Eu estava morrendo de preguiça de levantar mas a Patricia passou mais cedo para me acordar, ela disse que tinha horário de acordar lá na casa, para todo mundo tomar café da manhã juntos e eu não estava afim de olhar na cara do Benjamin. Mas tive que aceitar.
Tirei o pijama e coloquei uma roupa qualquer, eu não estava com cabeça para endoidar com roupas para impressionar as pessoas daqui.
Desci as escadas e me deparei com um café da manhã completo, cheio de frutas, sucos, sanduíches, simplesmente incrível. Antes eu só comia pão de queijo que a minha mãe fazia e suco de caixinha...
Me sentei e olhei para o "senhor" que estava sentado no canto da mesa, ele tinha mais ou menos 40 anos, ele parecia muito jovem como minha mãe era e Patrícia é, mesmo de uma hora para a outra ela esteja parecendo mais cansada e um pouco mais desleixada com a aparência. Ele olhou pra mim e disse muito serio, secamente "Você é a Cátia não é? Então, você vai para a escola hoje com os meus filhos." Os dois que estavam na mesa se entreolharam, fazendo uma especie de careta de desgosto. E a Patricia disse que era pra eu me arrumar que todos os três iriam para o colégio. Aquele homem parecia que não gostava de mim ou apenas não gostava de tudo mesmo porque ele apenas continuou a beber seu café sem dar uma única palavra a mais e se levantou da mesa.
Eu demorei um pouco pra escolher o que vestir. Queria causar uma boa impressão.
Eu sabia que eu ia para escola em algum momento mas pensei que pelo menos ia esperar mais um pouco para eu ir me acostumando. Tanto que eu passei a noite inteira me revirando na cama, com insonia, e saudade da minha mãe que ficava com a tevê ligada até tarde e que dava para ouvir do meu quarto, não tinha mais aquilo.
Desci e não tinha mais ninguém na casa, procurei na cozinha quando bati os olhos na geladeira, lá tinha um bilhete dizendo: " Demorou demais, a gente foi na frente. Pergunta pro Theo onde é tua sala. -Alícia"
Afe, era só o que faltava, mal começou o dia e já estou sozinha e ainda no primeiro dia de aula nesse colégio que só conhecia uma pequena parte.
Andei alguns quarteirões e me perdi, mas logo vi o Theo de longe fazendo sinal com a mão. Ainda bem, eu já estava prestes a desistir.
" Eu pensei que você não vinha para cá ainda hoje, você acabou de se mudar para cá!" Ele disse assim que passamos pelo portão principal, onde tínhamos que passar pelo jardim gigantesco. Que ainda estava admirada. "Eu também pensava mas parece que a Patricia quer que eu me acostume logo."
Sentamos em um banco, ainda estava muito cedo, não tinha ninguém ainda no colégio. Theo me explicou que as aulas começavam mais tarde lá, tipo umas 8:00. Nossa pra que ele tinha saído de lá antes afinal? Era o paraíso. E também por que todo mundo levantou tão cedo aliás? Eu em!
Ficou primeiro um silêncio constrangedor entre a gente. Não tínhamos assunto nenhum. "Então o Benjamin te mostrou tudo? Eu estive bastante ocupado tentando tirar a Alicia do meu pé" Eu fiquei vermelha. " Que foi? Ele deve ter feito alguma piadinha só pode! É tão o tipo dele!" Eu ri só para passar o constrangimento, eu não queria falar sobre ele. Não sei como mas começamos a falar de séries de TV, ele adorava praticamente todas que eu idolatrava e amava! Eu fiquei muito surpresa!
De repente nós paramos de falar de novo, mas não era mais estranho, era bom. Eu estava vidrada naqueles olhos verdes. E naquele sorriso perfeito e parecia que ele também estava vidrado em mim. Eu estava muito envolvida naquele sentimento desconhecido e nós começamos a nos aproximar e nossos lábios estavam muito próximos quando eu ouvi um grito.
" Que diabos você está fazendo??? Essa não era sua missão! Beijar ela! Era só para você se aproximar dela!" A Alícia estava gritando com uma voz esganiçada e abrindo os braços agitadamente. Eu não estava entendendo do que ela estava falando " Alícia, não!!" O Theo gritou mais alto que ela " Do que você está falando sua louca? Sei que você é apaixonada por mim mas não sabia que ao ponto de inventar fantasia!!" Ele começou a puxar ela para longe de mim, para dentro do colégio. Theo estava praticamente desesperado. Mas antes ela gritou: "Você é muito trouxa mesmo não é???Você por acaso sabe o porquê e como você veio parar aqui sua idiota!!??" Ela estava explodindo de raiva. Dava para ver o ódio nos olhos dela e ela estava vermelha e um pouco descabelada de lutar contra o Theo que estava tentando a manter longe.
Do quê que ela estava falando? eu não estava entendendo nada e de repente o sinal tocou. O Theo e a Alícia já haviam desaparecido com a multidão que estava no portão.
Decidi encontrar meu caminho mesmo com todos aqueles pontos de interrogação na minha cabeça.
Achei a sala que o Theo, um pouco antes daquela loucura, tinha me dito que era a minha.
Mal prestei atenção pensando em tudo que tinha acontecido até agora. A morte da minha mãe, Patricia, a mudança, Theo, Benjamin... E Alícia. O que ela quis dizer com tudo aquilo. Além do mais aquelas aulas eram muito mais avançadas, agora entendia porque o Theo reprovou varias vezes.
Voltei para casa era 13:00, estava morta de cansada porque havia tido aula de álgebra, física, química, artes, música, geometria,... Resumindo estava morta. Entrei na casa, cumprimentei a Patricia, que perguntou como tinha sido o colégio e eu omiti a maior parte. Ela tinha dito que Benjamin e Alícia tinham chegado um pouco antes de mim. Ela até me perguntou o porquê de nós não termos vindo juntos e disfarcei dizendo que queria encontrar meu caminho sozinha e tal.
Cheguei no quarto que quando abri a porta subiu uma nuvem de poeira que havia brotado de não sei onde que me fez espirrar, tudo estava mais sujo do que antes, não sei como isso era possível. Eu não sei o que tinha de errado com esse quarto. Ignorei, comecei a limpar de leve o quarto com um espanador que tinha pego na área de serviço da casa.
Passei a mão nos meus amados livrinhos, que estavam muito empoeirados na prateleira que eu os tinham deixado mais cedo. Parei em um livro que parecia ter algo dentro, como um papel mas era estranho pois nunca deixo marca-páginas dentro do livro.
Eu abri, e dentro tinha uma carta. Da minha mãe.
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