 - Acho melhor irmos ao supermercado. Você vomita toda a vez que come alguma coisa do hotel.

 - É uma boa ideia. Mas só comida light, eu estou começando a engordar.

 - Não é uma surpresa. Você devorou uma lasanha no aeroporto ontem, e quando chegou ainda comeu a metade de uma pizza.

 Fui até o meu quarto e vesti uma calça jeans calara, com alguns cortes no joelho, um top branco com listras pretas e coloquei um all star básico. Amarrei meu cabelo em um coque desajeitado e coloquei meus óculos escuros. Esperei por Layla na sala de estar. Ela estava com um short jeans escuro e um top amarelo, seus cabelos loiros estavam soltos e ela levava uma bolsa com o bastante para comprar o supermercado inteiro.

 Fomos até o supermercado de ônibus. Já estávamos acostumadas a andar com tanto dinheiro na bolsa pelas ruas. Nunca acontecia algo, e na hora que acontecer, já estariamos preparadas. Ir ao supermercado era fácil, havia sempre uma listinha:

• Frutas
• Verduras
• Polpa de Suco
• Absorvente
• Vinho (De boa qualidade)
• Besteiras

  Não é fácil manter o corpo em boa forma.

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 Peguei uma saco de plástico e coloquei nela os poucos tomates que estavam bons. Layla estava pegando algumas frutas logo à minha frente.  Me recusei à continuar sendo vegetariana e virei rapidamente até as carnes, mas quando viro esparro em alguém e levo o meu corpo todo para aquela pessoa. Uma triste e inacreditável surpresa havia acontecido. Eu tinha acabado de me jogar nos braços de Vico Sanchez Martínez. Um sorriso fofo hipnotiza o meu olhar, fico parado olhando os seus lindo olhos negros que brilhavam mais do que nunca.

- Mas que surpresa! - Disse Vico. Me posicionando no chão.

- Realmente, não esperava encontrar você aqui. - Respondi. O mesmo sorriu gentilmente. - Aliás, me desculpe por... Por esbarrar em você.

- Sem problemas. E você deve estar achando que eu sou um idiota.

- Por quê? - Perguntei.

- Não te liguei. É por que não tenho muito tempo, é muito trabalho ultimamente. - Ele respondeu. - Mas agora que é fim de ano, eu estou de férias e você?

- Sim, eu estou de férias.

- Ótimo.

- Me desculpe, eu tenho que ir.

- Está bem. Te ligo.

 Me afastei. Novamente apaixonada pelo olhar apaixonante de Vico. Cheguei perto de Layla. Ela jogou rapidamente um teste de gravidez no carrinho antes que eu visse.

- Pronto? - Perguntei.

- Ah, sim! - Ela me respondeu.

- Então vamos.

 Acompanhei ela até o caixa.

- Chelle, pode ir até o taxi? Só para ligar ele e me esperar lá.

- Mas eu tenho que te ajudar a levar as compras. - Respondi.

- Pode deixar, eu levo.

 Meu telefone apitou. Olhei e havia uma nova mensagem, de Vico. Sorri.

- Ok.

 Fui até o carro e comecei a falar com ele.

Vico: Oi. Já sai do supermercado, podemos nos encontrar hoje "gatinha'?

Eu: Claro. KKKK. Você é engraçado

Vico: É que você é bonita demais para ser chamada de "gatinha", que tal "MUSA"?

Eu: KKK. Tá legal

Vico: Eaí, quando podemos nos encontra?

Eu: Depois eu falo com você. Vou sair daqui.

Vico: Está bem minha musa. Tchau Tchau!

 Desliguei o telefone enquanto Layla se aproximava. Ela colocou as compras no porta-malas. Esperei por ela entrar para irmos.

- Hotel Harvey, 281. - Informou Lay ao taxista.

 Fomos para o hotel. Eu só conseguia pensar no Vico, o quão ele era fofo e gentil. Não pude me lembrar de minha promessa quando o vi.

 Entramos no nosso quarto e por surpresa, Brenda estava se preparando para sair.

- Aonde você vai? - Perguntei.

- Bom, eu vou procurar Scarlett. Faz dois dias que ela não aparece eu to ficando louca. - Respondeu Brenda. - Primeiro eu achei que ela tinha matado uma pessoa. Mas agora me dei conta que não sabemos quem é a pessoa que morreu, e não sabemos se ela morreu. - Disse ela, interrompendo qualquer uma a falar. - To indo tchau.

 Ela saiu tirando qualquer chance de algumas de nos falarmos. Fui até a poltrona que ficava em frente à janela. A vista era incrível, dava para ver qualquer ponto de Las Vegas. Uma das vistas mais bonitas que já vi. Senti meu telefone vibrar. Era o Vico querendo saber se eu poderia sair. Olhei para a janela. Foda-se. Eu vou sair ele. Telefonei e disse para ele me encontrar no parque de diversão às 20:00. Eu não ligava, ele parecia um cara legal. E eu iria sair com ele.

 Layla pegou seu teste de gravidez e resolveu testá-lo no banheiro. Segurou-o em baixo de suas pernas no vaso, e urinou. Ela fechou seus olhos enquanto retirava para ver o resultado. Ela estava grávida.