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História A cruz e a espada (Milo X Camus) - E se estamos juntos, tudo fica bem.


Escrita por: Lady-Rin

Notas do Autor


Olá, meus pequenos! Estou chegando com mais um capítulo.

Quero me desculpar pela demora, é que eu estive muito mal de saúde esses dias, precisei me afastar daqui, do meu trabalho e da faculdade por uns dias. De qualquer forma, eu já estou melhor, e quero agradecer a cada um que me desejou melhoras, seja nos comentários, seja no privado. Vocês são os melhores leitores que eu poderia ter, obrigada!

AVISOS:
***Esse capítulo é explicativo, mas totalmente necessário para a fase da história em que entramos. Peço que prestem atenção nas histórias contadas.
***O capítulo não foi betado, eu não tive tempo, nem condição para tal. Se acharem erros muito grotescos, me avisem e eu corrigirei.
***Créditos da imagem ao autor!

Quero agradecer a quem favoritou a história: ~DydomoiSaga, ~Dias_Jasmin,~Gemini-no-Lady5, e a ~tata14180324. É a confiança de vocês que me dá forças para continuar a escrever! ❤

Agradecimentos especiais a: ~Pisces_no_Anya, ~CapriCarol, ~Lawde, ~Edigemini, ~camieroux, ~Caty_Girl, ~ImKa, ~Gemini-no-Lady5, ~Sthefanydpeixes (Sherlock de Peixes), ~DaniScorpio, ~BoloraCora, ~PopperSenpai, ~sakura-senpai08, ~Seiji_Chan, ~xEuphie, e a ~daliersouza. Vocês estão sempre dispostos a comentar, e cada comentário me causa grande alegria. Obrigada por estarem me incentivando a cada capítulo, eu não conseguiria seguir se não fossem vocês. ❤

Boa leitura, meus pequeninos! Nos veremos nas notas finais.

Capítulo 22 - E se estamos juntos, tudo fica bem.


Fanfic / Fanfiction A cruz e a espada (Milo X Camus) - E se estamos juntos, tudo fica bem.

Cap.22

Pov. Camus

Eu ainda estava paralisado no meio daquela sala, observando a maldita câmera que agora parecia pesar uma tonelada nas minhas mãos.

O que diabos acontecia ali?

A única resposta plausível para toda aquela situação era, por mim, considerada absurda demais. Não, Milo não seria capaz!

Várias ideias começaram a cruzar a minha mente ao mesmo tempo, fragmentos de memórias, que apenas reforçavam a veracidade daquela ideia absurda.

As informações que Saga me passara sobre o caso, os sinais de satélites que eram enviados da Scorpion Mobile, a certeza de que o mafioso por trás de tudo era um homem rico, poderoso e de moral inquestionável; os mistérios de Milo, os questionamentos estranhos que ele sempre levantava... Céus, tudo faria um trágico sentido, se eu resolvesse crer em tudo aquilo.

Coloquei a câmera no mesmo lugar em que a havia encontrado e corri as mãos nervosamente pelos cabelos. Tinha que haver outra resposta. Milo era meio estranho, misterioso, mas daí a ser um mafioso que destruía a vida de pessoas por dinheiro? Não, não o meu Milo!

Eu precisava me acalmar, pensar friamente. Comecei a caminhar de um extremo a outro daquela sala.

Podia ser que outra pessoa houvesse deixado aquilo lá, não é? É perfeitamente possível! Estar sobre a mesa dele não implicava que ele fosse um criminoso.

O próprio Saga havia dito que investigara os irmãos Scorpion e nada havia contra eles, que o sinal havia saído da empresa, mas que não necessariamente Milo o tinha enviado. Era outra pessoa!

Por outro lado, Milo era o presidente da Scorpion Mobile. Era possível que alguém usasse sua empresa em um esquema milionário de tráfico de drogas, sem que ele nem ficasse sabendo? Improvável. Milo era perspicaz, consciente de tudo ao seu redor, e essa perspectiva era assustadora.

Eu definitivamente não conseguiria pensar naquele lugar, além disso, Milo logo voltaria e notaria a estranha expressão marcada na minha face. Como eu olharia para ele? Milo podia ser inocente, mas também podia ser culpado!  E se fosse... O que eu faria?

Non pense nisso! – Repreendi-me. - Ele é inocente.

Em meio a tantos questionamentos eu havia parado em frente à porta do escritório sem perceber, porta que de repente foi aberta, e alguém entrou apressado, quase me derrubando no processo.

-Oh! Me desculpe. – Murmurou o homem alto, segurando-me pelos ombros para que eu não caísse. – Está tudo bem? Eu estava procurando o Milo, e na afobação, entrei sem nem bater, não sabia que ele tinha visita. – Sorriu parecendo constrangido e soltando meus braços, quando eu já havia retomado o equilíbrio.

-Non se preocupe, estou bem. – Afastei-me do homem de longos cabelos negros, forçando um sorriso. – Mas non sei onde Milo está, ele saiu a algum tempo.

-Aquele grego é mesmo abusado. Como pode marcar reuniões e depois sumir? – Ele balançou a cabeça, em sinal de descrença. Depois sorriu-me e estendeu a mão. – Hades Matsuda, sócio e amigo do Milo.

-Camus Lefebvre. – Apertei a mão dele, em cumprimento.

Observei os olhos do homem se arregalarem, como que em surpresa, e ele passou a fitar-me intensamente, ainda segurando minha mão.

-Está tudo bem, senhor Matsuda? – Questionei, incomodado com a intensidade do olhar dele.

Hades pareceu despertar de um transe e soltou minha mão, sorrindo meio constrangido.

-Me desculpe, eu só... você disse Lefebvre? – Questionou,  mostrando confusão na face pálida. Confirmei com um aceno de cabeça. – Você é filho de Charles Lefebvre, não é?

-Oui. – Respondi, estranhando toda aquela conversa e, principalmente, a intensidade dos olhos daquele homem. - Pardon, mas nós nos conhecemos?

Ele sorriu-me de forma carinhosa, poderia dizer até que um tanto doce.

-Nos conhecemos sim, mas duvido que você se lembre de mim. Você era muito pequeno, quando sua mãe e Charles vieram morar aqui.

-Conheceu meus pais?

-Sim. Mas perdi o contato com eles a quase dezoito anos. – Ele falou com ar pesaroso. – É muito bom reencontrar o filho do meu grande amigo. Como está seu pai?

Abaixei os olhos. Não queria pensar no meu pai, não no momento em que eu precisava esfriar a cabeça.

-Camus? – O homem minha frente chamou minha atenção. – Está tudo bem?

-Meu pai morreu, senhor Matsuda. – Falei, com um sorriso amargo.

O homem à minha frente arregalou os olhos e abriu a boca para falar, mas som algum saiu. Pude notar na face dele a dor por receber aquela notícia.

-Já faz algum tempo. – Comentei, em tom displicente.

-Não. – Murmurou. – Meu amigo... Impossível.

Ele pareceu pensar por um momento.

-Eu não tenho nada para fazer agora, porque não saímos para tomarmos um café? – Sugeriu. – Para que possamos conversar melhor.

Eu realmente queria sair dali, mas para ficar sozinho. Algo no olhar daquele homem me intrigava. Eu já havia recebido olhares de muitas pessoas, olhares que demonstravam toda a sorte de sentimentos que se poderia receber, mas apenas um, antes daquele, demonstrava uma admiração tão genuína.

Mas, eu poderia sumir daquele lugar sem que Milo estranhasse? O que eu diria a Milo para justificar o meu desaparecimento da empresa? Não, eu precisava ficar calmo, pensar bem, antes de tomar qualquer atitude estúpida. Eu sabia, no meu íntimo, que Milo era inocente, portanto, não estragaria tudo.

-Sinto muito, senhor. Mas estou esperando meu... – Quase soltei um “meu namorado”, mas controlei-me. Me apresentar como namorado do grego no ambiente de trabalho dele não era correto. – Milo, estou esperando Milo.

O homem sorriu.

-Seu namorado, não precisa se envergonhar de dizer. – Disse compreensivo. – Como eu já falei, sou amigo do loiro, sei de seu relacionamento com ele, só não poderia imaginar que você fosse o mesmo Camus que conheci ainda tão pequeno.

-Pois é. – Falei, um tanto constrangido.

-Já que não quer sair da empresa, o que acha de conhecê-la? Milo pode nos achar facilmente em qualquer lugar aqui dentro, então não tem com o que se preocupar. – Propôs animado. – Eu gostaria de saber mais sobre você.

Ele tinha razão, Milo facilmente nos acharia, além disso, eu precisava esfriar a cabeça antes pôr novamente os olhos sobre aquele grego, não podia ser injusto com ele.

-Tudo bem. - Concordei.

E assim, Hades me guiou em uma visita agradável pela empresa do loiro atrevido, procurando saber mais sobre minha vida e a dos meus pais.

 

.........................................

 

Pov. Milo

Saí da sala de reuniões correndo, tinha que tirar aquele desgraçado de perto do meu ruivinho. Entrei na sala, completamente afobado, e imaginem minha surpresa ao encontrar a sala vazia. Voltei a correr, dessa vez para a recepção.

-Shina, onde está Camus? – Perguntei aflito, mas usando um tom baixo.

-Algum problema, senhor?

-Só diga onde ele está! – Praticamente gritei com ela.

-Saiu com o senhor Matsuda a algum tempo, senhor Scorpion. Senhor Matsuda disse que mostraria a empresa pra ele.

-Caralho! – Praguejei baixo. - Como ele estava? Ele estava bem?

Shina franziu o cenho para mim, claramente estranhando toda aquela conversa.

-Sim, senhor. Não compreendo o que quer dizer. Há algo errado?

É claro que há! Está tudo errado! Vou matar aquele filho da puta se ele tocar em um único fio de cabelo ruivo do meu menino.

-Não. – Falei, já saindo dali.

Voltei para meu escritório, furioso, tentando decidir sobre quem eu mataria primeiro, se Hades, por ter levado meu ruivinho; se Afrodite, por ter saído da sala e deixado Camus sozinho; ou se Camus, por sair para dar uma volta com um homem desconhecido, pondo-se em perigo. Ao menos dentro da empresa Camus estava seguro, Hades não era burro a ponto de fazer algo ali e ser visto por dezenas de funcionários.

Caminhando nervosamente pela sala, peguei o celular e disquei para Camus, mas antes que o primeiro toque fosse dado, vi ele entrar na sala, ao lado do homem que eu mais odiava.

-Mas onde é que você estava? – Perguntei exaltado, caminhando até ele e o puxando pelo braço, para que ficasse a meu lado, longe daquele homem.

Camus ergueu as sobrancelhas, obviamente surpreso e sem entender meu estado de nervos.

-Eu o levei para conhecer a empresa, Milo. Não entendo por que está tão exaltado. – O miserável comentou, afetando uma inocência que não lhe pertencia.

-Eu não falei com você! – Rosnei. Voltei a encarar o ruivo. – Eu mandei você ficar aqui!

Camus franziu o cenho para mim, depois direcionou os olhos para o aperto que eu ainda mantinha em seu braço, em um pedido mudo para que eu o soltasse.

-Mandou? Enton você manda em mim agora? – Questionou, me encarando de forma irônica. – Você sumiu e me largou aqui sozinho!

Soltei o braço do ruivo e corri os dedos pelos meus cabelos.  Precisava ficar calmo, Hades não havia feito nada, e eu ficar tão nervoso só faria Camus se chatear e ficar desconfiado de que algo estava acontecendo.

Suspirei.

-Desculpe. – Toquei, com a ponta dos dedos, o rosto sério dele. – Você não tem culpa por eu estar tão estressado, me desculpe.

Hades já sabia sobre meu relacionamento com o ruivo, não havia mais porque me esconder. Agora, eu mostraria a ele que eu protegeria aquele moleque com a minha vida.

-Está tudo bem. – Camus respondeu, ainda com o cenho franzido, mas parecendo aceitar meu pedido.

Tinha algo errado. Algo no fundo dos olhos dele mostrava claramente que não estava tudo bem.

-Agora que está mais calmo, podemos conversar, os três. O que acham? – Hades estava provocando, se eu não saísse logo dali, ia quebrar a cara dele.

Estreitei os olhos, e Hades sorriu, altivo, desafiador.

-Vamos embora. – Peguei a mão do ruivo e puxei-o até a porta, ignorando os protestos dele.

-Milo, espera!  - Puxou a mão da minha. – Onde você deixou sua educação?

Vi ele caminhar de volta até Hades e sorrindo, estender-lhe a mão.

-Foi um prazer conhecê-lo, senhor Matsuda.

-O prazer foi todo meu, Camus. Pode acreditar. – Disse ele, apertando a mão de Camus, mas olhando para mim. – Por favor, dê lembranças a sua mãe e diga que logo vou visita-la.

-Direi. – Meu menino respondeu, gentil. Virou-se e passou por mim a passos duros, saindo pela porta, sem sequer me esperar ou olhar.

Fiz menção de segui-lo, mas Hades segurou meu braço, fazendo-me encará-lo.

-Acho bom você me respeitar, Milinho. – Comentou, olhando-me seriamente. – Você sabe que não tem como fugir de mim.

Separei, bruscamente, meu braço do aperto da mão dele, encarei-o no fundo dos olhos, e pronunciei as palavras que se tornariam minha missão.

-Eu juro que vou me banhar no seu sangue nojento, Hades.

Ele riu, aproximou o rosto do meu e sussurrou.

-Eu teria cuidado com as palavras, se fosse você. Qualquer dia desses, o vermelho espalhado nos seus travesseiros, pode não ser dos cabelos ruivos do seu namorado.

Um arrepio percorreu minha coluna, ao ouvir aquela ameaça. Fiquei parado, vendo-o sair pela porta da minha sala, calmamente.

Miserável! Desgraçado! Filho de uma puta!

De qualquer forma, não era hora de pensar nas ameaças dele, eu tinha um ruivo furioso para domar.

 

.........................................

 

Pov. Autora

Camus estava sentado no banco do passageiro, calado, olhando fixamente para fora da janela.

Estava chateado com as atitudes de Milo. Onde ele tinha deixado a educação? Não se destrata as pessoas daquela forma, especialmente uma pessoa tão agradável quanto Hades.

Na verdade, Camus achava que Milo deveria agradecer a Hades por o ter levado para dar um passeio pela empresa.  Caminhar fez com que ele expulsasse de vez a ideia absurda de Milo ser um mafioso. Mas aí Milo aparece e faz um escândalo!

Como uma pessoa podia ser tão imprevisível? Uma hora estava bem, depois estava chateado, depois era sarcástico e cruel, para logo depois ser carinhoso e adorável. Milo era um homem multifacetado, era difícil lhe dar com aquilo.

-O que você tem? – Ouviu o loiro perguntar. Forçando-se a sair de seus pensamentos, olhou-o como se não houvesse compreendido. – Está disperso desde que saímos da empresa.

Ao seu lado, Milo parecia nervoso, apreensivo, e de fato era assim que se encontrava. Camus não havia dito muitas palavras desde que saíram da Scorpion Mobile, o que era estranho, contando que Milo esperava levar uma tremenda bronca pela sua “falta de educação” com o maldito Hades.

-Estou bem. – Foi o que o ruivo respondeu apenas, voltando a olhar através da janela.

Milo bufou exasperado, era preferível um Camus irritado e nervoso, do que aquele estranho sentado ao seu lado. Seu dia havia passado da "promessa de algo incrível", para uma "merda sem tamanho".

Estava levando o ruivo para o seu apartamento, ao menos sua proposta de almoço não fora completamente rechaçada pelo outro, porém agora, não sabia mais o que estava acontecendo ali.

-Você é um péssimo mentiroso. Olha, Camus, se for pelo que fiz na empresa, me desculpe, okay? Eu já expliquei que estava estressado, e sei que não devia descontar em ninguém, me perdoe. – Comentou, sem olhar o ruivo nos olhos. Boa parte daquilo era mentira e não mentiria olhando nos olhos dele.

Camus encarou o perfil retraído do grego a seu lado, ele parecia  atormentado, talvez algo ruim tivesse mesmo acontecido. As mãos apertavam o volante com força além da necessária, suas sobrancelhas estavam franzidas, e ele não olhara Camus em, praticamente, momento algum enquanto falava, sem falar no bico infantil que ele ostentava nos lábios.

Milo tinha modos tão infantis às vezes, era adorável vê-lo bravo, ou tentando se desculpar daquela forma.

Camus sorriu, quase que imperceptívelmente. Pensava que era impossível aquele Milo ser um criminoso e em como fora bobo ao cogitar tal sandice.

Mas, ainda havia um problema ali e não sabia como fazer Milo se abrir. O grego estava com aquele ar de “não se aproxime”, mas era visível certa agonia estampada em seus olhos azuis.

-Está tudo bem, Milo. Só fiquei um pouco chateado pela cena na empresa. – Não era bem aquilo que o atormentava, mas não era de todo uma mentira. O que o atormentava ainda, era a imagem da maldita câmera sobre a mesa dele. Quem colocara aquilo lá? – Mas, você também non parece bem. O que houve?

Milo olhou-o diretamente pela primeira vez, pensando em negar sua afirmação, mas quase perdeu o fôlego ao observa-lo.

A janela do carro, aberta, deixava que o sol da tarde entrasse, iluminando os belos olhos do menino ao seu lado, dando-os um tom vermelho rubi, o mesmo sol que se espalhava pelos seus cabelos rubros, deixando-os mais claros, como se estivessem em chamas. O vento que bagunçava os fios vermelhos, fazia com que Camus, vez ou outra, levasse a mão até eles, os afastando charmosamente de sua face de porcelana. Camus quase parecia um ser etéreo.

Como um ser humano podia ser tão perfeito?

Seu coração disparou, sua respiração tornou-se curta e ele esqueceu-se completamente de que estava dirigindo. Era nesses momentos que ele tinha novamente a confirmação de que estava completamente apaixonado.

-Olha pra frente, Milo! – Camus exclamou, quando se deu conta de que o loiro tinha tirado os olhos da estrada. – Quer nos matar?

Milo sorriu um pouco.

-Vou te matar com muitos beijos, assim que chegarmos em casa.

-Nada beijos para você até me dizer o que está havendo! – Sentenciou, erguendo uma sobrancelha em desafio.

Milo soltou um resmungo baixo.

"Moleque teimoso."

Se não tinha como fugir da conversa, mentiria novamente. Era o que fazia de melhor afinal.

-Só fiquei com ciúmes de te ver com aquele cara. – Comentou, exasperado, mas tentando sondar o que queria saber. – O que ele te falou?

Camus sabia que não era a verdade, mas não poderia obriga-lo a falar, ao menos, não ali. Deu de ombros, displicente.

-Ele conhecia meus pais.

-Seus pais? – Milo o encarou, de olhos arregalado.

Aquilo só podia ser brincadeira, uma piada ruim e sem graça. Seu inferno astral era mesmo talhado para que fosse torturado a cada segundo.

-Eram amigos quando viviam na França, pelo menos, foi isso que ele me disse. – Tentava soar indiferente. – Ele non sabia que meu pai tinha morrido.

O loiro olhou-o pelo canto dos olhos e viu-o ficar novamente distante. Aquele era um terreno perigoso, sabia como Camus ficava ao falar de seu pai, não era um bom momento para falar sobre o assunto.

-Enton? Non vai me dizer o que está acontecendo? - Questionou, o jovem francês, tentando desviar o rumo da conversa de volta aos mistérios de Milo.

-Camus, fique longe de Hades. – Falou, categórico, enquanto estacionava o carro na garagem do seu prédio, ignorando completamente a pergunta que ele havia feito. – Sei o que você está fazendo e isso não é saudável.

Camus quase riu, entrando no elevador e subindo com o grego para o apartamento dele.

-Oh, sim. Eu quase esqueci que você sempre sabe o que é melhor para todos. – ironizou.

Milo abriu a porta do apartamento e esperou que Camus entrasse, fechando-a em seguida e sentando-se no sofá, puxando-o para sentar a seu lado.

-Você está se apegando a ele por que ele representa mais lembranças do seu pai! Camus, Hades é um homem perigoso. – Afirmou, encarando, seriamente, os olhos rubros de Camus. – Antes que diga que estou me metendo na sua vida, quero que saiba que só estou preocupado. Eu sei do que estou falando, você não o conhece.

Camus riu amargo.

-Acho que Hades non é a única pessoa que desconheço por aqui, Milo. – Disse, cruzando os braços sobre o peito e encarando o loiro.

Milo sentiu que suas faces perderam um pouco da cor. O que Camus estava insinuando? A mínima possibilidade de ele saber de algo era assustadora. O que Hades havia contado? Mesmo assim, obrigou-se a manter a face serena, inalterada.

-Do que está falando? – Questionou, como se não se intimidasse com as palavras do outro.

Camus suspirou. Sabia que não conseguiria arrancar nada de Milo daquela forma, o grego era desconfiado e não fazia nada sem que recebesse algo em troca. Bem, ele havia lhe contado sobre a morte dos seus pais, não? Qual seria o problema de fazer o mesmo?

Camus havia chegado à conclusão de que Milo estava com sérios problemas. O grego era intempestivo por natureza, mas ele estava agindo de forma quase insana, não era natural que ele agisse daquela forma.

Levantou-se do lado do loiro e sentou à frente dele, sobre a mesinha de centro, segurou as mãos de Milo e o olhou nos olhos. Milo encarou-o, sem compreender a súbita mudança.

-No dia que me contou sobre o acidente dos seus pais, você disse que para recebermos confiança, era necessário confiar. Pois muito bem, é hora de retribuir a confiança, Milo.

Os olhos de Milo aumentaram exponencialmente. Camus contaria sobre seu pai? Sobre sua história?

-Não faça isso. – O grego alertou. – É a sua vida, não conte se estiver fazendo isso por pensar que é obrigado. Você não é.

-É hora de revirar o passado, loiro. – Camus comentou, com um pequeno sorriso, apreciando a preocupação de Milo. – É hora de dividirmos o peso.

 

...........................................

 

Hades saiu da Scorpion Mobile muito satisfeito. Seu filho era melhor do que imaginava. Camus era forte, inteligente, perspicaz, possuía uma resposta para tudo e tinha a língua extremamente afiada, mas ao mesmo tempo, era gentio. Hades viu apenas um defeito no filho, ele era sentimental demais. Pessoas sentimentais eram facilmente manipuláveis, mas para Hades, seu filho ser manipulável, era extremamente útil no momento.

Dirigiu-se para casa, já encontrando Pandora muito bem acomodada na sua cama, assim que adentrou seu quarto.

-Boa tarde, chefe! – Cumprimentou, enquanto via o belo homem afrouxar a gravata. – Como foi com nosso pequeno Milo?

Hades sorriu, retirou os sapatos e sentou-se na cama, ao lado da mulher, que o observava com um olhar malicioso.

-Melhor do que eu imaginava que pudesse ser. Encontrei Camus lá, e você nem pode imaginar o quão agradável ele é.

Pandora franziu o cenho e ajustou sua postura na cama, para que pudesse ver melhor a face do seu “senhor”.

-Eu deveria me sentir enciumada, senhor? – Perguntou, com uma voz sensual, sentando-se sobre as pernas do homem. – Não consigo entender porque tanto interesse nesse putinho que o Milo anda fodendo.

Hades segurou a face pálida da mulher à sua frente com força, fazendo-a arregalar os olhos.

-Eu só não faço você engolir essas palavras, porque sei que você não conhece a história inteira. – Pronunciou, com a voz rouca, enquanto sorria perigosamente. Soltou a face da mulher, mas manteve-a próxima. – Camus Lefebvre, o “putinho que o Milo anda fodendo”, é meu filho.

Hades viu o medo ser substituído pela surpresa, no rosto da mulher. Pandora sentiu que se não estivesse sentada, suas pernas não suportariam o peso de tamanha revelação.

-Como... como isso é possível? – Tentou ser coerente. – Por que nunca me disse nada? Eu nunca soube!

-Estou dizendo agora. Há muitas coisas sobre mim que você não sabe. – Retirou a mulher do seu colo, e sentou-se de frente para ela. – É uma história longa e antiga. Gosta de histórias antigas, Pandora?

-Sim, senhor. – Disse ela, em clara expectativa, sentindo a mão fria dele tocar-lhe a face.

-Eu ainda era bem jovem quando iniciei minha organização, jovem e ambicioso. A oportunidade surgiu na França e, obviamente, eu não a desperdicei. Meu tato para os negócios, me conferiu, rapidamente, fama no submundo e eu comecei a expandir meus empreendimentos para diversos ramos. – O moreno deitou-se na cama, com os braços atrás da cabeça, olhando para o teto. Era estranho falar daquilo, seu orgulho ainda era ferido por cada cena que lhe voltava a memória. – Um tempo depois, conheci Christopher Andreas Scorpion, um empresário do ramo das telecomunicações que passava por uma fase financeira ruim e precisava de dinheiro fácil.

-Christopher Scorpion, o pai do Milo? – A mulher perguntou para confirmar. Era a primeira vez que seu senhor lhe falava sobre seu passado.

– Sim, o pai do Milo. Para mim foi ótimo, eu precisava de ajuda para despistar a polícia, e um sistema de satélites seria perfeitos para me ajudar a saber onde eles estariam, antes que eles soubessem onde EU estaria. Então eu passei a ajudar Christopher a sair da crise financeira e ele me ajudava a evitar a polícia. – Ficou mais sério, continuando a encarar o teto do quarto. – Christopher tornou-se meu amigo, por assim dizer, e saíamos juntos para jantar e conversar. Em desses jantares, conheci a mulher com quem eu viria a me casar um tempo depois. Natássia Lefebvre.

O queixo de Pandora caiu. Ela sabia que Hades havia sido casado, mas jamais imaginou que a esposa fora Natássia e que eles haviam tido um filho! Bom, ao menos, agora sabia o porquê de Hades ter aquela fixação pela loira.

-Ela era garçonete no restaurante onde jantei com Christopher. Garçonete... veja só o quanto me rebaixei. – Sorriu de leve. – Me apaixonei por ela na mesma hora. Voltei naquele restaurante quase todas as noites, durante um mês, e só então a convidei para sair. Nos casamos um tempo depois. Vivíamos bem, e eu estava feliz, meus negócios cresciam, minha mulher era linda, eu a amava e era recíproco; alguns meses depois, uma nova surpresa. Natássia estava grávida. Eu quase surtei com a ideia, um filho era tudo o que eu mais queria na época. Um filho com a mulher que eu amava. – Pandora estava de boca aberta. Era impossível imaginar Hades daquela forma. Aquele homem podia amar? – Os meses se passaram e a ideia de ser pai só crescia, assim como meu filho, na barriga dela. Eu quis dedicar-me inteiramente a minha família quando meu filho nascesse e, para isso, precisava me afastar um pouco do trabalho. E foi assim, que Charles Vincent Lefebvre entrou na minha vida. – Fez uma pausa, levantando-se da cama e indo até a adega, servindo-se de uma taça de conhaque. – Ele era uma das incríveis aquisições que fiz para trabalhar comigo, todos lá dentro falavam o quanto ele era esforçado e inteligente, fiquei curioso para conhecer o homem que fez minhas vendas na região sul da cidade triplicarem em alguns meses.

-Essa história é inacreditável! – Pandora não se conteve. – Então o pai do Camus também trabalhava com você?

Hades virou-se para ela com um olhar ferino. Charles não era pai de Camus.

-É, por assim dizer. – Não discutiu. Seu humor ainda estava bom demais para estragá-lo discutindo com Pandora. – O fato, é que quando conheci Charles, desenvolvi uma empatia enorme por ele. De fato o francês era inteligente, perspicaz, e muito amigável. E eu pensei “Por que não treina-lo para ficar no meu lugar?”, foi isso que eu fiz. Meses depois, meu filho nascia e eu passava um pouco do controle da organização para Charles, que na época já havia se tornado meu amigo e era o homem em quem eu confiava cegamente. – Sorriu, tomando um generoso gole de sua bebida.

-Charles frequentava minha casa, jantava comigo e com a minha família, visitava meu filho. E eu? Eu estava que não cabia em mim de tanta felicidade. Voltei a trabalhar apenas quando meu filho fez seis meses. Camus... foi esse nome que demos a ele, era um menino esperto, muito apegado a mim e eu simplesmente o amava. – Sentou-se na beira da cama. – Um dia, cheguei do trabalho e encontrei Charles beijando Natássia. Charles, meu melhor amigo, me traía com a minha esposa. É tão clichê, não acha? – Riu amargo. – E no meio daquilo, fiz uma pergunta ainda mais clichê, “Por quê?”. Natássia disse que havia se apaixonado pelo francês, que me deixaria, que ia embora com ele e levaria meu filho. Eu fiquei furioso. – Hades pronunciava tudo aquilo sem o mínimo tom de emoção na voz, os olhos frios fitavam o nada, e um sorriso perigoso brincava em seus lábios finos. - Eu a amava, entende? Nunca permitiria que ela saísse da minha vida, não com Charles. Peguei minha arma, eu a mataria na frente do amante dela, e depois, eu o mataria também, mas bem demoradamente. Mas antes que eu atirasse, Charles se jogou sobre mim e bateu com algo pesado na minha cabeça, desmaiei... Quando acordei, Natássia tinha fugido com ele, e sabe o pior de tudo? A maldita levou meu herdeiro.

A essa altura, Pandora já tinha levantado e ido também pegar uma bebida. Aquela história era surreal demais para ouvir enquanto sóbria.

-Procurei-os por doze anos, Pandora. Doze anos! Mas a procura valeu a pena. Encontrei-os, finalmente, em Boston. Natássia estava grávida de seu segundo filho, o primeiro com aquele miserável, mas eu não a deixaria ser feliz ao lado dele. Então mandei que matassem o traidor, e assim foi feito, Charles foi morto e, pelo que soube, Camus havia visto tudo. Natássia fugiu com meu filho mais uma vez e mais seis anos de procura se passaram.

Hades levantou da cama e caminhou até Pandora, passando um braço pela cintura dela e trazendo para perto.

-Mas o destino sempre favorece os que nasceram para vencer, minha querida. – Sussurrou acariciando a face dela. – E quando você me mostrou a foto de Natássia com o namorado do Milo, eu liguei os pontos. O mundo é mesmo pequeno, não acha? Agora, terei minha vingança contra Natássia, meu filho ao meu lado e Milo, definitivamente nas minhas mãos.

Beijou os lábios da mulher. Um beijo forte, quente, sensual. Pandora passou os braços ao redor do pescoço dele, retribuindo o toque como podia.

-Mas, como Milo entrou nessa história? – Questionou ela, quando a boca de Hades passou a acariciar-lhe o pescoço.

-Isso é outra história longa e antiga, mas não vem ao caso agora.

Hades arrastou Pandora até a cama, jogando-a nela. Deitou-se sobre o corpo da bela mulher e passou a distribuir beijos por toda a sua pele. Não era homem de comemorar a vitória antes de ela acontecer, mas não podia se conter. Triunfaria sobre todos os seus inimigos.

 

.............................................

 

-Eu tinha doze anos na época. Estávamos morando em lugar perto Boston e maman estava grávida do Oga quando tudo aconteceu. – Camus começou a narrar, ainda sentado à frente de Milo e segurando suas mãos, mas com o olhar perdido em um lugar qualquer da parede atrás do grego. – Vivíamos muito bem lá, apesar de sentir falta de casa às vezes. É estranho pensar assim, já que nunca morei na França realmente, quando meus pais vieram para cá, eu tinha um ano. Mas todos os anos, nas férias, quando eu non precisava ir à escola, meus pais voltavam pra lá, ficávamos em uma casa no campo, afastada da civilização, como a que morávamos em Boston. Eu adorava tudo aquilo, o cheiro, os sons, as poucas pessoas que por lá também viviam... era sempre como voltar ao lar, entende? – Camus sorria ao narrar as lembranças bonitas que tinha da infância, apesar de um traço de tristeza continuar cruzando seu olhar, e Milo apertava-lhe a mão com mais força, incentivando-lhe a continuar. – Natássia sempre agia estranhamente quando  íamos à França, mas eu não ligava, era tudo perfeito.

Camus parou de falar por um momento, olhou novamente para Milo e viu calor nos olhos dele, doçura. Suspirou. Milo o entenderia, ele também havia perdido os pais.

-Enfim. - Continuou, sendo mais objetivo. – Meu pai foi me buscar na escola, uma tarde. Voltamos para casa fazendo planos sobre como aproveitar nossas férias na França naquele ano, sobre como o Oga iria gostar de correr pelo gramado da casa em que ficávamos, sobre como eu precisaria cuidar dele quando meu pai fosse trabalhar, já que eu seria o homem da casa nessas horas. Tantos planos... Planos que ficaram apenas na minha memória diante de tudo o que aconteceu.

-Camus, não precisa... – Milo tentou interromper o relato, via nos olhos rubros do menino à sua frente, que era doloroso falar daquilo. Não podia ser diferente. Se em si, doía saber da morte dos pais, imagina em Camus, que VIU o pai ser morto!

-Está tudo bem. – O francês respondeu, sério, sem encara-lo. – Minha mãe non estava em casa naquele dia, o que até hoje agradeço aos deuses, ela provavelmente teria... – Balançou a cabeça para os lados, tentando organizar o fluxo de pensamentos. -  Quando chegamos em casa, meu pai parou o carro e abriu a porta da garagem, eu estava no carro ainda, mas pude ver quando três homens se aproximaram e colocaram uma arma na cabeça dele. Sem muito conversar, os homens começaram a bater no meu pai, bateram até que ele estivesse caído no chão, sangrando; quando dei por mim, já tentava sair do carro para ajudá-lo, mas ele me lançou um olhar reprovador e eu soube que devia ficar lá dentro. – A voz de Camus falhou e seus olhos ficaram úmidos, mas ele forçou-se a continuar. – Os homens continuaram a bater nele, rindo e dizendo coisas que eu non compreendia, e eu non podia mais ver aquilo sem fazer nada. Saí do carro e me joguei contra o homem que segurava meu pai contra o chão, ele non esperava por aquilo, enton desequilibrou-se e caiu, os outros dois homens me seguraram e eu pude ouvir a voz do meu pai gritar para que me soltassem, que non me machucassem. O homem que eu havia derrubado levantou-se e desferiu um tapa contra meu rosto, disse que só non me mataria porque a ordem era apenas de machucar meu pai, mas que me castigariam. – As lágrimas desceram sobre a face avermelhada de Camus, mas ele abaixou o rosto para que Milo não às visse. – Enton eles me seguraram de joelhos no chão, perto de onde meu pai estava caído, e o homem que eu havia derrubado ergueu a arma na direção dele, eu comecei a gritar para que ele o soltasse. Eu só consegui chorar, Milo, chorei enquanto ouvia os homens rirem da situação. Meu pai me chamou, ele sabia que morreria, sabia e, mesmo assim, tentou me acalmar. Pediu para que eu fechasse os olhos.

“-Camus, feche os olhos! – O pai pediu.

-Non, papa, non! – O menino ruivo chorava.

-Está tudo bem, meu pequenino.  – Charles falava, calmo, com um sorriso carinhoso, apesar dos olhos tristes. – Agora feche seus lindos olhos, por favor.

-Papa! – A contragosto, Camus fechou os olhos, como o pai havia pedido.

- Eu te amo, Camus. – Foi tudo o que ouviu, antes do som ensurdecedor que sucedeu as palavras do pai.”

-E eles atiraram, na cabeça dele. Depois, os homens me arrastaram até meu pai e me jogaram sobre o corpo dele, indo embora logo em seguida. Agarrei-me a ele, pedindo para que non me deixasse, mas ele non mais responderia. Meu pai estava morto, ele nunca mais diria que me amava, Milo. – Comentou triste. – Só soltei-me dele quando maman chegou e me tirou de lá. A polícia disse que foi provavelmente uma briga entre duas facções rivais no tráfico de drogas e que meu pai, por ser um cidadão honesto, fora morto por engano. – Riu seco, a face molhada. – Morto por engano, acredita? Meu pai havia sido arrancado de nós por um mísero engano, por causa das malditas drogas que sequer tínhamos contato. Depois disso, minha mãe mudou-se para cá comigo, o Oga nasceu e minha vida virou um inferno. A única coisa boa que tive no meio disso tudo, foi o meu irmão. Hyoga crescia sem um pai e eu fiz o possível para suprir a falta que Charles faria na vida dele. Mas para mim, ninguém supriu, ninguém cuidou de mim. Eu fiquei sozinho. – Suspirou profundamente, sentindo as mãos de Milo tocarem sua face úmida.

Milo ajoelhou-se à frente de Camus e, sem dizer nada, o abraçou. Camus agradeceu mentalmente o gesto, não precisava de palavras naquele momento, precisava de carinho. Permitiu-se chorar nos braços de Milo, permitiu-se chorar na frente de alguém pela primeira vez, depois que tudo aquilo havia acontecido.

-Vai ficar tudo bem agora, meu menino. – Milo sussurrou baixo, enquanto acariciava os fios rubros do menino tristonho. – Eu vou cuidar de você. Nunca mais será machucado, eu prometo, eu não vou deixar.

Um soluço estrangulado escapou pelos lábios de Camus sem que ele quisesse, e Milo compreendeu que Camus precisava daquilo, precisava chorar, precisava colocar a dor para fora; pela primeira vez, precisava ser cuidado e não cuidar, precisava dividir o peso.

Uma miríade de sentimentos tomou a cabeça de Milo naquele momento, seus sentimentos estavam uma bagunça, compartilhava a dor que seu menino sentia, sofria por vê-lo sofrer e queria, mais que tudo, cuidar dele para que nunca mais sofresse, não permitiria que lágrima alguma manchasse a perfeição daquela pele de porcelana que tanto amava. Amava... Toda mistura de sentimentos trouxe a si a compreensão de que sentia por Camus algo nunca sentido antes, algo tão intenso quanto a força da própria vida.

-Eu te amo, Camus. – Sussurrou, e Camus sessou todos os barulhos que antes fazia, inclusive o dá respiração. Não sabia se tinha ouvido direito, mas ergueu os olhos úmidos para Milo, esperando ver se tinha mesmo ouvido corretamente. – Eu te amo, e não vou deixar ninguém machucar você. Está me ouvindo?

Camus continuava parado, encarando Milo, que sorria abertamente, diante da sua cara de espanto. De fato, Camus não esperava uma declaração como aquela, não daquela forma tão aberta e, definitivamente, não naquele momento. Queria dizer alguma coisa, queria dizer que amava Milo também, que confiava nele o suficiente para entregar seu coração inteiramente em suas mãos, mas nada saía. Então jogou os braços ao redor do pescoço dele e o abraçou como se sua vida dependesse daquilo.

-Obrigado, Milo. – Sussurrou. - Obrigado por me proteger.

Milo separou o abraço um tempo depois, mas manteve-se próximo ao ruivo, que agora já não mais chorava, esperava ter ouvido um “Eu te amo” também, mas compreendia que o momento era difícil e que Camus precisava assimilar tudo o que havia dito.

Milo tomou os lábios bonitos do rapaz a sua frente, de forma doce, suave, apenas um carinho terno. Não o deixaria, provaria para Camus à cada momento que tudo era real, que ninguém mais o machucaria, que enquanto estivessem juntos, tudo estaria bem.


Notas Finais


É, meu povo... Hades não contou que era pai de Camus, mas fingiu-se de bom moço e parece que conseguiu a confiança do ruivinho. O que ele está pretendendo? Só conto no próximo! Não vão me bater, né?

Vimos o passado que envolvia Hades, Natássia e Charles. Agora, vamos cantar em homenagem a Hades: "Hoje é o dia do corno, foi bom te encontrar. Vamos tomar um bom porre pra comemorar..."🎤🎤🎤 (Okay, parei! kkkkk)

Vimos que tudo o que Hades quer é vingança contra Natássia. (Eu também ia querer se levasse um par de chifres!)
Quer também manter Milo nas mãos, pelos mesmos motivos que mantinha amizade com o pai dele. (O cara destruiu a vida de um monte de gente por interesse. Me segura, se não, vou dar na cara dele!)
Mas, vimos também, que ele quer o filho de volta! É isso mesmo, Hades tem coração, meu povo!😱

Fico aqui pensando... Hades manterá toda essa "admiração" pelo filho quando souber de toda a verdade? E Camus, como reagirá ao saber sobre seu verdadeiro pai? Ele até foi com a cara do grego do mal...

Por falar em Camus, vimos ele contar sobre a morte do pai (a parte que ele sabe, é claro) e o quanto sofreu pra tocar a vida. Milo, sempre disposto a ser herói, consolou nosso ruivo, e no fim, soltou aquela frase mágica e totalmente fora de momento: "Eu te amo!" E ainda prometeu que o protegeria. (Alguém aí acha que Camus vai se sentir traído quando descobrir tudo?)

Daqui pra frente, tudo será mais escuro, sombrio e doloroso. A verdade não tardará a vir à luz! (O que é um alívio, já demorou demais! Heuheuheu)

O que vocês acharam? Foi ruim? Foi bom? Comentem! Adoro ler as opiniões de todos vocês.
Um beijo grande para todos!
Até o próximo capítulo!
❤❤❤❤


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