História A Dança - Capítulo XXVI

Percy

O de olhos verdes tentou não ficar entediado ao ver que tinha aula de história naquele momento.

Percy olhou para a sala de aula e soltou um suspiro. Ele não gostava de história, nem um pouco. Mas isso era culpa do seu professor que não falava nada com nada, antes era quase sua matéria favorita. Como ele sentia falta de Quíron.

Percy desejou ter a facilidade de Nico em aprender aquela matéria, porque assim que o professor entrou em sala, ele quase cogitou dormir em cima da carteira.

- Formem duplas! Tenho um trabalho pra vocês! – diz alto para que todos ouvissem.

Percy solta um gemido frustado e encosta a testa na sua carteira. Ah, como ele odiava aquele professor.

Ele nem se preocupou em ir atrás de uma dupla, porque não estava nem um pouco animado pra fazer aquele trabalho. Percy apenas fechou os olhos e ficou imaginando se tinha um jeito dele sumir.

- Hum, Percy? – chama uma voz atrás dele.

O garoto, que estava imerso em seus pensamentos, abre os olhos e encara a garota a sua frente.

- Quer ser minha dupla? – pergunta.

Percy franze as sobrancelhas e então se lembra do trabalho que seu professor ia passar. Ele concorda com a cabeça.

- Pode ser. Senta aí – diz oferecendo a cadeira vazia ao seu lado.

Piper se senta e sorri a ele, como se tivesse revendo um velho amigo. Percy acaba se sentindo confuso, mas não questiona, apenas pega seu material e começa a anotar o que o professor estava passando no quadro, mesmo que não tivesse nem um pouco animado com isso.

- Então, como andam as coisas? – pergunta Percy pra puxar assunto.

- Está tudo bem. E você? Soube que Jason viajou – diz em tom leve.

Percy morde o lábio inferior e toca o colar em seu pescoço. Ele sentia falta do namorado, muita falta, mas estava se mantendo como podia. Os dois viviam conversando e trocando mensagens, por isso ele sabia que Jason estava ocupado com as coisas da empresa.

- Estamos bem. Ele anda ocupado com as coisas dele – diz em tom suave, voltando a sua atenção para as perguntas no quadro.

- Entendo. Sai... Saiba que estou feliz por vocês – murmura um pouco constrangida, mas sincera.

Percy vira o rosto para olhar a garota e franze as sobrancelhas em confusão.

Por que aquilo agora?

- É só que... Sei que Jason terminou comigo porque estava apaixonado por você e que, tecnicamente, eu não devia gostar de você por causa disso. Mas... Sei lá, Percy. Não me sinto assim. Me importo com ele e com você. Por isso estou feliz de estarem juntos – confessa. – Além que isso estava me matando – Piper ri – Sentia como se não tivesse passando uma ideia certa de mim.

Percy abre a boca pra falar, mas desiste quando percebe que não sabe o que dizer. Ele olha pra Piper e sorri a ela, tentando demonstrar com isso que ele entendia o que ela queria dizer e que não se preocupasse mais com isso.

- Desculpa pelo sentimentalismo – brinca em tom divertido.

Percy se permite rir e apenas assente com a cabeça.

- Tudo bem, Piper...

- Pipes – interrompe. – Pode me chamar de Pipes.

- Tudo bem, Pipes. Saiba que eu não tenho nenhuma ideia errada de você – diz. – Pelo menos, eu acho que não – Percy ri. – Sei que Jason é importante pra você e sei que ainda são amigos. E, sério, eu fico feliz por isso. Ele gosta muito de você.

Piper sorri.

- Mas é você quem ele ama.

Percy cora e sorri também.

- É, sei disso.

Piper bate de leve em seu ombro, amigavelmente. Ela parece querer ser sua amiga e Percy gosta disso, porque sempre achou a morena alguém especial. Piper não era apenas bonita e encantadora. Ela era amiga, bondosa e gentil. E Percy adorava isso nela, o lembrava de Annabeth. Falando na loira, Percy percebeu que já fazia um tempo que eles não conversavam, provavelmente porque sua amiga devia estar estudando muito. Ele sorriu inconscientemente com isso. Sentia falta dela.

- Aquilo é um "P" ou um "F"? – pergunta o tirando de seus devaneios.

Percy olha e franze o nariz.

- Acho que é um "F" – diz em tom de dúvida.

Piper olha de novo e assente.

- É, não faz sentido ser "P" – diz dando de ombros. – Esse professor precisa fazer umas aulas de caligrafia. – murmura.

- Também não gosta dele? – indaga Percy baixo.

- Nem um pouco – afirma.

Percy sorri a ela.

- Bem, fico feliz em saber que não sou o único – confessa a fazendo rir.

Piper coloca uma mão sobre a boca, como se temesse que o professor ouvisse. Percy solta uma risada baixa e logo eles estão listandos as coisas que não gostam no professor de história.

É, talvez a aula não fosse tão tediosa assim.

***

À noite, Percy se sentou em sua cama e bateu no lugar ao seu lado indicando que Blackjack podia subir. O filhote – que agora já estava maior – pulou na cama, apoiou o focinho na mão do dono e o olhou com os olhinhos brilhando. Percy sorriu e começou a fazer carinho na cabeça do animal, sabendo que daqui a pouco Blackjack estaria dormindo.

Depois de algum tempo apenas olhando o nada e cuidando de seu cãozinho, o celular de Percy toca e ele abre um sorriso de imediato, sabendo quem é. Ele não pensa duas vezes antes de atender o telefone.

- Jay? – pergunta.

Ele ouve a risada doce do namorado e sente o coração se aquecer.

- Peixinho, como vai? – indaga em tom de voz tranquilo.

- Com saudades e você? – pergunta abrindo um sorriso.

- O mesmo que você – e Percy sabe que Jason também está sorrindo.

- Você vai demorar pra voltar?

Jason suspira do outro lado da linha.

- Não sei, Percy. As coisas estão complicadas aqui e eu não sei como vai ficar a situação da empresa se eu for embora. Não posso deixar meu pai na mão.

Dessa vez é Percy que suspira. Ele sentia falta de Jason, o queria perto, mas sabia que o namorado também queria ajudar o pai e ele não podia ser egoísta em pedir para que voltasse. Percy não era assim e ele se importava demais com Jason para sequer cogitar fazê-lo.

- A gente dá um jeito, Jay. Você me visita e eu te visito. O importante é que estamos juntos, certo?

- Sim. É isso o que importa – diz em tom suave. – Amo você.

Percy sorri, sabendo que quando Jason o fala, é verdadeiro.

- Também amo você.

Os dois ficam alguns segundos em silêncio, deixando que aquelas palavras pairassem no ar. Era bom aquele sentimento de que, mesmo estando longe, eles estavam perto. Fazia a saudades ser mais fácil de suportar, porque sempre há maneiras de se fazer presente com aqueles que amamos. Pelo menos, era o Sally dizia para ele quando era pequeno.

- E como vai Reyna? – pergunta casualmente.

- Ela vai bem. Vive dizendo que você é um fofo.

Percy ri, sentindo o rosto esquentar.

Ele sabia de Reyna, Jason havia lhe contado a história toda deles terem dormido juntos e dela ser, coincidentemente, a gerente da empresa do seu pai. E, claro, Percy não podia negar que no início se sentiu muito inseguro com a aproximação dos dois. No entanto, quando conversou com Reyna pelo Skype pela primeira vez, ele não teve dúvidas, podia confiar nela.

O jeito como os dois interagiam era totalmente fraternal e mesmo não os vendo cara a cara, Percy conhecia Jason o suficiente para se sentir seguro.

- Que bom.

- Na verdade, ela está aqui no apartamento. Veio trazer alguns relatórios da empresa e resolveu jantar aqui mesmo – ele faz uma pequena pausa. – E olha ela aqui.

- Oi Percy! – exclama uma voz meio abafada.

Percy sorri de novo.

- Manda um oi pra ela, Jay.

- O Percy mandou um oi – exclama ele alto, mas, provavelmente, com o celular longe da boca. – Ah, saí daqui!

Percy franze as sobrancelhas.

- O que aconteceu? – pergunta preocupado e curioso.

- As ideias da Reyna... – diz suspirando.

- O que ela disse?

- Hum... Então...

- Jay! Agora eu quero saber! – diz Percy curioso.

- Ela sugeriu que fizéssemos sexo por telefone – diz rápido e Percy pode imaginar seu namorado corando, já que ele próprio sentia o rosto quente.

Depois de uns dois segundos de choque, Percy começa a rir. Gargalhar, na verdade.

- Percy! Para de rir! – exclama Jason, mas o moreno também pode ouvir as risadas do namorado.

- Oh, você quer tentar? – pergunta em tom brincalhão.

- Percy! – diz quase em tom de repreensão, rindo em seguida. – Eu não vou fazer isso por telefone, sendo que você está a quilômetros de distância. Gosto de tocar você, Percy. E isso apenas vai me deixar com mais saudades.

Percy sorri com aquilo, mordendo o lábio inferior.

- Mas não ia ser bom? – indaga divertido. – Ia ser igual aqueles filmes, você descrevendo o que você está fazendo e eu diria o que eu faria com você se estivéssemos juntos, como te beijaria e...

- Percy! Para de graça – diz rindo do outro lado. – Reyna está aqui. E imagino que você também não está sozinho em casa.

- Sei disso. Apenas estou brincando – diz Percy ainda sorrindo.

Então eles começam a contar o que aconteceu no dia de cada um e Percy fica feliz de saber que o namorado estava bem. Eles falam sobre a escola, a empresa, os amigos e tudo o que envolve a vida deles. E, por alguns momentos, eles parecem mais próximos um do outro. Percy sente Jason em si, porque o louro já fazia parte dele e era bom, ele amava ouvir a voz do outro.

- Eu vou te visitar assim que eu puder, okay? – diz Jason quando eles estão prestes a desligar.

- Okay.

- Até mais, pexinho.

- Até, Jay.

E aquilo, para Percy, soa como uma promessa de que eles vão se ver logo.