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História A cruz e a espada (Milo X Camus) - Por você.


Escrita por: Lady-Rin

Notas do Autor


Quem são as coisas mais lindas da autora? Sim, são vocês!

Primeiramente, quero desejar um feliz natal atrasado para todos vocês, meu objetivo era ter postado no dia de natal mas não consegui, então aqui estamos. Já que não postarei mais esse ano, quero adiantar meu feliz ano novo, e desejar que nos encontremos muito mais vezes por aqui. Obrigada por me fazerem feliz durante esses meses de fanfic, foram meses de luta para todos, mas ainda estamos firmes.
Feliz ano novo meus amores, muitas realizações para vocês, paz, saúde e amor!

LEMBRETES
***A parte do texto em itálico são lembranças.
***O capítulo não foi betado. Se acharem erros muito grotescos, me avisem e eu corrigirei.
***Créditos da imagem ao autor!

Quero agradecer a quem favoritou a história: ~docinholindinha, ~WashuM, ~Bia-chan96, ~amuubiscoito, ~Magado4, ~MaryBlum, ~Naomi_Nakamura e a ~Persefone-, que depositaram confiança na história e na autora, obrigada! ❤

Agradecimentos especiais a: ~Athenaia, ~giihb16, ~ImKa, ~CapriCarol, ~Pisces_no_Anya, ~LadyQueenRed, ~DaniScorpio, ~Seiji_Chan, ~Sthefanydpeixes (Sherlock de Peixes), ~xEuphie, ~dohko2001, ~BoloraCora, ~sakura-senpai08, ~Edigemini, ~Pedacinhodeceu e a ~DydomoiSaga. Obrigada pelo incentivo maravilhoso, eu não conseguiria seguir se não fossem vocês. ❤

Boa leitura, meus amore! Nos vemos lá nas notas finais.

Capítulo 24 - Por você.


Fanfic / Fanfiction A cruz e a espada (Milo X Camus) - Por você.

Pov. Camus

Saí da Scorpion Mobile aliviado e desapontado. A descoberta de que mais pessoas tinham acesso a sala de Milo me deixava mais confiante sobre sua inocência, por outro lado, meus instintos gritavam que havia algo muito errado no meio de toda aquela história, mas por mais que eu me esforçasse, não conseguia ver o que ali não se encaixava.

Em minha mente não havia qualquer resquício de dúvida sobre o que eu deveria fazer: pôr quem quer que estivesse por trás daquela história na prisão. O grande problema estava em todas as vezes que meu cérebro gritava o nome de Milo, nesses momentos, minhas convicções esvaneciam-se completamente.

A chave de toda aquela história estava em duas questões que eu precisava resolver: A primeira, era descobrir a quem pertencia a voz que eu ouvi àquele dia no porto. Se eu descobrisse quem era o dono daquela voz, eu resolveria também a segunda questão: onde a Scorpion Mobile se encaixa na trama, e consequentemente, Milo.

Divagava sobre todas essas coisas enquanto caminhava distraidamente pela calçada - já que meu carro tinha magicamente “morrido” e me deixado à pé - só notando o carro preto que me seguia quando este diminuiu a velocidade, acompanhando meus passos.

-Camus! – A voz grave do homem chamou minha atenção. – O que faz sozinho por estes lados?

-Senhor Matsuda. – Sorri de leve, ao notar que era o sócio de Milo. – Estava visitando o Milo, mas já estou voltando para casa.

Hades esticou-se e destravou a porta do carro.

-Entre, eu lhe dou uma carona. – Sorriu-me.

Pensei por um momento. Que mal faria, não é? Eu precisaria caminhar até em casa de qualquer forma, além do mais, Hades era sócio de Milo, deveria saber muitas coisas a respeito do loiro e da empresa.

Entrei no carro.

-Espere um minuto, sim? Preciso fazer uma breve ligação. – Ele dissera.

Assenti com a cabeça e vi Hades puxar o celular do bolso e fazer a ligação.

-Vou me atrasar um pouco. – Ele disse ao telefone. – Apenas me espere.

Guardou o celular e me olhou, sorrindo de leve.

-Estou atrapalhando? – Perguntei.

-Não, eu só tinha que avisar que demoraria um pouco. – Comentou o homem sentado no banco do motorista, enquanto ligava o carro e seguia pela estrada. - Então passou para visitar nosso amigo grego.

-Sim. Almoçamos juntos. – Respondi simples. Hades era simpático e aberto a conversar, eu não via qualquer motivo para evitar responder seus questionamentos.

Ele sorriu-me rapidamente, voltando os olhos para a estrada em seguida.

-Milo é um cara de sorte, apesar de tudo. – Comentou em voz baixa, como se falasse apenas para si mesmo.

-O senhor trabalha na Scorpion Mobile a muito tempo? – Puxei a conversa para o lado que me interessava mais.

-Oh, sim. – Respondeu-me, em tom simpático. – Desde muito antes do Milo assumir.

Perfeito! - Comemorei mentalmente. Hades era simpático, solicito e tinha muitas informações importantes, era a pessoa perfeita para me ajudar com as respostas que eu precisava.

-Deve ser difícil lidar com Milo, non é? – Sondei, em tom de brincadeira. – Ele pode ser bem teimoso as vezes.

Hades franziu o cenho por um momento e eu pude ver um brilho estranho cruzar seus olhos, mas voltou a sorrir abertamente logo em seguida.

-Milo é um bom rapaz. – Comentou, fazendo uma expressão preocupada em seguida. – Apesar de ser tão instável.

-Instável? – A fala dele havia despertado minha curiosidade.

-Como eu poderia te explicar? – Pensou um pouco. – Ele é um rapaz inteligente, sabe como agir em todas as situações, mas nunca perde nada para ninguém. Milo está sempre disposto a tudo para conseguir o que quer.

“Disposto a tudo para conseguir o que quer.” Aquela frase fez com que algo se apertasse dentro de mim.

-Não que isso seja de todo ruim, é bom para os negócios. Mas às vezes, é bom termos limites. – Continuou. Depois encarou-me nos olhos, e por um momento, vi malícia neles. – Não acha que limites são necessários, Camus?

Meu coração estava estranhamente disparado, e quando eu respondi, minha voz saiu mais ríspida do que eu realmente pretendia.

-O que quer dizer com isso?

Hades arregalou os olhos para mim, claramente surpreso com o meu tom, e me arrependi de ter falado daquela forma no mesmo momento. Ora, se eu queria respostas, tinha que saber ouvi-las.

-Me desculpe, não quis dizer que ele é mau caráter ou algo assim. – Falou apressado. – Sei que me expressei terrivelmente mal, mas não foi minha intenção ofender a Milo ou a você. Como eu havia dito antes, Milo é um bom rapaz.

-Eu que peço desculpas, senhor. – Tentei concertar, suavizando o tom de voz. – Non quis ser rude, e até agradeço por me fazer conhecer um pouco mais daquele loiro.

-Bem, é natural reagir assim quando estão falando mal de quem a gente gosta. – Pareceu refletir um pouco. – Você é um bom garoto, Camus, só deveria observar melhor com quem anda.

Estranhava cada vez mais aquela conversa. A que Hades se referia realmente? Ele parecia dar voltas em torno de algo que queria me dizer, mas por algum motivo, não falava. Seu semblante estava sério, um tanto preocupado até, e não pude evitar me preocupar também.

-Eu acho que non entendi bem. A que se refere?

-Ora, a nada em específico. – Sorriu doce. – Só estava dizendo que quando nos deixamos levar pelos sentimentos, eles costumam nos fechar os olhos para o que é real. Ou algo assim.

Permaneci calado, sem entender nada. Hades riu um pouco, encostando o carro, próximo à minha casa.

-Desculpe. Estou aqui enchendo sua cabeça com essa conversa chata, enquanto você deve ter coisas muito mais interessantes em que pensar. – Tirou o cinto e virou-se para mim, sorrindo constrangido.

Tentei sorrir de volta, mas minha cabeça estava uma bagunça e o sorriso saiu meio falso. Todas as informações, todas as palavras ditas, tanto por Hades quanto por Milo, tudo... Era uma mistura catastrófica de informações que eu não sabia como organizar.

-Non há por que se desculpar, senhor. – Retirei o cinto e me preparei para sair. – Eu preciso entrar agora.

-Camus. – Ele chamou-me e sorriu de leve. – Sua companhia é muito agradável, espero que tenhamos mais oportunidades para conversar assim.

-Digo o mesmo, senhor. – Sorri de volta e saí do carro, ainda mais confuso do que estava antes.

Entrei em casa na companhia do silêncio, tudo estava quieto, em contraste com o barulho que estava na minha mente; Subi as escadas, encontrando minha mãe pondo um adormecido Hyoga na cama. Ela virou-se para mim assim que notou minha presença e sorriu, aproximei-me da cama e depositei um beijo na testa do meu irmãozinho, saindo quarto em seguida, com minha mãe.

-Vamos tomar um café. – Ela chamou e me puxou em direção a cozinha. – Hyoga brincou o tempo todo e acabou dormindo de ton cansado.

-Ele só para quando dorme. – Sorri.

-Como foi com Milo?

Sentei-me à bancada da cozinha enquanto observava os movimentos da minha mãe ao preparar o café.

-Bom. Conversamos um pouco e depois almoçamos juntos, nada de especial.

-Vai visitar um homem bonito como o Milo e nada de especial acontece? – Perguntou, em tom de brincadeira. – Impressionante.

-Meu carro quebrou na volta pra cá, se isso te impressiona. – Fiz uma careta fingindo aborrecimento.

Natássia riu de leve, e era impressionante vê-la rir, acontecia poucas vezes.

-Voltou de taxi ou Milo te trouxe? – Perguntou enquanto pegava algumas xícaras no armário.

-Nenhuma das alternativas. – Levantei e peguei o bule com café, indo até a bancada. – O senhor Matsuda me deu uma carona, ele é sócio do Milo.

Mal acabei de falar e um barulho alto fez-me virar rapidamente para ver o que tinha acontecido. As xícaras que antes estavam nas mãos da minha mãe, estavam agora quebradas aos seus pés, e ela me encarava com olhos assustados e a boca meio aberta.

-Mère, está tudo bem? – Andei até ela, parando a sua frente. – Se machucou?

-Matsuda? Hades Matsuda? – Perguntou aflita, e como não respondi de imediato, ela gritou. – Respondi!

-Sim. – Tratei de responder, cautelosamente. – Algum problema?

Natássia encurtou rapidamente a distância que havia entre nós, sem se importar com os cacos das xícaras espalhados pelo chão, agarrou meus dois braços, na altura dos ombros, e começou a me sacudir.

-Fique longe daquele homem! – Gritou, deixando-me momentaneamente assustado. -  Non chegue perto daquele maldito!

Por culpa do meu estado de espanto, demorei um pouco a reagir ao ataque histérico da minha mãe. Não fazia ideia do que havia de errado, mais cedo ela vem com uma conversa estranha sobre o meu pai, e agora, surta completamente sem motivo algum.

Segurei delicadamente os braços dela, afastando-os de mim, tentando manter algum controle sobre aquela situação e a abracei.

-Maman, acalme-se. – Continuei prendendo-a em meus braços até que ela se acalmasse um pouco. – Acalme-se.

Quando a soltei, ela passou a caminhar pela cozinha, de um lado para o outro, sem responder a nada que eu perguntasse.

-O que está acontecendo? Por que tudo isso?

-O que ele queria com você? – Ignorou minhas perguntas. – O que ele te disse?

-Nada de especial. Conversamos sobre o trabalho dele e sobre Milo. – Respondi, sabendo que ela não me esclareceria muita coisa naquele momento. – Ele disse que a conhecia, assim como a meu pai, disse que eram amigos. Non entendo sua reação.

-Camus, você precisa me ouvir. – Falou, voltando-se para mim, aflita. – Por tudo que você mais ama nessa vida, pelo Hyoga, fique longe daquele homem.

-Por quê?

-Hades é perigoso, destrói tudo o que toca e non faz nada sem trazer um grande sofrimento com ele.

Eu não conseguia compreender o mínimo que fosse daquela conversa. O senhor Matsuda parecia ser uma boa pessoa, até onde eu sabia.

-Ele non parece ser assim. – Comentei. – Pelo contrário, sempre se mostrou gentil e amigável, nunca fez nada que indicasse ser esse tipo de pessoa que a senhora está dizendo.

-É assim que ele quer que você o veja! Você non percebe, Camus? Ele só está fazendo isso para atrair você!

Franzi o cenho.

-Me atrair? Por que ele iria querer fazer algo assim?

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, a presença descabelada e sonolenta de Hyoga apareceu à porta da cozinha, interrompendo-a.

-Camus? Mamãe? Por que tanto barulho?

Senti um pouco de remorso ao notar que estávamos falando alto demais e acordamos meu irmãozinho. Caminhei até ele e o peguei no colo.

-Non é nada, petit. – Falei carinhosamente, acariciando seus cabelos dourados. – Vamos voltar para o quarto? Te conto uma história até você voltar a dormir.

Hyoga acenou positivamente com a cabeça e a deitou sobre meu ombro. Antes de sair da cozinha, virei-me para minha mãe e a vi escorada no balcão, estava claramente muito nervosa.

-Non acabamos essa conversa, maman. Eu quero saber o que está acontecendo. – Falei, em um tom baixo e saí da cozinha.

 

....................................

 

Pov. Milo

Olhei para o relógio pelo que parecia a milésima vez. Quem ele pensava que era para me fazer esperá-lo assim?

Hades havia marcado uma “reunião de negócios” de última hora comigo e Ângelo, e diante da exigência de que estivéssemos presentes apenas nós três, era presumível que a tal reunião não tivesse nada a ver com a Scorpion Móbile, e sim com outros negócios que temos juntos.

Desde então estou a esperar o desgraçado, que ainda teve a petulância de me ligar comunicando que se atrasaria um “pouco”.

-Acalme-se. – Disse Ângelo, sentado na cadeira em frente à minha mesa, me observando andar de um lado para o outro.

-Não estou nervoso. – Retruquei, sentando-me na poltrona à frente de Ângelo. – Com muita raiva, talvez.

-Um bom motivo para acalmar-se, não acha?

Suspirei.

-Queria muito conseguir fazer isso, mas não dá. Como acha que vou olhá-lo depois de saber que ele é pai de Camus? – Repliquei. – Além disso, não faço ideia do motivo dessa visita repentina.

-Vai contar pra ele que já sabe de tudo?

-Não vou deixar Hades usar a perenidade para influenciar meu ruivo de alguma forma. É bom que ele também saiba que tenho meios para conseguir as informações que desejo. – Respondi.

-Essa história está ficando cada vez mais enrolada. – Comentou, com ar pensativo. – Cumprir nosso trabalho nunca foi tão difícil.

Recostei-me à cadeira, pensando sobre aquelas palavras.

Sim, nunca foi tão difícil administrar uma empresa, fazer os trabalhos para Hades, proteger meu irmão, e tudo isso graças a Camus. Não que eu o estivesse culpando, a culpa era toda e completamente minha, já que eu me apaixonei por ele, eu o pus em perigo e se eu não tivesse insistido nessa loucura de tê-lo para mim, Hades não teria investigado sua vida e descoberto ser seu pai.

-Às vezes me pergunto se não seria melhor deixá-lo. – Comentei, mais para mim mesmo que para Ângelo.

-Deixá-lo agora não resolveria. Hades sabe dos seus sentimentos, ele sempre usaria Camus contra você.

Olhei-o, e por um momento senti-me grato de tê-lo ali comigo.

-Me apaixonar por aquele moleque foi a maior merda que já fiz na vida, meu amigo. – Comentei, em tom divertido.

Ângelo riu.

-Não acho. A maior merda que você já fez na vida foi carregar o sobrenome Scorpion. – Comentou no mesmo tom.

-Nome maldito. – Falei.

-Nome maldito. – Repetiu, assentindo.

Ouvimos duas batidas leves na porta, e no momento seguinte, vi minha secretária entrar na sala.

-Senhor Scorpion, o senhor Matsuda deseja lhe falar. – Disse.

Então, ele finalmente havia chegado.

-Mande-o entrar, por favor. – Pedi.

Hades entrou na minha sala com seu característico sorriso ladino; andava confiante, parecendo ser dono de tudo, inclusive meu.

Não me levantei para recebê-lo, apenas observei sua figura alta e sorridente caminhar até mim e sentar-se ao lado de Ângelo.

-Olá, Milinho. – Saldou-me, com malícia explicita na voz e virou-se para Ângelo. – Ângelo, fazia tempo que não nos encontrávamos.

-Eu gostaria que tivesse continuado desse jeito, mas nem tudo é perfeito. – Ângelo retrucou.

-E então, a que grande desgraça devemos a honra de sua visita? – Questionei, querendo ficar o mínimo possível na presença daquele ser desprezível. – Tenho certeza que não veio aqui apenas para apreciar minha doce companhia.

Hades riu.

-Ora, Milo, não precisa expressar com tanto afinco o seu amor por mim. – Comentou com deboche e depois sorriu malicioso. – Além disso, você sabe bem o quanto aprecio sua “doce companhia”, especialmente quando estamos sozinhos.

Ângelo franziu o cenho por um momento e olhou de Hades para mim com ar questionado. Não o encarei de volta, não queria ter que explicar qualquer declaração de Hades para ele, não me humilharia a esse ponto.

-Enfim. – Hades continuou, assumindo um ar mais sério. – Tenho uma missão importante para vocês e preciso do máximo de discrição.

-Prossiga. – Mandei, tentando prestar atenção.

-Um amigo meu está vindo à cidade, temos alguns negócios juntos e eu preciso que você vá recepcioná-lo para mim. – Disse.

Compreendi de imediato as intenções dele, e não me agradava muito daquela ideia.

-O que ele está trazendo? – Ângelo traduziu em palavras o meu próximo questionamento.

-Vinte e cinco toneladas de cocaína. – Respondeu com simplicidade.

Quase caí da cadeira diante daquela informação.

Hades queria que eu recebesse vinte e cinco toneladas de drogas para ele? Só podia estar louco.

Olhei para Ângelo, que ainda encarava Hades, boquiaberto. O que era compreensível, nunca fizemos nada tão grande.

-Tudo bem. – Tentei manter a calma e racionalizar. – Podemos coordenar a operação.

Hades sorriu, apoiou os cotovelos na minha mesa e me olhou.

-Você não me entendeu, Milinho. Eu quero que você, pessoalmente, vá receber o carregamento e efetuar o pagamento. – Disse. – E mais uma coisinha, eu tomaria muito cuidado se fosse você, a polícia ainda está no nosso calcanhar.

Se eu já havia me surpreendido com o tamanho do carregamento, imaginem o tamanho da minha surpresa ao saber que eu, pessoalmente, iria me envolver naquilo.

-Nunca fiz isso antes. Por que agora? – Questionei-o.

Hades deu de ombros e recostou-se novamente à cadeira.

-Digamos que meu amigo não confia em qualquer pessoa, então preciso de alguém de confiança e de nome para executar o negócio. – Explicou. – Além disso, você vai porque eu estou mandando.

Tive que rir daquilo. Ângelo lançou-me um olhar cauteloso, sabendo o que viria, mas eu não consegui conter a resposta antes que ela saísse pela minha boca.

-Você está mandando? – Questionei, com um sorriso de escárnio. – Você não tem poder algum sobre mim ou sobre qualquer outra coisa aqui. Não vou fazer, se vira.

A expressão de Hades não se alterou, ele manteve aquele sorrisinho enviesado preso aos lábios, mas eu pude ver o fogo da raiva se inflamar em seus olhos.

-Sabe, cheguei aqui e já começamos a falar de negócios, sequer justifiquei meu atraso, que indelicadeza a minha. – Ele comentou, com um tom divertido na voz. – A verdade é que encontrei um rapaz muito bonito no caminho pra cá e não pude deixar de ser gentil e levá-lo em casa.

-Não consigo compreender o que isso tem a ver com o assunto anterior. – Falei irritado. – Não me interessa saber aonde você leva seus putinhos.

-Que coisa feia falar assim do próprio namorado, Milinho. – Ele falou, em um falso ar repreensor. – Ele é um bom rapaz, tão adorável e gentil.

Meu coração falhou uma batida no mesmo instante.

-Mentiroso. – Acusei, as palavras saindo entredentes.

-Pergunta pra ele, se acha que estou mentindo, ele vai confirmar o momento agradável que tivemos à pouco. – Comentou sorridente, depois baixou o tom de voz, e sussurrou. - Por falar nisso, eu ficaria atento se fosse você, Camus é um rapaz bastante perspicaz, pode acabar descobrindo que você é um criminoso.

-Desgraçado! – Levantei da cadeira rapidamente, e teria pulado no pescoço dele se Ângelo não tivesse segurado meu braço em um aviso mudo para eu me conter. – Não se aproxime dele, Hades! Não me importa que seja pai dele, se chegar perto eu mato você!

-Oh! Então você já soube? – Ele riu e levantou-se da cadeira. – Não é a melhor notícia que você já recebeu? Somos praticamente uma família agora, Milinho.

-Você é doente. – Falei, ainda alterado. – Não estou brincando. Não se aproxime dele.

Hades caminhou até mim, e me empurrando, prensou meu corpo contra a parede, deixando seu rosto muito próximo ao meu.

-E você acha que eu estou brincando? – Falou, em um tom baixo e ameaçador. – Se antes você estava preso a mim, Milo, agora você está ainda mais. Então acho bom você me obedecer se ainda quiser seu namoradinho inteiro e seu irmãozinho vivo.

Eu achava que era impossível odiar aquele homem ainda mais, mas eu estava errado. Hades era o ser mais desprezível que poderia habitar a face da terra. Como alguém poderia usar o próprio filho como moeda de barganha? E o meu irmão...

Isso tudo era sujo até pra ele.

Hades não tinha coração, era oco, e movido a ódio e dinheiro.

-Eu faço. – Murmurei derrotado. – Vou obedecer.

-Bom garoto. – Deu-me dois tapinhas no lado do rosto e se afastou. – Vou explicar como tudo deve ser feito e é bom seguir minhas ordens à risca, se não quiser seu traseiro bonito atrás das grades.

Sentei-me de volta na cadeira, e assim como Ângelo, aguardei em silêncio todas as instruções que ele tinha para dar.

Quando Hades se foi, joguei tudo que estava sobre a minha mesa no chão. A minha vontade era pegar uma arma e dar uns tiro no meio da cara dele.

-Milo, acalme-se! – Ângelo segurou-me pelos ombros. – Precisa pensar agora.

-Eu sei. – Passei a mão nervosamente pelos cabelos. – Estou bem.

-O que quer que eu faça agora? – Questionou-me. – Esse trabalho é quase impossível. Como Hades espera que façamos um carregamento com vinte e cinco toneladas de drogas entrar na cidade sem ser notado pela polícia? Porque você sabe que se a polícia descobrir, vamos ser pegos, não sabe?

-Suas palavras estão me reconfortando pra caralho, Ângelo, obrigado!

-Desculpe. – Ele disse. – Quais são as ordens, Milo?

Pensei um pouco, precisava de uma solução.

-Nossa grande preocupação no momento é a polícia, precisamos estar à frente deles. Podemos usar nossos satélites para confundir as informações deles, mas para isso, precisamos saber exatamente o que eles tem. – Eu disse. – Ligue para Aioros, precisamos dele.

Ângelo assentiu e levantou-se, afastando-se um pouco, pegou o celular e pôs-se a ligar para Aioros. Fiquei sentado, tentando pensar em mais alguma coisa que pudesse me ajudar naquela empreitada, mas Ângelo voltou pouco depois, interrompendo meu raciocínio.

-Precisa falar com ele. – Falou, estendendo-me o celular. – Aioros está se recusando.

Encarei o celular, incrédulo. O que mais faltava acontecer?

-Aioros, o que está acontecendo? – Questionei-o, assim que peguei o celular.

-Não posso fazer isso, Milo. – Falou.

-Por quê?

-Estou apaixonado por ele. – Confessou.

Fechei os olhos com força. Eu sabia que aquilo aconteceria uma hora ou outra, conhecia Aioros o suficiente para saber que ele não resistiria, mas não estava preparado para lidar com aquilo no momento.

Eu tinha meios para obrigar Aioros a me obedecer, ele tinha uma dívida gigantesca comigo, mas eu não podia fazer isso, não era certo. Não era justo.

-Aioros, não hesite agora, você sabe que há muito em jogo. – Falei num tom suave. – Precisa me ajudar.

-Não vou suportar traí-lo de novo, Milo. Não me peça isso.

-Sei que isso dói, Aioros. Acredite, eu sei muito bem. – Continuei. – Mas precisamos saber quais são as prioridades, nossas vidas estão em jogo.

-Não posso. – Sua voz saiu num murmúrio.

Suspirei.

-Olha, sua ajuda me é indispensável e eu não posso ficar sem ela nesse momento. – Tentei uma última vez. –. Vou te dar um tempo pra pensar na sua decisão e nas consequências dela, me liga mais tarde e diz a resposta. Estou pedindo como seu amigo, porque foi isso que nos tornamos depois de todo esse tempo, reconsidere.

Desliguei o telefone e encarei o rosto preocupado de Ângelo.

-Vai ficar tudo bem. – Ele disse, tentando passar firmeza.

Eu não tinha tanta certeza.

 

.................................

 

Pov. Autora

O jovem investigador da polícia olhava pela janela, distraidamente, não conseguia processar todos os acontecimentos que se sucederam nos últimos tempos.

O ambiente em que se encontrava era claro, branco e muito frio. Aioros sentia frio, abraçava o próprio corpo enquanto tentava pensar em uma saída para todos os problemas em que havia se metido, tornou a virar-se para dentro do quarto e observar o ambiente: Uma bancada no canto do quarto com um vaso repleto de narcisos amarelos e porta-retratos era um dos únicos ornamentos daquele lugar estéreo, assim como uma mesa pequena com alguns livros em cima; uma poltrona confortável e escura, destoando dos tons brancos do lugar, e, ao lado dela, uma cama alta com o corpo de um jovem moreno desacordado sobre ela.

O policial caminhou lentamente até a cama e tocou carinhosamente o rosto do mais jovem, mas algumas batidas na porta o fizeram se afastar de suas divagações.

-Boa tarde, senhor Liakos. Que bom que veio visitar o nosso jovem aqui, ele não parava de perguntar pelo senhor. – Saldou o médico, que entrava no quarto.

-Eu não consegui vir esses dias, o trabalho não permitiu. – Olhou novamente para o jovem deitado sobre a cama, os olhos repletos de carinho. – Como ele está, doutor?

-Reagindo bem. Não houve mais crises, está estável. – Comentou, olhando os papéis que trazia nas mãos. – Apliquei-lhe um sedativo ontem à noite porque ele estava agitado e não conseguia dormir, mas acordará em breve.

Aioros assentiu e sentou-se na poltrona ao lado da cama do jovem.

-Quando será possível realizar o transplante? – Quis saber.

-Veja bem, senhor Liakos, ele está estável, mas ainda fraco devido ao quadro infeccioso, não é indicado realizarmos uma cirurgia de grande porte nesse momento. – O médico disse de forma branda, tentando acalmar o jovem policial. – Estamos combatendo a infecção, quando ele estiver melhor, realizaremos o transplante.

Os olhos de Aioros novamente se direcionaram para o jovem que ainda dormia sobre a cama, estava aflito, o coração apertado.

-Ele está bem, Aioros. – Tornou a falar o médico, assumindo um tom ainda mais brando. – A infecção está sob controle, assim como todo o resto. Nosso rapaz é forte, e nesse momento, sua vida não corre perigo algum.

Aioros tentou sorri, mas estava preocupado, e se fosse sincero, diria até que estava com medo. Medo de perdê-lo, medo de ficar sozinho, de nunca mais vê-lo sorrir.

O rapaz sobre a cama se mexeu, atraindo a atenção dos outros dois homens, e coração de Aioros tornou-se mais leve assim que o viu abrir os olhos.

-Estarei no meu consultório, se precisarem de alguma coisa. – Disse o médico, retirando-se do quarto.

Aioros nem ouviu, estava focado apenas nele, no homem que mais amava, no homem que preenchia toda a sua existência, no homem a quem se doara por inteiro.

O mais jovem levou a mão pálida ao olhos, tentando acostumar-se com a claridade do lugar, notou a presença de alguém a seu lado, e quando seus olhos focaram no homem, um sorriso enorme desenhou-se em seu rosto cansado.

-Aioros, que bom te ver. – Murmurou com dificuldade aparente, devido à cânula¹ que fora introduzida pelo seu nariz até o fundo da garganta. – Eu senti saudades.

Aioros inclinou-se sobre o jovem rapaz e depositou um beijo carinhoso em seu rosto.

-Me perdoe por não ter vindo ontem, tive muito trabalho. – Sentou-se na parte de baixo da cama, de frente pro outro e segurou-lhe a mão. – Como está se sentindo hoje?

-Melhor, eu acho. – Remexeu-se, desconfortável, na cama. – Pode erguer um pouco a cama? Quero sentar.

-O médico disse que você não dormiu bem ontem. – Comentou Aioros, enquanto executava o pedido do outro, deixando-o sentado na cama. – O que houve?

-Eu não sei, tive uma crise nervosa e acho que surtei um pouco. – Tentou rir, mas o som saiu arrastado, rouco. – Não gosto desse lugar, Aioros. Me sinto sozinho e ansioso o tempo todo, é como se não existisse mais nada fora dessas paredes, como se eu não existisse.

Aioros sentia-se penalizado, sabia que era difícil, mas ele precisava persistir. Desistir agora significaria a morte para os dois, pois Aioros não sabia como viver sem a presença dele. Levantou-se de onde estava e sentou-se novamente na cama, mas dessa vez, ao lado dele; passou um braço pelos seus ombros e fez com que ele se recostasse em seu peito.

-Fora dessas paredes a um mundo inteiro esperando por você, Seiya, esperando por nós dois. Não está sozinho, nunca esteve. Você sabe que sempre teve a mim. - Apertou-o ainda mais entre os braços, tentando transmitir todo carinho que sentia. – Eu amo você, e só por você sou capaz de fazer qualquer coisa, irmãozinho.

O mais jovem sorriu, recebendo de bom grado todos os mimos que o outro lhe oferecia. Amava-o acima de qualquer outra coisa, e só por ele estava a tanto tempo naquele lugar.

-Também te amo, Oros. – Sussurrou. – É só por você que ainda estou lutando.

Ficaram em silêncio por um tempo, Seiya aproveitando o calor dos braços do irmão e imaginando que tinha sorte por tê-lo ali, apesar de tudo pelo que já haviam passado.

Aioros, por sua vez, deixou que seus olhos se perdessem no branco da parede a sua frente. Ver seu irmão tão frágil fazia voltar a mente o quão saudável e forte ele era a uns anos atrás, de como toda aquela luta havia começado, de como desapegou-se de toda sua vida por ele.

 

*Pensamento/Lembrança*

Foi a três anos que tudo começou. Seiya era um jovem muito ativo, gostava de festas e de namorar, estudava e ajudava o irmão. Os dois moravam sozinhos desde que seus pais morreram anos antes e viviam bem apesar de todas as dificuldades; um sempre cuidava do outro.

Aioros estudava freneticamente para passar nos testes de admissão da polícia de New York e quando conseguiu, comemorou bastante a realização do sonho. Mas apesar de feliz, sentia-se preocupado, já que Seiya passava tempo demais sozinho enquanto ele trabalhava.

Era inverno na época, se forçasse bem a memória, Aioros quase podia sentir novamente o frio.

-É só um resfriado, Aioros, não é como se eu fosse morrer por causa disso. – Dizia Seiya, impaciente. Aioros era muito protetor, e bastou que adquirisse um resfriado para que o mais velho não quisesse deixa-lo sozinho um único minuto.

Aioros não estava convencido, mas mesmo assim se foi. Sua preocupação devia-se ao fato de Seiya estar doente a dias, tossia, tinha febre e falta de ar, mas não se cuidava. E, ao voltar do trabalho na noite daquele mesmo dia, quase morreu de susto ao encontrar seu irmãozinho desmaiado sobre o piso frio da cozinha.

No hospital, o diagnóstico não poderia ter sido mais cruel.

-Fibrose pulmonar idiopática². – Dissera o médico, demonstrando pesar na voz. – Sinto muito, senhor Aioros, não há cura.

Aioros sentiu como se o chão sumisse debaixo de seus pés, e junto com ele, toda a sua vida. Seu irmão estava morrendo, e não havia nada que pudesse fazer.

-O que o médico disse? – Questionou o mais jovem.

-Você tem um problema nos pulmões. – Respondeu o mais velho, sem olhá-lo nos olhos.

As palavras do médico voltaram a ressoar na sua mente.

“-Pacientes com essa doença não tem muito tempo, senhor Aioros, quatro ou cinco anos, no máximo.

-Está dizendo que meu irmão está morrendo e não há nada que possa ser feito?

-Veja bem, existe tratamento, poderíamos prolongar a vida do seu irmão. Mas é tudo muito caro. – Explicou. – Seu irmão seria mandado para uma clínica onde as crises seriam estabilizadas, e então, realizaríamos um transplante de pulmão. Se obtivermos sucesso, ele continuaria a ser tratado com medicamentos, o que retardaria o avanço da doença e ele poderia viver por anos, de forma praticamente normal.

-Então mesmo com tudo isso, a doença ainda avançaria. – Constatou o policial.

-Sim. – O médico respondeu. – É por isso que o senhor precisa pensar bem no que vai fazer.

Aioros suspirou profundamente, não precisava pensar. Se existia uma única chance de estar por mais tempo com seu irmão, ele iria ao inferno para conseguir.

-Se eu conseguir o dinheiro, você providencia a internação? – Viu o médico assentir com a cabeça. – Então providencie, vou pagar o que for necessário.”

 

-Imagino que não seja só um “problema no pulmão”, ou você não estaria com essa cara. – Seiya notou a expressão meio perdida do irmão. – Você mente terrivelmente mal.

-É grave. – Resolveu ser direto. - Você precisa fazer um tratamento, sem ele você morre em quatro ou cinco anos.

-E com ele? – Seiya não era bobo, podia ver na expressão do irmão que tinha mais coisa naquela história. – Quanto tempo tenho?

-Com ele você vive muitos anos, de forma praticamente normal. – Segurou as mãos do irmão, tentando passar confiança.

-Praticamente... – Seiya repetiu. De certa forma, sabia que sua vida havia acabado.

-Você confia em mim? – Aioros perguntou seriamente, tocando a face do irmão. – Confia em mim, Seiya?

-Confio. – Respondeu convicto.

-Então deixe que eu resolvo tudo, sim? Nada vai me separar de você.

Assim se iniciaram seus problemas, precisava de muito dinheiro e rápido, já que a doença do seu irmão avançava de forma alarmante. Foi por isso que quando aquele italiano mal encarado o procurou, ele não hesitou em momento algum.

-Está dizendo que quer que eu seja seu informante no departamento de polícia? – Perguntou, para ter certeza.

-Meu informante, não. Você será informante do meu chefe. – Disse o italiano, sorridente. – O que me diz, senhor Liakos?

-Aceito. – Respondeu de pronto. – Mas, com relação ao pagamento, eu tenho uma contraproposta.

-Estou ouvindo. – Ele disse.

-Seu patrão paga o tratamento médico do meu irmão e eu serei o seu homem de confiança lá dentro.

Ângelo riu alto.

-Então está aceitando vender sua honra pelo irmãozinho doente? Que fofo! – Ironizou. – Mas, de quanto estamos falando?

Aioros ignorou as ironias do italiano, mesmo querendo arrancar-lhe os olhos, e mostrou o orçamento do tratamento do irmão.

-É muito dinheiro. – Disse Ângelo, observando a folha de papel. – Por esse valor você precisaria ser muito mais que um informante, precisaria estar disposto a fazer qualquer coisa que lhe fosse ordenado.

-Eu faço. – Não hesitou. – Faço qualquer coisa.

Ângelo voltou a sorrir e estendeu a mão a Aioros, que a apertou.

-Temos um acordo, senhor Aioros Liakos.

A partir dali, passou a fazer tudo o que lhe era ordenado pelo chefe; chefe que, com surpresa, descobriu ser Milo Andreas Scorpion, multimilionário, dono de uma das maiores empresas de telecomunicações do mundo e mafioso por trás dos panos.

O tratamento do seu irmão era pago, assim como ainda o é, integralmente, nada lhe faltava, e Aioros só precisava realizar uns trabalhos aqui e ali, entregando localizações e informações confidenciais da polícia aos “mafiosos” que deveria prender.

Claro que sentia-se o mais miserável dos homens, o maior dos traidores, sem qualquer caráter, mas não se importava de fato com seu caráter, não quando seu irmão estava ganhando a chance de viver de novo, não quando o dinheiro de Milo era o que o mantinha vivo por tanto tempo, não quando faltava tão pouco para realizarem o transplante e ele poder voltar para casa. Então se precisava jogar seu caráter e tudo o que achava certo no lixo para mantê-lo vivo, jogaria com todo prazer. Milo salvara a vida do seu irmão.

 

*Tempo presente*

Sentiu Seiya mexer-se em seu braços e despertou dos pensamentos que lhe atormentavam.

-Como está indo no trabalho? – O mais jovem quis saber.

-Como sempre, eu acho.

-Isso quer dizer que ainda está de rolo com o chefe? – Riu de leve, caçoando do irmão.

Aioros também riu, apesar de seu coração se apertar à simples menção ao nome de Saga.

-Não seja idiota, Saga e eu somo só amigos. – Desconversou. – Não tem espaço para mais ninguém no meu coração além de você.

-Sei. – Seiya comentou divertido, mas ficando sério em seguida e se virando para olhar nos olhos do irmão. – Oros, eu nunca perguntei, porque você sempre disse para confiar em você, mas... Preciso que me responda uma coisa.

-Pergunte. – Aioros estranhou, mas não escondia muitas coisas do irmão.

-Como consegui o dinheiro para o meu tratamento? – Questionou. – Sei que é caro, assim como sei que nunca tivemos dinheiro sobrando.

Aioros desviou os olhos e Seiya não gostou daquilo, nunca era algo bom quando seu irmão fugia da resposta.

-Aioros, como conseguiu o dinheiro? – Insistiu.

-Não tem que se preocupar com isso. – Respondeu o mais velho, evasivo. – Seu transplante será em alguns dias, concentre-se apenas em ficar bem.

-Aioros...

-Não se preocupe com isso, eu já disse. – Aioros falou em tom definitivo. – Você vai ficar bem e é só isso que importa, certo?

Seiya sabia que era inútil discutir, seu irmão era teimoso e jamais contaria a verdade, e apesar de ter medo do que ele poderia estar fazendo, resolveu fechar os olhos para aquele problema por hora.

-Certo. – Respondeu.

Aioros beijou o rosto do irmão com carinho e encostou a testa na dele.

-Seiya, eu não vou deixar nada te afastar de mim, nem mesmo essa doença. Faço qualquer coisa por você. – Sussurrou o mais velho. – Eu te amo, nunca duvide disso.

-Eu sei. – O mais jovem abraçou o irmão com força. – Eu sei.

Aioros só saiu do lado do irmão quando este novamente adormeceu. Havia pensado muito no que deveria fazer, e já havia tomado sua decisão. Ver Seiya novamente trouxe de volta suas convicções anteriores, não podia fraquejar.

No lado de fora da clínica, pegou o celular e discou.

-Milo? Me diga o que fazer e eu farei.

Saga o odiaria, mas não poderia deixar Milo na mão, de uma forma ou de outra, devia a vida do seu irmão a ele.

 

Continua...


Notas Finais


Palavras destacadas:

1-A cânula citada no texto, é um tipo de tudo e é referente a intubação sofrida pelo paciente que não consegue respirar sozinho.
“Intubação endotraqueal é um procedimento pelo qual o médico introduz um tubo na traqueia do paciente, através da boca ou do nariz, para mantê-lo respirando quando alguma condição impede sua respiração espontânea.”
Fonte: http://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/539282/intubacao+endotraqueal+o+que+e+quando+e+feita+como+e+realizada+quais+sao+as+possiveis+complicacoes.htm

2-Fibrose pulmonar idiopática é uma doença crônica, rara e causa desconhecida, limitada aos pulmões. A fibrose pulmonar provoca a substituição dos tecidos pulmonares normais por um tecido mais grosso, que altera os movimentos pulmonares e a oxigenação do sangue. É mais comum em homens com idade avançada, mas em raros casos ocorre em jovens. Infelismente, é fatal.
Se as informações não estiverem corretas, por favor me corrijam. Aqui sempre aprendemos uns com os outros.

Sobre o capítulo:

O que acharam da conversinha do Hades com nosso ruivinho? Ele é bom com as palavras, sabe implantar dúvidas. Milo que se cuide, né non?

Ainda falando sobre Camus, o que acharam da conversa dele com a mãe? Quero dizer, da conversa dele e do surto da mãe? Gente, Natássia ainda vai se dar mal por ser tão “boca grande”. Se Camus estava curiosos antes, o que acham que ele deve estar pensando agora?

Temos uma nova missão para nossos “mafiosos” favorito, ou seria uma última? Enfim, as coisas estão difíceis e eles vão precisar de toda a ajuda possível, já que Hades não está nem aí para o que pode acontecer aos dois.

E por falar em ajuda, agora vocês já sabem o porquê de Aioros estar envolvido em toda essa porcaria. O que não se faz por amor, não é? E por amor ao irmão, ele vai trair novamente o homem por quem se apaixonou.
Óh, que vida tão má!

É isso aí, amores! Espero que tenham gostado, eu fiz com carinho.
Nos vemos nos próximos capítulos!
Um grande amasso de fim de ano em vocês! Sim, porque sou dessas.
❤❤❤❤


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