21:22 ela 16 e ele 42. Ela deixa o estúdio sempre às 21:30; a crônica anunciada.
Em ambos os lados da realidade com seu fone de ouvido cantarolando entre sussurros, pés desorientados e andar desajeitado a principiante em balé caminha desamparada alheia que ali furtivamente, esgueirado em algum canto pela rua mal iluminada está seu exímio malfeitor observando-a e maquinando onde, como e quando deverá acometer aquela ingênua flor.
— Que horas são?
A mesma história uma e outra vez.
21:47 a jovem sorridente lhe responde e de Don Juan emerge o monstro. Presa fácil, fantoche tão frágil com seu destino já traçado. É tarde.
Com mais ânsia que habilidade ele consegue driblar a dança desengonçada na vã tentativa prescindível dela em tentar defender-se. O monstro se sobressai e por mais esta vez consegue efetivar seu plano hórrido sendo merecedor de tornar-se um efêmero justo capaz de ir ao céu, sem jamais ter posto o pé em uma igreja.
5 anos depois ele já a esqueceu e sua vida segue enquanto a que a dela ainda não, malditas consequências.
Bailarina ela não mais quis ser, tornou-se pianista que a cada 10 ou 22 notas tocadas inevitavelmente se recorda a injustiça sofrida.
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