História A Dança - Capítulo I

Will

O louro acordara sorrindo naquela manhã de domingo, um dia após o baile. Sua mente ainda se encontrava no moreno do dia anterior, pra ele, a última noite tinha sido uma das melhores da sua vida. E ele realmente estranhava que estivesse tão feliz por ter beijado um desconhecido. Will queria ver o moreno de novo, queria saber se o beijo tinha sido tão bom quanto fora pra ele.

Ele suspirou audivelmente pensando na cor dos olhos daquele garoto tão misterioso, tão raros e tão negros. Nenhum dos garotos que ele já ficara mexera tanto quanto aquele pequeno.

Tudo que Will sabia sobre seu parceiro anônimo era um código: Angel Dark. Ficava claro que o "Dark" representava os olhos dele ou gosto por preto, mas Angel? Ele não tinha ideia. O moreno tinha lhe dito que se dissesse isso ele saberia que era ele, mas como o acharia? Will não sabia.

O louro foi até a cozinha comer alguma coisa antes de pensar o que faria naquele dia. Era domingo, mas ele não tinha muito o que fazer. Seu pai estava em um plantão médico, mesmo que hoje seria o dia que passariam juntos.

Seu celular apitou com a mensagem da sua querida prima Annabeth, talvez não tão querida assim. Os dois mais brigavam do que conversavam, mas no fundo Will adorava a prima.

- Alô – diz assim que atende a ligação.

- E aí louro? Como anda as coisas? – pergunta estranhamente amigável. O louro deduz que ela quer alguma coisa. Não que Annabeth fosse interesseira, ela só agia assim com Will, o que às vezes o deixava frustrado.

- Bem e você? – ele ouve a sua risada leve antes de ter sua resposta.

- Estou ótima, só estou ligando porque semana que vem tem o aniversário do Jason e eu queria saber se você pode me levar – Will pensou por um momento.

- Okay, eu te levo – diz dando de ombros, apesar de saber que ela não podia vê-lo.

- Você vai na festa? Soube que ele também te convidou por mensagem – ela diz, mas o louro não se lembrava de mensagem nenhuma.

- Não vi, mas talvez eu vá, já que vou te levar. E o Percy? Por quê não vai com ele? – pergunta curioso. Percy era o melhor amigo da loura, consequentemente, acabava sendo seu amigo também. Não que pudesse comparar a sua amizade com o moreno com a que ele tinha com a sua prima. Os dois viviam grudados.

- Ele vai a praia, não sabe se poderá ir – responde. Will pode notar que tinha uma pontada de tristeza em sua voz. Realmente eram melhores amigos, pensou o louro.

- Entendi – disse simplesmente. Conversaram mais um pouco e desligaram.

Will se deitou entediado enquanto tentava pensar em algo produtivo, mas não tinha ideia do que fazer. Ficou apenas olhando para o teto durante um tempo, então decidiu o que iria fazer.

Pegou o celular novamente e ligou para sua amiga Zöe, a conhecera desde que se conhecia por gente. Ela era afilhada da sua tia Artémis, então não era exatamente sua prima, mas se tratavam como se fossem. No começo, ela o odiava, mas com o tempo o louro passou a ganhar a confiança da morena.

- Oi Zöe, tudo bem? – pergunta Will sorrindo pra si mesmo.

- E aí, seu chato? Como está? - diz com sua voz de falso deboche. Will dá uma risada antes de responder a sua "prima".

- Muito bem, quer ir no cinema? Estou entediado - foi a vez de Zöe rir.

- Okay, passa aqui em uma hora - diz desligando o telefone.

***

Uma hora depois Will já estava pronto e em frente a casa de sua "prima". Ela saiu da casa e entrou no seu carro sorrindo.

- Oi – diz educada.

- O que aconteceu? Você está muito educada pro meu gosto - diz Will brincalhão.

- Eu sou educada, imbecil – diz indignada e ele ri.

- Agora está mais parecida com você – Will diz ligando o carro e dirigindo até o shopping.

Quando foram escolher o filme, mais uma vez discutiram. Isso já era comum entre eles, então nem deram muita importância quando um casal de idosos começaram a olhar pra eles de modo repreendedor.

Fora isso o filme foi bem tranquilo, os dois se davam bem quando não discutiam por algum motivo idiota. Quando saíram da sala de cinema resolveram tomar um sorvete na praça de alimentação. Chegando ao local Will acabou atraindo olhares de algumas garotas e isso incomodava às vezes.

- Estão olhando pra você – Zöe diz a Will baixinho e o louro cora envergonhado. Will era gay, então isso o deixava constrangido.

- Eu sei – murmura o louro tomando seu sorvete. Zöe ri pegando seu sorvete com a moça. Will percebe que tem um papelzinho no canto da sua taça de sorvete e não pode deixar de revirar os olhos.

- Eu vou te ajudar porque eu sou muito legal – Zöe diz, mas Will não entende o que ela queria dizer com isso. A morena o puxa rapidamente e lhe dá um selinho, quando Will entende o que ela tinha feito cora.

- Zöe! – diz baixo, mas esconde um sorriso. As garotas, que antes o olhavam, não tinham mais os olhos nele – obrigado – sussurra.

Will sabia que aquilo era só uma brincadeira, afinal sua "prima" não gostava de garotos. Por isso se davam tão bem, ela até tinha um namoro/rolo com a irmã da Piper (uma amiga deles). A menina se chamava Lace* (olhem as Notas Finais) ela era morena e adorava usar trancinhas no cabelo. Will admitia que era uma garota muito fofa e não se parecia nada com a Zöe, mas achava que era por isso que davam certo.

- Depois você tem a coragem de dizer que eu não sou legal – ela toma seu sorvete sorrindo de canto.

Ficam em silêncio por um tempo. Will não pode deixar de lembrar de seu garoto misterioso enquanto ficava pensando nessa coisa de "os opostos se atraem". Quando percebe já tem um sorriso bobinho nos lábios.

- Por quê está sorrindo? – Zöe o tira de seus devaneios.

- O quê? – o louro pergunta abobalhado sendo pego de surpresa pela pergunta.

- Você – diz ela rindo como se isso explicasse tudo – está sorrindo igual a um idiota – ri mais um pouco fazendo Will contorcer o rosto em uma careta.

- Okay, você podia parar de zoar comigo, né? – ela sorri divertida.

- Nunca – diz com tanta firmeza que Will acaba rindo.

- Como vai seu rolo com a irmã da Piper? – pergunta o louro e foi a vez dele ver um sorriso bobo nos lábios da morena.

- Muito bem, eu estou pensando em pedi-lá em namoro – diz com um sonhador. Will sorri feliz por ela e os dois engatam em uma conversa sobre o filme que assistiram.

Tudo a ver, não é mesmo?

Em um momento ele ouviu ser chamado e virou a cabeça imediatamente vendo duas pessoas atrás dele. Percy e um garoto que ele não lembrava quem era.

- Percy – diz sorrindo e cumprimenta o moreno de olhos verdes.

- Will, Zöe – acena com a cabeça em forma de saudação.

- Quem é? – pergunta o louro olhando o menino com um ar curioso.

- Mas que cabeça – Percy bate na própria testa – Esse é Nico.

- A irmã de Bianca? – pergunta Will e Percy assente pra ele.

- Nico Di Ângelo – se apresenta.

Ângelo?

- Foi um prazer – Nico acena brevemente e se vira para Percy – Vamos? – pergunta ansioso e Percy o olha curioso, como se perguntasse o motivo da pressa. No fim dá de ombros.

Will olha para Nico bem curioso. O garoto estava com uma calça de couro e uma blusa de rock, seu cabelo estava cobrindo seus olhos de jeito sexy e seus lábios eram avermelhados. O louro o achou extremamente bonito e teria dado em cima dele se não desconfiasse que Percy fosse seu namorado.

Tinha certeza que já namoraram, teriam voltado? Will se perguntava isso.

- Ok, tchau gente – Percy acena de novo sorrindo e Nico apenas repuxa os lábios.

- Você vai na festa do Jason? – Will pergunta antes dele sair.

Percy olha pra ele pensando por um momento. Will também podia dizer que Percy era bonito, olhos verdes, pele bronzeada e porte atlético, mas não fazia seu tipo. Apesar disso, ele era uma pessoa que Will iria gostar de ter como amigo.

- Não sei, amanhã vou viajar – responde casualmente. Will sorri a ele sabendo que ele deveria querer passar um tempo com a família. Annabeth tinha dito que os pais trabalhavam e quase não tinham tempo. Will entendia perfeitamente o moreno de olhos verdes.

- Entendo, até mais então – se despede e segue Zöe pra longe.

***

Agora está em casa esperando seu pai chegar do seu serviço. Apolo, seu pai, era um médico de sucesso e trabalhava no principal hospital da cidade. Desde pequeno Will sonha em ser médico, não por pressão de seu pai, mas sim porque ele quer poder ajudar as pessoas.

Por isso Will sempre se esforçou pra ir bem na escola, porque a cima de tudo ele quer poder cuidar das pessoas, ter um papel na sociedade que ajude os outros. Muitos achavam que ele só queria isso para ser prestigiado, mas não era isso e quando as pessoas que diziam ele se sentia frustrado.

- Filho? Você está em casa? – pergunta seu pai alto e Will corre pra descer as escadas.

- Pai! Como foi? – pergunta curioso. Seu pai iria fazer uma cirurgia de última hora, por isso estava cansado e não pode passar o dia com ele.

Desde de que era pequeno, seu pai sempre arranjava um dia de folga pra passar um tempo com os filhos, afinal sua mãe morrera e Will, agora, só tinha o pai em casa. Seu irmão mais velho estava estudando em outro estado, o que deixava Will meio solitário quando estava em casa.

- Muito bem – responde com um sorriso cansado – Pelos deuses, eu estou morto! – Will ri do comentário do pai.

- Você já comeu? – seu pai negou – podíamos pedir uma pizza – seu pai ri dessa vez.

- Isso que dá deixar dois homens dentro de uma casa, vivem de fast food – Will reprimi um sorriso tentando fazer uma cara de bravo.

- Eu sei cozinhar, mas estou com preguiça e hoje é domingo – diz como se isso fosse motivo suficiente.

Eles comeram e contaram como foi o dia um do outro, seu pai riu quando Will contou das garotas olhando pra ele. Seu pai aceitava bem sua opção sexual, ele próprio era bi, o que deixava Will mais confortável pra falar disso.

Um pouco depois foram se deitar, já que seu pai estava cansado do dia de trabalho, precisava relaxar. Will aproveitou e se retirou também. Tomou um banho rápido e se deitou (se jogou) na cama não demorando a pegar no sono.

Ele só não esperava sonhar com o garoto misterioso aquela noite, mas no fundo isso o agradou. Pra Will aquilo era mais que óbvio, ele já amava aquele garoto pálido, de olhos negros e de pele fria. Talvez aquela frase fosse verdade "Não escolhemos quando amar, só acontece" e agora Will entendia o que ela queria dizer. Ele não escolheu isso, seu coração tinha escolhido por ele.