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História A Deal With the Devil - Parte 1: Me desculpe, Eu te amo


Escrita por: MuieDoChansoo

Capítulo 6 - Parte 1: Me desculpe, Eu te amo


 

Cada minuto que se passava me sentia mais aflito ao ver Sehun jogado no chão e desacordado. Jongin estava com o celular encostado no ouvido e gritava com qualquer pessoa da emergência que o havia atendido enquanto eu segurava a mão de Sehun.

 “Pro inferno com os outros acidentes, o garoto está desacordado no chão! Que merda, cadê a porra da ambulância?” gritava com raiva.

Havia uma poça de sangue no chão ao lado da cabeça de Sehun, em sua testa tinha um corte e eu não conseguia sentir sua respiração. Lágrimas começaram a se formar em meus olhos e uma dor em meu peito se iniciou, então ao longe ouvi a sirene da ambulância. Jongin deixou o celular cair no chão e correu até a esquina da rua que estava a alguns metros de nós, ele acenou em direção a rua que se seguia a esquerda da que estávamos. O barulho da ambulância ficou mais alto até que a mesma apareceu atrás de Jongin que corria em nossa direção.

 “Eu não consigo sentir sua respiração.” Naquela altura eu já soluçava em desespero, Jongin se abaixou e sentou-se sobre os próprios joelhos ao lado de Sehun e aproximou sua orelha do rosto dele para tentar escutar sua respiração.
 “Se afastem.” Olhei para trás e vi dois homens de uniforme vindo em nossa direção com uma maca. “Faz quantos minutos que ele foi atropelado?”
 “Quinze minutos.” Respondeu Jongin passando a mão pelos fios desgrenhados em nervosismo. “A respiração dele está fraca. Leve ele logo.”

Com cuidado os homens colocaram o corpo de Sehun sobre a maca. Levantei-me do chão e corri em direção à ambulância junto com Jongin, mas fomos barrados por um dos homens.

 “Só um pode ir.” Olhei para Jongin, ele tentou discutir, mas o impedi e assenti dizendo que estava tudo bem – o que era uma grande mentira e o corpo ensanguentado de Sehun sobre a maca era a prova disso.
 "Eu irei como acompanhante."
 “Seguirei vocês de carro.” Concordei e ele correu para o carro dando partida assim que entrei na parte traseira da ambulância onde Sehun estava e um dos homens fechou a porta enquanto o outro dava a partida.










 

Eu não fazia ideia de quanto tempo havia se passado desde que entrei na ambulância, meu celular havia ficado no carro de Jongin então eu não poderia ver que horas eram.  Pela janela na traseira da ambulância, podia ver de longe o carro prata de Jongin, olhei para Sehun e senti vontade de abraçá-lo até chegarmos ao hospital, mas o enfermeiro da ambulância com uma mão segurava uma máscara de oxigênio sobre a boca de Sehun - que tinha o pescoço apoiado em um apoio – e com a outra mantinha um tecido sobre o corte que havia na testa dele para estancar o sangramento. Nunca me senti tão inútil na vida. Alguns minutos depois a ambulância parou e a porta traseira foi aberta. Fui deixado para trás e tive de correr para alcançar a maca que era empurrada rapidamente para dentro do hospital. Todos que estavam na sala de espera olharam quando passamos correndo, então fui barrado em frente a porta da sala de emergência.

 “Espere aqui, a partir daqui o paciente está sobre nossos cuidados.” Assenti e um dos enfermeiros fechou a porta de vidro me deixando para o lado de fora. Aproximei-me do vidro meio embaçado e tentei enxergar o que havia ali dentro. Um longo corredor e algumas pessoas corriam de um lado para o outro com algumas coisas nas mãos – as quais eu não consegui identificar.

Levei um susto ao sentir uma mão se apoiar em meu ombro enquanto eu espiava através do vidro. Era Jongin. O abracei com forma e deixei as lágrimas rolarem livremente pelo meu rosto, ele retribuiu o abraço o máximo que podia para me oferecer algum conforto diante daquela situação.

 “Eu não odeio ele, eu não queria que isso acontecesse. Eu...” falei em meio aos soluços. “Jongin, e se ele...”
 “Ele vai ficar bem, se acalme. Os médicos já devem estar tomando as devidas providencias. Ele vai ficar bem.” Me apertou mais ainda entre seus braços.
 “O que aconteceu? Como... Como você o atropelou?” me afastei e o encarei.
 “Eu sinto muito, eu vi que você havia adormecido então acelerei o carro para chegar mais rápido ao condomínio. Ele... Ele simplesmente apareceu na frente do carro, eu não sei como... Ele atravessou a rua, eu não o vi porque havia um carro estacionado do lado da calçada de onde ele saiu, eu tentei frear mais não consegui. Eu não devia ter corrido, eu sinto muito, a culpa é minha.” O abracei novamente.
 “A culpa não é sua, não diga isso.”
 “Você precisa ir para casa, você está fraco ainda, precisa descansar.” Neguei.
 “Eu vou ficar aqui com você.”
 “Soo, vai demorar muito e você precisa descansar. Eu posso ficar aqui.”
 “Eu disse não.” Me exaltei, ele me encarou e assentiu.
 “Está bem. Mas está tarde e...”
 “Jongin, eu não vou sair daqui. É meu amigo que está lá dentro, eu preciso ficar aqui.” Me afastei e andei em direção ao único espaço que havia para sentar, o chão. Encostei-me em uma parede e escorreguei minhas costas até me sentar no chão, encolhi minhas pernas e coloquei minha cabeça sobre meus joelhos os abraçando com os braços.  Jongin não veio até mim, aproveitei aquele momento para chorar novamente.

Eu não gostava do jeito do Sehun, ele me irritava na maior parte do tempo, mas eu nunca desejaria que algo como aquilo acontecesse. Sehun, querendo ou não, era especial para mim, e naquele momento pensei o quão lamentável eu estava parecendo. Desde nosso término eu o tratei como um nada, apenas por ter medo de me aproximar dele após o pacto. Ele nunca soube disso, mas mesmo quando terminei com ele, eu o amava. Eu só não queria que ele fosse prejudicado, tanto pelo pacto quanto pela minha bipolaridade e instabilidade emocional. Claro que eu amo Jongin, ele passou muitas coisas boas e ruins comigo, além de namorado ele é como uma alma gêmea, sempre diz o que preciso ouvir, sempre está ao meu lado quando mais preciso. Talvez meu namoro com Sehun não houvesse sido feito para dar certo, de alguma forma eu o amava, mas talvez eu tenha confundido tudo pelo fato de sermos muito próximos. Quem sabe meu amor por Sehun não fosse para ser como um casal, mas sim como alguém muito querido que eu deseje o melhor. Apesar de todas as grosserias, eu sentia falta quando ele não aparecia em minha porta para me estressar, mas eu nunca admitiria aquilo. Ele riria da minha cara. Mas naquele momento, desejei que todo meu orgulho fosse para o inferno, do mesmo jeito que eu iria a alguns anos, que eu o tivesse respeitado e o tratado melhor, sido gentil e educado.  Levantei-me do chão e olhei ao redor, Jongin estava conversando com uma senhora, ela tinha uma expressão apreensiva então deduzi que ele estava contado o ocorrido. Com a manga do moletom de frio que eu usava, enxuguei as lágrimas que havia molhado minhas bochechas, bati as mãos na parte traseira de minha calça para limpá-la e perguntei para um garoto que estava próximo onde ficava o banheiro, e então fui para onde ele havia me indicado.

Eu precisa me acalmar, naquela situação, nervoso como estava, não seria útil para nada. Sehun provavelmente estaria em uma sala de cirurgia àquela hora e quando saísse precisaria de mim. Avistei uma porta com uma placa escrita ‘Banheiro Masculino’ e entrei. Não havia ninguém no banheiro, fui a pia e abri a torneira, a água estava gelada, seria bom pra me despertar de vez. Enchi as mãos de água e lavei meu rosto, encarei meu reflexo no espelho, havia olheiras enormes sob meus olhos, me perguntei quando elas surgiram. Tombei a cabeça para trás encarando o teto e respirei fundo até me acalmar, lavei o rosto de novo, de novo e de novo até escutar um pequeno estralo atrás de mim onde estavam as cabines, imediatamente olhei para trás. Não havia ninguém. Voltei a olhar para o espelho e ao ver meu reflexo, atrás de mim estava Chanyeol, em pé encostado na porta de uma das cabines e me encarando. Levei um susto tão grande que cai no chão após ter dados alguns passos pra trás e pisado no lugar o qual eu havia derrubado água após lavar meu rosto diversas vezes.

 “Levante-se, não é hora pra tentar se matar e logo no banheiro masculino.” Disse sério. Apoiei-me na pia de mármore e me levantei lentamente o encarando.
 “Isso é culpa sua, não é? Você que fez isso.” Ele desviou o olhar por alguns segundos antes de dar alguns passos em minha direção.
 “Eu tenho mais o que fazer do que tentar matar seus amiguinhos, você deveria ter provas antes de me acusar.” Segurou meu rosto com uma mão e virou-o de um lado para o outro como se estivesse checando algo. Então me soltou. “Ele está na cirurgia.”
 “C-Como você sabe?”
 “Caso você não saiba, eu posso entrar em qualquer lugar. Ele está lá, sobre uma maca rodeada por pessoas que estão tentando o ajudar. Oh, sim. Se você ainda tem fé em algo, deveria rezar. Ele está bem destruído.”

Meus joelhos ficaram fracos e cai sobre eles no chão, meus olhos queimaram como nunca e as lágrimas pareciam rasgar minha visão. Chanyeol continuou em pé a minha frente, não fez qualquer movimento, parecia gostar de me observar em silêncio. Sehun não podia morrer, eu queria ter algum poder para curá-lo e trazê-lo ao normal, mas eu não podia, nunca poderia. Olhei para cima e Chanyeol ainda me encarava com a expressão neutra, em seus olhos não havia sinal algum de compaixão ou qualquer sentimento que fosse. Seus olhos eram mortos. Não havia nada por trás deles, absolutamente nada. Nem um pingo de empatia ou qualquer droga que fosse. Ele não demonstrava nada, apenas me encarava sem expressão alguma. Cerrei os punhos, me levantei e o encarei antes de socá-lo no rosto. Minha mão encontrou o vácuo. Podia jurar que mirei em seu rosto, mas não o acertei de alguma forma. Ele havia desaparecido de minha frente, mas eu podia sentir sua aura por perto, então me virei e dei de cara com ele sentado sobre a pia.

 “Poupe esforços, você nunca vai conseguir me tocar a não ser que eu deixe.” Disse simplista. Outro soco. Dessa vez eu atingi o espelho que estava atrás dele, o espelho se quebrou sobre meu punho e um grande barulho foi feito, mas não havia corte algum em mim. “Para alguém que tem um amigo que está morrendo em uma sala cirúrgica, você parece ter bastante energia ainda. Vamos lá Kyungsoo, tente me socar, mas faça com mais força dessa vez. Vamos, soque.” me empurrou para trás, meu quadril se chocou com a pia e doeu muito. “Você é um fraco, sabia? Você deveria honrar a miséria de vida que ainda lhe resta, não ser um inútil como os outros. Poupe-me, olhe só pra você. Sequer sabe com quem se relaciona. Isso é uma vergonha.”
 “O que?” Ele balançou a cabeça negativamente algumas vezes.
 “Quer um conselho? Reze, reze bastante para que, talvez, você perceba onde está se metendo.” Escutamos um barulho de porta se abrimos e imediatamente encaramos a entrada do banheiro, era Jongin. Chanyeol me deu uma última olhada antes de desaparecer diante de meus olhos, novamente. Jongin me encarou logo em seguida desviando o olhar para o espelho, e novamente me encarando. Só então correu até mim.
 “O que você fez? Você se machucou? Kyung, você...”
 “Eu estou bem.” Desviei o olhar.
 “Por que o espelho está quebrado?”
 “Já estava assim quando cheguei.” Menti. Ele me olhou desconfiado. “Alguma notícia? Digo, do Sehun. Alguma notícia dele?”
 “Não, ainda não. Uma enfermeira me informou que ele estava em cirurgia, vai demorar algumas horas.”
 “Você acha que ele vai ficar bem?” novamente meus olhos começaram a lacrimejar. Jongin não respondeu apenas me puxou para um abraço e afagou meu cabelo.
 “Vamos esperar.”
 

 

 

 

 

Jongin percebeu que eu havia acordado e beijou o topo de minha cabeça. Eu havia dormido por algum tempo, não fazia ideia de quanto tempo passei dormindo, Jongin se manteve acordado o tempo todo. Quando abri os olhos ele segurava seu casaco sobre mim para me proteger do frio da madrugada, ainda me acostumando com a luz forte do hospital olhei ao redor, a sala estava quase vazio. As crianças que antes estavam ali não estavam mais, apenas algumas pessoas estavam ao nosso redor, algumas dormindo encolhidas nos bancos e outras mexendo em seus celulares. Jongin percebeu que eu havia acordado e beijou o topo de minha cabeça. O pequeno relógio que ficava pendurado em uma das paredes da sala de espera marcava cinco e vinte da manhã, Jongin estava sentado ao meu lado e eu apoiava a cabeça em seus ombros.

 “Jongin... Por quanto tempo eu dormi?”
 “Duas horas e meia. Durma mais um pouco, você está cansado.” Neguei com a cabeça.
 “Você não dormiu, quer ir pra casa? Eu posso ficar aqui por enquanto.” Foi sua vez de negar.
 “Estou bem, vou esperar até recebermos alguma notícia.” Sorriu gentilmente e beijou novamente minha cabeça. “A mãe dele está aqui, ela está abalada. Você deveria ir falar com ela.” assenti e me levantei.

Olhei ao redor e a vi sentada em um canto no chão encolhida, retirei o meu casaco e segui até ela, cobrindo-a com ele em seguida. Ela levantou o olhar para mim, seus olhos estavam vermelhos e ela tinha um terço em mãos. Sentei-me ao seu lado e a envolvi em meus braços.

 “Eu sinto muito.” Sussurrei. Ela segurou minhas mãos e fez um pequeno carinho. Nenhum de nós disse alguma palavra, apenas ficamos em silêncio esperando alguém que nos informasse sobre Sehun.

Aos poucos a sala de espera ficou cheia novamente conforme foi amanhecendo, o ambiente mórbido deixava tudo mais doloroso, raramente passava enfermeiras ou médicos por ali, e quando passava, Jongin corria até eles, mas sempre voltava a se sentar na cadeira e me encarava negando com a cabeça. Levantei-me quando minha coluna começou a doer de tanto ficar sentado, o relógio marcava oito em ponto. Foi quando um homem de jaleco entrou na sala e olhou ao redor como se procurasse alguém.

 “Guardião de...” olhou para a ficha que estava em sua mão. “Oh Sehun.” Imediatamente nós três nos levantamos e corremos até ele.
 “Ele está bem?” Jongin perguntou.
 “Como foi a cirurgia?” perguntei.
 “Podemos vê-lo?” foi a vez da mãe dele perguntar.
 “Peço que se acalmem, a cirurgia terminou bem.” Respiramos aliviados como se um grande peso fosse tirado de nós. “Sehun sofreu um grande impacto ao ser atropelado, ele teve traumatismo craniano...” Jongin estava atrás de mim, movimentei minha mão para trás e segurei a sua que suava muito. “O osso da clavícula foi quebrado, assim como o pé esquerdo e o braço direito. Foi uma cirurgia desgastante, mas ocorreu tudo bem. Ele é um garoto forte.” Fez uma pausa. “Cerca de uma hora após a cirurgia ser iniciada ele teve uma parada cardíaca.” Foi palavras o bastante para me fazer chorar, assim como a mãe de Sehun. “Mas como eu disse, ele é um garoto forte. Ele aparentava querer viver, parecia lutar pela vida, parecia lutar para continuar aqui por algum motivo. Ele poderia ter se deixado ir, mas lutou para continuar aqui. Dada a situação, ele está na unidade de tratamento intensivo, mas há algumas coisas que devo lhes contar.”
 “O que doutor?” ela perguntou segurando forte a minha mão esquerda.
 “Mesmo que a cirurgia tenha corrido bem, foi uma cirurgia de alto risco, então pode haver seqüelas quando ele acordar.”
 “Que tipo de sequelas?” perguntou Jongin colocando as mãos sobre meus ombros e fazendo uma pequena pressão ali como se quisesse me confortar dizendo um ‘Ei, eu estou aqui com você para o que seja que aconteça’ silencioso.
 “Há vários tipos de sequelas e elas variam de paciente para paciente, entre elas está coma, perda de visão, convulsões, epilepsias, deficiência mental, alterações de comportamento, perda da capacidade de locomoção ou de movimento de algum membro.” Suspirou. “Creio que não seja o caso, mas não podemos descartar nenhuma dessas, principalmente a perda de memória que é comum acontecer entre os pacientes que tiverem traumatismo craniano. Em casos mais raros há o estado vegetativo, de qualquer maneira, ficaremos alerta com qualquer reação que ele tenha nos próximos dias.”
 “E quando poderemos vê-lo?” perguntei nervoso.
 “Assim que ele acordar dos efeitos das anestesias e sedativos. Vocês podem ir para casa, não há o que fazer aqui por enquanto. Caso algo aconteça ligaremos na mesma hora.” Deu alguns tapinhas leves nos ombros da mãe e se afastou.
 “O que nos resta é esperar.” Falei por fim e abracei a mãe que retribuiu o abraço tentando receber um pouco de conforto. Por fim abracei Jongin que beijou minha testa.
 “Eu te amo, não se preocupe, vai ficar tudo bem. Conhecemos Sehun, ele vai sair dessa.” Assenti e o abracei mais forte.

















 

Uma semana se passou desde a cirurgia, Sehun não havia acordado ainda, mas estava tudo bem. Segundo o médico era compreensível a demora para os pacientes de traumatismo craniano acordar de vez. Ele estava em uma espécie de coma leve já que mexia levemente os dedos e, mesmo com a ajuda de aparelhos, sua respiração estava normalizada. Ele não corria mais risco de vida, era o que nos disseram.

Naquela manhã a mãe de Sehun me ligou dizendo que o hospital havia a contatado dizendo que Sehun havia acordado. Arrumei-me às pressas e comi qualquer coisa no café da manhã, Jongin não poderia ir comigo ao hospital já que teve de ir à delegacia para explicar o ocorrido, ele não quis que eu fosse junto alegando que estava tudo bem. Chamei um táxi que demorou um pouco para chegar a meu prédio, justo naquele dia o trânsito estava horrível e o motorista, assim que se livrou do trânsito, acelerou como um louco – o que me deixou temente do que poderia acontecer ao estar em um carro naquela velocidade. Cheguei ao hospital exatamente as dez e trinta de dois, corri até a sala de espera e fui até o balcão pedindo autorização para subir ao quarto em que Sehun estava. Ao receber a permissão corri até o elevador e apertei o botão do décimo segundo andar. Quando o elevador abriu as portas para que eu saísse, na medida em que andava rapidamente pelo corredor no andar um sorriso foi se formando em meu rosto. O quarto de Sehun ficava no final do corredor, acelerei mais ainda assim que estava mais perto. A porta estava aberta, ao fundo avistei o médico aos pés da cama, em seguida vi a mãe de Sehun sentada em uma cadeira de costas para mim, ela parecia chorar já que tinha a cabeça abaixada e encostada no colchão. E então eu vi Sehun sentado na cama, com aquele pijama branco com nuvenzinhas azuis – o mesmo em que eu o havia visto em todos os dias anteriores que o visitei no hospital. Apenas o médico percebeu minha presença na porta o quarto e me chamou com um movimento de mão, com lágrimas de emoção nos olhos me aproximei da cama. Sehun tinha uma faixa branca cobrindo a parte superior da cabeça, seu braço direito e pé esquerdo estavam engessados assim como havia uma espécie de apoio de tecido saindo de sua camiseta do pijama de uniforme e envolvia seu pescoço – supus que fosse pela clavícula quebrada. Aproximei-me mais da cama e a mãe de Sehun me encarou, seus olhos estavam inchados de tanto chorar, mas não parecia de alegria, aos poucos meu sorriso foi se desfazendo.

 “Meu filho.” Ela disse em meios as lágrimas e se levantou. “Eu... Eu preciso tomar um ar.” Assenti e ela saiu da sala.

Observei-a saindo antes de me virar para o médico e então me sentei na beirada da cama. Segurei a mão livre de Sehun e acariciei-a carinhosamente, seu olhar encontrou o meu, mas havia algo de diferente. Ele não sorriu, ou demonstrou qualquer emoção e sentimento. Continuei acariciando sua mão e levei uma das minhas mãos até seu rosto. Acariciei seu rosto com ternura como eu devia ter feito nos anos anteriores, uma lágrima solitário escorreu pela minha bochecha quando ele simplesmente fechou os olhos e pareceu sentir meus sentimentos sobre si. Quando percebi que o médico havia nos deixado a sós, permiti-me fechar os olhos e tentei transpassar meu amor para ele o máximo possível.

Eu apenas queria dizer que estaria com ele para o que quer que aconteça no futuro, que eu não o trataria mal como havia feito, que eu daria mais valor a sua presença e que sempre estaria disponível para ele. Mas eu não precisava dizer aquilo em voz alta, eu sabia que ele saberia de tudo aquilo só com o carinho suave que eu fazia sobre eu rosto e sua mão.

 “Ele não pode reagir a você.” Uma voz conhecida se fez presente atrás de mim. Não precisei me virar para saber quem era. Era Chanyeol, e ele não quebraria aquele momento. Eu não permitiria. Eu continuaria de olhos fechados sentindo Sehun sob minhas mãos. Sob meu amor. “Ele nunca mais reagirá a você.” Senti suas mãos pousarem sobre meus ombros. Continuei de olhos fechados, mas senti minhas lágrimas escorrerem de meus olhos com mais intensidade e minha boca abrir em uma respiração entrecortada e agonizante. “Ele está em estado vegetativo.” Fechei meus olhos com mais forças e continuei tocando Sehun com minhas mãos, e disse tudo àquilo que deveria ter dito antes.
 “Eu te amo.”


Notas Finais




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